Resumos
OBJETIVO: Identificar os fatores associados ao Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) em usuários da Estratégia Saúde da Família (ESF) da cidade de Itapipoca-Ceará. MÉTODOS: Estudo transversal, realizado no período de março/2009 a outubro/2010, em 11 unidades básicas de saúde, nas quais foram coletados dados sociodemográficos e clínicos de amostra de 419 usuários dessas unidades. RESULTADOS: Entre os participantes do estudo, 250 (59,7%) estavam com excesso de peso, 352 (84,0%) com obesidade central, 349 (83,3%) eram sedentários e 225 (53,7%) não comiam frutas e/ou verduras diariamente. Houve associação estatisticamente significante entre as variáveis obesidade central e sexo (p<0,001), idade (p=0,001) e estado civil (p<0,001); e entre investigação nutricional e escolaridade (p=0,033) e classe econômica (p=0,007). CONCLUSÃO: Diante dos fatores de risco modificáveis para DM2 identificados com maior prevalência sugere-se o desenvolvimento de intervenções educativas para mudanças no estilo de vida dos indivíduos e o acompanhamento sistemático dessas mudanças, objetivando reduzir ou retardar o aparecimento da doença.
Fatores de risco; Diabetes Mellitus Tipo 2; Enfermagem em saúde pública; Saúde da família
OBJETIVO: Identificar los factores asociados a la Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) en usuarios de la Estrategia Salud de la Familia (ESF) de la ciudad de Itapipoca-Ceará. MÉTODOS: Estudio transversal, realizado en el período de marzo/2009 a octubre/2010, en 11 unidades básicas de salud, en las cuales fueron recolectados los datos sociodemográficos y clínicos de la muestra de 419 usuarios de esas unidades. RESULTADOS: Entre los participantes del estudio, 250 (59,7%) estaban con exceso de peso, 352 (84,0%) con obesidad central, 349 (83,3%) eran sedentarios y 225 (53,7%) no comían frutas y/o verduras diariamente. Hubo asociación estadísticamente significativa entre las variables obesidad central y sexo (p<0,001), edad (p=0,001) y estado civil (p<0,001); y entre investigación nutricional y escolaridad (p=0,033) y clase económica (p=0,007). CONCLUSIÓN: Frente a los factores de riesgo modificables para DM2 identificados con mayor prevalencia se sugiere el desarrollo de intervenciones educativas para cambios en el estilo de vida de los individuos y el acompañamiento sistemático de esos cambios, objetivando reducir o retardar la aparición de la enfermedad.
Factores de riesgo; Diabetes mellitus tipo 2; Enfermería en salud pública; Salud de la familia
OBJECTIVE: To identify factors associated with type 2 diabetes (DM2) in users of the Family Health Strategy (FHS) in the city of Itapipoca, Ceará (Brazil). METHODS: A transversal study, conducted during the period from March/2009 to October/2010, in 11 basic health units, in which sociodemographic and clinical data were collected from a sample of 419 users of these units. RESULTS: Among the study participants, 250 (59.7%) were overweight, 352 (84.0%) had central obesity, 349 (83.3%) were sedentary, and 225 (53.7%) did not eat fruits and/or vegetables daily. There was a statistically significant association between central obesity and gender variables (p <0.001), age (p = 0.001) and marital status (p <0.001), and between nutrition research and education (p = 0.033) and socioeconomic status (p = 0.007). CONCLUSION: Because modifiable risk factors for DM2 were identified with a higher prevalence, we suggest the development of educational interventions for changes in the lifestyles of individuals and systematic monitoring of these changes, with the objective of reducing or delaying the onset of the disease.
