Resumos
OBJETIVO: Investigar as repercussões clínicas, biomecânicas e histomorfométricas do ácido zoledrônico em tíbias de ratas osteoporóticas, após ooforectomia bilateral. MÉTODOS: Foram estudadas, prospectivamente, 40 ratas da linhagem Wistar (Rattus novergicus albinus). Com 60 dias de vida, os animais foram aleatorizados em dois grupos de acordo com o procedimento cirúrgico: ooforectomia bilateral (O) (n=20) e pseudo-cirurgia ("sham") (P) (n=20). Após 30 dias, os animais foram divididos em quatro subgrupos, de acordo com a administração de 0,1mg/kg de ácido zoledrônico (AZ) ou água destilada (AD): OAZ (n=10), OAD (n=10), PAZ (n=10) e PAD (n=10). Após 12 meses, os animais foram eutanasiados e suas tíbias analisadas. No estudo clínico foi considerado o peso dos animais; no estudo biomecânico foram realizados ensaios compressivos e na análise histomorfométrica foi determinada a área trabecular óssea. RESULTADOS: Os grupos "O" tiveram aumento de peso significativamente maior que os grupos "P" (p=0,005). Os grupos OAZ e PAZ tiveram aumento, não significativo, de peso quando comparados aos grupos OAD (p=0,47) e PAD (p=0,68). Os grupos com ácido zoledrônico e com água destilada suportaram carga máxima, semelhante (p=0,2), no momento em que ocorreu fratura. Nos grupos com ácido zoledrônico verificou-se o aumento não significante da área trabecular óssea quando comparados aos grupos com água destilada (p=0,21). Houve correlação positiva entre a área trabecular e a carga máxima (p=0,04; r=0,95). CONCLUSÃO: O ácido zoledrônico não influiu significativamente no peso dos animais. Os resultados mostraram aumento, não significante, tanto da resistência óssea diafisária tibial, como da área trabecular óssea.
Osteoporose; Biomecânica; Tíbia; Epidemiologia experimental; Ratos Wistar; Estudos prospectivos
OBJECTIVE: To investigate clinical, biomechanic and histomorphometric effects of zoledronic acid on osteoporotic rats'tibiae after bilateral ooforectomy. METHODS: 40 female Wistar (Rattus novergicus albinus) rats were prospectively studied. On the 60th day of life, the animals were randomized into two groups according to the surgical procedure: bilateral ooforectomy (O) (n=20) and sham surgery ("sham") (P) (n=20). After 30 days, the animals were divided into four groups, according to the administration of zoledronic acid (ZA) 0.1mg/kg or distilled water (DW): OZA (n=10), ODW (n=10), PZA (n=10) and PDW (n=10). After 12 months, the animals were sacrificed, and had their tibiae assessed. In the clinical study, animals'weight was considered; in the biomechanical study, compressive assays were applied and, in the histomorphometric analysis, the bone trabecular area was determined. RESULTS: "O" groups showed a significantly greater weight gain than "P" groups (p=0.005). Groups OZA and PZA showed an insignificant weight gain when compared to ODW (p=0.47) and PDW (p=0.68). The groups receiving zoledronic acid and distilled water were able to bear maximum load, similar (p=0.2), at the moment of fracture. In the groups receiving zoledronic acid, an insignificant increase of the bone trabecular area was found when compared to the groups receiving distilled water (p=0.21). There was a positive correlation between trabecular area and maximum load (p=0.04; r=0.95). CONCLUSION: Zoledronic acid did not significantly influence animals' weight. The results showed an insignificant increase both of the tibial shaft bone resistance and the bone trabecular area.
Osteoporosis; Biomechanics; Tibia; Experimental epidemiology; Wistar rats; Prospective studies
ARTIGO ORIGINAL
Efeito do ácido zoledrônico em tíbias de ratas ooforectomizadas. Estudo prospectivo e randomizado.
