Resumos
O projeto Evidência visa estimular os enfermeiros na utilização das bases de dados de informação científica. Este estudo teve por objetivos desenhar uma intervenção formativa facilitadora do acesso a essas bases de dados por parte dos enfermeiros, efetuar avaliação de diagnóstico relativamente aos hábitos dos enfermeiros quanto a esse tipo de ferramenta e determinar o impacto de uma intervenção formativa sobre essas matérias entre os enfermeiros residentes nos Açores. Em termos metodológicos, foi desenhado um projeto de intervenção e realizado um estudo quantitativo, do tipo descritivo, para avaliar esse impacto aos dois e cinco mêses após a formação, em dimensões como o conhecimento, hábitos e objetivos de utilização. No projeto participaram 192 enfermeiros, e os resultados apontam para um impacto positivo dessa formação, não só no aumento da frequência de utilização das bases de dados de informação científica, como na autopercepção de competência na sua utilização e motivos invocados para explorar esse tipo de informação.
Enfermagem baseada em evidências; Bases de dados bibliográficas; Pesquisa em enfermagem; Educação continuada em enfermagem
El proyecto Evidencia procura estimular al enfermero a utilizar bases de datos de información científica. Se objetivó ejecutar una intervención formativa para facilitar el acceso a tales bases por parte de enfermeros, efectuar evaluaciones de diagnóstico relativas a hábitos del enfermero respecto de dichas herramientas y determinar el impacto de una intervención educativa sobre el tema entre enfermeros residentes en las Azores. En términos metodológicos, fue diseñado un proyecto de intervención y realizado un estudio cuantitativo y descriptivo, para evaluar ese impacto a los dos y cinco meses luego de la formación, en dimensiones como conocimiento, habitualidad y objetivos de utilización. Participaron 192 enfermeros. Los resultados expresan un impacto positivo de la formación, no sólo en el aumento de frecuencia de utilización de bases de datos, sino también en la autopercepción de competencia en el uso y motivos expresados para abordar este tipo de información.
Enfermería basada en la evidencia; Bases de datos bibliográficas; Investigación en enfermeira; Educación continua en enfermería
Project Evidência [Evidence] intends to promote the use of scientific databases among nurses. This study aims to design educational interventions that facilitate nurses' access to these databases, to determine nurses' habits regarding the use of scientific databases, and to determine the impact that educational interventions on scientific databases have on Azorean nurses who volunteered for this project. An intervention project was conducted, and a quantitative descriptive survey was designed to evaluate the impact two and five months after the educational intervention. This impact was investigated considering certain aspects, namely, the nurses' knowledge, habits and reasons for using scientific databases. A total of 192 nurses participated in this study, and the primary results indicate that the educational intervention had a positive impact based not only on the increased frequency of using platforms or databases of scientific information (DSIs) s but also on the competence and self-awareness regarding its use and consideration of the reasons for accessing this information.
Evidence-based nursing; Databases, bibliographic; Nursing research; Education, nursing, continuing
ARTIGO ORIGINAL
Projeto Evidência: investigação e formação sobre acesso a bases de dados de informação científica nos Açores
Proyecto evidencia: investigación y formación sobre acceso a bases de datos de información científica en las Azores
Hélia SoaresI; Sandra M. PereiraII; Ajuda NevesIII; Amy GomesIV; Bruno TeixeiraV; Carolina OliveiraVI; Fábio SousaVII; Márcio TavaresVIII; Patrícia TavaresIX; Raquel DutraX; Hélder Rocha PereiraXI
IDoutoranda em Ciências de Enfermagem. Professora Adjunta da Escola Superior de Enfermagem ísmo da Universidade dos Açores. Angra do Heroísmo, portugal.hmsoares@uac.pt
IIDoutora em Bioética. Docente da Escola Superior de Enfermagem de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores. Angra do Heroísmo, Portugal. smpereira@uac.pt
IIIDoutoranda em Ciência de Enfermagem. Enfermeira Chefe do Hospital da Horta, E.P.E. Açores, Portugal. ajudaneves@gmail.com
IVEnfermeira do Hospital da Horta, E.P.E. Açores, Portugal. amy_faial@yahoo.com
