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EDITORIAL

Neste número estão publicados textos reunidos e organizados sob 4 temáticas pertinentes à pesquisa em Educação: 1. Formação e condição docente, 2. História da Educação e suas interfaces, 3. Inclusão e diversidade e 4. Escola sob diferentes perspectivas teórico-metodológicas.

No primeiro bloco temático, Daisy Moreira Cunha e Wanderson Ferreira Alves apresentam contribuições para compreensão da noção de atividade para o trabalho de professores no artigo Da atividade humana entre Paidéia e Politéia: saberes, valores e trabalho docente. Em Modelo Holístico de metaescritura, Yamid Fabian Hernández Julio, Yasmin Osmany Serpas Marimón e Socorro Nohemy Carrascal Torres apresentam contribuições para a formação docente com pesquisa voltada ao acompanhamento e desenvolvimento do desempenho da competência textual de estudantes colombianos, indicando resultados de ordem cognitiva, metacognitiva, afetivo-emocional e social. No artigo seguinte – É possível relacionar avaliação discente e formação de professores? A experiência de São Paulo – Adriana Bauer analisa, com base nos resultados do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (SARESP), o direcionamento de ações voltadas à formação de professores. Sua análise aponta a necessidade de estudos e debates mais aprofundados sobre a relação entre a formação de professores e os resultados apresentados por estudantes em testes aplicados em sistemas públicos de avaliação da educação básica. O trabalho docente em cursos de Administração é foco da abordagem do artigo de Susane Petinelli Souza e Eloísio Moulin de Souza, O Trabalho docente no curso de Administração: algumas (re)significações, no qual se discute os modos de ser e fazer engendrados no cotidiano desses profissionais, modos que envolvem o "uso de si" nas práticas pedagógicas de docentes que rompem com práticas profissionais hegemônicas na área. O trabalho na Educação a distância é tema do artigo de Valdelaine Mendes em O trabalho do tutor em uma instituição pública de ensino superior. A autora considera que o trabalho do tutor substitui a função do docente no processo de formação a distância, evidenciando a fragmentação do trabalho e os modos de interação entre os diferentes profissionais que atuam no Ensino a distância. Laura Noemi Chaluh assina o artigo Filmes na formação de futuros professores: educar o olhar, no qual enfatiza as contribuições do cinema para a formação estética na promoção do conhecimento, e as formas de olhar e agir nos processos formativos de estudantes de licenciatura em Matemática.

Em História da Educação e suas interfaces, segundo agrupamento do periódico, Educação em Revista apresenta as contribuições de Irlen Antônio Gonçalves e Carla Simone Chamon, em artigo sobre O Congresso Mineiro e a educação profissional em Minas Gerais: o ensino técnico primário, no qual avaliam iniciativas da educação profissional no âmbito das políticas públicas em contexto que difunde ideário educativo modernizador da República. Omar Schneider, Amarílio Ferreira Neto e Jeizibel Alves Alvarenga apresentam e analisam disputas evidenciadas nos debates sobre A escolarização e sua obrigatoriedade: debates na Província do Espírito Santo (1870 -1880).A pesquisa evidenciou que as disputas faziam parte de um movimento político que reivindicava a obrigatoriedade e a gratuidade do ensino como obrigação do Estado, e que buscava, na escolarização, meios para controlar a formação de professores com vistas a uma formação modelar do futuro cidadão do Império. Márcia Aparecida Gobbi, em Conhecimento histórico e crianças pequenas: parques infantis e escola municipal de educação infantil, relata experiência que aliou história e memória, com análise do Projeto Os parques infantis de Mário de Andrade, promovendo diálogos temporais presentepassado e evidenciando a preocupação com o conhecimento histórico e as crianças numa perspectiva não escolarizante e não antecipatória do ensino fundamental. Por fim, Tatyana Murer Cavalcante e Terezinha Oliveira oferecem reflexões sobre Intenção educacional da ética de Tomás de Aquino no contexto citadino do século XIII, em artigo que apresenta análises da relação entre produção do conhecimento e transformações sociais, reacendendo o debate à luz de estudiosos da historiografia.