Effects of zoledronic acid on ooforectomized rats' tibiae: a prospective and randomized study
Fernando Roberto Alves PereiraI; Ricardo César DutraI; Thiago César Reis OlímpioI; Sérgio Swain MüllerII; Evandro Pereira PalacioIII
IMédico Residente do Programa de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina de Marília/Famema - Marília/SP
IIProfessor Assistente Doutor do Departamento de Cirurgia e Ortopedia da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp - Botucatu/SP
IIIProfessor Assistente do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina de Marília/Famema - Marília/SP
Correspondência Correspondência: Dr. Evandro P. Palacio Faculdade de Medicina de Marília/Famema Departamento de Ortopedia e Traumatologia Rua Monte Carmelo, 800 Fragata CEP 17519-030, Marília/SP, Brasil E-mail: palacio@famema.br
RESUMO
OBJETIVO: Investigar as repercussões clínicas, biomecânicas e histomorfométricas do ácido zoledrônico em tíbias de ratas osteoporóticas, após ooforectomia bilateral.
MÉTODOS: Foram estudadas, prospectivamente, 40 ratas da linhagem Wistar (Rattus novergicus albinus). Com 60 dias de vida, os animais foram aleatorizados em dois grupos de acordo com o procedimento cirúrgico: ooforectomia bilateral (O) (n=20) e pseudo-cirurgia ("sham") (P) (n=20). Após 30 dias, os animais foram divididos em quatro subgrupos, de acordo com a administração de 0,1mg/kg de ácido zoledrônico (AZ) ou água destilada (AD): OAZ (n=10), OAD (n=10), PAZ (n=10) e PAD (n=10). Após 12 meses, os animais foram eutanasiados e suas tíbias analisadas. No estudo clínico foi considerado o peso dos animais; no estudo biomecânico foram realizados ensaios compressivos e na análise histomorfométrica foi determinada a área trabecular óssea.
RESULTADOS: Os grupos "O" tiveram aumento de peso significativamente maior que os grupos "P" (p=0,005). Os grupos OAZ e PAZ tiveram aumento, não significativo, de peso quando comparados aos grupos OAD (p=0,47) e PAD (p=0,68). Os grupos com ácido zoledrônico e com água destilada suportaram carga máxima, semelhante (p=0,2), no momento em que ocorreu fratura. Nos grupos com ácido zoledrônico verificou-se o aumento não significante da área trabecular óssea quando comparados aos grupos com água destilada (p=0,21). Houve correlação positiva entre a área trabecular e a carga máxima (p=0,04; r=0,95).
CONCLUSÃO: O ácido zoledrônico não influiu significativamente no peso dos animais. Os resultados mostraram aumento, não significante, tanto da resistência óssea diafisária tibial, como da área trabecular óssea.
Descritores: Osteoporose; Biomecânica; Tíbia; Epidemiologia experimental; Ratos Wistar; Estudos prospectivos
ABSTRACT
OBJECTIVE: To investigate clinical, biomechanic and histomorphometric effects of zoledronic acid on osteoporotic rats'tibiae after bilateral ooforectomy.
METHODS: 40 female Wistar (Rattus novergicus albinus) rats were prospectively studied. On the 60th day of life, the animals were randomized into two groups according to the surgical procedure: bilateral ooforectomy (O) (n=20) and sham surgery ("sham") (P) (n=20). After 30 days, the animals were divided into four groups, according to the administration of zoledronic acid (ZA) 0.1mg/kg or distilled water (DW): OZA (n=10), ODW (n=10), PZA (n=10) and PDW (n=10). After 12 months, the animals were sacrificed, and had their tibiae assessed. In the clinical study, animals'weight was considered; in the biomechanical study, compressive assays were applied and, in the histomorphometric analysis, the bone trabecular area was determined.
RESULTS: "O" groups showed a significantly greater weight gain than "P" groups (p=0.005). Groups OZA and PZA showed an insignificant weight gain when compared to ODW (p=0.47) and PDW (p=0.68). The groups receiving zoledronic acid and distilled water were able to bear maximum load, similar (p=0.2), at the moment of fracture. In the groups receiving zoledronic acid, an insignificant increase of the bone trabecular area was found when compared to the groups receiving distilled water (p=0.21). There was a positive correlation between trabecular area and maximum load (p=0.04; r=0.95).
CONCLUSION: Zoledronic acid did not significantly influence animals' weight. The results showed an insignificant increase both of the tibial shaft bone resistance and the bone trabecular area.
