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Elaboração e validação da Escala Brasileira de Empatia Clínica (EBEC): teste-piloto

RESUMO

Introdução:

A empatia, um elemento primordial do humanismo, tem sido alvo de crescente interesse no ensino médico. No contexto das profissões de saúde, a empatia no atendimento ao paciente é um atributo que envolve a compreensão das experiências, da dor, do sofrimento e das preocupações do paciente combinados com a capacidade de comunicar esse entendimento e uma intenção de ajudar. Apesar do desenvolvimento de práticas que estimulam a empatia nos estudantes de Medicina, um desafio presente na vida acadêmica é mensurar essa habilidade.

Objetivo:

Este estudo teve como objetivos elaborar e validar uma escala brasileira de empatia no contexto do atendimento clínico.

Método:

Trata-se de estudo-piloto de construção e validação de uma escala psicométrica, realizado em cinco etapas: 1. definição das dimensões do construto baseada em revisão da literatura; 2. itens submetidos à análise teórica com juízes especializados no tema, objetivando identificar a pertinência do item dentro do construto; 3. realização de um pré-teste com a população-alvo visando avaliar o entendimento dos itens; 4. validação da escala com aplicação a 207 estudantes de Medicina brasileiros; 5. aplicação de testes estatísticos que auxiliam na validação da escala.

Resultado:

Ao final do estudo, a escala de empatia elaborada continha 21 itens, com respostas em escala de Likert, distribuídos em dois fatores: compreensão empática e ação empática, que apresentaram boa confiabilidade proposta (> 0,842) e boa consistência interna (H-latente > 0,879 e H-observado > 0,864) com total de variância explicada de 44,95%.

Conclusão:

A aplicação da escala de empatia clínica em estudantes de Medicina resultou em um instrumento que atendeu aos critérios de adequação semântica e cultural, e revelou evidências preliminares de validade.

Palavras-chave:
Ensino em Saúde; Empatia; Estudantes de Medicina

ABSTRACT

Introduction:

Empathy, which is a crucial element of humanism, has been the subject of increasing interest in medical education. In the context of the healthcare professions, empathy in patient care is an attribute that involves understanding the patient’s experiences, pain, suffering, and concerns combined with the ability to communicate that understanding and an intention to help. Despite the development of practices that encourage empathy in medical students, a challenge in academic life is measuring this ability.

Objective:

To develop and validate a Brazilian scale of empathy in the context of clinical care.

Method:

Pilot study of construction and validation of a psychometric scale, carried out in five stages: (1) Definition of the dimensions of the construct based on a literature review; (2) Items submitted to theoretical analysis with judges specialized in the subject, aiming to identify the pertinence of the item within the construct; (3) carrying out a pre-test with the target population to assess the understanding of the items (4) validation of the scale with application to 207 Brazilian medical students (5) application of statistical tests that help in the validation of the scale.

Result:

At the end of the study, the created Empathy Scale contained 21 items, with Likert scale responses, distributed in two factors: empathic understanding and empathic action, which presented good proposed reliability (>0.842) and good internal consistency (latent H >0.879 and observed H >0.864) with a total explained variance of 44.95%.

Conclusion:

The application of the clinical empathy scale, in medical students, resulted in an instrument that met the criteria of semantic and cultural adequacy and revealed preliminary evidence of validity.

Keywords:
Health education; Empathy; Medical students

INTRODUÇÃO

Conceitualmente, a empatia é considerada, na filosofia fenomenológica, a união ou fusão com outros seres ou objetos. Na psicologia, é considerada uma experiência indireta de uma emoção próxima à emoção vivida por outra pessoa. Essa cumplicidade com a situação do outro culmina com a potencialidade de pensar e elaborar um apoio social ou afetivo11. Formiga NS. Os estudos sobre empatia: reflexões sobre um construto psicológico em diversas áreas científicas. Revista Eletrônica de Psicologia. 2012;1:1-25.. Segundo Sampaio et al.22. Sampaio AAS, Azevedo FHB, Cardoso LRD, Lima C, Pereira MBR, Andery MAPA. Uma introdução aos delineamentos experimentais de sujeito único. Interação Psicol. 2008;12(1):151-164., a relação entre afetividade e cognição é importante para a internalização e construção de princípios que regem o comportamento do indivíduo na sociedade. A empatia é, portanto, um construto multidimensional que envolve níveis diferentes de afetividade, cognição e comportamento33. Hojat M. Empathy in patient care: antecedents, development, measurement, and outcomes. New York: Springer; 2007.. Por meio do componente afetivo, compartilham-se os estados emocionais dos outros, enquanto os componentes cognitivos e comportamentais são responsáveis pela capacidade de raciocinar sobre os estados mentais de outras pessoas e deliberar as ações de comunicação e ajuda44. Thompson NM, Uusberg A, Gross JJ, Chakrabarti B. Empathy and emotion regulation: an integrative account. Prog Brain Res. 2019;247:273-304..

