Resumos
Novas espécies de Aglaoschema Napp,1994 são descritas da América do Sul: Aglaoschema rondoniense sp. nov. e A. mimos (Brasil: Rondônia), A. acauna (Brasil: Pará) e A. potiguassu (Argentina: Chaco). Chave para identificação das espécies, parcialmente modificada de Napp (2007) para incluir as novas espécies, é fornecida.
América do Sul; Cerambycinae; Compsocerini; Região Neotropical
New species of Aglaoschema Napp, 1994 (Coleoptera, Cerambycidae). New species described from South America: Aglaoschema rondoniense sp. nov. and A. mimos from Brazil (Rondônia), A. acauna from Brazil (Pará), and A. potiguassu from Argentina (Chaco).A key to species, partially modified from Napp (2007) to include the new species, is added.
Cerambycinae; Compsocerini; Neotropical; South America
Novas espécies de Aglaoschema Napp, 1994 (Coleoptera, Cerambycidae)1 1 Contribuição nº 1.770 do Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná.
Dilma Solange NappI, II
IDepartamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná. Caixa Postal 19.020, CEP 81531-980, Curitiba, PR, Brasil
IIPesquisador do CNPq
RESUMO
Novas espécies de Aglaoschema Napp,1994 são descritas da América do Sul: Aglaoschema rondoniense sp. nov. e A. mimos (Brasil: Rondônia), A. acauna (Brasil: Pará) e A. potiguassu (Argentina: Chaco). Chave para identificação das espécies, parcialmente modificada de Napp (2007) para incluir as novas espécies, é fornecida.
Palavras-chave: América do Sul; Cerambycinae; Compsocerini; Região Neotropical.
ABSTRACT
New species of Aglaoschema Napp, 1994 (Coleoptera, Cerambycidae). New species described from South America: Aglaoschema rondoniense sp. nov. and A. mimos from Brazil (Rondônia), A. acauna from Brazil (Pará), and A. potiguassu from Argentina (Chaco).A key to species, partially modified from Napp (2007) to include the new species, is added.
Keywords: Cerambycinae; Compsocerini; Neotropical; South America.
INTRODUÇÃO
Aglaoschema Napp, 1994 é exclusivamente sul-americano e suas espécies ocorrem da Venezuela à Argentina (Monné, 2005).
O gênero foi revisto por Napp (2007) incluindo 19 espécies, das quais 11 com distribuição predominante no leste do Brasil, cinco na região amazônica e duas no Brasil central; apenas duas espécies, A. basale (Melzer, 1933) e A. inca Napp, 2007, não têm registro para o Brasil. Nesta revisão todas as espécies foram ilustradas e chave para sua identificação, fornecida.
Material recebido após aquela revisão, permitiu o reconhecimento de quatro novas espécies, três da amazônia brasileira e uma da Argentina, o que eleva o número de espécies para 23. A chave para identificação das espécies fornecida por Napp (2007) é parcialmente modificada para incluir as novas espécies.
Siglas mencionadas no texto: DZUP, Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná, Curitiba; MNHN, Muséum National d'Histoire Naturelle, Paris; MNRJ, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Aglaoschema rondoniense sp. nov.
(Fig. 1)
Etimologia: O nome específico significa habitante ou natural do Estado de Rondônia, Brasil.
Macho. Cabeça e protórax com colorido metálico verde-claro. Escutelo e élitros violáceo-metálicos. Antenas e pernas pretas sem brilho metálico. Meso- e metasterno com colorido metálico azul-esverdeado. Urosternitos vermelhos.
Fronte, tubérculos anteníferos e vértice densamente microcorrugados; pilosidade inaparente. Clípeo fina e densamente pontuado. Genas com rugas longitudinais irregulares e rasas com pontos entremeados; projetadas e aguçadas no ápice e mais de um terço mais mais longas que a largura do lobo ocular inferior. Mandíbulas fortemente projetadas, robustas, com pontos grossos e finos entremeados e irregulares; face externa fortemente deprimida em quase toda a extensão; face dorsal deprimida com a margem lateral saliente e arredondada.