Keywords: Osteoporosis; Biomechanics; Tibia; Experimental epidemiology; Wistar rats; Prospective studies
INTRODUÇÃO
As transformações tecnológicas ocorridas no Brasil durante o último século, o avanço da medicina e a urbanização, levaram ao aumento da expectativa de vida da população em geral e estão proporcionando o seu envelhecimento (* (* ) IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Projeção da população do Brasil. O Brasil já tem mais de 180 milhões de habitantes.[Comunicação social de 30 de agosto de 2004]. IBGE 2004. )(1,2). Mais do que dados demográficos isolados, este aumento significativo da parcela idosa da população exige novos e eficientes investimentos em saúde pública. As doenças crônico-degenerativas tornam-se cada vez mais comuns e, dentre elas, a osteoporose assume papel relevante(3).
Causada, principalmente, pela perda do balanço homeostático do tecido ósseo, a osteoporose é uma doença assintomática. Na maioria dos casos, a doença se manifesta inicialmente pela ocorrência de fraturas, principalmente vertebrais, femorais e da extremidade distal do rádio(4-6).
A prevenção é o tratamento de escolha. Sabe-se que a poupança óssea, realizada durante a mocidade, é um dos fatores primordiais para instalação ou não da osteoporose(5-7). Em alguns casos, a terapia medicamentosa torna-se a medida mais eficaz para reverter ou, mais comumente, impedir o avanço da doença(5,8,9). Existem, atualmente, duas classes principais de medicamentos: os agentes inibidores da reabsorção óssea e os agentes estimuladores de sua formação(8).
Os representantes mais acreditados da classe dos inibidores da reabsorção óssea são os bisfosfonatos, que, bloqueando a atividade osteoclástica, são especialmente úteis nas doenças que se manifestam por rápida remodelação óssea(10,11). Dentre os medicamentos desta classe terapêutica, os chamados amino-bisfosfonatos, ou bisfosfonatos de 3ª geração, são até 10 mil vezes mais potentes que os bisfosfonatos mais conhecidas(12-14).
O ácido zoledrônico (zoledronato), um novo bisfosfonato, na dose de 5mg ao ano, em infusão endovenosa, é indicado como capaz de diminuir os efeitos colaterais decorrentes do uso diário desta classe farmacológica, bem como eliminar a baixa adesão dos pacientes ao tratamento(15,16).
As poucas publicações existentes relacionam o ácido zoledrônico à prevenção de fraturas por osteoporose em coluna vertebral e no segmento proximal do fêmur(17-19). O objetivo deste estudo foi avaliar, por meio de estudos clínicos, biomecânicos e histomorfométricos, o efeito do ácido zoledrônico, em dose única anual, sobre a diáfise tibial de ratas ooforectomizadas.
MÉTODOS
Todos os procedimentos foram aprovados pela Comissão de Ética em Experimentação Animal da Faculdade de Medicina de Botucatu/SP, sob o nº 622/2007. Foram utilizadas 40 ratas (Rattus novergicus albinus), linhagem Wistar, sexualmente maduras e virgens, procedentes do Biotério Central da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP) - Campus de Botucatu.
Os animais, depois de avaliados clinicamente e pesados, foram alojados em grupos de cinco, em oito gaiolas de polipropileno com tampa de grade de metal e forradas com maravalha de pinho autoclavada. Estas eram limpas diariamente e mantidas em local seco e arejado, com temperatura ambiente controlada em 24º C e ciclo de luz claro/escuro de 12 horas. Foi oferecida aos animais ração para roedores (Labina®, Nestlé Purina PetCare Company©) e água ad libitum.
Aos 60 dias de vida, após atingirem a maturidade sexual, foram identificados, por perfurações na região auricular direita e esquerda, e aleatorizados, pelo método de sorteio de envelopes opacos lacrados, em dois grupos de acordo com o procedimento cirúrgico a que seriam submetidos: grupo ooforectomia (O) (n=20) e grupo pseudo-cirurgia ("sham") (P) (n=20).
O procedimento de castração foi realizado após anestesia, intraperitoneal, com 30 mg/kg de pentobarbital sódico 3% e tricotomia, bilateral, logo abaixo da última costela, dorso-lateralmente. Foram submetidos à assepsia com água e sabão, antissepsia com polivinilpirrolidona-iodo tintura (PVPI-tintura) e posicionados em mesa cirúrgica, em decúbito lateral. Após a colocação de campo estéril ocular, foi realizada incisão transversal na pele de aproximadamente 1,5cm de comprimento, entre a última costela e a articulação coxofemoral. Com auxílio de pinça, a cavidade peritoneal foi exposta, ultrapassando o plano muscular por divulsão, permitindo acesso ao ovário envolto em tecido adiposo (figura 1).