VAssistente da Escola Superior de Enfermagem de Ponta Delgada da Universidade dos Açores. Ponta Delgada, Açores, Portugal. bmteixeira@uac.pt
VIDoutoranda em Ciências de Enfermagem. Assistente da Escola Superior de Enfermagem de Ponta Delgada da Universidade dos Açores. Açores, Portugal. carolinafpoliveira@gmail.com
VIIMestre em Ciências de Enfermagem. Enfermeiro do Centro de Saúde de Ponta Delgada. Ponta Delgada, Açores, Portugal. fabioalexandre.sousa@gmail.com VIIIDoutorando em Ciências de Enfermagem. Assistente de 2.º triênio da Escola Superior de Enfermagem de Ponta Delgada Universidade dos Açores. Ponta Delgada, Açores, Portugal. mftavares@uac.pt
IX Doutoranda em Ciências de Enfermagem. Assistente da Escola Superior de Enfermagem de Ponta Delgada da Universidade dos Açores. Ponta Delgada, Açores, portugal.patavares30@gmail.com
XMestre em Ciências de Enfermagem. Enfermeira do Centro de Saúde de Ponta Delgada. Ponta Delgada, Açores, Portugal. raquel_dutra31@hotmail.com
XIDoutor em Ciências de Enfermagem. Professor Adjunto da Escola Superior de Enfermagem de Ponta Delgada da Universidade dos Açores. Coordenador do Projeto Evidência. Ponta Delgada, Açores, portugal.hpereira@uac.pt
Endereço para correspondência Correspondência: Hélia Soares Canada dos Melancólicos, Angra do Heroísmo, Portugal
RESUMO
O projeto Evidência visa estimular os enfermeiros na utilização das bases de dados de informação científica. Este estudo teve por objetivos desenhar uma intervenção formativa facilitadora do acesso a essas bases de dados por parte dos enfermeiros, efetuar avaliação de diagnóstico relativamente aos hábitos dos enfermeiros quanto a esse tipo de ferramenta e determinar o impacto de uma intervenção formativa sobre essas matérias entre os enfermeiros residentes nos Açores. Em termos metodológicos, foi desenhado um projeto de intervenção e realizado um estudo quantitativo, do tipo descritivo, para avaliar esse impacto aos dois e cinco mêses após a formação, em dimensões como o conhecimento, hábitos e objetivos de utilização. No projeto participaram 192 enfermeiros, e os resultados apontam para um impacto positivo dessa formação, não só no aumento da frequência de utilização das bases de dados de informação científica, como na autopercepção de competência na sua utilização e motivos invocados para explorar esse tipo de informação.
Descritores: Enfermagem baseada em evidências. Bases de dados bibliográficas. Pesquisa em enfermagem. Educação continuada em enfermagem.
RESUMEN
El proyecto Evidencia procura estimular al enfermero a utilizar bases de datos de información científica. Se objetivó ejecutar una intervención formativa para facilitar el acceso a tales bases por parte de enfermeros, efectuar evaluaciones de diagnóstico relativas a hábitos del enfermero respecto de dichas herramientas y determinar el impacto de una intervención educativa sobre el tema entre enfermeros residentes en las Azores. En términos metodológicos, fue diseñado un proyecto de intervención y realizado un estudio cuantitativo y descriptivo, para evaluar ese impacto a los dos y cinco meses luego de la formación, en dimensiones como conocimiento, habitualidad y objetivos de utilización. Participaron 192 enfermeros. Los resultados expresan un impacto positivo de la formación, no sólo en el aumento de frecuencia de utilización de bases de datos, sino también en la autopercepción de competencia en el uso y motivos expresados para abordar este tipo de información.
Descriptores: Enfermería basada en la evidencia. Bases de datos bibliográficas. Investigación en enfermeira. Educación continua en enfermería.
Introdução
O acesso a informação científica atualizada consiste num pressuposto essencial para prática de cuidados de enfermagem com qualidade e rigor científicos baseada em evidência. Nesse sentido, são múltiplas e diversificadas as formas de acesso a evidência científica no âmbito da enfermagem. Essa premissa é assumida na comunidade científica de enfermagem, sobretudo pelo impacto que tem na garantia da qualidade dos cuidados e no próprio reconhecimento e valorização da enfermagem, enquanto profissão autônoma com um corpo de conhecimentos próprio(1-2). Na realidade, manter a atualização contínua dos seus conhecimentos e utilizar de forma competente as tecnologias, sem esquecer a formação permanente e aprofundada nas ciências humanas(3), é algo essencial em enfermagem.