Antenas ultrapassam o ápice elitral em cinco artículos. Escapo clavado com cerca de três quartos do comprimento do antenômero III, com depressão alongada em toda a região estreitada; com pontos ásperos mais densos na base e esparsos na clava, e cerdas negras, esparsas. Antenômeros subcilíndricos, apenas expandidos nos ápices; III-V quase inermes, com espículo pouco conspícuo no ápice interno; III-VI com pontos finos, densos e ásperos e cerdas negras, longas e abundantes na face inferior dos III-V, pubescência quase nula; VII-XI esparsamente pontuados e praticamente glabros; VII-X inermes nos ápices. Antenômero III com carena pouco manifesta, apenas mais longo que o IV e subigual aos V-IX; XI cerca de um terço mais longo que o III.
Protórax pouco e gradualmente expandido da margem anterior até pouco além do meio, depois atenuado para a base; maior largura logo após o meio; largura basal cerca de um terço maior que a da margem anterior; ângulos látero-basais projetados. Pronoto densamente microcorrugado; pubescência inaparente. Prosterno, lados do protórax e do pronoto com pontuação sexual formada por pontos grossos, profundos e densos; lados do protórax com área centro-longitudinal microcorrugada e pubescência pouco aparente. Prosterno revestido por pilosidade esbranquiçada e densa. Meso- e metasterno opacos; mesosterno com pubescência esbranquiçada mais aparente no processo intercoxal; metasterno com pubescência esbranquiçada pouco aparente e cerdas curtas muito esparsas. Urosternitos quase lisos no disco e pubescentes nos lados; urosternito V distintamente sinuoso no ápice.
Escutelo brilhante, microcorrugado e com pilosidade castanha densa. Élitros fortemente opacos, densamente microcorrugados em toda a superfície, com pontos setígeros quase inaparentes e cerdas curtas, negras, esparsas em toda a superfície; ápices subacuminados em conjunto, estreitamente truncados junto à sutura e inermes.
Fêmures nitidamente comprimidos no ápice. Profêmures quase lisos, subglabros. Meso- e metafêmures com pubescência castanho-amarelada densa no terço basal; restante da superfície com pontuação rasa, algo corrugada, pubescência esparsa e pontos setígeros maiores, contrastantes e um pouco ásperos com cerdas negras, abundantes. Metafêmures quase atingem o ápice elitral.
Dimensões, em mm, macho: Comprimento total, 15,8; comprimento do protórax, 3,0; maior largura do protórax, 4,2; comprimento do élitro, 11,0; largura umeral, 4,7.
Material-tipo: Holótipo macho, BRASIL, Rondônia: Porto Velho, XI.1980, B. Silva col. (MNRJ).
Discussão: Três espécies de Aglaoschema apresentam antenas unicolores, escapo clavado e urosternitos vermelho-alaranjados: A. ventrale (Germar, 1824), A. inca Napp, 2007 e A. rondoniense sp. nov. Aglaoschema ventrale distingue-se prontamente pelos caracteres fornecidos na chave (vide, também, Napp, 2007: 805, fig. 9 e 815, fig. 26).
De A. rondoniense sp. nov. e A. inca, esta com registros no Peru e Colômbia, são conhecidos apenas os machos. O macho da nova espécie distingue-se: pelas mandíbulas angulosas no terço apical, com a face externa bem desenvolvida e profundamente deprimida em toda a extensão, a face dorsal também deprimida com o bordo látero-externo elevado e arredondado (vide Napp, 2007: 815, fig. 27); pelos antenômeros VI-X cilíndricos, não expandidos no ápice, inermes e tão longos quanto o III; o XI cerca de um terço mais longo que o III; pelos fêmures com pontos setígeros ásperos; pelas genas mais de um terço mais longas que o lobo ocular inferior e pela fronte deprimida entre os tubérculos anteníferos que são um pouco elevados. Em A. inca, as mandíbulas são convexas na face dorsal, não angulosas no terço apical e a face lateral externa pode apresentar, ou não, depressão rasa na base; os antenômeros VI-X são mais curtos que o III, deprimidos e expandidos no ápice, com espinhos apicais externos bem aparentes e o XI é tão longo quanto o III; os fêmures têm pontos setígeros esparsos e pouco aparentes; as genas são tão longas quanto o lobo ocular inferior e a fronte é convexa entre os tubérculos anteníferos que são aplanados.
