As interpretações do modernismo, no Brasil, têm privilegiado sobretudo as vanguardas que emergiram nos dois primeiros decênios do século XX, surgidas nas duas cidades mais importantes do Brasil: Rio de Janeiro e São Paulo. O presente artigo trata da difusão do modernismo literário, ocorrida a partir da década de 1930, em três regiões periféricas ao impulso inovador do país, mas que eram detentoras de culturas consolidadas: Nordeste, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, e que produziram, nos anos subsequentes, a nossa literatura mais vigorosa. Dessa forma, no prisma da literatura, as novidades atingiram radicalidade nos contextos mais resistentes ao estilo moderno de vida. A reflexão, além de indagar sobre esse movimento em direção aos estados ancilares à cultura moderna, propõe-se a analisar a diversidade dessa literatura, vis-à-vis aos impasses dessas regiões no trânsito da modernização. Partindo desse problema de fundo, busca-se relacionar o romance social nordestino, a literatura subjetivista mineira e o romance histórico gaúcho com a particularidade e a diversidade das tensões sociais e políticas vividas por essas elites regionais, em franco processo de declínio. O tratamento privilegiado da literatura do mineiro Lúcio Cardoso permite iluminar os conflitos que permeiam o conjunto, pois, embora fossem particulares, atingiram, na obra cardosiana, sua expressão mais paroxística
Modernismo; Regionalismo; Romance social e histórico; Literatura subjetivista; Lúcio Cardoso