Assim, a empatia é uma habilidade que permite perceber e entender o sentimento e a perspectiva do outro, abrangendo componentes cognitivos, afetivos e comportamentais55. Davis MH. Measuring individual differences in empathy: evidence for a multidimensional approach. J Pers Soc Psychol. 1983;44(1):113-126.)-(77. Peixoto JM, Moura EP. Mapa da empatia em saúde: elaboração de um instrumento para o desenvolvimento da empatia. Rev Bras Educ Med.2020;44(1):e030. doi: https://doi.org/10.1590/1981-5271v44.1-20190151
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. O componente cognitivo, denominado tomada de perspectiva, se correlaciona com a capacidade de se colocar no lugar do outro e deduzir os sentimentos dele, sem necessariamente experimentá-los. Esse componente é considerado vital para as interações sociais por permitir entender e prever os comportamentos55. Davis MH. Measuring individual differences in empathy: evidence for a multidimensional approach. J Pers Soc Psychol. 1983;44(1):113-126.),(88. Decety J, Cowell JM. The complex relation between morality and empathy. Trends Cogn Sci. 2014;18(7):337-9.. O componente afetivo baseia-se na partilha e compreensão dos estados emocionais dos outros (neurônios-espelhos), em que as ações observadas nos outros são representadas internamente no cérebro do observador66. Falcone EMO, Ferreira MC, Luz RCM, Fernandes CS, Assis CF, D’Augustin JF, et al. Inventário de Empatia (IE): desenvolvimento e validação de uma medida brasileira. Aval Psicol. 2008;7(3):321-34.),(77. Peixoto JM, Moura EP. Mapa da empatia em saúde: elaboração de um instrumento para o desenvolvimento da empatia. Rev Bras Educ Med.2020;44(1):e030. doi: https://doi.org/10.1590/1981-5271v44.1-20190151
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),(99. Hoffman ML. Empathy, social cognition, and moral action. In: Kurtimes WM, Gewirtz JL, editors. Handbook of moral behavior and development. Hillsdale (NJ): Lawrence Erlbaum; 1991. p. 275-301.. O componente comportamental (preocupação empática) se refere à motivação para cuidar de indivíduos vulneráveis66. Falcone EMO, Ferreira MC, Luz RCM, Fernandes CS, Assis CF, D’Augustin JF, et al. Inventário de Empatia (IE): desenvolvimento e validação de uma medida brasileira. Aval Psicol. 2008;7(3):321-34.),(88. Decety J, Cowell JM. The complex relation between morality and empathy. Trends Cogn Sci. 2014;18(7):337-9.),(1010. Ekman P, Goleman D. Emociones destructivas: cómo entenderlas y superarlas. Barcelona: Kairós. 2003..