Todavia, parece haver défice no acesso às plataformas ou bases de dados de informação científica por parte dos enfermeiros. Com efeito, num estudo realizado em 2005, nos Estados Unidos da América, junto de 1.007 enfermeiros, a maioria referiu nunca ter procedido a nenhuma pesquisa em bases de dados de informação científica, e mais de 80% dos participantes afirmaram não usar a biblioteca do hospital(4). Em estudo-piloto publicado em Portugal, em 2007, acerca das necessidades de informação científica para a prática de enfermagem junto de 124 enfermeiros de quatro hospitais de Lisboa, verificou-se que somente 45% desses enfermeiros procediam a consultas em bases de dados e que 31% mencionaram não ter efetuado nenhuma no ano anterior(5).
As razões genericamente apontadas para o reduzido acesso às bases de dados de informação científica referem-se à falta de competência no domínio das ferramentas de pesquisa(1,5), a fatores organizacionais da instituição a que está ligado o profissional, designadamente falta de tempo(1,6), atitudes dos próprios enfermeiros no que respeita ao seu exercício profissional com base na evidência científica(1,7-9) e também o fato de a busca de informação em bases de dados de informação científica poder parecer atividade solitária(7).
Não obstante, o recurso é considerado essencial para as tomadas de decisões inerentes aos cuidados a prestar(7), constituindo-se como suporte ao exercício profissional dos enfermeiros, nas suas várias áreas de intervenção prestação de cuidados, formação, gestão e investigação. Assim, recorrer às bases de dados de informação científica constitui-se um desafio para os próprios enfermeiros, instituições de saúde e de formação em enfermagem(10). No que respeita aos aspectos facilitadores da utilização das bases de dados de informação científica, a cultura organizacional e a acessibilidade a instrumentos e recursos de acesso, a par da formação dos profissionais, são os mais apontados(1,11).
Nos Açores, considerando a dispersão e localização geográfica, as bases de dados de informação científica constituem importante fonte de informação. Todavia, existe a percepção de que a maioria dos enfermeiros não tem o hábito de recorrer a bases de dados de informação científica no sentido de fundamentar a sua prática de cuidados. Embora pese o fato de o reduzido número de participantes limitar as extrapolações que possam ser retiradas de um inquérito realizado junto de 17 enfermeiros que estavam a iniciar um curso de formação pós-graduada numa das escolas superiores de enfermagem da Universidade dos Açores, constatou-se que a maioria desses enfermeiros (15) recorria principalmente a motores de busca na internet e a livros (13) para proceder a pesquisas de temas relacionados com a sua prática profissional. Além disso, quando questionados sobre a utilização, somente cinco desses enfermeiros se referiram à MEDLINE, e apenas três conheciam a SciELO e a B-on.
Atualmente, o progresso profissional passa, inevitavelmente, pelo acompanhamento do progresso das novas tecnologias, pelo que, em Portugal, a Ordem dos Enfermeiros (OE) disponibiliza o acesso das bases de dados de informação científica on-line a todos os enfermeiros. Contudo, existe a percepção de que a utilização dessa ferramenta entre os enfermeiros residentes nos Açores é parca.
Consciente dessa realidade, a Secção Regional da Região Autônoma dos Açores (SRRAA) da OE desenvolveu um projeto Evidência com a finalidade de sensibilizar os enfermeiros e promover maior utilização desse tipo de ferramenta. Os objetivos enunciados foram, pois, os seguintes:
Desenhar uma intervenção formativa facilitadora do acesso dos enfermeiros às plataformas ou bases de dados de informação científica;
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Efetuar estudo diagnóstico dos hábitos de utilização das bases de dados de informação científica por parte dos enfermeiros residentes nos Açores e participantes na formação;
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Avaliar os ganhos da intervenção formativa quanto aos conhecimentos e à utilização das bases de dados de informação científica por parte desses enfermeiros, dois e cinco meses após a formação.
MÉTODO
No âmbito do projeto Evidência foi feito um estudo de intervenção, seguindo as linhas orientadoras de Burns e Grove(12) nas suas diferentes fases: planear o projeto de intervenção, reunir a informação necessária, desenvolver a teoria de intervenção, conceber a intervenção, estabelecer um sistema de observação, testar a informação, recolher e analisar os dados e disseminar os resultados. A intervenção foi estruturada do seguinte modo: formação presencial com a duração de duas horas; constituição de grupos de formação com dimensão entre seis e 10 elementos; a metodologia da sessão incluía uma primeira parte, destinada a explorar sumariamente conceitos relacionados com a prática baseada na evidência, e uma segunda parte, em que se pretendia que os formandos pudessem mobilizar os conhecimentos teóricos adquiridos, efetuando, individualmente, o acesso a bases de dados de informação científica e a consulta e download de estudos relevantes na literatura publicada. A formação foi ainda suportada por material de apoio elaborado pelo grupo do projeto, nomeadamente, manual de apoio ao utilizador, recurso à plataforma de e-learning Moodle da Universidade dos Açores para disponibilização do manual e fórum de dúvidas para os formandos.