Procedeu-se à ligadura do ovário com fio de algodão 3.0 e secção do mesmo distalmente à ligadura. A musculatura e a pele foram aproximadas com fio de nylon 4.0, repetindo-se os mesmos procedimentos no lado contralateral para retirada do outro ovário. Os animais do grupo P foram submetidos aos mesmos procedimentos cirúrgicos descritos, com exceção do tempo cirúrgico de ligadura e secção dos ovários.
Aos 90 dias de vida e após nova aleatorização, os grupos "O" e "P", foram subdivididos em quatro subgrupos de acordo com a administração, intraperitoneal, na dose recomendada de 0,1mg/kg(17,20) de ácido zoledrônico (AZ) (AclastaTM, Novartis® Biociências S.A.) ou água destilada (AD), assim distribuidos: OAZ (n=10), OAD (n=10), PAZ (n=10) e PAD (n=10). Para administração das substâncias utilizou-se seringa estéril para insulina, com agulha fixa, marca Injex Stilly Line® (1ml/cc, agulha 12,7mm x 0,30 - 30G 1/2'').
Decorridos 12 meses após a administração do ácido zoledrônico ou de água destilada, os animais foram eutanasiados, com dose letal, intraperitoneal, de 80mg/kg de pentobarbital sódico 3%.
Após a eutanásia, as tíbias dos animais foram desarticuladas na região proximal (joelho) e distal (tornozelo), com a retirada das partes moles (músculos, tendões e ligamentos). Para o ensaio biomecânico, as tíbias direitas foram embaladas em papel alumínio, identificadas e congeladas por 24 horas, em refrigerador doméstico, à temperatura de -20ºC. As tíbias esquerdas foram acondicionadas em recipientes de vidro, limpos e devidamente identificados, e fixadas em solução de formaldeído 10%, para a realização do estudo histomorfométrico.
Estudo clínico: foi realizado pela análise da massa corpórea dos animais (g). As medições foram feitas mensalmente e sempre no mesmo dia, durante todo o experimento, utilizando-se balança digital com capacidade de seis quilogramas-força e variação de 5g. A aferição da balança era realizada trimestralmente por pessoal técnico.
Estudo biomecânico: para determinação das propriedades mecânicas das tíbias, foram realizados ensaios de flexão em três pontos, utilizando-se a Máquina Universal de Ensaios Mecânicos EMIC®, modelo DL 10.000, com precisão de (0,018 + F/3700)KN, apurada dentro das especificações das normas ABTN, NBR6156 e NBR6674. A máquina opera em conjunto com computador sob o sistema operacional WindowsTM 2000, sob o qual se utilizou o programa Mtest versão 1.00 para aferição dos resultados. Nas 12 horas antes do ensaio biomecânico, as tíbias direitas foram descongeladas e mantidas em compressas embebidas em soro fisiológico 0,9%. Os ossos foram apoiados, horizontal e individualmente, em suas extremidades, sobre dois blocos de madeira. A distância entre os dois pontos de apoio foi padronizada em 2/3 do comprimento do corpo de prova. O cutelo foi posicionado em ponto eqüidistante às extremidades, na face côncava das tíbias (Figura 2). Para determinação da carga máxima suportada pelo corpo, o cutelo foi posto em movimento a uma velocidade de 30mm/min(21,22). O cálculo da carga máxima foi realizado automaticamente pelo programa (Gráfico 1).
Estudo histomorfométrico: as tíbias esquerdas, após descalcificação, desidratação, diafanização e inclusão em parafina, foram cortadas transversalmente no terço médio e coradas por hematoxilina-eosina (HE)(23). As lâminas foram colocadas em microscópio (Laica®) acoplado a monitor de vídeo com resolução de 1024x768 pixels, que enviava as imagens digitais a um computador. A área de osso trabecular (µm2) foi calculada utilizando-se a objetiva de 5X e o programa de análise de imagens Image Pro plus® (Media Cybernetics, Silver Spring, Maryland, USA), em dois campos padrões da região central da diáfise tibial, após delimitação manual do perímetro das trabéculas (Figura 3). O cálculo da área total foi realizado automaticamente pelo programa(24).