Risk factors; Diabetes mellitus, type 2; Public health nursing; Family health
mellitus: fatores associados entre usuários da Estratégia Saúde da Família
* Autor Correspondente: Niciane Bandeira Pessoa Marinho Rua Osvaldo Primo Caxilé, 1084, Violete Itapipoca-CE. CEP:62500-000. E-mail: nicianebpm@yahoo.com.br
Diabetes mellitus: factores asociados entre usuarios de la Estrategia Salud de la Familia
Niciane Bandeira Pessoa MarinhoI; Hérica Cristina Alves de VasconcelosII; Ana Maria Parente Garcia AlencarIII; Paulo César de AlmeidaIV; Marta Maria Coelho DamascenoV
IPós-graduanda (Doutorado) do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Ceará - UFC - Fortaleza (CE), Brasil. Bolsista FUNCAP
IIPós-graduanda (Doutorado) do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Ceará - UFC - Fortaleza (CE), Brasil; Professora do Curso de Enfermagem da Faculdade Católica Rainha do Sertão - Quixadá (CE), Brasil
IIIPós-graduanda (Doutorado) do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Ceará - UFC - Fortaleza (CE), Brasil; Professora do Curso de Enfermagem da Universidade Regional do Cariri - URCA - Crato (CE), Brasil
IVDoutor em Saúde Pública. Professor do Curso de Medicina da Universidade Estadual do Ceará - UECE - Fortaleza (CE), Brasil
VDoutora em Enfermagem. Professora do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Ceará - UFC - Fortaleza (CE), Brasil
Autor Correspondente Autor Correspondente: Niciane Bandeira Pessoa Marinho Rua Osvaldo Primo Caxilé, 1084, Violete Itapipoca-CE. CEP:62500-000. E-mail: nicianebpm@yahoo.com.br
RESUMO
OBJETIVO: Identificar os fatores associados ao Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) em usuários da Estratégia Saúde da Família (ESF) da cidade de Itapipoca-Ceará.
MÉTODOS: Estudo transversal, realizado no período de março/2009 a outubro/2010, em 11 unidades básicas de saúde, nas quais foram coletados dados sociodemográficos e clínicos de amostra de 419 usuários dessas unidades.
RESULTADOS: Entre os participantes do estudo, 250 (59,7%) estavam com excesso de peso, 352 (84,0%) com obesidade central, 349 (83,3%) eram sedentários e 225 (53,7%) não comiam frutas e/ou verduras diariamente. Houve associação estatisticamente significante entre as variáveis obesidade central e sexo (p<0,001), idade (p=0,001) e estado civil (p<0,001); e entre investigação nutricional e escolaridade (p=0,033) e classe econômica (p=0,007).
CONCLUSÃO: Diante dos fatores de risco modificáveis para DM2 identificados com maior prevalência sugere-se o desenvolvimento de intervenções educativas para mudanças no estilo de vida dos indivíduos e o acompanhamento sistemático dessas mudanças, objetivando reduzir ou retardar o aparecimento da doença.
Descritores: Fatores de risco; Diabetes Mellitus Tipo 2; Enfermagem em saúde pública; Saúde da família
RESUMEN
OBJETIVO: Identificar los factores asociados a la Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) en usuarios de la Estrategia Salud de la Familia (ESF) de la ciudad de Itapipoca-Ceará.
MÉTODOS: Estudio transversal, realizado en el período de marzo/2009 a octubre/2010, en 11 unidades básicas de salud, en las cuales fueron recolectados los datos sociodemográficos y clínicos de la muestra de 419 usuarios de esas unidades.
RESULTADOS: Entre los participantes del estudio, 250 (59,7%) estaban con exceso de peso, 352 (84,0%) con obesidad central, 349 (83,3%) eran sedentarios y 225 (53,7%) no comían frutas y/o verduras diariamente. Hubo asociación estadísticamente significativa entre las variables obesidad central y sexo (p<0,001), edad (p=0,001) y estado civil (p<0,001); y entre investigación nutricional y escolaridad (p=0,033) y clase económica (p=0,007).
CONCLUSIÓN: Frente a los factores de riesgo modificables para DM2 identificados con mayor prevalencia se sugiere el desarrollo de intervenciones educativas para cambios en el estilo de vida de los individuos y el acompañamiento sistemático de esos cambios, objetivando reducir o retardar la aparición de la enfermedad.