Aglaoschema mimos sp. nov.
(Fig. 3)
Etimologia: Grego: mimos = imitador, alusivo à semelhança com A. cyaneum.
Macho. Cabeça com colorido metálico azul a azul-esverdeado. Protórax e mesosterno vermelho-alaranjados, o mesosterno com brilho metálico, ou não. Antenas e pernas pretas, o escapo e os fêmures com brilho violáceo-metálico. Escutelo castanho-escuro com brilho metálico. Élitros azul-metálicos, fortemente opacos. Metasterno e urosternitos com colorido metálico azul-violáceo a azul-esverdeado.
Cabeça brilhante, subglabra. Fronte e tubérculos anteníferos com pontos grossos e irregulares, irregularmente densos podem formar rugas entre os tubérculos anteníferos. Vértice com pontos finos e corrugados. Clípeo semi-opaco, com rugas irregulares ou estrias finas e rasas e pontos grossos, densos nos lados da metade apical. Genas com rugas longitudinais pouco aparentes e pontos esparsos; aguçadas no ápice e tão longas quanto a largura do lobo ocular inferior. Mandíbulas bem projetadas, robustas, grosseiramente pontuado-rugosas, não angulosas no terço apical; face externa fortemente deprimida; face dorsal deprimida com a margem látero-externa saliente e arredondada (Napp, 2007: 805, fig. 25).
Antenas ultrapassam o ápice elitral em quatro a cinco artículos. Escapo clavado, apenas mais longo que metade do comprimento do antenômero III; com depressão alongada em toda a região estreitada; pontuação fina e esparsa, pilosidade pouco aparente. Antenômeros III-X cilíndrico-deprimidos e expandidos no ápice. Antenômeros III-V com espinhos apicais internos bem aparentes e espículos no ápice externo; esparsamente pubescentes, com pontuação fina, áspera e densa e longas cerdas abundantes na face ventral; VII-X com espinhos curtos e decrescentes no ápice interno e espinhos mais desenvolvidos no ápice externo; VI-VII finamente pontuados com pubescência esparsa; IX-XI e metade apical do VIII revestidos por densa pilosidade esbranquiçada contrastante com o tegumento preto. Antenômero III com sulco raso, cerca de um quarto mais longo que os IV-VIII; IX-X mais curtos e decrescentes; XI tão longo quanto o III.
Protórax regular e bem arredondado nos lados, a maior largura no meio, subigual à largura umeral; largura basal cerca de um quinto maior que a da margem anterior, os ângulos látero-basais um pouco projetados. Pronoto um pouco convexo, brilhante, rasa e densamente microcorrugado; pubescência avermelhada, deitada, pouco aparente. Lados do protórax e do pronoto com pontuação sexual formada por pontos grossos, rasos e pouco aparentes, deixam uma área centro-longitudinal microcorrugada, pouco evidente, nos lados do protórax. Lados do protórax pubescentes. Prosterno com pontuação sexual em toda a superfície formada por pontos grossos e densos; opaco e revestido com pubescência amarelada densa. Mesosterno subopaco e pubescente. Metasterno e urosternitos microcorrugados, o metasterno mais opaco com pubescência esbranquiçada aparente e cerdas curtas, esparsas; disco dos urosternitos com cerdas esbranquiçadas longas e sub-eretas; urosternito V sinuoso no ápice.
Escutelo brilhante, finamente pontuado e revestido por pilosidade castanha. Élitros fortemente opacos, densamente microcorrugados, com pontos setígeros ásperos bem aparentes e uniformes em toda a superfície e cerdas negras, curtas, regularmente distribuídas; ápices atenuados e estreitamente entalhados, os ângulos sutural e externo um pouco aguçados.
Fêmures delgados, não comprimidos no ápice; com pontuação fina e densa na base, depois esparsa e um pouco áspera; pubescência esparsa, exceto na base, e cerdas negras, curtas e esparsas; pontos setígeros pequenos e não contrastantes. Metafêmures não alcançam o início da curvatura apical dos élitros. Metatíbias delgadas, sub-retilíneas e sinuosas.
Dimensões, em mm, macho: Comprimento total, 13,3-15,2; comprimento do protórax, 2,5-2,8; maior largura do protórax, 3,0-3,6; comprimento do élitro, 9,9-11,2; largura umeral, 3,2-3,8.
