RESUMO
Objetivo:
avaliar a relação entre os níveis de 25(OH)D3 e o desfecho fatal em pacientes acima de 60 anos submetidos a correção cirúrgica de fratura de quadril.
Métodos:
coorte prospectiva de pacientes submetidos a correção cirúrgica de fraturas de quadril. À admissão, foram medidos os níveis de 25(OH)D3, entre outros parâmetros. Os pacientes foram acompanhados por, pelo menos, um ano e a mortalidade foi registrada.
Resultados:
foram incluídos 209 pacientes no estudo, com média de idade de 79,5 ± 7,6 anos entre os sobreviventes e 80,7 ± 8,2 anos entre os que morreram no primeiro ano de pós-operatório (p=0,346). Os níveis de 25(OH)D3 dos sobreviventes foram significativamente maiores do que os dos pacientes que morreram (p=0,003). Após o ajuste para variáveis de confusão, níveis de 25(OH)D3 abaixo de 12,5ng/mL foram fator de risco significativo, independentemente da mortalidade (OR ajustado 7,6; IC 95% 2,35 24,56).
Conclusões:
níveis séricos de 25(OH)D3 abaixo de 12,5ng/mL aumentaram significativa e independentemente o risco de morte no primeiro ano após o reparo cirúrgico de fratura de quadril de baixa energia em pacientes com mais de 60 anos de idade na região geográfica onde este estudo foi realizado. A albumina baixa também teve associação significativa com a mortalidade nesses pacientes. Todos os outros fatores não tiveram associações significativas.
Palavras-chave:
Albumina; Envelhecimento Mortalidade; Estado Nutricional; Vitamina D
ABSTRACT
Objective:
to evaluate the relationship between 25(OH)D3 levels and fatal outcome in patients over 60 years of age undergoing surgical repair of hip fractures.
Methods:
prospective cohort of patients undergoing surgical repair of hip fractures. At admission, 25(OH)D3 levels were measured, among other parameters. Patients were followed for at least 1 year, and incident mortality was recorded.
Results:
209 patients were included in the study, with a mean age of 79.5 ± 7.6 years among survivors and 80.7 ± 8.2 years among those who died in the first postoperative year (p=0.346). The 25(OH)D3 levels of survivors were significantly higher than those of patients who died (p=0.003). After adjusting for confounding variables, 25(OH)D3 levels below 12.5ng/mL were significant risk factors regardless of mortality (adjusted OR: 7.6; 95% CI: 2.35 to 24.56).
Conclusions:
our data show that serum 25(OH)D3 levels below 12.5ng/mL significantly and independently increased the risk of mortality in the first year after surgical repair of low-energy hip fracture in patients over 60 years of age in the geographic region where this study was conducted. Low albumin also showed a significant association with mortality in these patients. All other factors had no significant associations.
Keywords:
Albumins; Aged; Mortality; Nutritional Status; Vitamin D
INTRODUÇÃO
As fraturas de quadril têm impacto significativo na saúde, tanto da sociedade11 Veronese N, Maggi S. Epidemiology and social costs of hip fracture. Injury. 2018;49(8):1458-60. doi:10.1016/j.injury.2018.04.015.
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quanto individual22 Rapp K, Buchele G, Dreinhofer K, Bucking B, Becker C, Benzinger P. Epidemiology of hip fractures: Systematic literature review of German data and an overview of the international literature. Z Gerontol Geriatr. 2019;52(1):10-6. doi:10.1007/s00391-018-1382-z.
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,33 Dyer SM, Crotty M, Fairhall N, Magaziner J, Beaupre LA, Cameron ID, et al. A critical review of the long-term disability outcomes following hip fracture. BMC Geriatr. 2016;16(1):158. doi:10.1186/s12877-016-0332-0.
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. Os resultados variam amplamente de país para país44 Kanis JA, Oden A, McCloskey EV, Johansson H, Wahl DA, Cooper C, et al. A systematic review of hip fracture incidence and probability of fracture worldwide. Osteoporos Int. 2012;23(9):2239-56. doi:10.1007/s00198-012-1964-3.
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, de região para região e entre etnias55 Curtis EM, van der Velde R, Moon RJ, van den Bergh JP, Geusens P, de Vries F, et al. Epidemiology of fractures in the United Kingdom 1988-2012: Variation with age, sex, geography, ethnicity and socioeconomic status. Bone. 2016;87:19-26. doi:10.1016/j.bone.2016.03.006.