Em termos de divulgação dessa intervenção, todas as instituições de saúde da Região Autônoma dos Açores, bem como as duas escolas superiores de enfermagem sediadas no arquipélago, receberam, por via oficial, a informação relativa à intervenção formativa. Além disso, a informação foi assegurada na newsletter da OE, no site da SRRAA da OE, tendo ainda sido criada uma página do projeto no facebook. Foram planeadas, a priori, 26 sessões formativas, a realizar-se nas três ilhas com maior densidade populacional e maior número de enfermeiros São Miguel, Terceira e Faial.
A partir da intervenção formativa foi produzido estudo de cariz quantitativo no sentido de descrever os hábitos de utilização das bases de dados de informação científica e o impacto da formação, dois e cinco meses após a sua conclusão. Com esse objetivo, foram elaborados os seguintes instrumentos de recolha de dados:
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Questionário de autopreenchimento para caracterização sociodemográfica e profissional dos participantes e dos hábitos de utilização das bases de dados de informação científica foi aplicado a todos os participantes, no início de cada sessão formativa;
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Questionário de follow-up dos hábitos de utilização das bases de dados de informação científica foi aplicado telefonicamente aos participantes da formação, dois e cinco meses após o seu terminus.
Ambos os questionários tinham um conjunto de questões fechadas e idênticas a respeito dos hábitos de utilização das bases de dados de informação científica, designadamente em termos de frequência de utilização, bases de dados utilizadas, motivos associados, local de utilização, dificuldades, autoavaliação de competências e conhecimentos nesse domínio, e aplicabilidade prática da informação recolhida nas bases de dados de informação científica para o exercício profissional quotidiano. O questionário telefônico foi conduzido por um funcionário administrativo da Secção Regional da Região Autônoma dos Açores da Ordem dos Enfermeiros e sua aplicação durou aproximadamente 5 minutos por participante.
Dada a ausência de comitês de ética formalmente estabelecidos nos Açores, os procedimentos éticos concretizaram-se no respeito pela autonomia dos participantes no estudo. Assim, no início de cada sessão formativa, foi solicitado o consentimento informado e esclarecido a todos os participantes, após terem sido clarificados os objetivos do estudo e terem sabido os profissionais que viriam a ser contatados posteriormente. No âmbito deste estudo, tendo em consideração que os dados foram recolhidos com recurso a dois tipos de questionário um, autoadministrado, e outro efetuado telefonicamente , o consentimento para a sua aplicação foi do tipo presumido(13). Nessa perspectiva, o retorno do questionário devidamente preenchido e a resposta às questões feitas telefonicamente foram considerados como sendo o consentimento voluntário do inquirido e participante na formação.
Os dados recolhidos foram tratados e analisados com suporte do programa informático Statistical Package for the Social Sciences (SPSS, versão 15.0). A partir deles, foi elaborada uma análise estatística analítica e descritiva. Os resultados serão apresentados em termos de frequências absolutas (n) e relativas (%).
No âmbito do projeto, foram realizadas 22 sessões formativas, as quais decorreram entre abril e maio de 2011. Essas sessões aconteceram nos seguintes locais: em S. Miguel, seis das 12 sessões previstas (50%); na Terceira, cinco das oito previstas (62,5%); no Faial, seis das seis previstas (100%), tendo ainda sido efetuadas sessões nas ilhas de Santa Maria (duas), Pico (duas) e São Jorge (uma), onde, inicialmente, não era esperada.
Neste estudo participaram 192 enfermeiros (15% da população total de enfermeiros residentes nos Açores). Esses participantes tinham idades compreendidas entre 22 e 68 anos (média de 33,2 anos), 85% eram do sexo feminino, 74,5% apresentavam, como habilitação mais elevada, a licenciatura, e 17,2% possuíam mestrado ou curso de pós-licenciatura de especialização em enfermagem. Quanto às áreas de exercício profissional, 95,8% dos participantes encontravam-se na prestação de cuidados (hospital, centro de saúde ou outra instituição prestadora de cuidados do tipo privado). Em relação à categoria profissional, 52,6% dos enfermeiros eram de nível 1, correspondente à categoria de enfermeiro generalista.