Material-tipo: Holótipo macho do BRASIL, Rondônia: Porto Velho (Cachoeiro do Samuel), II.1944, A. Parko col. (MNRJ); parátipo macho com os mesmos dados do holótipo, exceto XII.1944 (DZUP).
Discussão: Muito semelhante a A. cyaneum (Pascoe, 1860) (Napp, 2007: 801, fig. 2), A. mimos sp. nov. distingue-se, basicamente, pelas antenas unicolores, pretas, com os antenômeros IX-XI e metade apical do VIII revestidos por densa pilosidade esbranquiçada que quase oblitera o tegumento e é contrastante com o colorido escuro do mesmo. Além disso, os metafêmures são distintamente mais delgados e os élitros têm textura uniforme com pontos ásperos mais esparsos e uniformemente distribuídos em toda a superfície. Em A. cyaneum as antenas são bicolores, pretas e com os antenômeros IX-XI e parte do VIII branco-amarelados com pubescência concolor e esparsa; os metafêmures são mais robustos e os élitros têm pontos ásperos densos em toda a superfície, mais evidentemente na base, o que confere um aspecto bem granuloso-corrugado.
Aglaoschema acauna sp. nov.
(Fig. 2)
Etimologia: Tupi: aka = chifre; una = preto. Referente às antenas inteiramente pretas.
Macho. Colorido geral verde-metálico, os élitros azulados e opacos. Antenas e pernas pretas, o escapo e os fêmures com brilho metálico verde-azulado.
Cabeça brilhante, praticamente glabra. Fronte e tubérculos anteníferos com pontos grossos, irregulares e moderadamente densos. Vértice pontuado-rugoso, às vezes com área lisa, brilhante, entre os lobos oculares superiores. Clípeo subopaco, com pontos grossos, irregularmente densos nos lados da metade apical. Genas com pontos irregulares, densos a esparsos; projetadas e aguçadas no ápice e tão longas quanto a largura do lobo ocular inferior. Mandíbulas robustas, projetadas, grosseira e densamente pontuado-rugosas em toda a superfície, não angulosas no terço apical; face externa desenvolvida com depressão rasa; face dorsal deprimida, a margem lateral saliente e subarredondada.
Antenas ultrapassam o ápice elitral em cinco artículos. Escapo clavado, pouco mais longo que metade do comprimento do antenômero III; com depressão alongada em toda a região estreitada; pontuação fina e esparsa, a pilosidade quase inaparente. Antenômeros cilíndrico-deprimidos, expandidos no ápice. Antenômeros III-VI com espinhos bem aparentes no ápice interno e espículos crescentes no externo; esparsamente pubescentes, com pontuação áspera, fina e densa e cerdas abundantes na face inferior dos III-IV; VII com espinhos curtos e subiguais; VIII-X com espinho curto no ápice externo e inermes no interno; VII-XI finamente pontuados com pubescência castanho-amarelada mais aparente. Antenômero III pouco mais longo que os IV-VII, subiguais; VIII-X decrescentes; XI tão longo quanto o III.
Protórax moderadamente arredondado nos lados, a maior largura logo após o meio; ângulos látero-basais pronunciados. Pronoto pouco convexo, brilhante, densamente microcorrugado com pubescência acastanhada, deitada, pouco aparente. Lados do protórax e do pronoto com pontuação sexual formada por pontos grossos, densos e bem evidentes; lados do protórax pubescentes e com uma calosidade centro-longitudinal microcorrugada. Prosterno com pontuação sexual mais grossa, profunda e densa e revestido por pilosidade esbranquiçada densa. Mesosterno brilhante, pubescente, com pontuação fina, rasa e esparsa. Metasterno e urosternitos subopacos, os últimos mais brilhantes; com pubescência esbranquiçada e cerdas sub-eretas, esparsas no metasteno, longas e mais aparentes no disco dos urosternitos; urosternito V sinuoso no ápice.
Fêmures delgados, não comprimidos no ápice. Profêmures quase lisos, subglabros. Meso- e metafêmures pubescentes e com pontuação fina e densa na base, depois mais esparsa e um pouco áspera; com cerdas negras esparsas e sem pontos setígeros contrastantes. Metafêmures não atingem o início da curvatura apical dos élitros. Metatíbias retilíneas.