Diversas estratégias vêm sendo testadas para o desenvolvimento da empatia em estudantes de Medicina77. Peixoto JM, Moura EP. Mapa da empatia em saúde: elaboração de um instrumento para o desenvolvimento da empatia. Rev Bras Educ Med.2020;44(1):e030. doi: https://doi.org/10.1590/1981-5271v44.1-20190151
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),(1111. Yazdi NA, Bigdeli S, Arabshahi SKS, Ghaffarifar S. The influence of role-modeling on clinical empathy of medical interns: a qualitative study. J Adv Med Educ Prof. 2019;7(1):35-41.)-(1717. Chen A, Hanna JJ, Manohar A, Tobia A. Teaching empathy: the implementation of a video game into a psychiatry clerkship curriculum. Acad Psychiatry. 2018;42(3):362-5., no entanto a mensuração dessa habilidade ainda é um desafio. Há escalas desenvolvidas para medir a empatia em diferentes cenários, como o Inventário de Empatia (IE) que avalia a empatia no contexto de situações de interação social6, a escala Consultation and Relational Empathy (CARE) que avalia a percepção do paciente em relação à empatia no contexto do atendimento clínico1818. Mercer SW, Maxwell M, Heaney D, Watt G. The Consultation and Relational Empathy (CARE) measure: development and preliminary validation and reliability of an empathy-based consultation process measure. Fam Pract. 2004;21(6):699-705. e o Índice de Reatividade Interpessoal que avalia as dimensões afetiva e cognitiva da empatia no contexto das relações sociais55. Davis MH. Measuring individual differences in empathy: evidence for a multidimensional approach. J Pers Soc Psychol. 1983;44(1):113-126.. Porém, na educação médica a mais utilizada é a Escala de Empatia de Jefferson (Jefferson Scale of Physician Empathy - JSPE) que avalia a empatia no contexto da relação médico-paciente1919. Hojat M, Salvatore M, Thomas JN, Mitchell JMC, Joseph SG, James BE, et al. The Jefferson Scale of Physician Empathy: development and preliminary psychometric data. Educ Psychol Meas. 2001;61(2):349-65., considerando predominantemente o atributo cognitivo da empatia, não abordando seu componente afetivo. A despeito de comumente empregada para aferição da empatia em ambientes da saúde, uma revisão sistemática recente encontrou inconsistências em algumas propriedades psicométricas da JSPE, já que, apesar de demonstrar validade estrutural, consistência interna e validade convergente, as evidências são limitadas no que diz respeito às propriedades de confiabilidade, erro de medição e validade transcultural2020. Williams B, Beovich B. A systematic review of psychometric assessment of the Jefferson Scale of Empathy using the COSMIN Risk of Bias checklist. J Eval Clin Pract. 2020;26(4):1302-15..

Assim, diante da importância da empatia no desenvolvimento acadêmico, faz-se necessária uma escala que aborde os componentes afetivo e cognitivo do construto e que se aproxime cultural e linguisticamente do cenário dos estudantes brasileiros. Este estudo se propôs a elaborar uma escala que avaliasse as atitudes dos estudantes de Medicina brasileiros em relação à empatia, em ambientes assistenciais. Isso se baseia no pressuposto de que a atitude de uma pessoa pode ser acessada por meio de sua comunicação ou demonstração, sendo a atitude, essencialmente, uma disposição mental de uma ação potencial2121. Mann PH. Métodos de investigação sociológica. Rio de Janeiro: Zahar; 1970..

MÉTODO

Desenho do estudo

Trata-se de um estudo-piloto de construção e validação de uma escala psicométrica, realizado em cinco etapas.

Na primeira etapa, definiram-se as dimensões do construto com base em uma revisão da literatura. Construiu-se a Escala Brasileira de Empatia Clínica (EBEC) para medir os componentes cognitivos e afetivos da empatia no contexto do atendimento clínico. A construção dos itens foi baseada em uma extensa revisão da literatura sobre o conceito teórico do construto e dos seus componentes. Elaboraram-se 37 itens relacionados aos três pilares da empatia: tomada de perspectiva, compreensão empática e preocupação empática.

A tomada de perspectiva foi definida como a capacidade de o profissional de saúde compreender o que experiencia, pensa e sente o paciente a partir da sua perspectiva, prestando atenção à comunicação não verbal e à linguagem corporal1919. Hojat M, Salvatore M, Thomas JN, Mitchell JMC, Joseph SG, James BE, et al. The Jefferson Scale of Physician Empathy: development and preliminary psychometric data. Educ Psychol Meas. 2001;61(2):349-65.. Esse domínio está relacionado com as habilidades cognitivas: processamento de informações, raciocínio, avaliação e empatia de comunicação2222. Paiva AH, Andrade MN, Rocha MSC, Peixoto JM. Avaliação da empatia nos médicos residentes do Hospital Universitário Alzira Velano em Alfenas, Minas Gerais. Rev Bras Educ Med . 2020;43:296-304..

