Resumos
Novas espécies descritas em Eranina Monné, 2005: E. moysesi e E. esquinas da Costa Rica; E. rondonia do Brasil (Rondônia) e E. hovorei do Equador. Acrescenta-se chave para as 34 espécies de Eranina. O gênero monotípico Eraninella gen. nov. é criado para Eranina longiscapus (Bates, 1881).
Eraninella; chave; Neotropical; novos táxons; taxonomia
New species described in Eranina: E. moysesi and E. esquinas from Costa Rica; E. rondonia from Brazil (Rondônia) and E. hovorei from Ecuador. A key to the 34 species of Eranina is added. The monotypic genus Eraninella gen. nov. is erected for Eranina longiscapus (Bates, 1881).
Eraninella; key; Neotropical; new taxa; taxonomy
SISTEMÁTICA, MORFOLOGIA E BIOGEOGRAFIA
Eranina Monné (Coleoptera, Cerambycidae, Lamiinae) e novo gênero de Hemilophini
Eranina Monné (Coleoptera, Cerambycidae, Lamiinae) and a new genus of Hemilophini
Maria Helena M. GalileoI, III; Ubirajara R. MartinsII, III
IMuseu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. Caixa Postal 1188, 90001-970 Porto Alegre, RS, Brasil
IIMuseu de Zoologia, Universidade de São Paulo. Caixa Postal 42494, 04218-970 São Paulo, SP, Brasil
IIIPesquisador do CNPq
RESUMO
Novas espécies descritas em Eranina Monné, 2005: E. moysesi e E. esquinas da Costa Rica; E. rondonia do Brasil (Rondônia) e E. hovorei do Equador. Acrescenta-se chave para as 34 espécies de Eranina. O gênero monotípico Eraninella gen. nov. é criado para Eranina longiscapus (Bates, 1881).
Palavras-chave:Eraninella; chave; Neotropical; novos táxons; taxonomia.
ABSTRACT
New species described in Eranina: E. moysesi and E. esquinas from Costa Rica; E. rondonia from Brazil (Rondônia) and E. hovorei from Ecuador. A key to the 34 species of Eranina is added. The monotypic genus Eraninella gen. nov. is erected for Eranina longiscapus (Bates, 1881).
Keywords:Eraninella; key; Neotropical; new taxa; taxonomy.
Monné (2005) constatou que o gênero Erana Bates, 1866, estava preocupado por gênero de Aves proposto por Gray em 1840 e deu-lhe o novo nome, Eranina. Bates (1866) estabeleceu Erana para única espécie amazônica, E. cincticornis Bates, 1866.
Bates (1874) acrescentou ao gênero uma segunda espécie, E. pusilla da Nicarágua. Ao cuidar das espécies de Erana na "Biologia Centrali Americana", Bates (1879-1885), ampliou bastante o número de espécies, quando incluiu outras nove.
Bates (1881) ainda publicou a descrição de Tyrinthia longiscapus do Brasil (Rio de Janeiro) aqui considerada a espécie-tipo do gênero Eraninella gen. nov. descrito adiante.
Bruch (1911) e Fisher (1938) descreveram uma espécie cada um, respectivamente, da Argentina (Tucumán) e do Brasil (Santa Catarina).
Martins & Galileo (1989) reviram as espécies sul-americanas de Erana quando descreveram quatro espécies, todas do Brasil e forneceram chave para identificação. Após essa contribuição, Galileo & Martins (1998, 1999, 2004, 2005, 2007) e Martins & Galileo (1993), publicaram em diversos artigos, outras 14 espécies. Conheciam-se, então, 31 espécies em Eranina e ora acrescentam-se mais quatro e transfere-se uma. Para melhor diagnosticar as 34 espécies de Eranina, apresenta-se uma chave modificada de Martins & Galileo (1989).
O material contido neste artigo foi remetido para estudo por Frank T. Hovore, desafortunadamente falecido recentemente, e envolve espécimes do Instituto Nacional de Biodiversidad, Santo Domingo, Heredia, Costa Rica (INBIO) e do National Museum of Natural History, Washington (USNM). Material adicional nos foi enviado por Larry G. Bezark, Sacramento e pertence à Utah State University, Logan (USUL). Também está citado no texto material retido para o Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo, São Paulo (MZSP).
Eranina moysesi sp. nov.
(Fig. 1)
Etimologia. O nome específico é uma homenagem a Eleandro Moysés (Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, MCNZ) que muito nos tem auxiliado com ilustrações.