Análise Estatística: foi realizada pela análise de variância (paramétrica ou não-paramétrica), no modelo inteiramente casualizado, complementada com os respectivos testes de comparações múltiplas, utilizando-se, para tanto, os programas SigmaStat® versão 3.5 (Systat Software Inc., 2006) e Minitab® versão 15 (Minitab Inc., 2007). A opção paramétrica (teste "t"de Student e teste de correlação de Pearson) era adotado quando a variável apresentava comportamento gaussiano, caso contrário, indicava-se a opção não-paramétrica (teste U de Mann-Whitney e o teste de Kruskal-Wallis associado ao teste de comparações múltiplas de Dunn). Para todos os cálculos foi utilizado o nível de significância de 5%.
RESULTADOS
Análise clínica: no geral, todos os grupos aumentaram a massa corpórea independente da substância administrada sem, contudo, apresentarem diferença significante (p=0,05) (Gráfico 2). O aumento da massa corpórea foi significativamente maior nos animais ooforectomizados (p=0,005) (Gráfico 3).
Levando-se em consideração a substância administrada, verificou-se, dentro do grupo O, que o sub-grupo que recebeu ácido zoledrônico (OAZ) aumentou mais a massa corpórea que o sub-grupo que recebeu água destilada (OAD), não havendo, contudo, diferença estatística (p=0,47) (Gráfico 4). O mesmo se deu em relação ao grupo pseudo-cirurgia (P) (p=0,68) (Gráfico 5).
Análise biomecânica: quando se compararam todos os quatro grupos, observou-se que aqueles que fizeram uso do ácido zoledrônico suportaram força de compressão maior que os que não o utilizaram, embora sem diferença estatística (p= 0,20) (Gráfico 6).
A média da carga máxima suportada do grupo OAZ (109,2N ±14,9) foi maior que a do grupo OAD (98,6N ±15,4), sem diferença estatística entre estes valores (p=0,14) (Gráfico 7). Verifica-se, contudo, que a média da carga máxima suportada pelo grupo OAZ (109,2 ±14,9) foi, estatisticamente, a mesma do grupo PAD (109,36 ±10,2) (p=0,98) (Gráfico 8); ao se comparar os grupos OAD e PAD, verifica-se uma tendência a haver diferença (p=0,08) (Gráfico 9).
Análise histomorfométrica: comparando os quatro grupos, verifica-se o aumento da área óssea trabecular mediana nos grupos que fizeram uso do ácido zoledrônico, ainda que sem significância estatística (p= 0,21) (Gráfico 10).
Não houve diferença ao comparar a área trabecular mediana tibial dos grupos OAD (153923,5 µm2) e OAZ (243002 µm2) (p=0,15). Porém, verifica-se, que a mediana da área trabecular do grupo OAZ (243002 µm2) foi, estatisticamente, a mesma do grupo PAD (176189 µm2) (p=0,90).
Análise de regressão linear: feita por meio do coeficiente de Pearson, mostrou haver correlação fortemente positiva entre a área trabecular óssea e a carga máxima suportada pelo corpo de prova (p=0,04; r=0,95) (Gráfico 11).
DISCUSSÃO
O ácido zoledrônico, um novo e poderoso bisfosfonato, age inibindo a ação osteoclástica e, conseqüentemente, diminuindo a reabsorção óssea(10,11). O osso do tipo trabecular é o principal sítio de ação da droga, mantendo a espessura e a densidade das conexões ósseas e aumentando sua resistência às fraturas(12-14). Pacientes com osteoporose, principalmente a primária do tipo I (pós-climatério), que apresentam uma alta atividade osteoclástica, podem beneficiar-se deste bisfosfonato de 3ª geração, simplesmente mantendo sua massa óssea trabecular(25).
Para a realização deste estudo, o rato foi escolhido por possuir características próximas às dos seres humanos, no que se refere aos sistemas músculo-esquelético e hormonal, além da facilidade de manuseio, disponibilidade em biotério e baixo custo(26-28).
