Open-access Correlação entre a profundidade do espaço peridural medida no intraoperatório e a estimada por RM ou US: estudo observacional

Resumo

Justificativa e objetivos:  Avaliar a concordância entre a profundidade peridural medida no campo cirúrgico com a profundidade peridural estimada pela Ressonância Magnética (RM) e ultrassonografia.

Métodos:  Cinquenta pacientes de ambos os sexos agendados para cirurgia de disco lombar L4-5 sob anestesia geral foram incluídos neste estudo observacional prospectivo, e os resultados de 49 pacientes foram analisados. A profundidade peridural real foi medida no campo cirúrgico com uma régua cirúrgica estéril. A profundidade peridural obtida pela Ressonância Magnética (RM) foi medida a partir das imagens do exame de RM. A profundidade peridural estimada pelo ultrassom foi medida a partir da imagem do ultrassom obtida imediatamente antes da cirurgia.

Resultados:  A profundidade peridural média medida no campo cirúrgico foi de 53,80 ± 7,67 mm; a profundidade peridural média da RM foi de 54,06 ± 7,36 mm; e a profundidade peridural estimada por ultrassom foi de 53,77 ± 7,94 mm. A correlação entre a profundidade peridural medida no campo cirúrgico e a profundidade peridural derivada da RM foi de 0,989 (r2 = 0,979; p < 0,001); e a correlação correspondente com a profundidade peridural estimada por ultrassom foi de 0,990 (r2 = 0,980; p < 0,001).

Conclusões:  Tanto a profundidade peridural estimada por ultrassom quanto a profundidade peridural derivada da RM mostram forte correlação com a profundidade peridural medida no campo cirúrgico. As estimativas pré-operatórias da profundidade peridural derivadas da RM são um pouco mais profundas do que a profundidade peridural medida no campo cirúrgico, e as profundidades peridurais estimadas por ultrassom são um pouco mais rasas. Embora ambas as técnicas de imagem radiológica tenham fornecido estimativas pré-operatórias confiáveis da profundidade peridural real, a técnica de perda de resistência não pode ser descartada durante a inserção da agulha peridural.

PALAVRAS-CHAVE Peridural; Anestesia; Ultrassonografia; Ressonância magnética; Intraoperatório

Abstract

Background and objectives:  To assess the agreement between the epidural depth measured from the surgical site with the epidural depths estimated with magnetic resonance imaging (MRI) and ultrasound scanning.

Methods:  Fifty patients of either sex, scheduled for L4‒5 lumbar disc surgery under general anesthesia were enrolled in this prospective observational study, and the results of 49 patients were analyzed. The actual epidural depth was measured from the surgical site with a sterile surgical scale. The MRI-derived epidural depth was measured from the MRI scan. The ultrasound estimated epidural depth was measured from the ultrasound image obtained just before surgery.

Results:  The mean epidural depth measured from the surgical site was 53.80 ± 7.67 mm, the mean MRI-derived epidural depth was 54.06 ± 7.36 mm, and the ultrasound-estimated epidural depth was 53.77 ± 7.94 mm. The correlation between the epidural depth measured from the surgical site and MRI-derived epidural depth was 0.989 (r2 = 0.979, p < 0.001), and the corresponding correlation with the ultrasound-estimated epidural depth was 0.990 (r2 = 0.980, p < 0.001).

Conclusions:  Both ultrasound-estimated epidural depth and MRI-derived epidural depth have a strong correlation with the epidural depth measured from the surgical site. Preprocedural MRI-derived estimates of epidural depth are slightly deeper than the epidural depth measured from the surgical site, and the ultrasound estimated epidural depths are somewhat shallower. Although both radiologic imaging techniques provided reliable preprocedural estimates of the actual epidural depth, the loss of resistance technique cannot be discarded while inserting epidural needles.