O compartilhamento emocional foi definido como a capacidade de compreender e de partilhar os estados emocionais dos outros (neurônios-espelhos), em que as ações observadas nos outros são representadas internamente no cérebro do observador77. Peixoto JM, Moura EP. Mapa da empatia em saúde: elaboração de um instrumento para o desenvolvimento da empatia. Rev Bras Educ Med.2020;44(1):e030. doi: https://doi.org/10.1590/1981-5271v44.1-20190151
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),(2222. Paiva AH, Andrade MN, Rocha MSC, Peixoto JM. Avaliação da empatia nos médicos residentes do Hospital Universitário Alzira Velano em Alfenas, Minas Gerais. Rev Bras Educ Med . 2020;43:296-304.. O compartilhamento emocional avalia sentimentos de ansiedade, apreensão e desconforto em contextos interpessoais tensos2323. Limpo T, Alves RA, Castro SL. Medir a empatia: adaptação portuguesa do Índice de Reactividade Interpessoal. Evaluar. 2010;8(2):171-84..

A preocupação empática foi definida como a capacidade de experienciar sentimentos de compaixão e preocupação pelo outro2323. Limpo T, Alves RA, Castro SL. Medir a empatia: adaptação portuguesa do Índice de Reactividade Interpessoal. Evaluar. 2010;8(2):171-84.. Refere-se à motivação para cuidar de indivíduos vulneráveis e deliberar as ações a serem tomadas para a solução dos problemas encontrados77. Peixoto JM, Moura EP. Mapa da empatia em saúde: elaboração de um instrumento para o desenvolvimento da empatia. Rev Bras Educ Med.2020;44(1):e030. doi: https://doi.org/10.1590/1981-5271v44.1-20190151
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Para capturar as diferenças nas respostas, escolheu-se uma escala de resposta do tipo Likert com 5 pontos (1 - discordo totalmente; 2 - discordo parcialmente; 3 - não concordo e nem discordo; 4 - concordo parcialmente; 5 - concordo totalmente). Finalmente, optou-se por usar a bidirecionalidade nas respostas, com itens escritos de forma positiva e negativa, para possibilitar detectar a consistência e o viés das respostas2424. Barnette J. Effects of stem and Likert response option reversals on survey internal consistency: if you feel the need, there is a better alternative to using those negatively worded stems. Educ Psychol Meas . 2000;60(3):361-70..

Na segunda etapa, os itens foram submetidos à análise teórica com dez juízes especializados no tema, objetivando identificar a pertinência do item dentro do construto, bem como a clareza da linguagem. Os itens foram inicialmente distribuídos nos componentes da empatia de acordo com as definições descritas na literatura. Para a análise teórica dos itens do instrumento proposto, utilizou-se a técnica de validade de conteúdo no que se refere à clareza da linguagem e à pertinência prática. Calculou-se o coeficiente de validade do conteúdo (CVC) proposto por Hernandez-Nieto2525. Hernandez-Nieto RA. Instrumentos de recolección de datos em Ciencias Sociales y Ciencias Biomédicas. Mérida: Universidad de Los Andes; 2002. para cada item do instrumento (CVCc) e para o instrumento como um todo (CVCt). Foi solicitado aos juízes que pontuassem cada um dos 37 itens utilizando uma escala de 1 a 5 para avaliar o nível de adequação da clareza da linguagem (1 ( fácil entendimento e 5 ( difícil entendimento) e o nível da pertinência prática (1 ( pouco relevante e 5 ( muito relevante). Para a avaliação relacionada à clareza da linguagem, houve a inversão da escala. O ponto de corte adotado para determinar níveis satisfatórios para clareza da linguagem e pertinência foi de CVCc ≥ 0,80 para cada um dos itens e CVCt ≥ 0,80 para o instrumento no geral.

Na terceira etapa, a versão final obtida após a validade de conteúdo foi submetida a um pré-teste com 30 estudantes de Medicina, representando o público-alvo do instrumento. Apresentou-se a esses alunos a escala elaborada e solicitou-se que eles opinassem sobre a clareza e o entendimento dos itens com o intuito de avaliar se cada item estava medindo o que se desejava.

