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Calcificação nos núcleos da base na tomografia computadorizada

CORRESPONDÊNCIA CORRESPONDENCE

Calcificação nos núcleos da base na tomografia computadorizada

Ao Editor – Após a leitura do artigo de Tedrus et al.1, gostaríamos de tecer alguns comentários. Os autores relatam, em amostra de 25 pacientes com calcificação nos núcleos da base, queixas ou lesões neurológicas em 23, e sinais e sintomas não-neurológicos em apenas dois casos. Na literatura, a repercussão clínica relacionada a essas calcificações tem igualmente destacado quadros neurológicos, principalmente desordens do movimento e distúrbios cognitivos, ou quadros psiquiátricos. No entanto, do ponto de vista neuroendócrino, é necessária atenção ao eixo hipotálamo-hipófise-gônada. Em 1997 foi publicado o caso de paciente feminina, com calcificações simétricas em núcleos da base, idiopáticas, na qual foi diagnosticado hipogonadismo hipogonadotrófico isolado2. As calcificações permaneceram estáveis em acompanhamento de 15 anos, sem evidências de doença neurológica. Logo após, foi detectada a mesma associação - calcificação idiopática nos núcleos da base e hipogonadismo hipogonadotrófico - em dois novos pacientes, um do sexo masculino, que apresentava disfasia, e outro no sexo feminino, sem sintomas neurológicos3. A presença das calcificações é infreqüente na observação de Tedrus et al.1 e, apesar da ocorrência não estabelecida na literatura, mais infreqüente ainda a deficiência isolada de gonadotrofinas. A baixa prevalência das duas entidades pode contribuir para o desconhecimento da origem – fortuita ou dependente – da associação. No entanto, a possibilidade de diagnóstico e intervenção terapêutica específica para o hipogonadismo valida chamar a atenção para a sua possível ocorrência frente a indivíduos com calcificação em núcleos da base em idade reprodutiva.

REFERÊNCIAS

1. Tedrus GMAS, Fonseca LC, Nogueira JrE. Calcificação nos núcleos da base na tomografia computadorizada. Arq Neuropsiquiatr 2006;64(1):104-107.

2. Pereira-Filho A, Marroni CP, Oliveira MC. Síndrome de Fahr e comprometimento do eixo gonadal. Arq Bras Endocrinol Metab 2002;46:pS46.

3. Oliveira MC, Cremonese RV. Hipogonadismo hipogonadotrófico concomitante à síndrome de Fahr. Arq Bras Endocrinol Metab 1997;41:188-90.

Miriam da Costa Oliveira

Centro de Neuroendocrinologia da Santa Casa de Porto Alegre

Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas

mco@portoweb.com.br

Resposta do Autor – No artigo "Calcificação nos núcleos da base: correlação clínica em 25 pacientes consecutivos" foi discutida a possível relação entre a calcificação dos núcleos da base e as manifestações clínicas observadas nesses pacientes, e, na maioria dos casos, não foi possível estabelecer correlação entre o quadro clínico e o local envolvido na calcificação1, em acordo com o referido na literatura2-8.

É possível que a associação entre hipogonadismo hipogonadotrófico e calcificação dos núcleos da base referida por Oliveira e Cremonese (1997)9 em um caso e por Pereira-Filho et al. (2002) em dois casos, seja um achado incidental10.

Entretanto, conforme sugerido por Oliveira, na seção "correspondência" da revista Arquivos de Neuropsiquiatria, a investigação de hipogonadismo pode ser aventada em indivíduos que apresentem calcificação dos núcleos da base em idade reprodutiva.

REFERÊNCIAS

1. Tedrus GMAS; Fonseca LC; Nogueira-Junior E. Calcificação nos núcleos da base: correlação clínica em 25 pacientes consecutivos. Arq Neuropsiquiatr 2006;64: 104-107.

2. Goldscheider HG, Lischewski R, Claus D, Streibl W, Waiblinger G. Clinical, endocrinological, and computerized tomography scans for symmetrical calcification of the basal ganglia. Arc Psychiatr Nervenkr 1980;228:53-65.

3. Kazis AD. Contribution of CT scan to the diagnosis of Fahr's syndrome. Acta Neurol Scand 1985;71:206-211.

4. Manyam BV, Bhatt Moore WD, Develeschoward AB, Anderson DR, Calne DB. Bilateral striopallidodentate calcinosis: cerebrospinal fluid, imaging, and electrophysiological studies. Ann Neurol 1992;31:379-384.

5. Legido A, Zmmerman RA, Packer RJ, Bilanluk LT, Siegel K, Dángil G. Significance of basal ganglia calcification on computed tomography in children. Paediatr Neurosci 1988;14:64-70.

6. Taxer F, Haller R, Konig P. Clinical early symptoms and CT findings in Fahr syndrome. Nervenarzt 1986;57:583-588.

7. Morgante L, Trimarchi F, Benvenga S. Fahr's disease: clinical picture. Lancet 2002; 359:759.

8. Delgado-Rodrigues RN. Neurocisticercose associada a hipoparatireoidismo e doença de Fahr. Registro de um caso. Arq Neuropsiquiatr 1984;42:388-391.

9. Oliveira MC, Cremonese RV. hipogonadismo hipogonadotrófico concomitante à síndrome de Fahr. Arq Bras Endocrinol Metab 1997;41:188-190.

10. Pereira-Filho A, Marroni CP, Oliveira MC. Síndrome de Fahr e comprometimento do eixo gonadal. Arq Bras Endocrinol Metab 2002;46:pS46.

Glória M.A.S. Tedrus

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    28 Set 2006
  • Data do Fascículo
    Set 2006
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