KEYWORDS Epidural; Anesthesia; Ultrasound; Magnetic resonance imaging; Intraoperative

Introdução

A anestesia neuroaxial é tecnicamente desafiadora, mas traz benefícios intra e pós-operatórios bem estabelecidos.1,2

O procedimento anestésico neuraxial exige atenção, pois é rotineiramente realizado empregando-se a chamada “técnica cega”. A taxa de sucesso de identificação precisa do espaço peridural depende de o clínico detectar com exatidão a perda de resistência. A identificação imprecisa da profundidade peridural não é insignificante entre os médicos em treinamento e pode causar falha da anestesia regional, punção inadvertida da dura-máter, parestesia ou hematoma peridural.3-7

Informação sobre profundidade do espaço peridural obtida antes da realização do procedimento pode facilitar a inserção da agulha peridural e aumentar a segurança do procedimento. Com o objetivo de obter uma estimativa confiável da Profundidade do Espaço Peridural (PEP), estudos anteriores avaliaram a concordância entre a profundidade peridural real e as estimativas radiológicas da Profundidade do Espaço Peridural medidas com Tomografia Computadorizada, Ressonância Magnética (PEP/RM) e Ultrassonografia (PEP/US) em distintas populações de pacientes com diferentes faixas etárias.8-13

Estudos prévios que avaliaram a correlação entre a profundidade do espaço peridural real com os valores medidos com PEP/US e PEP/RM eram retrospectivos, e a “profundidade peridural real” foi definida como a profundidade medida pela agulha peridural.8,12,13 Pelo que sabemos, nosso estudo é único, pois identificamos a “profundidade peridural real” como a “Profundidade Peridural medida a partir do Campo Cirúrgico” (PEP/CC); além disso, este estudo apresenta desenho prospectivo.

O desfecho primário do presente estudo foi determinar o PEP/US. Os desfechos secundários do estudo foram determinar PEP/RM e PEP/CC.

No presente estudo, o PEP/CC foi avaliado quanto à sua concordância com o PEP/US e o PEP/RM. Nossa hipótese foi de que PEP/US e PEP/MR estão em forte concordância com PEP/CC.

Método

Este estudo observacional prospectivo foi realizado em pacientes a serem submetidos à correção cirúrgica de hérnia de disco lombar (L4-5) sob anestesia geral, entre 31 de Maio de 2018 e 31 de Agosto de 2018, com o objetivo de analisar a concordância entre PEP/CC, PEP/US e PEP/MR. O consentimento informado por escrito foi obtido de todos os pacientes. O estudo foi preparado seguindo as diretrizes da Declaração de Helsinque e o STROBE (Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology) (fig. 1).

Figura 1
Lista de verificação do STROBE.

Após obter a aprovação do comitê de ética (2017-20 / 244, 26/12/2017) e do conselho de revisão da instituição (13389610/449, 19/01/2018), o estudo foi registrado prospectivamente no Australian New Zealand Clinical Trials Registry (ACTRN12618000552280, 13/04/2018).

Foram incluídos no estudo pacientes com classificação do estado físico da American Society of Anesthesiologists (ASA) I-III, com idades entre 18 e 75 anos, a serem submetidos à correção cirúrgica de hérnia de disco lombar no nível L4-5 sob anestesia geral. Pacientes com doenças neurológicas, anomalias da coluna vertebral, cirurgia prévia da coluna vertebral ou do canal vertebral e classe ASA > III, pacientes com idade inferior a 18 anos ou superior a 75 anos e gestantes ou lactantes foram excluídas.

A maioria das hérnias de disco lombar ocorre nos níveis de L4-5 e L5-S1.14 Uma das modalidades de tratamento do disco herniado lombar com o objetivo de melhorar o estado funcional do paciente é o tratamento cirúrgico.15 No presente estudo, incluímos pacientes que foram submetidos à correção cirúrgica de hérnia de disco lombar no nível L4-5.

A justificativa para a escolha de um grupo de estudo composto por pacientes agendados para cirurgia de hérnia de disco foi o fato de já possuírem o exame de ressonância magnética lombar, e da possibilidade de realizar medida de PEP/CC durante a cirurgia.

Medições de ultrassom

Na sala de cirurgia, os pacientes foram monitorizados com ECG, oximetria de pulso e pressão arterial não invasiva. A anestesia geral foi induzida com 2-2,5 mg.kg-1 de propofol por via intravenosa e 2 mcg.kg-1 de fentanil. O relaxamento muscular foi alcançado com rocurônio intravenoso 1,5 mg.kg-1. A manutenção da anestesia foi realizada com Sevoflurano a 2% em uma mistura ar/oxigênio a 50% com fluxo de gás fresco de 4 L.min-1. Após a proteção das vias aéreas, os pacientes foram colocados em decúbito ventral.