Fêmea. Mandíbulas delgadas, a face externa arredondada para o ápice, com depressão acentuada na base. Antenas ultrapassam o ápice elitral em três artículos; antenômero III mais longo que os demais, decrescentes, o XI cerca de um terço mais curto que o III; antenômeros III-X mais deprimidos e expandidos, com pontuação e pilosidade mais densas e com cerdas na face inferior até o IX(X); espinhos mais desenvolvidos do que no macho. Protórax mais transverso e mais expandido após o meio, os ângulos látero-basais bem pronunciados; sem pontuação sexual; lados do protórax e prosterno pubescentes, com pontuação fina, rasa e moderadamente densa. Urosternito V truncado no ápice.
Dimensões, em mm, macho/fêmea, respectivamente: Comprimento total, 13,2-14,3/10,0-12,1; comprimento do protórax, 2,3-2,5/1,7-1,8; maior largura do protórax, 3,2-3,4/2,2-2,7; comprimento do élitro, 9,3-10,2/7,3-9,0; largura umeral, 3,4-3,7/2,7-3,2.
Material-tipo: Holótipo macho do BRASIL, Pará: Óbidos, V.1954, J. Brazilino col. (MNRJ). Parátipos: 3 machos, fêmea (MNRJ), macho (DZUP) com os mesmos dados do holótipo; 2 fêmeas, IV.1978, B. Silva col. (MNRJ, DZUP).
Material adicional examinado: BRASIL, Pará: Óbidos, 5 machos, fêmea, 1905, macho, fêmea, 1878, M. de Mathan col., macho (MNHN). Este último exemplar com etiqueta de Gounelle constando "Orthostoma albicorne var. nov. (antennes entierement noires)".
Discussão: Aglaoschema acauna sp. nov. assemelha-se a A. albicorne (Fabricius, 1801), A. prasiniventre (Gounelle, 1911) (Napp, 2007: 801, fig. 1 e 805, fig. 12) e A. mimos sp. nov. De A. albicorne difere, basicamente, pelas antenas unicolores, pretas e pelos meso- e metafêmures distintamente mais delgados. Distingue-se de A. prasiniventre pelos caracteres fornecidos na chave.
Difere de A. mimos pelo protórax e mesosterno com colorido metálico, o protórax pouco arredondado nos lados e pelos antenômeros IX-XI com pubescência escura concolor com o tegumento preto. Em A. mimos, o protórax e o metasterno são vermelho-alaranjados, o protórax é bem arredondado nos lados e os antenômeros IX-XI são revestidos por densa pilosidade esbranquiçada contrastante com o tegumento preto.
Aglaoschema potiguassu sp. nov.
(Fig. 4)
Etimologia: Tupi: potiá = tórax; guassu = grande. Alusivo ao protórax bem desenvolvido.
Macho. Cabeça e protórax verde-metálicos. Escutelo e élitros azul-esverdeados. Antenas e pernas pretas, o escapo e os fêmures com brilho metálico. Meso- e metasterno verde-metálicos mais escuros que o prosterno. Urosternitos vermelhos.
Cabeça opaca, fina e muito densamente pontuado-corrugada, a pubescência quase inaparente. Clípeo opaco, pontuado-corrugado. Genas densamente pontuado-corrugadas, subaguçadas no ápice e com comprimento subigual à largura do lobo ocular inferior. Mandíbulas robustas, subangulosas no terço apical, com pontuação grossa, densa e cerdas esparsas; face lateral desenvolvida, não deprimida; face dorsal convexa.
Antenas ultrapassam o ápice elitral em cerca de 3,5 artículos. Escapo robusto, piriforme, pouco estreitado na base e tão longo quanto metade do comprimento do antenômero III; com pontos ásperos, densos em toda a superfície e cerdas curtas, aparentes. Antenômeros cilíndrico-deprimidos, expandidos no ápice e esparsamente pubescentes; III-V(VI) sulcados, com pontos finos, ásperos e densos, com cerdas aparentes na face inferior, o ápice interno com espinho pequeno, o externo anguloso; VII-XI com pontuação fina, rasa e sem cerdas na face inferior; VII-IX com espinho aparente no ápice externo. Antenômero III cerca de um quarto mais longo que os IV-VII, iguais em comprimento; VIII-X apenas mais curtos; XI tão longo quanto o III.