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. No sul do Brasil, as fraturas de quadril são altamente prevalentes e apresentam altas taxas de mortalidade na população branca66 Silva DMW, Lazaretti-Castro M, Freitas Zerbini CA, Szejnfeld VL, Eis SR, Borba VZC. Incidence and excess mortality of hip fractures in a predominantly Caucasian population in the South of Brazil. Arch Osteoporos. 2019;14(1):47. doi:10.1007/s11657-019-0597-y.
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. Outros fatores também são importantes, como a influência do clima, com maior incidência de quedas e fraturas nos meses de inverno77 Roman Ortiz C, Tenias JM, Estarlich M, Ballester F. Systematic review of the association between climate and hip fractures. Int J Biometeorol. 2015;59(10):1511-22. doi:10.1007/s00484-014-0945-y.
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,88 Chow KP, Fong DYT, Wang MP, Wong JYH, Chau PH. Meteorological factors to fall: a systematic review. Int J Biometeorol. 2018;62(12):2073-88. doi:10.1007/s00484-018-1627-y.
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.
As taxas de morbimortalidade desta condição variam de acordo com diversos fatores de risco99 Chang W, Lv H, Feng C, Yuwen P, Wei N, Chen W, et al. Preventable risk factors of mortality after hip fracture surgery: Systematic review and meta-analysis. Int J Surg. 2018;52:320-8. doi:10.1016/j.ijsu.2018.02.061.
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,1010 Sheehan KJ, Sobolev B, Guy P. Mortality by Timing of Hip Fracture Surgery: Factors and Relationships at Play. J Bone Joint Surg Am. 2017;99(20):e106. doi:10.2106/JBJS.17.00069.
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. Dentre estes, aqueles relacionados ao estado nutricional interferem tanto nos desfechos clínicos quanto nas taxas de mortalidade1111 Malafarina V, Reginster JY, Cabrerizo S, Bruyere O, Kanis JA, Martinez JA, et al. Nutritional Status and Nutritional Treatment Are Related to Outcomes and Mortality in Older Adults with Hip Fracture. Nutrients. 2018;10(5):555. doi:10.3390/nu10050555.
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,1212 Hidayat K, Du X, Shi BM, Qin LQ. Systematic review and meta-analysis of the association between dairy consumption and the risk of hip fracture: critical interpretation of the currently available evidence. Osteoporos Int. 2020;31(8):1411-25. doi:10.1007/s00198-020-05383-3.
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. Níveis baixos de albumina estão associados a resultados desfavoráveis1313 Li S, Zhang J, Zheng H, Wang X, Liu Z, Sun T. Prognostic Role of Serum Albumin, Total Lymphocyte Count, and Mini Nutritional Assessment on Outcomes After Geriatric Hip Fracture Surgery: A Meta-Analysis and Systematic Review. J Arthroplasty. 2019;34(6):1287-96. doi:10.1016/j.arth.2019.02.003.
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, enquanto níveis baixos de 25(OH)D3 estão associados a risco geral aumentado de fraturas em idosos1414 Wang N, Chen Y, Ji J, Chang J, Yu S, Yu B. The relationship between serum vitamin D and fracture risk in the elderly: a meta-analysis. J Orthop Surg Res. 2020;15(1):81. doi:10.1186/s13018-020-01603-y.
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15 Yao P, Bennett D, Mafham M, Lin X, Chen Z, Armitage J, et al. Vitamin D and Calcium for the Prevention of Fracture: A Systematic Review and Meta-analysis. JAMA Netw Open. 2019;2(12):e1917789. doi:10.1001/jamanetworkopen.2019.17789.
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16 Chakhtoura M, Chamoun N, Rahme M, Fuleihan GE. Impact of vitamin D supplementation on falls and fractures-A critical appraisal of the quality of the evidence and an overview of the available guidelines. Bone. 2020;131:115112. doi:10.1016/j.bone.2019.115112.
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-1717 Guerra MT, Feron ET, Viana RD, Maboni J, Pastore SI, Castro CC. Elderly with proximal hip fracture present significantly lower levels of 25-hydroxyvitamin D. Rev Bras Ortop. 2016;51(5):583-8. doi:10.1016/j.rboe.2016.08.013.
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. Alguns autores analisaram possíveis associações de 25(OH)D3 com morbimortalidade após tratamento cirúrgico de fratura de quadril1818 Whiting SJ, Li W, Singh N, Quail J, Dust W, Hadjistavropoulos T, et al. Predictors of hip fractures and mortality in long-term care homes in Saskatchewan: Does vitamin D supplementation play a role? J Steroid Biochem Mol Biol. 2020;200:105654. doi:10.1016/j.jsbmb.2020.105654.
