CARTA AO EDITOR
Comentário sobre a revisão "DDT: toxicidade e contaminação"
Profa. Raquel F. Pupo NogueiraI; Prof. João Paulo Machado TorresII
IInstituto de Química, Araraquara UNESP
IIInstituto de Biofísica Carlos Chagas Filho UFRJ
Araraquara, 05 de novembro de 2002
Prezados Editores de Química Nova,
Com relação ao artigo intitulado "DDT (diclorofeniltricloroetano): toxicidade e contaminação: uma revisão" de autoria de D'Amato et al.(volume 25, no. 6, 995-1002, 2002), gostaria de indicar um equívoco dos autores com relação à nomenclatura de compostos organoclorados:
O composto hexaclorobenzeno não corresponde ao chamado BHC, como mencionado no artigo. O nome BHC realmente leva a interpretações errôneas pois seu nome deriva do procedimento de sua preparação, que se dá a partir do benzeno, que reage com radicais cloro gerados por forte irradiação do gás cloro. A reação resulta em uma mistura de 8 isômeros 1,2,3,4,5,6,-hexaclorociclohexano, que diferem na orientação relativa dos átomos de cloro ligados a cada carbono diferente. O composto hexaclorobenzeno (HCB) no entanto, é um benzeno hexa-substituído que não contém hidrogênios em sua estrutura, diferentemente do BHC. Tais informações podem ser encontradas em livros e Química Ambiental, entre eles: BAIRD, C. (1995). Environmental Chemistry, W. H. Freeman and Company, New York, p. 207-212.
Atenciosamente,
Profa. Raquel F. Pupo Nogueira
Rio de Janeiro, 29 de novembro de 2002
Prezado Sr. Editor da Revista Química Nova,
A respeito da nomenclatura do hexaclorobenzeno (HCB), que foi erroneamente identificado como sendo o BHC na nossa revisão sobre o DDT (Quimica Nova. Vol. 25, No. 6, 995-1002. 2002), venho através desta ressaltar a importância do comentário preciso da Dra. Raquel Nogueira do IQ da UNESP (Campus de Araraquara). Nossa imprecisão foi decorrente do exaustivo exame da legislação brasileira, que manteve entre nós a confusão gerada pelo uso da terminologia anglo-saxã antiga, onde o BHC era sinônimo de HCH. A OMS, infelizmente contribuiu para essa imprecisão, ao nomear o lindano (gama-HCH) em alguns de seus documentos como sendo o gama-BHC. Tendo em vista que, no estado do Rio de Janeiro termos um dos maiores passivos ambientais, oriundos de uma antiga fábrica deste pesticida ('pó-de-broca'), entre nós a imprecisão se difundiu ainda mais.
Essa imprecisão, está bem documentada entre outros locais em: Lopez, VG. 1998. HCH and Lindane: differences and similarities. V International HCH and Pesticides Forum. Basque Country e Braga et al. 1995. Environmental Contamination by Hexaclhorocyclohexane in Residents of a Large Area in Rio de Janeiro ¾ Brazil. IEMPOPS. Canada.
Sem mais para o momento, subscrevo-me atenciosamente,
Prof. João Paulo Machado Torres
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
17 Mar 2003 -
Data do Fascículo
Jan 2003