Cabeça amarelo-alaranjada; vértice preto, menos na faixa central. Pubescência branco-amarelada, compacta ou não, atrás dos olhos. Escapo preto com mancha alaranjada no lado interno do ápice. Pedicelo preto. Antenômero III amarelado com anel apical preto; antenômero IV preto; V branco-amarelado ou com a base enegrecida; VI e VII branco-amarelados; VIII-XI pretos.
Pronoto preto numa faixa central mais alargada na base; amarelado nos lados com pubescência esbranquiçada, densa. Lados do protórax com pubescência compacta branca. Prosterno e mesosterno alaranjados. Mesepimeros, mesepisternos e metepisternos cobertos por densa pubescência branca. Metasterno alaranjado no centro e escurecido ou não nos lados, com pubescência acinzentada e esparsa. Escutelo preto.
Élitros pretos com pequena mancha branco-amarelada que envolve os ápices; pubescência fina, acinzentada. Ápices elitrais arredondados.
Fêmures amarelados. Tíbias pretas. Tarsômeros I e II, pretos; III a V, alaranjados.
Urosternitos alaranjados com pubescência branca, compacta, nos lados.
Dimensões em mm, holótipo macho/fêmea. Comprimento total 4,9/5,2; comprimento do protórax, 0,9/1,0; maior largura do protórax, 1,2/1,2; comprimento dos élitros, 3,6/3,7; largura umeral, 1,5/1,6.
Material tipo. Holótipo macho, COSTA RICA, Puntarenas: Sirena (Acosa, 1-100 m), 5-24.IV.1995, B. Gamboa col. (INBIO, L N 270500_507900#4738).
Material adicional. COSTA RICA, Puntarenas: Esquinas (Pen. de Osa, 200 m), fêmea (mau estado de conservação), VIII.1993, M. Segura col. (INBIO, L S 30140_542200#2314, retido para o MZSP).
Eranina rondonia sp. nov.
(Fig. 2)
Etimologia. O epíteto é alusivo ao Estado de Rondônia, Brasil.
Cabeça preta, exceto genas alaranjadas. Escapo e pedicelo alaranjados. Antenômero III castanho-alaranjado revestido por pêlos pretos. Antenômero IV, na metade basal, castanho-alaranjado revestido por pêlos pretos e, na metade apical, branco. Antenômero V branco; VI preto com o extremo basal branco; VII-XI pretos.
Protórax alaranjado revestido por fina pilosidade esbranquiçada. Escutelo alaranjado.
Élitros pretos com epipleuras, da base ao meio, e friso sutural, amarelados; pubescência esbranquiçada, mais evidente no quarto apical. Extremidades arredondadas.
Pernas e face ventral do corpo, alaranjadas.
Dimensões em mm, holótipo macho/parátipo fêmea. Comprimento total, 7,7/6,5; comprimento do protórax, 1,4/1,2; maior largura do protórax, 1,9/1,6; comprimento dos élitros, 5,2/4,6; largura umeral, 2,5/2,2.
Material-tipo. Holótipo macho, BRASIL, Rondônia: Ariquemes (22 km SE), 5-16.XI.1996, W. J. Hanson col. (MZSP, doação de F. H. Hovore); parátipo fêmea, mesmos dados do holótipo (USUL).
Eranina esquinas sp. nov.
(Fig. 3)
Etimologia. O nome específico corresponde à localidade-tipo, Esquinas, Puntarenas, Costa Rica.
Cabeça alaranjada exceto pequena mancha atrás dos olhos, preta. Escapo preto com mancha avermelhada na metade apical do lado interno. Pedicelo preto. Antenômeros III a VII alaranjados com o VI e o VII mais esbranquiçados; antenômero VIII com a metade basal esbranquiçada e a apical, preta; IX-XI pretos.
Pronoto preto. Partes laterais do protórax alaranjadas com pubescência esbranquiçada. Escutelo preto.
Élitros pretos a acastanhados revestidos por pubescência acinzentada. Extremidades elitrais arredondadas.
Face ventral alaranjada. Mesepimeros, mesepisternos, metepisternos revestidos por pubescência branca. Fêmures alaranjados. Tíbias pretas. Tarsômeros I e II acastanhados; III-V alaranjados.
Dimensões em mm, holótipo macho. Comprimento total 6,2; comprimento do protórax, 1,0; maior largura do protórax, 1,4; comprimento dos élitros, 4,5; largura umeral, 2,0.
Material tipo. Holótipo macho, COSTA RICA, Puntarenas: Esquinas (Bosque, Península de Osa, 200m), VI.1994, M. Segura col. (INBIO L N 302450_545100#3007).
Eranina hovorei sp nov.
(Fig. 4)
Etimologia. O epíteto é uma homenagem póstuma a Henry F. Hovore.
