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Volume atrial esquerdo como índice de função diastólica

ATUALIZAÇÃO

Volume atrial esquerdo como índice de função diastólica

Antônio Carlos Sobral Sousa

Universidade Federal de Sergipe e Hospital São Lucas de Aracajú - Aracajú, SE

Correspondência Correspondência: Carlos Sobral Sousa Av. Dep. Silvio Teixeira, 490/1201 49025 - 100 – Aracajú, SE Email: acssousa@cardiol.br

A insuficiência cardíaca congestiva (ICC) constitui uma das principais causas de morte e internações hospitalares em nosso meio, segundo dados do Datasus1. Essa síndrome clínica é progressiva e caracterizada por adaptações cardíacas e sistêmicas complexas que variam ao longo da evolução da doença2.

Verificou-se, todavia, que em aproximadamente 30% a 50% dos indivíduos que desenvolvem ICC a função sistólica, estimada pela fração de ejeção (FE) do ventrículo esquerdo (VE), apresenta-se normal ou relativamente normal3. Portanto, a razão da descompensação cardíaca desses pacientes é a disfunção diastólica do VE, justificando o termo "insuficiência cardíaca diastólica"4.

Ainda se conhece pouco sobre a história natural dessa doença, particularmente no que se refere aos mecanismos causadores de morte nos pacientes afetados5, embora seja reconhecida sua prevalência em certas populações como idosos e mulheres, e que usualmente antecede a disfunção sistólica na maioria das afecções cardíacas, inclusive na miocardiopatia chagásica6-9.

Existem poucas publicações concernentes à incidência de ICC em portadores de disfunção diastólica evidenciada pela ecocardiografia Doppler. Foi demonstrado, numa população de indivíduos maiores de 65 anos sem evidências clínicas de doença cardíaca, que a detecção desse tipo de disfunção através da ecocardiografia Doppler tem valor preditivo para o desenvolvimento de ICC em 11% a 15 %, num período de cinco anos10.

DIÁSTOLE E TIPOS DE DISFUNÇÃO DIASTÓLICA

Na conceituação clínica mais usualmente empregada11, a fase diastólica do ciclo cardíaco, inicia-se com o fechamento das valvas semilunares, compreende a maior parte do relaxamento ventricular ativo, com os períodos de relaxamento isovolumétrico e de enchimento ventricular rápido, assim como a diástase ou enchimento passivo e, finalmente, o período que envolve a contração atrial. A ilustração gráfica desse conceito pode ser apreciada na figura 1.


Apesar de inúmeros fatores independentes afetarem as propriedades diastólicas do VE, suas ações convergem para o gradiente de pressão transmitral que, em última análise, é o determinante físico do enchimento ventricular esquerdo12.

No período de relaxamento isovolumétrico, o VE comporta-se como uma câmara isolada, uma vez que as valvas aórtica e mitral encontram-se fechadas; portanto, o seu volume não se modifica enquanto se registra queda progressiva da pressão intracavitária. O relaxamento do coração também é o determinante fundamental do enchimento ventricular rápido, que decorre da abertura da valva mitral conseqüente à queda da pressão no interior do VE, abaixo da verificada no átrio esquerdo (AE)13. Trata-se de um processo dependente de energia, que corresponde à seqüestração ativa, contragradiente, do íon cálcio liberado da troponina durante a ativação contrátil14.

O enchimento ventricular rápido que, em circunstâncias normais, é responsável por 80% do enchimento ventricular, deve-se ainda à pressão no átrio esquerdo no momento da abertura da valva mitral (pré-carga) e ao recolhimento elástico (sucção) do VE. Esse fenômeno ocorre porque as fibras musculares encurtadas no final da sístole, juntamente com a matriz colágena, funcionam como uma mola comprimida para gerar forças de recolhimento na fase inicial da diástole14, proporcionando queda da pressão do VE, a despeito do progressivo incremento do seu volume. O esvaziamento do AE proporciona a equalização manométrica entre as câmaras esquerdas, constituindo-se a fase de diástase.

Nessa fase, que é influenciada pela complacência (relação pressão/volume) do VE, o enchimento ventricular decorre, basicamente, do fluxo venoso pulmonar, uma vez que o AE se comporta como um "conduto passivo", possibilitando a passagem direta do sangue das veias pulmonares até o VE15. A contração atrial, que acontece no final do período diastólico, contribui para 15% a 20% do enchimento ventricular, em pessoas normais16, e depende de interações do VE com o pericárdio e com o ventrículo direito (VD), do sincronismo atrioventricular (intervalo PR do eletrocardiograma), do ritmo cardíaco (perda da contração atrial na presença de arritmias como a fibrilação atrial) e das pressões no AE e VE14,17,18.