A quarta etapa consistiu na validação da escala, que foi aplicada a 207 estudantes de Medicina brasileiros. Recrutaram-se os participantes foram recrutados, no período de agosto a setembro de 2021, por meio do WhatsApp ou e-mail, e o estudo foi conduzido por meio de preenchimento de questionário online via Google Forms. O instrumento continha um questionário sociodemográfico que abordava as seguintes variáveis: nome, idade, gênero, período do curso, estado civil, faculdade, renda familiar, especialidade pretendida, experiência com doença grave na família, presença de doença crônica e a versão da EBEC. Antes do preenchimento, o estudante deveria ler o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e concordar com ele. Para o recrutamento, utilizou-se a técnica de snowball. Inicialmente foi enviado o convite para estudantes de Medicina dos quais os pesquisadores possuíam contato, pertencentes às seguintes instituições: Universidade Professor Edson Antônio Velano (Unifenas), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Em seguida, solicitou-se aos estudantes que enviassem o convite para outros discentes da sua instituição e de outras instituições de ensino médico brasileiras. Adotaram-se os seguintes critérios de inclusão: ter 18 anos ou mais, estar regularmente matriculado no curso de Medicina nos períodos com prática clínica, ter concordado em participar da pesquisa e assinado o TCLE. Eis os critérios de exclusão: não preenchimento completo do questionário e desejo declarado do participante de deixar o estudo

A quinta etapa consistiu na aplicação de testes estatísticos que auxiliariam na validação da escala. Foram utilizadas as seguintes medidas descritivas: mínimo, máximo, mediana (Q2), quartis (Q1 e Q3), média, desvio padrão (DP) e intervalo de confiança da média, além das frequências absoluta (n) e relativa (%) como medidas para descrever os resultados das variáveis estudadas.

Para explorar a estrutura fatorial da versão inicial da EBEC, realizou-se uma análise fatorial exploratória (AFE). Na implementação da análise, utilizou-se uma matriz policórica. A decisão sobre o número de fatores a ser retido ocorreu por meio da técnica da análise paralela com permutação aleatória dos dados observados2626. Timmerman ME, Lorenzo-Seva U. Dimensionality assessment of ordered polytomous items with parallel analysis. Psychol Methods. 2011;16(2):209-20., e a rotação utilizada foi a Robust Promin2727. Lorenzo-Seva U, Ferrando PJ. Robust Promin: a method for diagonally weighted factor rotation. Revista Peruana de Psicología. 2019;25(1):99-106. - não ortogonal.

A adequação do modelo foi avaliada por meio dos índices de ajuste Root Mean Square Error of Aproximation - RMSEA (Raiz do Erro Quadrático Médio de Aproximação), Comparative Fit Index - CFI (Índice de Ajuste Comparativo) e Tucker-Lewis Index - TLI (Índice de Tucker-Lewis)/Índice de Ajuste Não Normado (NNFI). De acordo com a literatura, os valores de RMSEA devem ser menores que 0,08, com intervalo de confiança de 95%, não atingindo 0,10, e os valores de CFI e TLI devem ser superiores de 0,90 ou preferencialmente 0,952828. Brown TA. Confirmatory factor analysis for applied research. New York: The Guilford Press; 2006..

A estabilidade dos fatores foi avaliada por meio do índice H2727. Lorenzo-Seva U, Ferrando PJ. Robust Promin: a method for diagonally weighted factor rotation. Revista Peruana de Psicología. 2019;25(1):99-106.. O índice H avalia quão bem um conjunto de itens representa um fator, e os valores de H podem variar de 0 a 1. Valores altos de H (> 0,80) sugerem uma variável latente (fator) bem definida. Por fim, o parâmetro de discriminação e os thresholds dos itens foram avaliados utilizando a parametrização de Reckase2929. Reckase MD. The difficulty of test items that measure more than one ability. Appl Psychol Meas. 1985;9(4):401-12.. Todos os resultados foram considerados significativos para uma probabilidade de significância inferior a 5% (p < 0,05), tendo, portanto, pelo menos 95% de confiança nas conclusões apresentadas. Utilizou-se o software Factor.

RESULTADOS

A amostra incluiu 207 estudantes, do quarto ao sexto ano do curso de Medicina, de instituições privadas e públicas brasileiras. Nesse grupo, a distribuição de idade foi: 76,8% de 20 a 25 anos, 14,5% de 26 a 30 anos e 8,7% com mais de 30 anos. A maioria dos alunos era do sexo feminino (73,4%), solteira (94,7%), com renda familiar acima de R$ 5.000,00 (84,1%), intenção em seguir especialidade clínica (56,5%), com doença grave na família (74,9%) e sem apresentar doença crônica (86,5%). Além disso, a maior proporção dos alunos que participaram desta pesquisa estava no quarto ano (51,7%) (Tabela 1).