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,1919 Toldy E, Salamon A, Kalman B, Agota K, Horvath D, Locsei Z. Prognostic Relevance of Circulating 25OHD Fractions for Early Recovery and Survival in Patients with Hip Fracture (dagger). J Clin Med. 2018;7(8):193. doi:10.3390/jcm7080193.
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.
No atendimento a pacientes idosos com fratura de quadril, conhecer os fatores que podem identificar aqueles com maior risco de morte proporciona melhor entendimento das condições clínicas desses pacientes, o que pode melhorar o atendimento a essa complexa população de pacientes. Nesse contexto, o presente estudo foi desenhado para avaliar a associação entre os níveis séricos de 25(OH)D3 no pré-operatório e a mortalidade em um ano em idosos (idade >60 anos) submetidos a correção cirúrgica de fratura de quadril na região sul do Brasil.
MÉTODOS
Design de estudo
Coorte prospectiva.
Participantes
Este estudo baseia-se em estudo primário coorte retrospectivo1717 Guerra MT, Feron ET, Viana RD, Maboni J, Pastore SI, Castro CC. Elderly with proximal hip fracture present significantly lower levels of 25-hydroxyvitamin D. Rev Bras Ortop. 2016;51(5):583-8. doi:10.1016/j.rboe.2016.08.013.
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, sendo que após a publicação desses resultados, outros pacientes foram incluídos na coorte. Os critérios de inclusão foram pacientes com idade >60 anos submetidos a tratamento cirúrgico para fraturas de quadril de baixa energia, entre janeiro de 2015 e dezembro de 2016. Excluímos pacientes com refratura, trauma de alta energia ou doenças infecciosas concomitantes, pacientes que não apresentavam níveis de 25(OH)D3 medidos no pré-operatório e aqueles que não estavam deambulando no início do estudo.
Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, 236 pacientes foram inscritos. Destes, 27 não tiveram os níveis de 25(OH)D3 registrados. Portanto, 209 pacientes foram analisados no presente estudo (Figura 1).
Ética
O protocolo do estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da instituição (equivalente IRB) em 26 de junho de 2017. O estudo foi realizado de acordo com a Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde do Brasil. Todos os procedimentos estavam de acordo com os padrões éticos do comitê de pesquisa institucional e com a declaração de Helsinque de 1964 e emendas posteriores ou padrões éticos comparáveis. O consentimento informado por escrito foi obtido de todos os participantes ou seus cuidadores antes da inscrição. Pacientes ou cuidadores foram contatados por telefone. Se o contato telefônico não obtivesse sucesso, busca ativa foi realizada para obter informações sobre mortalidade nos registros oficiais.
Procedimentos
Todos os pacientes foram tratados seguindo protocolo de atendimento a idosos com fratura de quadril. No dia da admissão, juntamente com avaliação pré-operatória de rotina, os níveis séricos de 25(OH)D3 e outros parâmetros foram medidos. O procedimento cirúrgico indicado por protocolo (Figura 2) foi realizado por cirurgião ortopédico experiente.
Protocolo institucional para tratamento de fraturas de quadril em idosos. DHS, parafuso de quadril dinâmico; PFN, haste femoral proximal; THR, artroplastia total do quadril; PHR, artroplastia parcial do quadril.
Desde o período pré-operatório, todos os pacientes foram acompanhados por equipe de internistas. À admissão, os assistentes sociais do hospital avaliaram as condições de cada paciente, para garantir retorno seguro ao seu local de origem (casa ou outro lugar). No pós-operatório, os pacientes foram acompanhados pela equipe de Ortopedia e Cirurgia do Trauma do hospital por, pelo menos, um ano.
Variáveis de Resultado
O principal resultado de interesse foi a mortalidade.
Avaliação de covariáveis
Como indicado, todos os pacientes tiveram níveis séricos de vários marcadores medidos à admissão. Coletamos informações sobre tabagismo e ingestão de álcool, diagnóstico preexistente de demência, hipertensão, diabetes mellitus, doença renal crônica, AIDS, hepatite, delírio, trombose venosa profunda, peso e altura, proteína C reativa, vitamina D, albumina, ureia, creatinina, glicose e hemograma completo com diferencial. De acordo com o protocolo institucional, um cardiologista calculou o escore de risco de complicações cardíacas proposto por Lee et al2020 Lee TH, Marcantonio ER, Mangione CM, Thomas EJ, Polanczyk CA, Cook EF, et al. Derivation and prospective validation of a simple index for prediction of cardiac risk of major noncardiac surgery. Circulation. 1999;100(10):1043-9. doi:10.1161/01.cir.100.10.1043.
