Resumos
Foi estudada a freqüência da cópula interespecífica entre espécimes de Biomphalaria glabrata e B. tenagophila. Os resultados da experiência levaram a conclusão de que há preferência pela cópula intraespecífica, ocorrendo, contudo, cópulas interespecíficas.
Planorbidae; Biomphalaria
An experiment on the inter-specific mating of B. glabrata and B. tenagophila snails was related. The results led to conclude that the snails prefer intra-specific mates, even though inter-specific ones occur.
Planorbidae; Biomphalaria
NOTAS E INFORMAÇÕES NOTES AND INFORMATION
Estudo sobre a cópula interespecífica entre moluscos planorbídeos Biomphalaria glabrata e B. tenagophila
Inter-specific mating between planorbid snails Biomphalaria glabrata and B. tenagophila
Luiz A. MagalhãesI; José F. de CarvalhoII; Urara KawazoeI
IDo Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas. Caixa Postal 1170 Campinas, S.P. Brasil
IIDo Instituto de Ciências Matemáticas de São Carlos. Universidade de São Paulo. São Carlos, S.P. Brasil
RESUMO
Foi estudada a freqüência da cópula interespecífica entre espécimes de Biomphalaria glabrata e B. tenagophila. Os resultados da experiência levaram a conclusão de que há preferência pela cópula intraespecífica, ocorrendo, contudo, cópulas interespecíficas.
Unitermos: Planorbidae *; Biomphalaria *.
SUMMARY
An experiment on the inter-specific mating of B. glabrata and B. tenagophila snails was related. The results led to conclude that the snails prefer intra-specific mates, even though inter-specific ones occur.
Uniterms: Planorbidae *; Biomphalaria *.
INTRODUÇÃO
PARAENSE2 (1955) estudando a reprodução em Biomphalaria glabrata verificou que esses moluscos são capazes de se autofecundarem quando isolados individualmente. Se colocados reunidos com outros moluscos da mesma espécie, prontamente cessam o processo de autofecundação e iniciam a reprodução cruzada.
PARAENSE & DESLANDES 3 (1955), em estudo sobre o isolamento reprodutivo entre B. glabrata e B. tenagophila, demonstraram que o isolamento observado não é de natureza etológica, tendo os autores observado freqüentemente " corte interespecífica".
Procuramos no presente trabalho verificar se há ou não predileção para cópula intraespecífica em moluscos colocados frente a exemplar de espécie diferente. Morfologicamente B. glabrata e B. tenagophila são extremamente semelhantes, fazendo-se distinção das espécies pela presença ou não de uma crista renal (PARAENSE & DESLANDES 4, 1959) sendo que seus aparelhos reprodutores são aparentemente idênticos.
MATERIAL E MÉTODOS
Utilizamos B. glabrata de Belo Horizonte, Minas Gerais e B. tenagophila de São José dos Campos, São Paulo.
Em 20 frascos (Grupo I) foram colocados 4 caramujos por frasco, sendo 2 B. glabrata e 2 B. tenagophila. Os caramujos escolhidos mediam aproximadamente 15 mm de diâmetro máximo e os exemplares de B. tenagophila apresentavam bem visível ao ponto de tornar-se fácil sua distinção a simples observação direta.
Durante 40 dias foram feitas quatro anotações diárias a fim de se verificar quantos moluscos copulavam no momento da observação e se as cópulas eram inter ou intraespecíficas. As observações foram realizadas durante o período diurno.
Em outros 20 frascos (Grupo II) foi depositado um par de B. glabrata por frasco e durante 40 dias anotaram-se o número de desovas, os ovos estéreis, os inviáveis e o total de ovos viáveis.
O mesmo procedimento foi feito com B. tenagophila (Frascos do Grupo III).
Consideramos como desovas estéreis as que não continham embriões na ocasião da oviposição e de inviáveis as que tinham sua evolução interrompida.
Durante a experiência os moulscos foram alimentados com retângulos de alface e a água dos frascos era renovada duas vezes por semana.
A experiência foi realizada durante os meses de Agosto e Setembro.
RESULTADOS
Os resultados estão condensados nas Tabelas 1 e 2.
DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
Como é relatada a competição interespecífica entre as espécies estudadas MAGALHÃES1, 1966) poderíamos pensar que no processo competitivo participasse como fator influente a cópula interespecífica, originando desovas estéreis e inviáveis.
Caso não houvesse predileção no acasalamento, na presente experiência, deveríamos esperar freqüências da seguinte grandeza quanto ao número de cópulas:
B. glabrata x B. glabrata ......... 1/6
B. tenagophila x B. tenagophila ... 1/6
B. glabrata x B. tenagophila ......... 2/3
Verificamos estatisticamente esta hipótese com os dados observados (Tabela 1), a qual foi rejeitada ao nível de 5%. Logo, preferimos supor que, embora possível a cópula interespecífica, os caramujos possuem mecanismo que lhes fornecem preferência pela cópula intraespecífica.
Com respeito à viabilidade das desovas, através dos testes baseados na distribuição qui-quadrado, concluimos que há diminuição da viabilidade dos ovos, quando ocorre a cópula interespecífica.
Desta forma, é lícito supor que a cópula interespecífica aja como um dos fatores que intervém na competição biológica entre as duas espécies estudadas.
Recebido para publicação em 15-6-1973
Recebido para publicação em 15-6-1973
Referências bibliográficas
- 1 MAGALHÃES, L. A. Estudo de uma população de Biomphalaria glabrata (Say, 1818), recentemente introduzida no estado da Guanabara. Folia clin, biol., S. Paulo, 35:102-20, 1966.
- 2 PARAENSE, W. L. Autofecundação cruzada em Australorbis glabratus. Mem. Inst. Oswaldo Cruz, 53:227-91, 1955.
- 3 PARAENSE, W. L. & DESLANDES, N. Isolamento reprodutivo entre Australorbis glabratus e A. nigricans. Mem. Inst. Oswaldo Crus, 55:321-7, 1955.
- 4 PARAENSE, W. L. & DESLANDES, N. The renal ridge is a reliable charactes for separating Taphius glabratus from Taphius tenagophilus. Amer. J. trop.Med. Hyg., 8:456-72, 1959.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
28 Ago 2006 -
Data do Fascículo
Set 1973
Histórico
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Recebido
15 Jun 1973 -
Aceito
15 Jun 1973