Scutellonema bradys em Cará-Doce (Dioscorea trifida L.)

COMUNICAÇÕES

Scutellonema bradys em Cará-Doce (Dioscorea trifida L.)

Ana Cristina Fermino Soares^I; Marlon da Silva Garrido^II; João Luiz Coimbra^III; Nailson Santos de Almeida^IV

^IProfessora Titular do Dept. Fitotecnia, Escola de Agronomia da UFBA (AGRUFBA), Cruz das Almas, Bahia, 44380-000 <[e-mail]>

^IIBolsista Capes, Pós-Graduando em Ciências Agrárias, AGRUFBA <[e-mail]>

^IIIBolsista CNPq-Recém Doutor, Depto. Fitotecnia, AGRUFBA <[e-mail]>

^IVBolsista PIBIC /FAPESB, AGRUFBA

A família Dioscoreaceae é constituída de nove gêneros e 600 a 900 espécies, sendo 25 espécies de Dioscorea L. descritas como comestíveis, 15 espécies com uso medicinal e 5 como ornamentais (5). A espécie Dioscorea trifida, conhecida popularmente como cará-doce, possui seu centro de origem no Norte da América do Sul, sendo cultivada em varias regiões do nordeste brasileiro. A planta produz um grupo de pequenas túberas com 15-20 cm de comprimento, pesando 80-150g, com massa feculenta branca, amarela, rosa ou púrpura (6). Dentre as nematoses, a casca preta causada pelo nematóide Scutellonema bradys (Steiner & Le Hew) Andrassey é a principal doença que ataca as espécies do gênero Dioscorea. Este patógeno se aloja na periferia das túberas não se aprofundando mais que 5cm (4). Dentre as espécies do gênero Dioscorea utilizadas para a alimentação, apenas o cará São Tome (Dioscorea alata L.) é citado como imune à casca preta (3). No presente trabalho, fez-se a descrição do sintoma de casca preta e a identificação do fitonematóide associado a esse sintoma em túberas de cará-doce (D. trifida L.).

Túberas de D. trifida foram coletadas no município de Maragojipe Bahia. As túberas foram lavadas com água corrente e cortadas no sentido vertical para a aferição da espessura das lesões na polpa, a largura e a profundidade das rachaduras na epiderme das túberas, com o auxilio de um paquímetro. Posteriormente, foram retiradas as cascas das túberas, estas foram pesadas em balança digital de três dígitos e foi feita a extração dos nematóides, utilizando-se a técnica do liquidificador aliada à centrifugação em solução de sacarose mais caolim (2). Para a quantificação dos nematóides infectando as túberas, colocou-se a suspensão de nematóides numa Lâmina de Peters e fez-se a contagem destes com o auxílio de um microscópio óptico. Para a identificação do fitonematóide, foram montadas lâminas semipermanentes, usando-se como líquido de montagem a formalina a 3% e vedação com permount.

As túberas avaliadas apresentavam-se infectadas apenas pelo nematóide S. bradys (Figura 2). Foi observado um número elevado desse fitonematóide, 2930 (±680) por 10 g de túbera (casca + camada superficial da polpa). Os sintomas externos nas túberas são muito semelhantes aos verificados em túberas de inhame da costa (Dioscorea cayennensis L.), atacados por Pratylenchus coffeae (Zimmermann) Filipjev & Schuurmans Stekhoven, que apresentam rachaduras profundas na epiderme e elevada perda de água das túberas, causando murcha das mesmas (1). As rachaduras nas túberas de cará-doce (Figura 1C) apresentam profundidade de 0,82 mm (±0,39) e largura de 3,51 mm (±1,28). As necroses na polpa (Figura 1A e D) apresentam profundidade de 1,53mm (±0,48), deixando as túberas com aspecto inadequado para a comercialização (Figura 1). A planta não apresenta sintomas típicos de nematose na parte aérea. Esse é o primeiro relato de Scutellonema bradys parasitando túberas de Dioscorea trifida L. no Brasil.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Acosta, N.; Ayala, A. Pathogenicity of Pratylenchus coffeae, Scutellonema bradys, Meloidogyne incognita and Rotylenchulus reniformis on Dioscorea rotundata. Journal of Nematology, Jay, v.7, n.1, p. 1-5, 1975.

2. Coolen, W.A.; D'Herde, C.J. A method for the quantitative extraction of nematodes from plant tissue. Ghent: State Agricultural Research Center, 1977. 77p.

3. Moura, R. M.; Pedrosa, E.M.R.; Guimarães, L.M.P. Novos dados sobre a etiologia da casca preta do inhame no Nordeste do Brasil. Nematologia Brasileira. Brasília, v. 25, n.2, p.235-237, 2001.

4. Moura, R. M. Doenças do Inhame. In: Kimati, H. et al. (Ed). Manual de fitopatologia. 3. ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 1997. v. 2, p.463-471.

5. Pedralli, G. Dioscoreaceae e Araceae: aspecto taxonômicos, etnobotânicos e espécies nativas com potencial para melhoramento genético. In: Santos, E. S. (Ed). Simpósio Nacional sobre as Culturas do Inhame e do Taro, 2002, João Pessoa. p.37-53.

6. Santos, E. S. dos. Inhame(Dioscorea spp.)aspectos básicos da cultura. João Pessoa: EMEPA-PB, Sebrae, 1ª ed., 1996. 158p.

Data de chegada: 15/09/2004. Aceito para publicação em: 29/04/2005.

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  23 Out 2006
• Data do Fascículo
  Jun 2006