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.
Tamanho da Amostra
Assumindo taxa de mortalidade em um ano de 20% para o grupo de referência (25(OH)D3 sérica >20 ng/mL) e 40% para o grupo exposto (25(OH)D3 ≤15ng/mL), 82 pacientes por grupo forneceriam poder estatístico de 80%, com um erro tipo I bicaudal de 0,05. Para permitir a modelagem estatística multivariada, o tamanho da amostra foi aumentado em 20%. Portanto, nosso estudo foi desenhado para incluir um total de 200 pacientes (100 pacientes por grupo).
Depois de analisar vários intervalos de níveis séricos de 25(OH)D3, escolhemos os pontos de corte <12,5ng/mL, 12,5 25ng/mL e >5ng/mL, já que resultaram em intervalos de maior significância estatística.
RESULTADOS
De 289 pacientes, 236 preencheram os critérios de inclusão. Destes, 209 tiveram os níveis séricos de 25(OH)D3 medidos e foram incluídos na presente análise (Figura 1). Entre as fraturas, 44% foram do colo do fêmur, 47% trocantéricas e 9% subtrocantéricas. Cinquenta e dois pacientes morreram durante o primeiro ano pós-operatório, o que representa taxa de mortalidade em um ano de 22%. Destes, 44% tinham fraturas do colo do fêmur, 50% tinham fraturas trocantéricas e 3% tinham fraturas subtrocantéricas. Observamos índice de massa corporal (IMC) <18,5kg/m2 em 9% dos pacientes. No total, 61% tinham níveis séricos de 25(OH)D3 abaixo de 20ng/mL. Os níveis séricos de 25(OH)D3 foram significativamente maiores nos sobreviventes do que naqueles que morreram até um ano após a operação (p=0,003). Da mesma forma, os níveis de albumina foram significativamente mais baixos em pacientes que morreram no primeiro ano de pós-operatório do que entre os sobreviventes (p=0,03). Não houve diferença significativa para região da fratura, IMC, proporção neutrófilos / linfócitos, proteína C reativa ou níveis de glicose no sangue entre os pacientes que morreram e os que sobreviveram (Tabela 1).
Em relação à 25(OH)D3, 50% dos pacientes com níveis abaixo de 12,5ng/mL morreram (Figura 3), com razão de chance (Odds Ratio - OR) de 7,40 para mortalidade (p=0,001). Após o ajuste para potenciais efeitos de confusão de idade, sexo e nível de albumina <3g/dL, o OR foi de 7,60 (p=0,001) (Tabela 2).
DISCUSSÃO
A fratura de quadril é importante problema de saúde pública em todo o mundo. Nos últimos cinco anos, mais de 4.846 artigos com termo MeSH principal Hip Fracture foram indexados no MEDLINE. No entanto, consulta de pesquisa combinando termos MeSH principal Hip Fracture e Risk Factors no título resulta em pouco mais de 137 artigos. Com a consulta (“hip fractures”[MeSH Major Topic]) AND (“Vitamin D”[MeSH Major Topic]), apenas um resultado foi encontrado nos últimos cinco anos2121 Fisher A, Fisher L, Srikusalanukul W, Smith PN. Usefulness of simple biomarkers at admission as independent indicators and predictors of in-hospital mortality in older hip fracture patients. Injury. 2018;49(4):829-40. doi:10.1016/j.injury.2018.03.005.
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.
Segundo nos consta, até o momento nenhum estudo associou os níveis séricos de 25(OH)D3 com a taxa de mortalidade após fratura de quadril na América do Sul. Considerando que nosso estado está geograficamente localizado próximo ao paralelo 30 Sul e a composição étnica da população do sul do Brasil é predominantemente branca (>80%)2222 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Tabela 3175: População residente, por cor ou raça, segundo a situação do domicílio, o sexo e a idade. Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br/Tabela/3175#resultado, August 2020.