O VE normal deve ser capaz de acomodar um volume significativo de sangue sem provocar elevação na pressão diastólica. Desse modo, a proporção do enchimento ventricular durante as fases inicial e final da diástole é dependente do relaxamento miocárdico, do recolhimento elástico, da complacência do VE e da pressão do AE, que derivam da interação entre o processo de enfermidade cardíaca e a volemia14.

Muitos pacientes com ICC e função sistólica preservada têm, predominantemente, mecanismos diastólicos que determinam os sintomas de dispnéia e fadiga. Nesses indivíduos, o VE não é dilatado e contrai normalmente, entretanto a função diastólica é comprometida19. Na insuficiência cardíaca diastólica, o VE tem complacência diminuída e é incapaz de encher adequadamente com pressões normais. Essa condição resulta na redução do volume diastólico final, que causa queda no volume sistólico e sintomas de baixo débito cardíaco, e/ou elevação da pressão diastólica final que, por sua vez, determina o surgimento de sintomas de congestão pulmonar20. Assim, as características da ICC (inabilidade do coração em bombear sangue para manter as necessidades metabólicas teciduais, preservando as pressões de enchimento) podem decorrer, primariamente, por anormalidades lusitrópicas9.

Existem três tipos básicos de disfunção diastólica: a) aumento da rigidez ventricular, comum na doença isquêmica do coração, no idoso, na amiloidose cardíaca e na endomiocardiofibrose; b) hipertrofia ventricular, cujo principal responsável é a HAS; c) interferências mecânicas, causadas pela estenose mitral, mixoma de AE, pericardite constrictiva e tamponamento cardíaco19.

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO DIASTÓLICA

Parte da dificuldade em se estudar a função diastólica do VE deve-se ao fato de que os seus principais determinantes (o relaxamento e a complacência) atuam em diferentes fases da diástole, com sobreposição no tempo de ação. Além de sofrerem interação mútua, são, também, influenciados, conforme exposto acima, pela função sistólica do VE, pela freqüência cardíaca (FC) e pelo sistema de condução cardíaco.

A análise do padrão de enchimento ventricular promove informações valiosas sobre o desempenho diastólico do VE. Historicamente, o estudo hemodinâmico através do cateterismo cardíaco tem sido o padrão de referência para a aquisição dessas informações21. Todavia, seu caráter invasivo torna essa metodologia inviável para a prática clínica rotineira. Avaliações da função diastólica podem, também, ser obtidas, de forma não-invasiva, pela determinação do volume ou dimensões do VE durante o ciclo cardíaco, pela angiografia radioisotópica22, ou mediante a ecocardiografia Doppler12,23.

O emprego da ecocardiografia Doppler na avaliação da função diastólica iniciou-se na década de 1970 com Gibson & Brown24, os quais desenvolveram método de análise da variação contínua da dimensão ventricular esquerda, utilizando um sistema computadorizado de aproveitamento de traçado ecocardiográfico. Em nosso meio, essa técnica foi padronizada por Marin-Neto e Sousa25 e utilizada na demonstração da disfunção diastólica precoce da doença de Chagas6, mostrando-se reprodutível, porém laboriosa, o que de certa forma limita a sua utilização corriqueira.

VOLUME DO ÁTRITO ESQUERDO

Conforme visto anteriormente, alterações no relaxamento e na complacência do VE secundários a defeito na interação actina/miosina e aumento na deposição de colágeno ou das propriedades viscoelásticas do coração promovem elevação da PD2VE e, conseqüentemente, elevação da pressão no AE para manter o enchimento ventricular26. O aumento da tensão parietal leva à dilatação da câmara atrial, que, portanto, reflete a disfunção diastólica do VE27,28. O AE se comporta como um reservatório durante a sístole ventricular, como um conduto que permite a passagem do sangue procedente das veias pulmonares para o VE no início da diástole e como uma câmara contrátil, ativa, no final da diástole.

Durante o período diastólico, essa câmara atrial está diretamente exposta às pressões do VE, através da valva mitral aberta28, conforme ilustrado na figura 2. Portanto, o tamanho do AE sofre grande influência dos mesmos fatores que determinam o enchimento ventricular26, constituindo-se, desse modo, em um parâmetro estável que reflete a duração e a severidade da disfunção lusitrópica29. Por essa razão, tem sido considerado que a dimensão do AE é um potente preditor de eventos adversos em várias situações clínicas, a saber: a) acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico30; b) fibrilação atrial (FA) crônica31; c) falência ventricular esquerda32; d) regurgitação mitral33 e e) disfunção diastólica29.