Antes do preparo e colocação dos campos cirúrgicos, o exame ultrassonográfico do paciente em posição prona foi realizado com uma sonda de US curva de 2-5 MHz (Esaote Mylab30, Florença, Itália) posicionada no plano oblíquo sagital paramediano. O plano oblíquo sagital paramediano fornece janela ideal para a ultrassonografia, como foi relatado previamente.16 Todas as avaliações ultrassonográficas foram realizadas pelo mesmo pesquisador (MC), com mais de cinco anos de experiência em sonoanatomia vertebral, cego para as medidas de PEP/RMI. Primeiro, a linha contínua hiperecoica do sacro foi identificada na linha média. A sonda foi colocada 2-3 cm lateral à linha média no eixo sagital. A sonda foi então inclinada para fornecer a visão oblíqua sagital paramediana do canal vertebral. Após obter a visualização da imagem de dente de serra, o interespaço L4-5 foi localizado no centro da sonda. A tela foi congelada para medir o PEP/US. A distância da pele até a borda posterior do ligamento amarelo foi aceita como PEP/US e medida em milímetros com o paquímetro existente no aparelho de ultrassom.

Medições de ressonância magnética

Todos os pacientes foram submetidos à ressonância magnética da vértebra lombar no período de 30 dias antes da cirurgia, seguindo o protocolo padrão da clínica de neurocirurgia de nossa instituição. A ressonância magnética foi realizada na posição supina. Todas as medidas de ressonância magnética foram obtidas pelo mesmo investigador (NK, treinado por um neurorradiologista para medição da profundidade peridural lombar) no nível L4-5. NK era cego para as medidas de PEP/US. Os exames de ressonância magnética foram selecionados a partir das imagens sagitais ponderadas em T2 armazenadas no sistema de imagens e comunicação (PACS, GE Healthcare Co.) do hospital para medir a PEP/RM. A distância da pele até a borda posterior do ligamento amarelo, medida no plano horizontal, foi aceita como PEP/RM e registrada para análise estatística posterior. As medições foram obtidas em milímetros com o paquímetro existente no sistema PACS.

Medições da profundidade peridural do local cirúrgico

Após o posicionamento do paciente para a cirurgia, o dorso do paciente foi preparado assepticamente e coberto com campos cirúrgicos. Após a incisão na pele e dissecção cirúrgica, o ligamento amarelo foi exposto. A posição do paciente foi, então, girada para supina no plano horizontal. A profundidade peridural real foi medida na posição prona horizontal, e não na posição cirúrgica flexionada, o que poderia afetar a distância da pele ao ligamento amarelo. O cirurgião usou uma régua cirúrgica estéril para medir a distância da pele à borda posterior do ligamento amarelo em milímetros. Essa distância foi aceita como a profundidade peridural real (PEP/CC).

Análise estatística

Os dados foram analisados quanto à normalidade com o teste Shapiro-Wilk. Variáveis com distribuição normal estão expressas como média ± Desvio Padrão (DP). Variáveis categóricas estão apresentadas em porcentagens. A correlação de Pearson e a concordância de Lin17,18 foram usadas para analisar a concordância entre PEP/CC, PEP/US e PEP/MR. Um gráfico de Bland-Altman foi utilizado para analisar a precisão entre as medidas. O teste t para amostra única foi utilizado para comparar as diferenças médias. As diferenças médias entre as medidas foram calculadas subtraindo PEP/US ou PEP/MR de PEP/CC e dividindo por dois. Os valores médios das medidas foram calculados somando PEP/US ou PEP/RM com PEP/CC e dividindo por dois. As diferenças médias nas medidas foram plotadas graficamente em relação às somas médias das medidas em um diagrama de Bland-Altman19,20 que apresentou limites de concordância de 95% entre PEP/CC, PEP/US e PEP/RM.

O tamanho da amostra do estudo foi calculado usando dados obtidos dos resultados preliminares do estudo com G*Power 3.1.9.2. O tamanho mínimo exigido da amostra (n) foi 50 para detectar um nível de poder estatístico desejado de 0,80 e valor de p = 0,05.

