Editorial
Neste ano, a Sociedade Brasileira de Química realiza, em Poços de Caldas, sua 22ª Reunião Anual (RA). No início das atividades de nossa Sociedade, as reuniões anuais, 1978-1989, foram organizadas juntamente com as da SBPC passando, a partir da 13ª RA, a ter um novo formato, formato este inaugurado em 1990, em Caxambu.
A necessidade da realização de uma reunião em separado surgiu do aumento do número de trabalhos e de participantes. Assim, para que nossa reunião tivesse suas características próprias, passamos a organizá-la totalmente independente da SBPC. Naquela ocasião, como dissemos, a cidade escolhida foi Caxambu, pelo fato de a mesma ter know-how apreciável, uma vez que já sediava encontros de várias sociedades científicas, apresentado, desta forma, boa infra-estrutura para este tipo de evento. Entretanto, com o crescimento constante do número de trabalhos e de participantes, aquela estância mineira não mais apresentava condições propícias para um encontro produtivo. Diante disso, passou-se a buscar uma cidade que atendesse melhor às nossas necessidades, abrigando com mais comodidade a RA.
A cidade escolhida foi Poços de Caldas e lá passamos a realizar reuniões, a partir da 19ª . É bem verdade que, no primeiro ano, surgiram algumas dificuldades relativas à escolha, pois mesmo tendo Poços de Caldas um boa infra-estrutura hoteleira, a cidade não estava ainda preparada para abrigar um evento científico do porte das RAs da SBQ, tanto que a continuidade das mesmas no novo local foi questionada por vários participantes quando a Assembléia Geral.
Contudo, decorridos quatro anos, parece-nos termos encontrado um equilíbrio para nossa reunião no novo local, equilíbrio que advém de um melhor conhecimento da cidade e de sua capacidade de oferecer salas apropriadas para sessões com características variadas.
Estamos, agora, na reta final de preparação da 22ª RA, que ocorrerá entre 25-28 de maio próximos. Todavia, voltando à nossa circular sobre esta RA, observamos que prevíamos dificuldades dado que, naquela ocasião, acabava de se editada a portaria 328/98, do CNPq, e o país entrava mais uma vez em crise, a qual gerou profundos cortes orçamentários para C&T, especialmente para as agências CNPq, CAPES e FINEP, as quais tradicionalmente têm contribuído para o financiamento das atividades da RA. Naquela momento, a Diretoria, através de seu Presidente, divulgou nota de repúdio à edição dessa portaria, em documento que posteriormente ficou conhecido como Carta de Ouro Preto.
Percebendo e tentando, pelo menos parcialmente, minimizar tais dificuldades, mesmo com o entrave financeiro, a Diretoria e o Conselho da SBQ aprovaram a concessão de 100 auxílios-participação para estudantes de graduação. Os auxílios foram atribuídos por mérito, julgado pela Comissão Científica, por ocasião da reunião de avaliação dos trabalhos submentidos para apresentação na 22ª RA.
Assim, não obstante às dificuldades, com significativa mobilização toda Sociedade, conseguimos crescer novamente tanto em número de trabalhos como de pré-inscritos, surpresa extremamente agradável .
Embora tenhamos crescido em número de trabalhos, ainda não estamos totalmente tranqüilos em relação ao sucesso de nosso evento, dado não sabermos ainda com quais valores provenientes das agências poderemos contar. Temos recebido notícias de vários dos nossos sócios que têm manifestado preocupação com relação às dificuldades encontradas para conseguirem suporte financeiro. Tal cenário nos coloca novamente diante de uma situação de insegurança.
As agências de fianciamento atravessam dificuldades. Há pouco tempo tivemos notícia do corte das assinaturas de um grande número de periódicos mantidos pela CAPES. Na ocasião, a SBQ se manifestou contrariamente a essa decisão, alertando a comunidade sobre os perigos da mesma. Programas como o PRONEX eo PADCT estão ameaçados, embora possa ser vislumbrada alguma sinalização da continuidade dos mesmos.
Mesmo que o quadro de bolsas de pós-graducação não tenha sido tão afetado no CNPq e CAPES, sabemos que têm havido grandes dificuldades na manutenção dos laboratóriso, onde alunos estão desenvolvendo suas dissertações e teses. Assim, de pouco adiantará, às agências manterem as bolsas, se não forem alocados recursos para o desenvolvimento da pesquisa.
É imperioso estarmos alertas, em vigília constante com relação ao financiamento para a pesquisa. Precisamos evitar que nossas reuniões anuais possam, no futuro, ser comprometidas devido ao pequeno número e qualidade dos trabalhos apresentados, como decorrência da não disponibilização de recursos suficientes para a manutenção dos laboratórios.
Neste momento, conclamamos a todos, mais uma vez a que façam um grande esforço para estarem presentes em Poços de Caldas para a 22ª Reunião Anual. O quadro que temos à frente não nos aponta para boas perspectivas futuras. É importante, porém, que concentremos nossas energias para que, não obstante os reveses, tenhamos uma Reunião Anual bastante participativa e proveitosa.
Até 25/05, em Poços.
Paulo Cezar Vieira
Departamento de Quimica-UFSCar
Secretário Geral da SBQ
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
03 Maio 2000 -
Data do Fascículo
Jun 1999