Tabela 1.Distribuição
dos alunos de acordo com as variáveis sociodemográficas de interesse, no geral.

Análise estatística da escala proposta

A versão da escala enviada aos estudantes continha 34 itens. A análise das respostas dos estudantes a cada um dos 34 itens da escala demonstrou que houve polarização nos extremos da escala de resposta em seis dos itens, em que mais de 85% dos alunos apontaram a resposta 1 ou 5 (itens 1, 2, 9, 21, 26, e 29). Esse resultado indica que essas questões não são discriminativas, comprometendo a avaliação da confiabilidade dos domínios, e foram, portanto, descartadas.

Realizou-se uma AFE com os 28 itens restantes que indicou a necessidade da retirada de mais seis itens que apresentaram baixa carga fatorial rotacional (método Promin). Assim, foi realizada uma segunda AFE com os 22 itens restantes que indicou a necessidade da retirada de mais um item devido à carga fatorial baixa. Realizou-se uma nova AFE, e os 21 itens restantes apresentaram cargas fatoriais satisfatórias. Realizou-se, então, uma análise paralela que sugeriu a presença de dois fatores (variáveis latentes) que foram assim denominados: 1. compreensão empática - que envolve vínculo cognitivo-afetivo - e 2. ação empática - que envolve componente cognitivo-comportamental (Tabela 2). É importante destacar que os indicadores de unidimensionalidade - Unidimensional Congruence (UniCo = 0,867), Explained Common Variance (ECV = 0,774) e Mean of Item Residual Absolute Loadings (MIREAL = 0,267)2727. Lorenzo-Seva U, Ferrando PJ. Robust Promin: a method for diagonally weighted factor rotation. Revista Peruana de Psicología. 2019;25(1):99-106. - não suportaram a unidimensionalidade da escala. Os parâmetros de adequacidade desse modelo estão demonstrados na Tabela 3.

Tabela 2
Estrutura fatorial (cargas fatoriais) dos itens que compõem a Escala Brasileira de Empatia Clínica (EBEC).
Tabela 3
Avaliação dos parâmetros da análise fatorial para o modelo final da escala de empatia clínica.

A versão final da escala proposta é composta por 21 itens distribuídos em dois domínios (Quadro 1). O domínio compreensão empática é composto pelos itens 3, 4, 8, 9, 12, 17, 20; e o domínio ação empática, pelos itens 1*, 2*, 5, 6*, 7, 10, 11*, 13*, 14*, 15, 16*, 18, 19, 21*. Para a análise da empatia, deve-se considerar o somatório da pontuação obtida em cada item. As questões marcadas com asterisco (*) tiveram o sentido da escala invertido. Não existe um valor de corte, mas quanto maior a pontuação, maior a atitude empática do estudante.

Quadro 1
Escala Brasileira de Empatia Clínica.

Influência das variáveis sociodemográficas na empatia medida pela EBEC

O nível de empatia dos estudantes, mensurado pela escala proposta, foi alto (acima de 4 em uma escala de 5 no máximo) nos dois fatores. Na comparação dos dados sociodemográficos com os escores da escala, identificou-se que o sexo feminino apresentou maiores escores nos dois fatores da escala. Os estudantes que pretendem seguir a especialidade clínica, que apresentam experiência de doença grave na família e que possuem alguma doença crônica apresentaram maiores escores no fator compreensão empática (cognitivo-afetivo) (Tabela 4).

Tabela 4
Influência das variáveis sociodemográficas no escore da Escala Brasileira de Empatia Clínica (EBEC).

DISCUSSÃO

Os resultados do estudo revelaram que a EBEC tem um modelo composto por dois fatores que foram denominados compreensão empática (cognitivo-afetivo) e ação empática (cognitivo-comportamental). No domínio compreensão empática, os itens estão relacionados com a tomada de perspectiva conceituada como a capacidade de o profissional de saúde compreender o que experiencia, pensa e sente o paciente a partir da sua perspectiva1919. Hojat M, Salvatore M, Thomas JN, Mitchell JMC, Joseph SG, James BE, et al. The Jefferson Scale of Physician Empathy: development and preliminary psychometric data. Educ Psychol Meas. 2001;61(2):349-65., bem como de compartilhamento emocional que é a capacidade de compreender e de partilhar os estados emocionais dos outros (neurônios-espelhos).

