Sintomatologia intestinal na fase crônica da esquistossomose mansoni

Peixinho, Eleonora L.; André, Sumaia B.; Bina, José Carlos

doi:10.1590/S0037-86821986000100006

Resumos

Com o objetivo de investigar os sintomas intestinais na fase crônica da esquistossomose mansoni, estudamos 102 indivíduos na faixa etária de nove a dezenove anos, dos 144previamente selecionados entre os moradores autóctones dos distritos de Lagoa Redonda e Menezes, portadores de Schistosoma mansoni. Todos foram submetidos a uma anamnese segmentar com a finalidade de detectara presença de cinco sintomas intestinais: dor abdominal, diarréia, muco e rajas de sangue nas fezes e enterorragia. Metade dos pacientes foi medicada com mebendazole e posteriormente com oxamniquine, constituindo-se no grupo caso, enquanto a outra metade, tratada apenas com mebendazole, constituiu-se no grupo controle. Os resultados mostram que a esquistossomose é provavelmente a responsável pelas queixas de muco e/ou rajas de sangue nas fezes, ocorrendo uma redução dessas queixas, estatisticamente significante, após a terapêutica específica.

Schistosoma mansoni; Esquistossomose; Fase crônica da esquistossomose; Sintomas intestinais

A total of 102 autochthonous patients from the districts of Lagoa Redonda and Menezes (Sapeaçu, Bahia), with ages rangingfrom nine to 19years, were evaluated for intestinal symptoms related to the chronic phase of Schistosomiasis mansoni, with emphasis on the following complaints: abdominal pain, diarrhea, mucus and blood in the stools. One half of the sample (case group) was treated with mebendazole followed by oxamniquine; the otherhalf (control group) received only mebendazole. The results showed that schistosomiasis is probably responsible for the appearance of mucus and/or blood in the stools, since a statistically significant reduction of such manifestations was achieved with specific treatment.

Schistosoma mansoni; Schistosomiasis; Chronic phase of schistosomiasis; Intestinal manifestations

ARTIGOS

Sintomatologia intestinal na fase crônica da esquistossomose mansoni

Eleonora L. Peixinho; Sumaia B. André; José Carlos Bina

^{Endereço para correspondência} Endereço para correspondência: Rua Guadalajara, 430/902 Morro do Gato 40000 Salvador-BA - Brasil.

RESUMO

Com o objetivo de investigar os sintomas intestinais na fase crônica da esquistossomose mansoni, estudamos 102 indivíduos na faixa etária de nove a dezenove anos, dos 144previamente selecionados entre os moradores autóctones dos distritos de Lagoa Redonda e Menezes, portadores de Schistosoma mansoni. Todos foram submetidos a uma anamnese segmentar com a finalidade de detectara presença de cinco sintomas intestinais: dor abdominal, diarréia, muco e rajas de sangue nas fezes e enterorragia. Metade dos pacientes foi medicada com mebendazole e posteriormente com oxamniquine, constituindo-se no grupo caso, enquanto a outra metade, tratada apenas com mebendazole, constituiu-se no grupo controle. Os resultados mostram que a esquistossomose é provavelmente a responsável pelas queixas de muco e/ou rajas de sangue nas fezes, ocorrendo uma redução dessas queixas, estatisticamente significante, após a terapêutica específica.

Palavras-chave:Schistosoma mansoni. Esquistossomose. Fase crônica da esquistossomose. Sintomas intestinais.

ABSTRACT

A total of 102 autochthonous patients from the districts of Lagoa Redonda and Menezes (Sapeaçu, Bahia), with ages rangingfrom nine to 19years, were evaluated for intestinal symptoms related to the chronic phase of Schistosomiasis mansoni, with emphasis on the following complaints: abdominal pain, diarrhea, mucus and blood in the stools. One half of the sample (case group) was treated with mebendazole followed by oxamniquine; the otherhalf (control group) received only mebendazole. The results showed that schistosomiasis is probably responsible for the appearance of mucus and/or blood in the stools, since a statistically significant reduction of such manifestations was achieved with specific treatment.

Keywords:Schistosoma mansoni. Schistosomiasis. Chronic phase of schistosomiasis. Intestinal manifestations.

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Recebido para publicação em 27/7/84.

Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia e Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz (FIOCRUZ).