Protórax muito desenvolvido, amplamente arredondado nos lados, a maior largura no meio e igual à largura umeral. Pronoto convexo, subopaco, fina e densamente pontuado-corrugado, mais evidentemente no disco; pubescência castanho-avermelhada, deitada e aparente. Lados do protórax e do pronoto mais brilhantes, com pontos pouco maiores, densos a corrugados. Prosterno brilhante, com pontuação sexual pouco conspícua, formada por pontos finos, profundos, densos a corrugados; pubescência esbranquiçada moderadamente densa. Metasterno mais brilhante que o mesosterno, com pubescência esbranquiçada pouco aparente e raras cerdas curtas. Urosternitos quase lisos no disco, com cerdas esbranquiçadas muito esparsas, e pubescentes nos lados; fortemente transversos, o V pouco atenuado para o ápice que é truncado.
Escutelo opaco, densamente microcorrugado. Élitros proporcionalmente curtos, cerca de duas vezes a largura umeral; fortemente opacos, muito densamente microcorrugados, sem pontos ásperos; pubescência castanho-avermelhada, deitada, aparente em toda a superfície e cerdas negras, sub-eretas, mais aparentes nos lados e nos ápices; ápices arredondados apenas angulosos na sutura.
Pernas conspícuamente curtas, os fêmures um pouco comprimidos. Profêmures quase lisos e subglabros. Meso- e metafêmures pubescentes, com pontuação fina, rasa, densa a corrugada e cerdas negras, esparsas; sem pontos setígeros contrastantes. Metafêmures não alcançam o início da curvatura apical dos élitros.
Dimensões, em mm, macho: Comprimento total, 10,0; comprimento do protórax, 2,3; maior largura do protórax, 3,2; comprimento do élitro, 7,2; largura umeral, 3,2.
Material-tipo: Holótipo macho da ARGENTINA, Chaco: Charata, 30.I.1994, Di Iorio col. ("Emergido de Acacia praecox, 20.II.1993") (MNRJ).
Discussão: Aglaoschema potiguassu sp. nov. difere das demais espécies pela combinação dos caracteres: protórax muito desenvolvido, bem arredondado nos lados desde a margem anterior, tão largo quanto a largura umeral; élitros curtos, comprimento cerca de duas vezes a largura umeral, com pubescência densa; escapo robusto, pouco estreitado na base, a depressão basal quase nula; antenômeros III-V nitidamente sulcados; pontuação sexual dos machos restrita ao prosterno, formada por pontos finos, corrugados e pouco aparentes; urosternito V truncado no ápice.
Aglaoschema concolor também apresenta algumas dessas características, mas o protórax é atenuado do meio para a margem anterior; os élitros são cerca de três vezes tão longos quanto a largura umeral; o escapo é piriforme com depressão basal e o urosternito V é sinuoso no ápice. Além disso, em A. potiguassu os urosternitos são vermelho-alaranjados, esparsamente pubescentes e em A. concolor, têm colorido metálico e pubescência densa.
Aglaoschema potiguassu é a segunda espécie do gênero descrita da Argentina.