O domínio ação empática abrange itens relacionados com a tomada de perspectiva que permite prever comportamentos e com a preocupação empática que diz respeito às ações a serem tomadas para a solução dos problemas encontrados77. Peixoto JM, Moura EP. Mapa da empatia em saúde: elaboração de um instrumento para o desenvolvimento da empatia. Rev Bras Educ Med.2020;44(1):e030. doi: https://doi.org/10.1590/1981-5271v44.1-20190151
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Na escala proposta, não foi possível evidenciar os três componentes do construto relatados na literatura e sim dois fatores. Diante desses resultados, podemos inferir que os conceitos dos componentes da empatia estão muito ligados entre si, o que dificulta a sua discriminação. Paro et al.3030. Paro HBMS, Daud-Gallotti RM, Tibério IC, Pinto R, Martins MA. Brazilian version of the Jefferson Scale of Empathy: psychometric properties and factor analysis. BMC Med Educ . 2012;12(1):1-7., ao validarem a Escala de Empatia de Jefferson, constataram a mudança de domínio de alguns itens, o que foi justificado pela hipótese de uma visão diferenciada dos estudantes brasileiros em relação ao construto.

Segundo Davis3131. Davis MH. Empathy. In: JE Stets & JH Turner (Eds.).The handbook of the sociology of emotions. New York: Springer Press; 2006., a empatia está relacionada com uma série de fatores que entrarão em jogo sempre que houver a experiência emocional de alguém, propondo, portanto, uma abordagem integrada que identifica o papel conjunto de cognição e afeto. Assim, compartilhar emoções (componente afetivo) sem a tomada de perspectiva e processos regulatórios envolvidos (componente cognitivo) toma a forma de um contágio emocional ou simpatia. Da mesma maneira, perceber de forma acurada os pensamentos e sentimentos de alguém, sem experimentar compaixão e interesse pelo bem-estar dele, não se traduz em manifestação empática32. Segundo Sampaio et al.22. Sampaio AAS, Azevedo FHB, Cardoso LRD, Lima C, Pereira MBR, Andery MAPA. Uma introdução aos delineamentos experimentais de sujeito único. Interação Psicol. 2008;12(1):151-164., a relação entre afetividade e cognição é importante para a internalização e construção de princípios que regem o comportamento do indivíduo na sociedade.

A escala elaborada neste estudo apresentou medidas de confiabilidade composta e estimativas de replicabilidade satisfatórias (H > 0,80), ou seja, os fatores gerados são replicáveis e adequados de acordo com as medidas das cargas fatoriais encontradas. Segundo Rogers3333. Rogers P. Melhores práticas para sua análise fatorial exploratória: tutorial no Factor. Revista de Administração Contemporânea. 2022;26(6):1-17., a H-observada indica o quanto o conjunto de itens representa o fator comum. Seu valor vai de zero a um, e valores acima de 0,80 sugerem uma boa definição da variável latente, que potencialmente será mais estável em estudos futuros. O índice H-latente reflete a replicabilidade estimada quando os itens são interpretados como variáveis contínuas, e o índice H-observada reflete a replicabilidade estimada quando os itens são interpretados como variáveis ordinais, tal como as medidas do tipo Likert3333. Rogers P. Melhores práticas para sua análise fatorial exploratória: tutorial no Factor. Revista de Administração Contemporânea. 2022;26(6):1-17..

Observou-se que o sexo feminino apresentou maiores escores nos dois fatores da escala. Segundo Batchelder et al.3434. Batchelder L, Brosnan M, Ashwin C. The development and validation of the Empathy Components Questionnaire (ECQ). PloS One. 2017;12(1):e0169185., a vantagem feminina é mais evidente nos componentes afetivos, incluindo a reatividade afetiva, e menos evidente nos componentes cognitivos, revelando que as mulheres se sintonizam mais naturalmente com os estados emocionais e são mais propensas a reagir e responder às emoções e aos sentimentos dos outros.