1. Barbosa FS. Morbidade da esquistossomose. Revista Brasileira de Malariologia e Doenças Tropicais: 3-159, 1966.
2. Cheever AW. A quantitative post-mortem study of Schistosomiasis mansoni in man. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene 17:38-60, 1968.
3. Conceição MJ. Morbidade da esquistossomose mansônica em uma comunidade rural de Minas Gerais. Tese de Mestrado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1976.
4. Katz N, Chaves A, Pellegrino J. A simple device for quantitative stool thick-smear technique in Schistosomiasis mansoni Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo 14:397-400. 1972.
5. Kioetzel K. Splenomegaly in Schistosomiasis mansoni American Journal of Tropical Medicine and Hygiene 11:472-476, 1972.
6. Lutz A. O Schistosoma e a schistosomatose segundo observações feitas no Brasil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz 11:121-150, 1919.
7. Menezes AP. Esquistossomose mansônica no município de Riachuelo, Sergipe. (Estudo clinico, epidemiológico e laboratorial). Tese de Mestrado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1976.
8. Neves J, Cunha AS. Esquistossomose mansoni. In: Neves J. (ed.) Diagnóstico e tratamento das doenças Infectuosas e Parasitárias. Guanabara-Koogan, Rio de Janeiro, p. 758-789, 1978.
9. Neves J, Santiago JM, Ratton JLA. Quadro clínico. In: Cunha AS (ed.) Esquistossomose Mansoni. Savier/Editora da Universidade de São Paulo, p. 131-191, 1970.
10. Pessoa SB, Amorim JP. Contribuição para a história natural da esquistossomose mansônica no nordeste brasileiro e sugestões para a sua profilaxia. Revista Brasileira de Malariologia e Doenças Tropicais 9:5-18, 1957.
11. Pessoa SB, Coutinho JO. A esquistossomose mansoni como doença do trabalho. O Hospital 43:429-436,1953.
12. Prata A. Esquistossomose Mansoni. In: Veronesi R. (ed.) Doenças Infecciosas e Parasitárias. (7^a ed.) Guanabara- Koogan, Rio de Janeiro, p. 884-904, 1982.
13. Prata A., Bina JC. Development of the hepatosplenic form of schistosomiasis. A study of 20 patients observed during a 5 years period. Gazeta Médica da Bahia: 68: 49-60. 1968.

Endereço para correspondência:

Rua Guadalajara, 430/902

Morro do Gato

40000

Salvador-BA - Brasil.

Datas de Publicação

Publicação nesta coleção
06 Jun 2013
Data do Fascículo
Mar 1986

Histórico

Aceito
27 Jul 1984
Recebido
27 Jul 1984

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[1] 1. Barbosa FS. Morbidade da esquistossomose. Revista Brasileira de Malariologia e Doenças Tropicais: 3-159, 1966.

[2] 2. Cheever AW. A quantitative post-mortem study of Schistosomiasis mansoni in man. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene 17:38-60, 1968.

[3] 3. Conceição MJ. Morbidade da esquistossomose mansônica em uma comunidade rural de Minas Gerais. Tese de Mestrado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1976.

[4] 4. Katz N, Chaves A, Pellegrino J. A simple device for quantitative stool thick-smear technique in Schistosomiasis mansoni Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo 14:397-400. 1972.

[5] 5. Kioetzel K. Splenomegaly in Schistosomiasis mansoni American Journal of Tropical Medicine and Hygiene 11:472-476, 1972.

[6] 6. Lutz A. O Schistosoma e a schistosomatose segundo observações feitas no Brasil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz 11:121-150, 1919.

[7] 7. Menezes AP. Esquistossomose mansônica no município de Riachuelo, Sergipe. (Estudo clinico, epidemiológico e laboratorial). Tese de Mestrado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1976.

[8] 8. Neves J, Cunha AS. Esquistossomose mansoni. In: Neves J. (ed.) Diagnóstico e tratamento das doenças Infectuosas e Parasitárias. Guanabara-Koogan, Rio de Janeiro, p. 758-789, 1978.

[9] 9. Neves J, Santiago JM, Ratton JLA. Quadro clínico. In: Cunha AS (ed.) Esquistossomose Mansoni. Savier/Editora da Universidade de São Paulo, p. 131-191, 1970.

[10] 10. Pessoa SB, Amorim JP. Contribuição para a história natural da esquistossomose mansônica no nordeste brasileiro e sugestões para a sua profilaxia. Revista Brasileira de Malariologia e Doenças Tropicais 9:5-18, 1957.

[11] 11. Pessoa SB, Coutinho JO. A esquistossomose mansoni como doença do trabalho. O Hospital 43:429-436,1953.

[12] 12. Prata A. Esquistossomose Mansoni. In: Veronesi R. (ed.) Doenças Infecciosas e Parasitárias. (7^a ed.) Guanabara- Koogan, Rio de Janeiro, p. 884-904, 1982.

[13] 13. Prata A., Bina JC. Development of the hepatosplenic form of schistosomiasis. A study of 20 patients observed during a 5 years period. Gazeta Médica da Bahia: 68: 49-60. 1968.