Descriptores: Factores de riesgo; Diabetes mellitus tipo 2; Enfermería en salud pública ; Salud de la familia
INTRODUÇÃO
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) estão na agenda de prioridades da maioria dos países pelo seu impacto na mortalidade, na morbidade e nos custos decorrentes da assistência à saúde. No Brasil, respondem pelos maiores gastos com atenção médica no Sistema Único de Saúde, conforme dados apresentados pelo Ministério da Saúde. Em 2005, dos seis bilhões gastos com o pagamento de autorizações de internação hospitalar (exceto partos), as doenças crônicas representaram 58% do gasto total(1).
Os principais determinantes do crescimento epidêmico das DCNT no Brasil são demográficos, relacionados ao crescimento e ao envelhecimento populacional e à maior urbanização, além da alteração do padrão dietético-nutricional e de atividade física da população brasileira(1,2).
Dentre as DCNT destaca-se o diabetes mellitus (DM), síndrome de etiologia múltipla, consequente à falta de insulina e/ou à incapacidade da insulina de atuar adequadamente. É caracterizado por hiperglicemia crônica com distúrbios do metabolismo dos carboidratos, lipídios e proteínas. Há dois tipos principais de diabetes: o diabetes mellitus tipo 1 e o diabetes mellitus tipo 2 (DM2)(3).
O DM2 é causado por uma combinação de fatores genéticos e estilo de vida. Os genes que predispõem um indivíduo a ter diabetes são considerados essenciais para o desenvolvimento da doença, mas a ativação de uma predisposição genética exige a presença das questões ambientais e fatores comportamentais, particularmente aqueles associados ao estilo de vida(4). Neste contexto estão envolvidos fatores de risco não modificáveis e modificáveis na eclosão do DM2.
Dentre os fatores de risco modificáveis estão o sobrepeso e/ou a obesidade total, a obesidade central, o sedentarismo, a tolerância à glicose diminuída, a síndrome metabólica (hipertensão, diminuição do HDL e aumento dos triglicerídeos), os fatores nutricionais e a inflamação(4).
Pesquisas focadas na identificação dos fatores de risco para DM2 foram desenvolvidas por enfermeiros envolvendo escolares, estudantes universitários e trabalhadores de saúde (5-9), evidenciando a necessidade de estender a investigação a outras populações, o que fornecerá subsídios para o planejamento de intervenções que contribuam para diminuir ou retardar o aparecimento da doença.
Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi o de identificar os fatores associados ao DM2 em usuários da Estratégia Saúde da Família (ESF).
MÉTODOS
Estudo transversal, realizado no período de março/2009 a outubro/2010, por enfermeiros do grupo de pesquisa "Ações integradas na prevenção e no controle do diabetes mellitus tipo 2" da Universidade Federal do Ceará, tendo como cenário do estudo 11 unidades básicas de saúde de Itapipoca-Ceará.
Para o desenho amostral, a escolha dos sujeitos, foi de acordo com os dados cadastrais da ESF do município, compostos por 23.201 usuários cadastrados, e em consonância com os critérios de inclusão (indivíduos de ambos os sexos, com idades entre 20 e 59 anos, em espera para consulta) e de exclusão (indivíduos que residissem na zona rural do município; os que possuíssem diagnóstico confirmado de diabetes mellitus; e aqueles com alguma condição crônica que interferisse diretamente na obtenção das medidas antropométricas). Calculou-se a amostra a partir da fórmula indicada para o cálculo em estudos transversais de população infinita.
Considerou-se um nível de significância de 95% e uma prevalência de fatores de risco para DM2 de 50%, haja vista esse valor proporcionar um tamanho máximo de amostra e um erro amostral de 5%. A amostra totalizou 419 pessoas.
Para coleta dos dados, realizada nos meses de janeiro a março de 2010, utilizou-se um formulário no qual foram registrados dados sociodemográficos e clínicos.