RESULTADOS
No que respeita aos participantes nas intervenções formativas, da avaliação diagnóstica quanto aos hábitos de utilização das bases de dados de informação científica anteriormente à sessão, emergiram os seguintes resultados:
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113 participantes (58,9%) afirmaram não conhecer nenhuma base de dados ou plataforma para pesquisa de informação científica;
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As bases de dados de informação científica mais conhecidas pelos restantes 79 (41,1%) participantes eram:
- MEDLINE (53,2%);
- B-on (48,4%);
- SciELO (46,8%);
- PubMed (40,5%).
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Dos 79 participantes que referiram conhecer alguma plataforma ou base de dados, 65 (82,3%) também já a utilizaram, com os seguintes motivos:
- Elaboração de trabalho acadêmico (75,4%);
- Resolução de problema ou dúvida na sua prática profissional (35,4%);
- Elaboração de projetos profissionais, institucionais ou formação em serviço (35,4%);
- Curiosidade ou interesse pessoal sobre um assunto (35,4%).
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Quanto ao local de execução das consultas, 52,3% dos participantes afirmaram buscar as plataformas ou os as bases de dados de informação científica no domicílio, 56,9% na escola ou universidade, e 38,5% no local de trabalho, pelo que se depreende a existência de enfermeiros que visitam as bases de dados de informação científica em mais do que um contexto;
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67,7% dos participantes relataram dificuldades na utilização:
- Encontrar a informação pretendida (54,5%);
- Delimitar os campos de pesquisa (45,5%);
- Dominar a língua estrangeira de origem de cada base de dados (34,1%).
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89,2% dos participantes opinaram ter nível de conhecimento satisfatório de manuseamento das opções de uso das bases de dados de informação científica;
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No que respeita à frequência de utilização, a maioria (69,2%) dos participantes apontou como respostas nenhuma vez ou de uma a duas vezes nos últimos dois meses;
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42,5% dos enfermeiros que participaram na formação contaram que obtiveram conhecimento acerca das bases de dados de informação científica por amigos ou colegas de trabalho, 31,1% por via institucional e 25,5% por intermédio de navegação no site da OE; somente 15,1% mencionaram que o conhecimento que tinham a respeito advinha de instituição de ensino superior;
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No que concerne à informação disponibilizada, 28,1% dos participantes consideram-na importante e 68,8%, muito importante.
Os ganhos da intervenção formativa e o impacto que essa teve na utilização das bases de dados de informação científica por parte dos enfermeiros participantes foram determinados após dois e cinco meses da realização das respectivas sessões. Passamos a apresentar os resultados comparativos relativos a esses dois momentos de avaliação, sendo que, dos 192 enfermeiros participantes na formação, 161 (83,9%) responderam ao questionário aplicado telefonicamente aos dois meses e 158 (82,3%) ao que foi aplicado aos cinco meses:
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No que respeita à frequência de utilização das bases de dados de informação científica, verificou-se que, aos dois meses após a formação, mais de metade dos inquiridos 101 participantes (62,4%) narrou tê-las utilizado alguma vez, sendo a percentagem mais elevada de utilização relativa a entre uma e duas vezes (43,5%). Aos cinco meses após a intervenção formativa, houve decréscimo significativo de utilização, sendo que apenas 68 (43%) dos enfermeiros participantes o mencionaram fazer; a percentagem mais elevada de utilização, nos últimos dois meses, referia-se igualmente a entre uma e duas vezes (21,5%) (Figura 1);
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Relativamente às mais utilizadas, constata-se que, em ambos os períodos de avaliação após a intervenção formativa, as bases de dados eram:
- B-on (37,9% e 27,8% aos dois e cinco meses, respectivamente);
- MEDLINE (31,3% aos dois meses e 25,9% aos cinco meses);
- SciELO (28% e 19,6% aos dois e cinco meses, respectivamente).
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Quanto aos motivos para a utilização das bases de dados de informação científica, a partir da análise comparativa entre os dois e cinco meses, verificou-se que os principais eram idênticos, designadamente:
- Curiosidade (38% e 31%, aos dois e cinco meses, respectivamente);
- Resolução de problemas ou dúvidas na prática profissional (35% aos dois meses e 34% aos cinco meses após a formação).