Macho. Cabeça com tegumento acastanhado; fronte e genas cobertas por pubescência amarelada, densa e compacta. Antenas castanho-alaranjadas, exceto anel apical acastanhado nos antenômeros II-VII e em toda a extensão dos antenômeros VIII-XI. Franja esparsa de pêlos na margem interna dos antenômeros I a VII.
Protórax acastanhado. Pronoto revestido por pubescência amarelada, exceto estreita faixa junto à margem anterior e área central junto à margem posterior.
Élitros com tegumento acastanhado; pubescência amarelada, compacta, reveste: faixa transversal, próximo do meio que vai da sutura até a declividade lateral; faixa que ocupa os ápices. Extremidades elitrais arredondadas.
Face ventral acastanhada com áreas de pubescência amarelada, compacta, nos lados do prosterno, mesepisternos, mesepimeros, metepisternos, lados do metasterno e lados dos urosternitos I-IV. Pernas castanho-alaranjadas. Fêmures lineares.
Dimensões em mm, holótipo e parátipo machos. Comprimento total, 5,8-6,3; comprimento do protórax, 1,0-1,1; maior largura do protórax, 1,5-1,5; comprimento dos élitros, 4,1-4,4; largura umeral, 1,9-1,9.
Material-tipo. Holótipo macho, EQUADOR, Napo: (Reserva Ethnica Waorani, 1 km S, Onkone Gare Camp, Trans. Ent., 00°39'10" S 76°26'W, 220 m), 4.II.1996, T. L. Erwin et al. col., "insecticidal fogging of mostly bare green leaves, some with covering of lichenous or bryophytic plants in terre firm forest. At Trans. 1, Sta. 4, Project MAXUS Lot 1404" (USNM). Parátipo macho (pubescência mal conservada), EQUADOR, "Coca", III.1982, sem nome de coletor (MZSP, doação de K. E. Huedepohl).
Chave para as espécies de Eranina
Protórax unicolor ..................................................................... 3
Eraninella gen. nov.
Espécie-tipo, Tyrinthia longiscapus Bates, 1881.
Fronte dos machos com pequeno tubérculo na região inferior (Martins & Galileo, 1989: 74, fig. 1). Olhos inteiros, lobos oculares inferiores pouco mais longos que as genas; lobos oculares superiores pouco mais afastados entre si que a largura de um lobo. Mandíbulas com o ápice acuminado. Antenas com onze artículos. Escapo subcilíndrico, sem cicatriz, com densa pilosidade de pêlos longos entremeados por grande quantidade de pêlos curtos. Antenômero III levemente engrossado, mais longo do que o escapo e com o triplo do comprimento do IV; antenômero IV com o dobro do comprimento do V. Antenômeros III e IV com longos pêlos entremeados por pêlos curtos, densos. Antenômeros V a XI com comprimentos gradualmente decrescentes, a sua soma é menor que o comprimento do III. Protórax tão longo quanto largo, levemente abaulado nos lados. Pronoto sem tubérculos. Élitros ligeiramente expandidos para o lado externo na metade apical; sem carenas e sem franja de pêlos nas epipleuras; extremidades arredondadas. Mesofêmures sublineares. Metafêmures ligeiramente engrossados no meio. Garras tarsais com o dente interno tão longo quanto o externo.
Fêmea. Fronte sem tubérculo. Escapo, pedicelo e antenômero III com pêlos pretos ainda mais densos que os dos machos.
Discussão. Eraninella gen. nov. difere de Eranina pela presença de tubérculo na fronte dos machos; pela pubescência densa de pêlos longos e curtos no antenômero III; pelo comprimento do antenômero III com mais do que o dobro comprimento do IV e pelos élitros expandidos para o lado externo na metade apical.
Eraninella longiscapus (Bates, 1881), comb. nov.
Tyrinthia longiscapus Bates, 1881: 294.
Erana longiscapus; Martins & Galileo, 1989: 74, figs. 1, 4.
Eranina longiscapus; Monné, 2005: 466 (cat.).
Discussão. Eraninella longiscapus descrita originalmente do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, foi assinalada por Martins & Galileo (1989) para Minas Gerais e Rio de Janeiro (Itatiaia) ao ser transferida para o gênero Erana.
Agradecimentos. A Larry G. Bezark, San Francisco, pelo envio de material e a Eleandro Moysés (MCNZ) pela execução das fotografias e tratamento das imagens.
Recebido em 21/05/2008; aceito em 22/07/2008
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
04 Nov 2008 -
Data do Fascículo
Set 2008
Histórico
-
Recebido
21 Maio 2008 -
Aceito
22 Jul 2008