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, estudos avaliando os efeitos dos níveis séricos de 25(OH)D3 em pacientes com fratura de quadril são necessários. Nossa amostra é semelhante às relatadas anteriormente na literatura em termos de idade e sexo1818 Whiting SJ, Li W, Singh N, Quail J, Dust W, Hadjistavropoulos T, et al. Predictors of hip fractures and mortality in long-term care homes in Saskatchewan: Does vitamin D supplementation play a role? J Steroid Biochem Mol Biol. 2020;200:105654. doi:10.1016/j.jsbmb.2020.105654.
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,1919 Toldy E, Salamon A, Kalman B, Agota K, Horvath D, Locsei Z. Prognostic Relevance of Circulating 25OHD Fractions for Early Recovery and Survival in Patients with Hip Fracture (dagger). J Clin Med. 2018;7(8):193. doi:10.3390/jcm7080193.
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O achado mais marcante de nosso estudo é a associação significativa entre os níveis de 25(OH)D3 <12,5ng/mL e o risco de morte no primeiro ano após o tratamento cirúrgico. Também observamos relação significativa entre níveis mais baixos de albumina e mortalidade em um ano. No entanto, apesar da estreita relação entre os níveis de 25(OH)D3 e albumina, a forte associação dos níveis de 25(OH)D3 com os desfechos de mortalidade persistiu mesmo após o ajuste dos resultados para albumina, idade e sexo.
A relação entre baixos níveis séricos de 25(OH)D3 e mortalidade por todas as causas tem sido bem estudada2323 Gaksch M, Jorde R, Grimnes G, Joakimsen R, Schirmer H, Wilsgaard T, et al. Vitamin D and mortality: Individual participant data meta-analysis of standardized 25-hydroxyvitamin D in 26916 individuals from a European consortium. PLoS One. 2017;12(2):e0170791. doi:10.1371/journal.pone.0170791.
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,2424 Pilz S, Grubler M, Gaksch M, Schwetz V, Trummer C, Hartaigh BO, et al. Vitamin D and Mortality. Anticancer Res. 2016;36(3):1379-87., com níveis inferiores a 30ng/mL associados a risco aumentado de morte. Outros autores também apontaram associações entre níveis de 25(OH)D3 e mortalidade. Toldy et al.1919 Toldy E, Salamon A, Kalman B, Agota K, Horvath D, Locsei Z. Prognostic Relevance of Circulating 25OHD Fractions for Early Recovery and Survival in Patients with Hip Fracture (dagger). J Clin Med. 2018;7(8):193. doi:10.3390/jcm7080193.
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obtiveram resultados semelhantes aos nossos em estudo caso-controle. Fisher et al.2121 Fisher A, Fisher L, Srikusalanukul W, Smith PN. Usefulness of simple biomarkers at admission as independent indicators and predictors of in-hospital mortality in older hip fracture patients. Injury. 2018;49(4):829-40. doi:10.1016/j.injury.2018.03.005.
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conduziram análise multivariada em que encontraram sete variáveis que independentemente aumentaram a mortalidade hospitalar em pacientes tratados para fratura do quadril, incluindo níveis séricos de 25(OH)D3 abaixo de 25nmol/L. Whiting et al.1818 Whiting SJ, Li W, Singh N, Quail J, Dust W, Hadjistavropoulos T, et al. Predictors of hip fractures and mortality in long-term care homes in Saskatchewan: Does vitamin D supplementation play a role? J Steroid Biochem Mol Biol. 2020;200:105654. doi:10.1016/j.jsbmb.2020.105654.
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, utilizando dados de coorte de 23,178 indivíduos divididos em um grupo sem suplementação de vitamina D e um grupo com mínimo de 80UI/dia de suplemento de vitamina D, mostraram que, em homens, que sabidamente têm maior risco de mortalidade, a diminuição no risco com a suplementação de vitamina D não foi significativa. Em adição ao viés de seleção relatado no estudo, a suplementação não foi regular, tampouco relacionada aos níveis séricos de 25(OH)D3. Lee et al.2525 Lee GH, Lim JW, Park YG, Ha YC. Vitamin D deficiency is highly concomitant but not strong risk factor for mortality in patients aged 50 year and older with hip fracture. J Bone Metab. 2015;22:205-9. doi: 10.11005/jbm.2015.22.4.205.
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mostraram relação entre baixos níveis de 25(OH)D3 e mortalidade em análise univariada. No entanto, ao contrário de nosso estudo, não observaram relação significativa pela análise multivariada.