Em se tratando da massa corporal, os animais com privação de hormônio, ou seja, ooforectomizados (grupo O), apresentaram maior ganho de massa corporal que o grupo pseudo-cirurgia (grupo P) (p=0,005). Achados semelhantes foram obtidos por outros autores(26,29,30). Após o climatério, em função da alteração não apenas da distribuição de tecido adiposo, causado pela deficiência de estrógenos, mas também pelo acúmulo periférico de gordura, ocorre alteração do perfil lipídico e aumento da massa corporal(31). Não verificamos, neste estudo, a influência do ácido zoledrônico no aumento da massa corporal dos animais, fato também comprovado por Reid et al(16), Hornby et al(32), Otrock et al(33) e Gilfillan et al(34). Conclui-se, portanto, que o aumento da massa corpórea foi causado pela retirada dos ovários (ooforectomia) e não pelas substâncias administradas.
Com relação à análise biomecânica, ao se comparar a carga máxima suportada pelas tíbias nos quatro grupos, observou-se que os grupos que fizeram uso do ácido zoledrônico apresentaram carga maior no momento de fratura, que os que não o utilizaram, embora sem diferença estatística (p=0,20), sugerindo o incremento da massa óssea trabecular naqueles grupos. Tais resultados se repetiram durante a análise dos grupos OAD e OAZ, não havendo diferença significativa entre os grupos (p=0,14), porém, com aumento substancial da carga máxima no grupo submetido ao ácido zoledrônico. Sabe-se, atualmente, que a resistência óssea à fraturas deve-se mais à quantidade e qualidade de osso trabecular que a de osso cortical(17). Tal fato poderia justificar os resultados obtidos, uma vez que a tíbia, em sua porção diafisária, possui menor quantidade de osso trabecular proporcionalmente à de osso cortical.
Histomorfometricamente, ao comparar-se a área trabecular óssea nos quatro grupos, pôde-se observar que os grupos que fizeram uso do ácido zoledrônico apresentaram maior área trabecular sem, contudo, significado estatístico (p=0,21). Analisando-se a área trabecular óssea dos grupos ooforectomizados, identificou-se que a presença do ácido zoledrônico não alterou a área trabecular de modo significativo (p=0,15), Contudo, a área trabecular mediana do grupo OAZ foi, estatisticamente, a mesma do grupo PAD (p=0,9), provando que o ácido zoledrônico teve efeito positivo na manutenção das trabéculas ósseas daquele grupo. Patlas et al analisaram o efeito da ooforectomia na diáfise, metáfise e epífise óssea de ratas, observando a diminuição das trabéculas apenas na região metafisária. Concluíram que a ooforectomia exerce mudanças significativas no osso trabecular de ossos longos, principalmente nas extremidades e, em menor monta, na região média(24).
A análise de dispersão entre a área trabecular óssea e a carga máxima suportada pelo corpo, mostrou que estas são grandezas que se correlacionam positivamente, ou seja, a carga máxima suportada pelo corpo de prova varia, proporcionalmente, à área trabecular do osso. Portanto, a quantidade de trabéculas ósseas pode ser considerada fator preditivo para fraturas decorrentes da osteoporose. Outros estudos se fazem necessários para se evidenciar a eficácia do ácido zoledrônico em outras regiões tibiais.
CONCLUSÃO
O ácido zoledrônico não teve influência significativa na massa corpórea dos animais. A análise dos resultados mostrou que o ácido zoledrônico não aumentou significativamente a resistência óssea da diáfise tibial ou a área trabecular óssea diafisária.
Declaração: Não houve auxílio, de qualquer espécie, a esta pesquisa e não há conflitos de interesse dos autores em relação ao presente manuscrito, conforme Resolução nº 1.595/2000 do Conselho Federal de Medicina.
Trabalho realizado no Departamento de Cirurgia e Ortopedia da Faculdade de Medicina de Botucatu/UNESP - Botucatu/SP
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1IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Projeção preliminar da população do Brasil por sexo e idades simples: 1980-2050 – Revisão 2000. IBGE; 2000.
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2IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Projeção da população do Brasil por sexo e idade para o período de 1980-2050 – Revisão 2004 metodologias e resultados. Estimativas anuais e mensais da população do Brasil e das unidades da federação: 1980-2020 - Metodologia. Estimativas das populações municipais - Metodologia. IBGE 2004. p.1-82.
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
26 Mar 2009 -
Data do Fascículo
Fev 2009