Os métodos corriqueiramente disponíveis para a determinação do tamanho do AE, mediante a ecocardiografia Doppler, são a medida da dimensão ântero-posterior obtida na projeção paraesternal em eixo maior e cálculo do volume utilizando, também, as projeções apicais em duas ou quatro câmaras34. A medida uniplanar da dimensão ântero-posterior tem acurácia reduzida e baixa reprodutibilidade, para a quantificação da dimensão atrial esquerda, em virtude de limitações técnicas, tais como a angulação do feixe de ultra-som, a geometria irregular do AE e pelo fato de que o crescimento dessa câmara não é uniforme em razão da limitação física imposta pelo esterno e pela coluna vertebral35.

Isso pode, em parte, explicar os resultados conflitantes descritos na literatura especializada quando o tamanho do AE avaliado pela dimensão ântero-posterior é utilizado, como variável, para estabelecer prognóstico em certas situações clínicas; em portadores de FA crônica, que participaram do estudo AFASAK36, a dimensão ântero-posterior não teve valor em predizer tromboembolismo, enquanto em outra investigação (SPAF)37, utilizando população semelhante, essa variável foi o melhor preditor de AVC.

Por sua vez, o volume do AE (VAE) geralmente pode ser obtido de várias maneiras: a) método do cubo38, segundo o qual a câmara atrial tem um formato esférico, através da seguinte fórmula: AE=4/3 Ø7 x (dimensão ântero-posterior/2)3; b) método elipsóide39, assumindo forma elíptica do AE, mediante a fórmula: 4/3 Ø7 x dimensão ântero-posterior/2 x comprimento/2 x dimensão médio-lateral/2, em que o comprimento é a distância entre o ponto de coaptação das cúspides da valva mitral e a parede superior do AE e dimensão médio-lateral é a dimensão transversa, obtidos na posição apical de quatro câmaras. Todos os cálculos devem ser realizados ao final da sístole; c) método biplanar área-comprimento40, usando a fórmula: 0,85 x área em 4 câmaras x área em 2 câmaras/eixo perpendicular, na qual as áreas são obtidas nas posições apicais, excluindo-se o apêndice atrial esquerdo e a confluência das veias pulmonares; o comprimento perpendicular é medido entre o plano do anel da VM e a porção superior do AE; d) método dos discos de Simpson uniplanar ou biplanar41, no qual o operador procede ao traçado do endocárdio atrial esquerdo nas projeções apicais em 2 e 4 câmaras, conforme exemplificado na figura 3.


As metodologias de medidas do VAE que melhor se aplicam à pratica clínica são as que utilizam a técnica de Simpson, quer seja uniplanar34 ou biplanar42. Lester e cols.34 observaram que a técnica uniplanar, derivada da posição apical em 4 câmaras, representa medida acurada do verdadeiro tamanho do AE. Segundo Schiller & Foster43, o volume do AE, normalizado para a superfície corporal, é um índice da dimensão atrial esquerda que parece ser melhor indicador do verdadeiro tamanho dessa cavidade, e concluíram, com base em experiência pessoal, que o valor normal para o índice de volume do AE, em ambos os sexos, é de 21 ml/m2, sendo 32 ml/m2 o limite superior de normalidade (com intervalo de confiança de 90% do percentil 95). O método de Simpson para obtenção do VAE já foi validado em estudos clínicos, utilizando-se técnica de angiografia biplanar44 e de cinetomografia computadorizada45. Mais recentemente, Khankirawatana e cols.42, comparando vários modos de aferição do volume do AE, demonstraram, também, a grande acurácia da técnica de Simpson.

Alguns estudos46,47 reportaram que o tamanho do AE naturalmente aumentaria com a idade. Essas observações ganham reforço com a constatação de que 70% dos pacientes com FA apresentam mais de 65 anos de idade48. Assim, a senescência pode proporcionar alterações que culminariam com a dilatação e a disfunção do AE, aumentando, assim, a predisposição para arritmias atriais49. Entretanto, nesses estudos foram utilizados parâmetros derivados do modo-M para a avaliação da dimensão atrial, técnica que, de modo comprovado, é geometricamente menos rigorosa. Thomas e cols.50 não encontraram variações significativas no VAE produzidas pelo envelhecimento, mediante o método de Simpson, sugerindo, portanto, que a constatação de aumento do AE traduz manifestação patológica, e não um processo fisiológico de envelhecimento. Ainda nessa investigação, os autores constataram que, para compensar a diminuição do enchimento ventricular que ocorre nas fases iniciais da diástole (dependentes do relaxamento), o idoso aumenta o volume de esvaziamento ativo (contração atrial), de modo que o volume total de esvaziamento permanece inalterado. O aumento da velocidade da onda A do fluxograma mitral, observado nos idosos (vide abaixo), reflete esse fenômeno.