Chave para identificação das espécies de Aglaoschema [modificada de Napp (2007)]
8(6). Escapo clavado (Napp, 2007: 805, figs. 8-10) com pontos finos, rasos e esparsos e mais longo que metade do comprimento do antenômero III; depressão basal alongada estende-se por toda a região estreitada. Fêmures com pontos finos e rasos; pontos setígeros pouco evidentes com cerdas esparsas .............................9
Escapo subcilíndrico ou piriforme (Napp, 2007: 809, figs. 13, 14), com pontuação densa a corrugada, até áspera, em toda a superfície, no máximo tão longo quanto metade do comprimento do antenômero III; depressão restrita à base ou ausente. Fêmures com pontos densos a corrugados; pontos setígeros ásperos com cerdas abundantes ...............................................................................................15
9(8). Urosternitos vermelho-alaranjados ..........................................................10
Urosternitos com colorido metálico .................................................................12
10(9). Macho. Mandíbulas amplamente deprimidas na face dorsal com duas carenas manifestas longitudinais; ápices projetados para frente (Napp, 2007: 805, fig. 26). Antenômeros robustos, com densa franja curta e compacta na face inferior. Pontuação sexual formada por pontos finos e uniformes, mais aparentes no prosterno. Fêmures não comprimidos no ápice. Brasil (Bahia ao Rio Grande do Sul), Paraguai, Argentina ................................................................. A. ventrale (Germar, 1824)
Macho. Mandíbulas convexas na face dorsal, o terço apical perpendicular ao eixo longitudinal, grosseiramente pontuado-rugosas. Antenômeros delgados, com cerdas moderadamente densas nos III-IV. Pontuação sexual formada por pontos grossos, densos e profundos, no prosterno e lados do protórax e do pronoto. Fêmures comprimidos nos ápices ................................................................................11
11(10). Antenômeros cilíndrico-deprimidos; III-VI com espinho curto no ápice interno; VII-X com espinho desenvolvido no ápice externo; XI tão longo quanto o III. Face externa das mandíbulas pouco alargadas com depressão rasa ou ausente. Genas tão longas quanto o lobo ocular inferior. Colômbia, Peru .................... A. inca Napp, 2007
Antenômeros subcilíndricos; III-V quase inermes; VII-X desarmados; XI cerca de um terço mais longo que o III. Face externa das mandíbulas bem desenvolvida e fortemente deprimida em toda a extensão. Genas um terço mais longas que a largura do lobo ocular inferior. (Fig. 1). Brasil (Rondônia) ................. A. rondoniense sp. nov.
12(9). Protórax e mesosterno vermelho-alaranjados. Antenômeros IX-XI revestidos por densa pilosidade esbranquiçada contrastante com o tegumento preto. (Fig. 3). Brasil (Rondônia) ........................................................................... A. mimos sp. nov.
Protórax e mesosterno com colorido metálico. Antenômeros IX-XI com pubescência esparsa e concolor com o tegumento .............................................................13
13(12). Antenômeros III-VI quase inermes, no máximo, com espículo interno pouco aparente; III com carena nítida e cerca de um terço mais curto que o XI. Fêmures nitidamente comprimidos nos ápices. Ápices elitrais subacuminados e inermes. Brasil (Pará) ........................................................................ A. tarnieri (Bates, 1870)
Antenômeros III-VI com espinhos internos desenvolvidos; III com carena pouco aparente e subigual ao comprimento do XI. Fêmures não comprimidos no ápice. Extremidades elitrais arredondadas, o ângulo sutural projetado ............................14
14(13). Macho. Metafêmures nitidamente delgados atingem, no máximo, o início da curvatura apical dos élitros. Mandíbulas densamente pontuado-rugosas em toda a superfície. Élitros com pontos ásperos bem aparentes em toda a superfície. Escapo pouco mais longo que metade do comprimento do III. (Fig. 2). Brasil (Pará) ............. ......................................................................................... A. acauna sp. nov.