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No que concerne ao local das pesquisas, aos dois meses após a intervenção formativa, 53% dos participantes mencionaram tê-las realizado no seu domicílio, ante 55% aos cinco meses;
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Em relação às dificuldades de utilização, constatou-se que houve seu decréscimo após a formação, quer aos dois meses (aspecto referido por 30% dos participantes), quer aos cinco meses (algo referenciado por 37% desses enfermeiros). As dificuldades apontadas nessa fase foram:
- Aos dois meses após a formação encontrar informação (32%) e falta de domínio de língua estrangeira (28%);
- Aos cinco meses após a formação falta de domínio de língua estrangeira (32%) e encontrar informação (28%).
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Quando questionados sobre as competências no domínio da utilização, aos dois meses após a formação, 53% dos enfermeiros participantes autoavaliaram-se como muito competente, sendo que, aos cinco meses, houve aumento dessa percentagem para 58%;
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No que respeita à aplicabilidade prática da informação obtida para o seu exercício profissional quotidiano, aos dois meses após a formação, 89% dos enfermeiros participantes opinaram que sim, sendo que, aos cinco meses, essa percentagem cresceu para 94%;
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Quanto ao nível atual de conhecimentos acerca das opções de busca e manuseamento das bases de dados de informação científica, em ambos os momentos (dois e cinco meses após a intervenção formativa), o nível bons conhecimentos é o mais apontado, com 47,8% e 51,3%, respectivamente. Os conhecimentos muito bons têm decréscimo entre esses dois momentos de avaliação (32,3% e 23,7%, respectivamente).
Considerando que a intervenção formativa delineada e concretizada contemplava a possibilidade de os enfermeiros participantes poderem ter acesso, posteriormente, aos conteúdos abordados na plataforma de e-learning Moodle da Universidade dos Açores e a um manual do utilizador disponibilizado naquela plataforma, o questionário aplicado telefonicamente contemplava ainda duas questões relativas à utilidade e utilização de ambos. Os resultados obtidos a esse propósito foram os seguintes:
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Aos dois meses após a formação, 60% dos inquiridos referiram ter feito acesso ao Moodle, com o intuito de efetuar o download do manual supramencionado;
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Nenhum participante utilizou o fórum virtual para partilha de experiências ou dúvidas;
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Entre os dois meses e os cinco meses após a intervenção formativa, houve decréscimo na utilização do manual do utilizador (49% aos dois meses versus 39% aos cinco meses);
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Quanto à utilidade desse manual, aos dois e cinco meses, a maioria dos participantes (45,5% e 55%, respectivamente) consideraram-no extremamente útil.
DISCUSSÃO
A respeito da utilização das bases de dados de informação científica pelos enfermeiros residentes nos Açores e que participaram no projeto Evidência, constatou-se que mais de metade deles apresentava, ao início, desconhecimento efetivo, o que reforça a importância da intervenção formativa delineada e implementada no âmbito do projeto.
Com efeito, a frequência de acesso e utilização a esse tipo de plataforma antes da realização da formação era baixa. Em contrapartida, verificou-se que, após sua concretização, os enfermeiros participantes passaram a pesquisar com maior regularidade, o que converge com a perspectiva de diversos autores que consideram a formação elemento facilitador da utilização desse tipo de dispositivo(1,11).
Já no que concerne às bases de dados de informação científica mais utilizadas pelos enfermeiros participantes, não foram identificadas diferenças nos três momentos de avaliação. De verdade, as plataformas mais utilizadas são as mesmas MEDLINE, B-On e SciELO. A esse propósito, interrogamo-nos se maior acessibilidade à SciELO não estará relacionada com dificuldades linguísticas (note-se que a SciELO reúne sobretudo artigos em língua portuguesa), assim como devido ao fato de ser possível obter-lhe o acesso por motores de busca.
Quanto às razões subjacentes à utilização das bases de dados de informação científica, constatou-se ter havido diferenças entre o primeiro momento de avaliação (antes da formação) e os restantes dois (após a formação). Assim, enquanto antes da intervenção formativa, a maioria dos enfermeiros consultava as bases de dados de informação científica com o intuito de elaborar algum tipo de trabalho acadêmico, aos dois e cinco meses os participantes passaram a usar o dispositivo majoritariamente com o objetivo de resolver problemas ou dúvidas emergentes da prática profissional. Ainda que indiretamente, esse aspecto converge com a premissa assumida na comunidade científica de enfermagem que considera relevante a utilização efetiva da informação e evidência científica como forma de garantir a qualidade dos cuidados prestados(1-3). Além disso, há que enfatizar a relevância da atualização contínua dos conhecimentos por parte dos enfermeiros(4), para o que atitude pró-ativa, de interesse e curiosidade (aspecto esse também mencionado pelos participantes deste estudo como fator subjacente à utilização das bases de dados de informação científica aos dois e cinco meses após a formação) são particularmente importantes.