Nossos resultados levantam a questão da reposição de vitamina D. Busca ativa no PubMed combinando (“hip fractures”[MeSH Major Topic]) AND (“vitamin D/administration and dosage”[MeSH Major Topic]) retornou três artigos2626 Or O, Fisher Negev T, Hadad V, Shabtai R, Katzir A, Wei Y, et al. Fracture liaison service for hip fractures: is it a game changer? Isr Med Assoc J. 2021;23(8):490-3.
27 Thorpe DL, Beeson WL, Knutsen R, Fraser GE, Knutsen SF. Dietary patterns and hip fracture in the Adventist Health Study 2: combined vitamin D and calcium supplementation mitigate increased hip fracture risk among vegans. Am J Clin Nutr. 2021;114(2):488-95. doi:10.1093/ajcn/nqab095.
https://doi.org/10.1093/ajcn/nqab095...
-2828 Al-Khalidi B, Ewusie JE, Hamid J, Kimball S. Effectiveness and safety of steady versus intermittent high dose vitamin D supplementation for the prevention of falls and fractures among adults: a protocol for systematic review and network meta-analysis. BMJ Open. 2019;9(8):e027349. doi:10.1136/bmjopen-2018-027349.
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. Or et al.2626 Or O, Fisher Negev T, Hadad V, Shabtai R, Katzir A, Wei Y, et al. Fracture liaison service for hip fractures: is it a game changer? Isr Med Assoc J. 2021;23(8):490-3., além de outras medidas, implementaram protocolo para administração de 2000UI de vitamina D/dia em pacientes com níveis de 25(OH)D3 acima de 20ng/mL. Se os níveis de 25(OH)D3 estivessem abaixo de 20ng/mL, os pacientes recebiam dose inicial de 75.000UI. Esses pacientes foram monitorados por profissionais de saúde com o propósito de manter a adesão ao protocolo. Apesar da redução nas taxas de mortalidade, os autores reconheceram as fragilidades metodológicas do estudo. Thorpe et al.2727 Thorpe DL, Beeson WL, Knutsen R, Fraser GE, Knutsen SF. Dietary patterns and hip fracture in the Adventist Health Study 2: combined vitamin D and calcium supplementation mitigate increased hip fracture risk among vegans. Am J Clin Nutr. 2021;114(2):488-95. doi:10.1093/ajcn/nqab095.
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relataram diminuição no risco de fratura do quadril entre vegetarianas brancas do sexo feminino com a suplementação de vitamina D. No entanto, não investigaram o período pós-operatório, e o perfil demográfico e alimentar da amostra é muito específico. Al-Khalidi et al.2828 Al-Khalidi B, Ewusie JE, Hamid J, Kimball S. Effectiveness and safety of steady versus intermittent high dose vitamin D supplementation for the prevention of falls and fractures among adults: a protocol for systematic review and network meta-analysis. BMJ Open. 2019;9(8):e027349. doi:10.1136/bmjopen-2018-027349.
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concluíram que a suplementação de vitamina D é eficaz na prevenção de fraturas do quadril.
Nosso estudo tem limitações. As especificidades socioeconômicas de nossa região e as características étnicas de nossa população podem ter causado algum viés de seleção. No entanto, acreditamos que essa limitação também represente oportunidade de conhecer o comportamento desses fatores em outros cenários.
Entendemos que a influência da vitamina D sobre os resultados de pacientes com fraturas de quadril necessita ser investigada. Algumas questões permanecem sem resposta: há espaço para a reposição de vitamina D nesses pacientes? Para todos os pacientes? Em que dose? Começando quando? Até quando? O que é a associação de níveis séricos de 25(OH)D3 com resultados funcionais? Temos dados suficientes para implementar políticas de reposição pública de vitamina D na população mais idosa? Nossos dados mostraram que a baixos níveis de albumina sérica também estão associados à mortalidade de um ano. Embora os modelos de regressão logística não tenham associado os dois fatores, entendemos que mais estudos são necessários para avaliar o verdadeiro papel da albumina nestes cenários. Finalmente, o nosso estudo teve poder suficiente para nos permitir afirmar que níveis séricos de albumina inferiores a 3g/dL, bem como níveis séricos de 25(OH)D3 menores que 12,5ng/mL, significativa e independentemente aumentam o risco de mortalidade no primeiro ano após reparo cirúrgico de fratura de quadril de baixa energia em pacientes com mais de 60 anos de idade.
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Fonte de financiamento:
não.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
01 Abr 2022 -
Data do Fascículo
2022
Histórico
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Recebido
05 Maio 2021 -
Aceito
25 Out 2021