Os estudantes que pretendem seguir a especialidade clínica, que apresentam experiência de doença grave na família ou que possuem alguma doença crônica apresentaram maiores escores no componente compreensão empática da escala (vínculo cognitivo-afetivo). Bailey3535. Bailey BA. Empathy in medical students: assessment and relationship to specialty choice [dissertation]. Virginia: University of Virginia; 2001. 2024p. mostrou que os estudantes de Medicina que pretendiam atuar em uma área clínica obtiveram escore de empatia maior que aqueles que planejavam trabalhar em áreas cirúrgicas. Estudos realizados com médicos apresentaram o mesmo padrão que o observado neste estudo realizado com estudantes de Medicina. Num estudo realizado com 704 médicos, em que se utilizou a Jefferson Scale of Empathy (JSE), os envolvidos com a área clínica obtiveram escores mais elevados que aqueles das áreas cirúrgicas e de imagem3636. Hojat M, Gonnella JS. Eleven years of data on the Jefferson Scale of Empathy-medical student version (JSE-S): proxy norm data and tentative cutoff scores. Med Princ Pract. 2015;24(4):344-50.. Foi observado também por Batenburg et al.3737. Batenburg V, Smal JA, Lodder A, Melker RD. Are professional attitudes related to gender and medical specialty? Med Educ. 1999;33(7):489-92.) que os estagiários do último ano que preferem a prática geral como especialidade apresentaram atitudes mais empáticas que aqueles da área cirúrgica.

Outro ponto importante é a relação dos níveis de empatia com a presença de doença própria ou de familiares. A pesquisa conduzida por Esquerda et al.3838. Esquerda M, Yuguero O, Vinas J, Pifarré J. La empatía médica,¿ nace o se hace? Evolución de la empatía en estudiantes de medicina. Aten Primaria. 2016;48(1):8-14. com 191 acadêmicos de Medicina revelou maior empatia entre aqueles que já haviam vivenciado experiência de doença entre familiares, amigos ou pessoalmente. Esses dados vão ao encontro do nosso estudo que sugere a experiência como fator relevante para o desenvolvimento da habilidade empática.

Esses resultados revelam um ponto positivo deste estudo por demonstrar que a escala de empatia proposta foi sensível no que concerne a detectar, como citado na literatura, a influência de algumas variáveis sociodemográficas na empatia, o que poderia sugerir uma validade externa do instrumento. Ressalta-se a intenção de promover a comparação com critérios externos de validade, para testar os itens que não foram consistentes na amostra estudada, bem como o poder discriminatório da escala.

Assim, podemos inferir que a nova escala de empatia elaborada neste estudo revelou evidências preliminares de validade, tendo o diferencial de distinguir os componentes cognitivo-afetivo (compreensão empática) e cognitivo-comportamental (ação empática) do construto, permitindo a identificação dos fatores que afetam cada componente.

Vale salientar que a EBEC, assim como diversos instrumentos utilizados para avaliar a empatia clínica, é uma escala de autorrelato, que pode ter conclusões limitadas, pois depende do autoconhecimento e apresenta a possibilidade de viés de resposta, podendo o respondente tender a respostas socialmente aceitas. Alguns estudos identificaram a falta de correlação entre os níveis de empatia obtidos por instrumentos de autoavaliações e as percepções dos pacientes, e sugerem que estes devam ser incluídos no processo de avaliação da empatia3939. Cançado PVR, Moura EP, Peixoto JM. Effects of health empathy map on physician’s empathic behavior perceived by the patient. Saud Pesq. 2021;14(2):261-70..

Mais estudos devem ser realizados com a utilização da escala proposta neste estudo para evidenciar a confiabilidade, validade e estabilidade do instrumento.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O modelo proposto para a EBEC, composto por 21 itens distribuídos em dois fatores - compreensão empática e ação empática -, atendeu aos critérios de adequação semântica e cultural, além de apresentar evidências preliminares de validade. Foi possível identificar, com a utilização desse instrumento, que o sexo feminino, a escolha pela especialidade clínica, apresentar doença crônica ou ter na família casos de doenças graves são fatores preditores para a empatia.

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  • FINANCIAMENTO

    Declaramos não haver financiamento.

Editado por

Editora-chefe: Rosiane Viana Zuza Diniz. Editor associado: Fernando Almeida.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Set 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    01 Dez 2022
  • Aceito
    08 Jun 2024
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