A seguir, reúnem-se artigos que apresentam reflexões sobre Inclusão e Diversidade. María Isabel Pozzo apresenta análise das estratégias educativas de promoção da inclusão e da participação de cidadãos numa comunidade paradigmática como a canadense no artigo Pluralismo cultural y educación superior: el caso canadiense.A autora examina a natureza multicultural do Canadá, revisa a legislação canadense a respeito da temática e aborda as estratégias educativas no ensino superior através das quais a dita política se realiza. A seguir, Clarice Salete Traversini e outros quatro coautores, no artigo Processos de inclusão e docência compartilhada no III Ciclo em discussão, apresentam os limites e possibilidades vivenciados na implementação de um Projeto de docência compartilhada em escolas municipais de Porto Alegre/RS, constatando os mecanismos e dificuldades vivenciados nas escolas para adequação do currículo no cotidiano escolar submetido às exigências de um projeto inclusivo. Em Escolarização dos filhos entre famílias negras, mestiças e brancas no povoado de Goiabeiras/MG, Alexandra Rezende Campos apresenta estudo comparativo, orientado pela Sociologia da Educação, em trabalho que avalia a relação família-escola e a relação educação e relações raciais. Os resultados indicaram que as distinções empreendidas pelas famílias podem ser explicadas por um conjunto de circunstâncias atuantes presentes nas dinâmicas das próprias famílias e não apenas pela dimensão racial. Valdirene Cássia da Silva e Edvaldo Souza Couto em Interfaceamentos contemporâneos – tecnologias digitais e tribos urbanas no contexto escolar apresentam reflexões voltadas à compreensão dos modos de circulação de tipologias distintas de jovens no cenário escolar e da maneira como esses jovens convivem com as ofertas das políticas educacionais e formativas, negociando sentidos e significados da cultura digital em suas vidas.

Por fim, este número de Educação em Revista conta com colaborações sob diferentes perspectivas teórico-metodológicas para a compreensão da Escola. O primeiro artigo, que tem como autores Guiomar de Oliveira Passos e Marcelo Batista Gomes, Nossas Escolas não são as vossas: as diferenças de classe, aborda as relações entre sistemas de ensino e classes sociais, partindo de um referencial de análise elaborado por Pierre Bourdieu e valendo-se de estudos sobre a escolarização nas classes sociais no Brasil. No artigo Escolas eficazes na Educação de Jovens e Adultos: estudo de casos na rede municipal do Rio de Janeiro, Jaqueline Luzia da Silva, Alicia Maria Catalano de Bonamino e Vera Masagão Ribeiro identificam e analisam características de escolas consideradas capazes de incidir positivamente no processo de alfabetização de jovens e adultos e na redução dos índices de evasão no Rio de Janeiro. Ancorada em estudos sobre eficácia escolar, a pesquisa evidencia fatores decisivos nesse processo como a organização disciplinar e curricular, a existência de equipes pedagógicas integradas e focadas no ensino e aprendizagem, além das boas expectativas quanto ao desempenho e trajetória escolar dos alunos. Tendo como baliza as contribuições de Michel Foucault, Anderson Ferrari e Wescley Dinali apresentam o artigo A herança moderna disciplinar e controle dos corpos: quando a escola se parece com uma "gaiola", no qual problematizam os mecanismos de construção do sujeito, moderno e atual, como objeto e produto das relações de poder/saber, com participação ativa da escola como instituição orientada sob perspectiva disciplinar.

Na seção Palavra Aberta, Rogerio Meneghini, Coordenador Científico do Programa SciELO, convida ao debate a partir de um texto instigante que tem como título Publicação de Periódicos Nacionais de Ciência em Países Emergentes. Meneghini parte da premissa de que a motivação brasileira para produzir periódicos científicos é diferente da motivação de países considerados desenvolvidos. A partir da análise criteriosa de tal diferença ele nos apresenta reflexões sobre a situação dos periódicos no Brasil. Mais ainda, sugere encaminhamentos que, segundo ele, podem gerar novos e promissores rumos à produção científica brasileira.

Rosana Areal Carvalho, na seção que fecha este número, apresenta resenha do livro Cultura impressa e educação da mulher no século XIX, de Mônica Yumi Jinzenji, analisando suas contribuições para os estudos de História da Educação e a cultura impressa na formação feminina do século XIX, sobretudo a partir da investigação do jornal O Mentor das Brasileiras.

Os editores esperam que Educação em Revista possibilite a ampliação dos horizontes interpretativos no âmbito da pesquisa e do ensino em Educação e que os leitores se sintam instigados a colaborar com a revista.

Boa leitura!

Sérgio Cirino, Ana Galvão, Manuela David Geraldo Leão e Zélia Versiani

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Set 2012
  • Data do Fascículo
    Jun 2012
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