Relativamente ao local de eleição para realização das pesquisas, os resultados deste estudo apontam para sua alteração, o que vem também ao encontro dos motivos que as suscitaram. Com efeito, antes da intervenção formativa, o local mais referido era a escola ou universidade (aspecto que, em nosso entender, pode estar associado ao fato de a maior parte dos participantes, naquele momento, ter apontado a elaboração de trabalho acadêmico como seu elemento desencadeante), sendo que, após a formação, as pesquisas passaram a ser feitas, na maior parte dos casos, no domicílio e no local de trabalho (provavelmente devido a elas terem sido, nessa fase, provocadas por dúvidas decorrentes da prática profissional ou por curiosidade).
No que respeita às dificuldades na utilização das bases de dados de informação científica, houve decréscimo bastante significativo após a intervenção empreendida. Esse aspecto reforça a importância da formação nesse domínio, conforme, aliás, já foi mencionado anteriormente, podendo ainda ser explicação do aumento da utilização desse tipo de dispositivo por parte dos enfermeiros participantes. Por sua vez, considerando as dificuldades mencionadas, há que atentar que elas, independentemente do momento de avaliação, estavam relacionadas com a falta de competência no domínio das ferramentas de pesquisa(1,5). Na realidade, a dificuldade em encontrar a informação pretendida (mencionada nos três momentos de avaliação) pode estar relacionada com esse aspecto, designadamente em relação à delimitação dos campos de consulta e sua nomenclatura, acima de tudo devido ao recurso a uma língua estrangeira (dificuldade mais apontada no último momento de avaliação). Em nosso entender, isso constitui-se como peso adicional ao desafio que é integrar o uso das bases de dados de informação científica como contributo relevante para o exercício profissional quotidiano(10).
Quanto aos conhecimentos e competências de utilização dos participantes, a intervenção formativa foi particularmente útil no seu desenvolvimento. Efetivamente, desde um nível inicial de conhecimentos considerado satisfatório pelos próprios enfermeiros, constatou-se que, aos dois e cinco meses após a formação, esses mesmos enfermeiros autoavaliavam-se como muito competentes no domínio desse tipo de dispositivo. Já quanto aos conhecimentos relativamente às opções de acesso e manuseamento, apreendeu-se que, aos dois e cinco meses, os participantes os autossituavam, majoritariamente, como bons. Todavia, no que respeita aos itens conhecimentos excelentes e conhecimentos muito bons, verificou-se ter havido decréscimo na percentagem de enfermeiros que, nesses termos, se autoavaliaram. A esse propósito, questionamo-nos se tal não estará associado com a autoconsciencialização de que sempre há mais aspectos a explorar e conhecer nessas matérias, para além do bom nível de conhecimentos já adquirido. Além disso, esse ponto de vista poderá ser explicado por maior distanciamento em face ao suporte teórico e formação ministrada. Por outro lado, e considerando as barreiras apontadas por alguns autores para o reduzido acesso às bases de dados de informação científica por parte dos enfermeiros(1), interrogamo-nos se tal aspecto não poderá ainda dever-se ao decréscimo na utilização cinco meses após a formação, provavelmente em virtude de dificuldades organizacionais, como falta de tempo.
Por último, no que concerne à utilização e utilidade da plataforma Moodle e do manual do utilizador, também se constatou que, embora pese a importância que lhe é atribuída pelos enfermeiros participantes (extremamente útil para a maioria aos dois e cinco meses), declinou ao longo do tempo. Além disso, há que atender ao fato de o uso da plataforma Moodle ter sido apenas efetuado para proceder ao download do referido manual. Na nossa perspectiva, esse aspecto reforça, por um lado, a utilidade dada ao manual e, por outro lado, a dificuldade que pode haver, por parte dos enfermeiros, na utilização de plataformas informáticas.
CONCLUSÃO
O Projeto Evidência foi criado com a finalidade de estimular a utilização de bases de dados de informação científica por parte dos enfermeiros residentes nos Açores. A partir do estudo realizado no seu âmbito, podemos concluir que a intervenção formativa teve impacto positivo no manuseamento e utilização desse tipo de ferramenta, verificando-se que o recurso quase duplicou após a formação.