O VAE tem sido considerado índice independente de variações agudas de pré-carga e, portanto, proporciona avaliação mais acurada da disfunção ventricular18,34. Todavia, Barberato e cols.51, em publicação recente, demonstraram pela primeira vez que o índice de volume do AE é afetado por modificações agudas da pré-carga, utilizando um modelo clínico de variação de volume oferecido pela hemodiálise. Vale ressaltar, entretanto, que essa dependência da pré-carga observada foi menor do que a sofrida pelos índices derivados do Doppler.

Vários estudos clínicos têm atestado a utilidade do VAE no prognóstico de diversas patologias. Tsang e cols.52, avaliando um grupo de pacientes sem história de valvopatias, demonstraram que essa variável traduz uma sensível expressão morfofisiológica do grau de disfunção diastólica do VE e, ainda, se constitui em útil marcador de risco cardiovascular. Cioffi e cols.53, estudando a relação entre a geometria ventricular esquerda e a dimensão do AE em pacientes com hipertensão arterial sistêmica, constataram que a hipertrofia concêntrica do VE se associa a maior VAE, traduzindo, portanto, maior grau de comprometimento da função diastólica, avaliada, também, pelo fluxograma mitral, do que a hipertrofia excêntrica. Nesse estudo, o grau de incremento da câmara atrial se correlacionou, similarmente, com a massa do VE, nos dois padrões de geometria ventricular. O mesmo grupo, em publicação anterior, havia demonstrado, todavia, que, em portadores de doença valvar aórtica crônica, o aumento volumétrico do AE está diretamente associado à massa do VE, no contexto da geometria concêntrica.

Tem sido revelado, também, o seu valor como preditor de FA. Tsang e cols.54, estudando uma população de idosos, de ambos os sexos, que se encontravam, no início da investigação, em ritmo sinusal e sem doenças cardíacas significativas, observaram que um aumento de 30% do VAE se acompanhava de incremento de 43% no risco de apresentar FA. Os autores verificaram, ainda, que o valor preditivo dessa variável para o surgimento de FA em idosos aparentemente sadios é superior ao obtido mediante a combinação de fatores clínicos e medida do AE ao modo-M. Moller e cols.55 concluíram que o índice de VAE é um robusto preditor de mortalidade precoce após infarto agudo do miocárdio e que também adicionava informações prognósticas aos parâmetros clínicos e às medidas convencionais de função sistólica e diastólica do VE. Nessa investigação foi ainda observado que quando esse índice se encontrava normal, o prognóstico do paciente era favorável, mesmo que a sua função sistólica estivesse comprometida. Beinart e cols.56 observaram, em população semelhante, que esse índice, obtido nas primeiras 48 horas da admissão, é também um preditor independente de mortalidade tardia, incorporando informações adicionais às obtidas clinicas e ecocardiográficas. Recentemente, Sabharwal e cols.57 relataram que, na miocardiopatia isquêmica (FE < 0,40), o VAE foi fator independente em predizer mortalidade, dentre vários parâmetros clínicos e ecocardiográficos avaliados, resultados análogos aos descritos anteriormente por Rossi e cols.58, em portadores de miocardiopatia dilatada.

Estudando uma população de idosos, Barnes e cols.59 demonstraram a importância do VAE como preditor independente do primeiro AVC isquêmico e de morte, em indivíduos sem FA prévia. Apesar de ser atrativa a concepção de que o aumento da dimensão do AE propiciaria maior aparecimento de FA e, conseqüentemente, maior incidência de AVC, os investigadores especulam a existência de outro mecanismo para explicar tal associação, já que apenas 15% de todos os acidentes isquêmicos cerebrais são atribuídos à FA60. Em estudo populacional, recentemente publicado, Prichett e cols.61 verificaram que a disfunção diastólica está associada ao aumento do índice de VAE, independentemente da presença de doença cardiovascular, de disfunção sistólica do VE e de hipertrofia ventricular, e, ainda, que esse índice é um indicador fidedigno da presença de disfunção lusitrópica de grau importante.

CONCLUSÕES

A avaliação do VAE, mediante a ecocardiografia Doppler, se constitui em índice sensível que expressa a severidade da disfunção diastólica do VE, além de fornecer informações prognósticas em diversas cardiopatias. Aos poucos essa metodologia vai se incorporando à prática cotidiana, graças à sua relativa facilidade técnica e ao potencial de informações relevantes que podem gerar, facilitando o manuseio dos pacientes que a utilizam.

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Recebido em 21/06/05

Aceito em 11/11/05

  • Correspondência:

    Carlos Sobral Sousa
    Av. Dep. Silvio Teixeira, 490/1201
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      16 Out 2006
    • Data do Fascículo
      Set 2006
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