Resultados

Foram incluídos 50 pacientes neste estudo observacional prospectivo. Um paciente retirou seu consentimento para participar do estudo, e os resultados de 49 pacientes foram considerados para análise. A idade média dos pacientes foi 47,61 ± 13,92 anos e a estatura média foi 167,27 ± 8,67 cm. O peso médio dos pacientes foi 82,11 ± 12,58 kg. A média do Índice de Massa Corporal (IMC) foi 29,51 ± 5,18 kg.m-2. A distribuição dos pacientes de acordo com a classe ASA foi a seguinte: 19 pacientes com classe ASA I, 22 pacientes com classe ASA II e oito pacientes com classe ASA III. Vinte e cinco pacientes eram do sexo feminino e 24 do masculino. A PEP/CC média foi 53,80 ± 7,67 mm, a PEP/US média foi 53,77 ± 7,94 mm e a PEP/RM média foi 54,06 ± 7,36 mm (tabela 1).

Tabela 1
Características dos pacientes

O coeficiente de correlação de Pearson entre PEP/CC e PEP/US foi 0,990 (r2 = 0,980; p < 0,001). O coeficiente de correlação de concordância entre PEP/CC e PEP/US foi 0,990 (IC 95% 0,982-0,994). O coeficiente de correlação de Pearson entre PEP/CC e PEP/RM foi 0,989 (r2 = 0,979; p < 0,001). O coeficiente de correlação de concordância entre PEP/CC e PEP/RM foi 0,975 (IC 95% 0,958-0,985). Os gráficos de correlação de Pearson e de concordância de Lin são apresentados nas figuras 2 e 3, respectivamente.

Figura 2
Gráficos de correlação de Pearson. (a) Correlação entre a Profundidade Peridural Real (PEP/CC) e a Profundidade Peridural Estimada por Ultrassonografia (PEP/US); r2, coeficiente de determinação. (b) Correlação entre a Profundidade Peridural Real (PEP/CC) e a Profundidade Peridural derivada da Ressonância Magnética (PEP/RM); r2, coeficiente de determinação.

Figura 3
Gráficos de correlação de concordância de Lin. (a) Correlação entre a Profundidade Peridural real (PEP/CC) e a Profundidade Peridural estimada por Ultrassonografia (PEP/US); r2, coeficiente de determinação. (b) Correlação entre a Profundidade Peridural real (PEP/CC) e a Profundidade Peridural derivada da Ressonância Magnética (PEP/RM); r2, coeficiente de determinação.

A diferença média entre PEP/US e PEP/CC foi -0,36 ± 1,13 mm (limites de concordância de 95%: -2,52-1,91). A diferença média entre PEP/RM e PEP/CC foi 0,26 ± 1,14 mm (95 limites de concordância: -1,97-2,49). A diferença média na profundidade peridural foi plotada em relação à soma média das medidas de profundidade peridural em um diagrama de Bland-Altman representando os limites superior e inferior de 95% de concordância do PEP/CC com PEP/US e PEP/RM (fig. 4).

Figura 4
Gráficos de Bland-Altman. (a) Gráfico de Bland-Altman representando a concordância entre a profundidade peridural real e a profundidade peridural estimada por ultrassonografia (PEP/US, Profundidade Pele Espaço Peridural Estimada por Ultrassonografia; PEP/CC, Profundidade Peridural real medida no Campo Cirúrgico). (b) Gráfico de Bland-Altman representando a concordância entre a profundidade peridural real e a profundidade peridural derivada da ressonância magnética (PEP/RM, Profundidade Pele- Espaço Peridural derivada da Ressonância Magnética, PEP/CC, Profundidade Peridural real medida no Campo Cirúrgico).

Discussão

Avaliamos a correlação de PEP/CC com PEP/US e PEP/RM em pacientes programados para cirurgia de disco lombar sob anestesia geral. Demonstramos uma forte correlação entre PEP/CC e PEP/US, correlação que também foi consistente entre PEP/CC e PEP/RM.

A identificação precisa do espaço peridural determina se o procedimento será bem-sucedido ou não. A identificação do espaço peridural com a técnica de perda de resistência depende principalmente do clínico que realiza a peridural. O conhecimento prévio da profundidade do ligamento amarelo pode facilitar a localização precisa do espaço peridural, fornecendo a distância segura para o avanço da agulha peridural durante o procedimento.