Macho. Metafêmures cilíndricos, ultrapassam o ápice elitral. Mandíbulas com pontuação fina e esparsa. Pontos setígeros dos élitros pouco aparentes. Escapo com dois terços do comprimento do III. Brasil (Bahia, Espírito Santo) ............................ ...................................................................... A. prasiniventre (Gounelle, 1911)
15(8). Protórax vermelho-alaranjado sem reflexos metálicos ................................16
Protórax com colorido metálico ......................................................................17
16(15). Urosternitos e base dos élitros vermelho-alaranjados. Mandíbulas do macho com pontos esparsos e não deprimidas nas faces dorsal e externa. Fêmea: antenômeros IX-XI não engrossados e com pilosidade esparsa. Bolívia, Argentina ...... ................................................................................. A. basale (Melzer, 1933)
Urosternitos castanhos. Élitros unicolores, com colorido metálico da base ao ápice. Mandíbulas do macho grosseiramente pontuado-rugosas, deprimidas nas faces dorsal e externa. Fêmea: antenômeros IX-XI engrossados e com escova de pêlos. Brasil (Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina) .. A. prasinipenne (Lucas, 1857)
17(15). Cabeça e escapo vermelho-alaranjados. Protórax pouco expandido nos lados, aspecto quadrangular; face ventral do corpo com ou sem colorido metálico; fêmures mais freqüentemente avermelhados. Brasil (Minas Gerais, Rio de Janeiro) .............. .. ................................................................................ A. ruficeps (Bates, 1870)
Cabeça e esternos torácicos com colorido metálico; escapo e fêmures negros a castanhos .................................................................................................18
18(17). Fêmea. Escapo subcilíndrico, sem depressão basal. Genas com cerca da metade da largura do lobo ocular inferior. Cabeça e pronoto cúpreo-esverdeados; élitros verde-escuros. Brasil (Rondônia) ........................... A. collorata (Napp, 1993)
Macho e fêmea. Escapo piriforme com depressão basal. Genas tão longas quanto a largura do lobo ocular inferior. Cabeça, pronoto e élitros com colorido metálico verde ou azul-escuro ...........................................................................................19
19(18). Urosternitos, pelo menos os I-II, com colorido metálico ...........................20
Urosternitos vermelho-alaranjados sem brilho metálico .......................................21
20(19). Urosternitos I-II verde-metálicos, os demais vermelho-alaranjados. Antenômero III não sulcado. Macho: pontuação sexual no prosterno, lados do protórax e do pronoto formada por pontos grossos, profundos e irregulares; protórax pouco expandido nos lados, cerca de um quarto mais largo que longo; élitros quase 4,0 vezes o comprimento do protórax. Brasil (Bahia, Minas Gerais) .......... A. apixara Napp, 2007
Urosternitos azul-escuro-metálicos, os III-V, às vezes, castanhos no disco. Antenômero III sulcado. Macho: pontuação sexual restrita ao prosterno, formada por pontos finos e corrugados; protórax bem expandido nos lados, um terço mais largo que longo; élitros 3,0 vezes tão longos quanto o protórax. Brasil (Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, São Paulo), Paraguai ............................. A. concolor (Gounelle, 1911)
21(19). Élitros com pontos ásperos bem aparentes em toda a superfície. Macho: pontuação sexual formada por pontos grossos no prosterno, lados do protórax e do pronoto; antenômero XI mais curto que o III. Brasil (Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo), Argentina ....................... A. haemorrhoidale (Germar, 1824)
Élitros sem pontos ásperos, os pontos setígeros pouco conspícuos. Macho: pontuação sexual restrita ao prosterno e formada por pontos finos, pouco aparentes; antenômero XI tão ou pouco mais longo que o III ..............................................................22
22(21). Macho. Élitros curtos, comprimento cerca de duas vezes a largura do protórax e com pubescência densa. Protórax bem arredondado nos lados, a maior largura igual à largura umeral. Escapo pouco estreitado na base com depressão rasa; antenômeros III-V sulcados. Urosternito V truncado no ápice. (Fig. 4). Argentina (Chaco) ............ .................................................................................... A. potiguassu sp. nov.
Macho. Élitros alongados, comprimento cerca de três vezes a largura do protórax, a pubescência pouco aparente. Protórax pouco arredondado nos lados, na maior largura mais estreito que os úmeros. Escapo estreitado na base com depressão basal manifesta; antenômeros III-V sem sulco. Urosternito V sinuoso no ápice. Brasil (Goiás, Paraíba a Santa Catarina), Argentina .......................... A. rufiventre (Germar, 1824)
AGRADECIMENTOS
A Miguel A. Monné (MNRJ) pelo envio do material para estudo e a Albino A. Sakakibara (DZUP) pelas fotografias que ilustram o trabalho.
Recebido em: 22.07.2008
Aceito em: 10.10.2008
Impresso em: 19.12.2008
- MONNÉ, M.A. 2005. Catalogue of the Cerambycidae (Coleoptera) of the Neotropical region. Part I. Subfamily Cerambycinae. Zootaxa, 946:1-765.
- NAPP, D.S. 2007. Revisão do gênero Aglaoschema Napp (Coleoptera, Cerambycidae). Revista Brasileira de Zoologia, 24(3):793-816.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
13 Jan 2009 -
Data do Fascículo
2008
Histórico
-
Aceito
10 Out 2008 -
Recebido
22 Jul 2008