Resumo de Teses
Quimioterapia Primáriaem Câncer de Mama Localmente Avançado. Estudo Comparativo entre Dois Esquemas Terapêuticos com Intensificação de Doses
Tese apresentada à banca examinadora do Instituto de Ginecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos à obtenção do grau de Doutor em Medicina, Rio de Janeiro-RJ, em 06/05/97.
Autor: Dr. Maurício Augusto Silva Magalhães Costa
Orientador: Prof. Dr. Jacir Luiz Balen
Realizou-se estudo clínico prospectivo, fase III, multicêntrico, aberto, aleatório e comparativo. Foram avaliadas 60 pacientes portadoras de câncer de mama localmente avançado, estádio IIIA, divididas em dois grupos, que foram submetidas à quimioterapia primária, com ou sem intensificação de dose, por quatro ciclos, e à cirurgia.
Utilizou-se protocolo FEC 50 no grupo A (5-FU 500 mg/m2, epirrubicina 50 mg/m2 e ciclofosfamida 500 mg/m2) e FEC 100 no grupo B (5-FU 500 mg/m2, epirrubicina 100 mg/m2 e ciclofosfamida 500 mg/m2).
Foram analisados, durante a quimioterapia, o estado geral, variação ponderal, alopécia, alterações digestivas, hematológicas e cardiotoxicidade. Após a quimioterapia avaliou-se a resposta tumoral clínica e, na peça cirúrgica, a resposta anatomopatológica.
O estado geral alterou-se em 22 pacientes (36%), sendo que 5 (8%) no grupo A e 17 (28%) no grupo B. A maioria, 38 pacientes (64%), manteve seu estado geral inicial inalterado. Verificou-se um maior ganho ponderal no grupo B, porém dentro de valores médios.
Evidenciou-se uma diminuição progressiva dos valores hematológicos médios. No grupo A não houve necessidade de redução ou adiamento das doses. No grupo B a mielossupressão foi mais intensa e determinou redução das doses em 34 ciclos (28%) de 16 pacientes, porém não levou a situações clínicas de risco de vida.
Náuseas e vômitos ocorreram em 68,7% dos ciclos. No grupo B houve um maior percentual de formas severas. A diarréia foi manifestação digestiva pouco freqüente, comprometendo apenas 6 ciclos e sempre de forma leve.
Houve redução nos níveis da fração de ejeção ventricular esquerda (FEVE) em 90% dos casos, sendo 80% no grupo A e 100% no grupo B. Em apenas 8 casos (13%) a FEVE esteve abaixo do normal, sendo 2 (6%) no grupo A e 6 (20%) no grupo B. Nas outras pacientes as reduções da FEVE foram menores que 20%. Houve alterações inespecíficas no eletrocardiograma (ECG). As mais freqüentes foram alterações da repolarização ventricular, taquicardia e extra-sístoles. As alterações da FEVE e ECG foram mais freqüentes e intensas no grupo B, porém não tiveram manifestações clínicas.
A resposta clínica objetiva (resposta completa e resposta parcial) nos grupos A e B foi 93% e 96%, respectivamente. Os resultados foram similares, porém no grupo B houve um percentual maior de respostas clínicas completas.
Avaliou-se a doença residual no sítio primário e nos linfonodos axilares. No grupo A houve 4 (13%) casos de reposta anatomopatológica completa, 12 (40%) de tumor residual microscópico e 14 (47%) de tumor macroscópico. No grupo B ocorreram 10 (33%) casos de resposta anatomopatológica completa, 7 (23%) de tumor residual microscópico e 13 (44%) de tumor macroscópico.
Concluiu-se que a quimioterapia primária proporcionou resposta clínica e anatomopatológica maior no grupo com intensificação de dose. A toxicidade, tolerável e reversível, foi mais acentuada no grupo de altas doses.
Palavras-chave: Mama: câncer. Quimioterapia. Quimioterapia neoadjuvante.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
11 Abr 2007 -
Data do Fascículo
Jul 1998