As correlações entre profundidade do espaço peridural e características do paciente foram analisadas em estudos anteriores. Uma fórmula matemática foi derivada para prever a profundidade peridural.8,9,11,13 Esses estudos anteriores foram realizados para facilitar a inserção da agulha no espaço peridural e para evitar complicações inadvertidas do procedimento. A concordância entre a profundidade peridural real e as medidas radiológicas foi avaliada para predizer a profundidade peridural.9-12,21-23

Daniel et al.24 relatam variações no depósito de gordura no espaço peridural ao longo da coluna vertebral que alteram o diâmetro anteroposterior do espaço peridural. Além do estudo publicado por Jones et al.,12 outros estudos anteriores definiram a profundidade peridural como a distância da pele até a borda anterior do complexo formado pelo ligamento amarelo dura posterior.11,25 No presente estudo, descrevemos a profundidade peridural como a distância da pele até a borda posterior do ligamento amarelo.

Até onde sabemos, todos os pesquisadores anteriores aceitaram como padrão-ouro de profundidade peridural a profundidade medida pela agulha peridural. Nosso estudo é singular porque o “padrão ouro de profundidade peridural” foi a medida obtida pelo cirurgião no campo cirúrgico (PEP/CC) e definida como a distância da pele ao ligamento amarelo.

Embora houvesse uma forte concordância entre PEP/CC e PEP/US, a PEP/US foi menor que PEP/CC em nosso estudo, o que estava de acordo com estudos anteriores.9,21,22 Ambas as medidas de PEP/CC e PEP/US foram adquiridos na posição prona. A compressão aplicada à sonda pode explicar a diferença entre PEP/US e PEP/CC. A pressão aplicada à sonda de ultrassom comprime o tecido mole sob a pele, levando a uma menor medida da profundidade peridural. No entanto, o PEP/CC foi medido da pele ao ligamento amarelo sem compressão dos tecidos moles.

A PEP/CC também estava em forte acordo com PEP/RM; no entanto, as medidas de PEP/RM foram mais profundas do que as medidas de PEP/CC em nosso estudo. Os pacientes ficam na posição supina durante a ressonância magnética e a distância entre a pele o espaço peridural é comprimida pelo peso do paciente. Portanto, espera-se que as medições de PEP/RM sejam mais rasas do que as medições de PEP/CC. Pesquisadores anteriores relataram diferenças semelhantes nas medidas de profundidade peridural entre PEP/RM e PEP/CC.8,12 É difícil explicar as medidas mais profundas de profundidade peridural obtidas com RM. No entanto, a curvatura da coluna vertebral contribui para a profundidade peridural alargada durante a medição com a RM.

Demonstramos forte correlação positiva entre PEP/CC e PEP/US, mostrando que quando há um aumento na profundidade peridural real, a profundidade peridural estimada por ultrassom também aumenta. Isso também é consistente entre PEP/CC e PEP/MR.

Os limites de concordância entre PEP/CC e PEP/US estavam clinicamente muito próximos dos limites de concordância entre PEP/CC e PEP/RM. Portanto, ambas as técnicas de medição da profundidade peridural podem ser usadas de forma intercambiável para guiar a inserção de agulhas peridurais. Embora PEP/MR e PEP/US estejam em forte concordância ao prever PEP/CC, recomendamos que a PEP/US seja mais confiável e fácil de realizar para os médicos em treinamento. Além disso, sugerimos que identificação do espaço peridural pela perda de resistência não pode ser abandonada, mesmo com o conhecimento prévio da profundidade peridural.

Uma limitação crítica do presente estudo foi que a posição supina do paciente durante a ressonância magnética era diferente da posição do paciente no momento das medições de PEP/CC e PEP/US. Estudos adicionais com amostras maiores são necessários para validar nossos resultados.

Sumário

Embora PEP/RM e PEP/US apresentem forte correlação e estejam de acordo com PEP/CC, a técnica de perda de resistência não deve ser excluída durante a execução do procedimento peridural. Estimar a profundidade peridural com ultrassonografia é mais apropriado em salas de cirurgia com a atual tecnologia. Os desenvolvimentos nos sistemas de monitoramento radiológico podem fornecer medições mais precisas e exatas da profundidade do espaço peridural.

  • Financiamento
    Os autores declaram não ter recebido financiamento para realizar o presente estudo.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Set 2020
  • Data do Fascículo
    May-Jun 2020

Histórico

  • Recebido
    3 Abr 2019
  • Aceito
    22 Mar 2020
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