Aspecto relevante que emerge deste estudo prende-se com as motivações subjacentes às pesquisas executadas. Na realidade, se antes da intervenção formativa os enfermeiros participantes apontavam como principal motivo trabalhos acadêmicos, após dois e cinco meses assistimos a uma alteração nesse fator, já que os profissionais passaram a recorrer às bases de dados de informação científica com o intuito de responder a necessidades e problemas decorrentes da atividade quotidiana, e também por curiosidade. Em congruência com esses resultados, o local de acesso também sofreu alteração, passando os enfermeiros a buscar as bases de dados de informação científica, não na escola ou universidade, mas sim no domicílio e local de trabalho.
Outro desfecho a mencionar está associado às dificuldades na utilização desse tipo de dispositivo. Assim, se dois meses após a intervenção formativa os enfermeiros apresentaram declínio das dificuldades, na avaliação final (cinco meses após a formação) elas voltaram a subir ligeiramente, o que, por um lado, reforça o impacto positivo da formação, principalmente em termos imediatos, e, por outro lado, suscita interrogações sobre o que poderá estar na base desse novo aumento, colocando-se a hipótese de tal dever-se à menor frequência de utilização das bases de dados de informação científica naquele momento.
Além desses resultados finais, salienta-se ainda o fato, decorrente da intervenção formativa, de haver aumento na autopercepção dos enfermeiros participantes acerca dos seus conhecimentos e competências na utilização desse tipo de ferramenta. Por último, o manual do utilizador criado no âmbito do projeto foi apontado como sendo extremamente útil, o que reforça o impacto da formação implementada.
Em síntese, podemos afirmar que, no geral, a intervenção formativa realizada no projeto Evidência teve impacto positivo nos enfermeiros participantes, já que aumentou a frequência de utilização das bases de dados de informação científica e a percepção do nível de conhecimentos e competência por parte dos próprios. Não obstante, a frequência de utilização das referidas plataformas permanece baixa.
Apesar das conclusões aqui apresentadas, há que refletir em torno de algumas limitações inerentes a este estudo:
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Por um lado, considerando o reduzido número de participantes na intervenção formativa, torna-se difícil proceder a generalizações decorrentes do impacto efetivo do Projeto Evidência na Região Autônoma dos Açores (RAA);
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Por outro lado, e considerando a relevância do tema, poder-se-ia ter utilizado testes estatísticos inferenciais, os quais teriam enriquecido o estudo e a sua finalização;
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Ainda por outro lado, há que atentar que, no segundo e terceiro momentos de avaliação (aos dois e cinco meses após a intervenção formativa, respectivamente), não foram efetuadas correlações entre as características sociodemográficas e profissionais dos inquiridos e as restantes variáveis em estudo, designadamente o perfil de utilização e a autopercepção quanto aos conhecimentos e competências;
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Além disso, as condições de aplicação dos questionários foram díspares, na medida em que houve momentos em que sua execução foi feita de modo presencial, enquanto os questionários de
follow-up foram executados telefonicamente, o que pode ter influenciado as respostas dadas;
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Por último, o estudo não permitiu aferir qual a repercussão efetiva da formação consumada em termos de articulação com a prática profissional quotidiana.
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Nesse sentido, a partir do projeto concluído, torna-se possível apontar sugestões para estudos e intervenções futuras, designadamente:
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Estimular, junto das instituições de formação em enfermagem, a utilização das bases de dados de informação científica como ferramenta básica e essencial ao desenvolvimento de atitude inquisidora e investigativa por parte dos estudantes, contribuindo para que fundamentem as suas decisões com base na evidência científica;
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Sensibilizar as instituições de saúde, em particular os seus núcleos de formação, no sentido de desenvolver estratégias de incorporação das bases de dados de informação científica como elemento central na formação contínua dos seus profissionais;
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Manter, no âmbito da Secção Regional da Região Autônoma dos Açores da Ordem dos Enfermeiros, uma equipe de formadores para assegurar a continuidade na realização de intervenções formativas idênticas às do projeto Evidência;
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Montar
workshops que visem não só a formação dos enfermeiros quanto ao acesso e utilização das bases de dados de informação científica, mas também no sentido de se tornarem mais competentes na seleção de artigos científicos que respondam a questões concretas e decorrentes das suas necessidades profissionais suscitadas na prática de cuidados.
Recebido: 15/02/2012
Aprovado: 17/08/2012
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Correspondência:
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
04 Jun 2013 -
Data do Fascículo
Abr 2013
Histórico
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Recebido
15 Fev 2012 -
Aceito
17 Ago 2012