Dados sociodemográficos:
Sexo: masculino e feminino;
Idade: foram adotadas as faixas etárias de 20-29 anos; 30-44 anos e 45-59 anos;
Estado civil: casado/união consensual, solteiro, viúvo ou divorciado;
Situação laboral: ativo, do lar, aposentado;
Escolaridade: não estudou/analfabeto funcional, ensino fundamental incompleto, ensino fundamental completo, ensino médio incompleto, ensino médio completo, ensino superior incompleto e ensino superior completo;
Renda familiar: em salários mínimos;
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Classe econômica: empregaram-se os "Critérios de Classificação Econômica do Brasil"
(10). A avaliação considera o grau de instrução do chefe da família e a presença de determinados bens (televisor em cores, rádio, banheiro, automóvel, empregada mensalista, aspirador de pó, máquina de lavar, videocassete e/ou DVD, geladeira e
freezer), mediante pontuações correspondentes às seguintes classes: A1, A2, B1, B2, C, D e E.
Mensurações:
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O índice de massa corporal (IMC) foi obtido através da relação entre peso em quilogramas e a estatura em metros elevada ao quadrado (kg/m
2), sendo classificado, segundo a Organização Mundial da Saúde
(11) em: magreza < 18,5; normal - 18,5 a 24,9; sobrepeso - 25 a 29,9; obesidade grau I - 30 a 34,9; obesidade grau II (severa) - 35 a 39,9; obesidade grau III (mórbida) ≥ 40. O peso foi verificado em tomada única, em balança da marca Lightex®, estando o paciente descalço, vestindo roupas leves e não portando objetos que podiam interferir no resultado da medida como bolsas, celulares, entre outros. A altura também foi determinada em tomada única através de uma fita métrica inelástica fixada à parede, com ponto zero ao nível do solo. Os pacientes ficaram em posição ortostática, com pés descalços e unidos, mantendo os calcanhares e a região occipital em contato com a fita.
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A circunferência abdominal (CA) foi medida, em centímetros, com uma fita inelástica, no ponto médio entre a crista ilíaca e a face externa da última costela
(12). O ponto de corte adotado para classificação da obesidade central foi o preconizado pela
International Diabetes Federation
(13): CA ≥ 80 cm para mulheres ≥ 94 cm para homens.
Para avaliação da atividade física e do consumo de frutas e verduras, considerou-se as seguintes recomendações do Ministério da Saúde(14): os indivíduos devem praticar pelo menos trinta minutos de atividade física todos os dias e comer frutas e verduras diariamente.
Os dados sofreram dupla digitação e foram armazenados em um banco de dados construído no Excel. Calcularam-se as medidas estatísticas média e o desvio padrão, os odds ratios (OR), os respectivos intervalos com 95% de confiança (IC95%) e os valores de p. Para as análises de associação entre variáveis, optou-se pelos testes não-paramétricos Qui-quadrado (X2). Os dados foram processados no programa estatístico Statistical Package for Science Social versão 18.0 e apresentados em tabelas.
O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará (Protocolo 346/09) e os dados foram coletados após a obtenção da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido por parte dos participantes deste estudo.
RESULTADOS
Segundo as características sociodemográficas, a maioria dos usuários era do sexo feminino (88,1%); tinha idade entre 30 e 44 anos (42,5%), com média de 37 anos e desvio padrão de 10,8; era casada ou mantinha união estável (60,4%); não trabalhava fora de casa, executava apenas atividades do lar (57,8%); cursou até o ensino fundamental incompleto (39,4%); recebia entre meio e um salário mínimo (47,3%), estando a média da renda familiar em torno de um salário mínimo (R$ 516,00; DP: R$441,00) e pertencia às classes econômicas D/E (58,2%).
Quanto aos fatores associados ao DM2, 250 usuários (59,7%) estavam com excesso de peso, sendo 171 (41,1%) classificados em sobrepeso e 79 (18,6%) em obesidade (média IMC: 26,4; DP: 4,4); em relação à CA, 352 (84,0%) foram classificados com obesidade central (média CA: 92,9cm; DP:10,8); a grande maioria (83,3%) era sedentária e 225 (53,7%) relataram não comer frutas e/ou verduras diariamente.
Associações entre excesso de peso, obesidade central, sedentarismo e consumo inadequado de frutas/verduras com variáveis sociodemográficas estão na Tabela 1 e seus odds ratio na Tabela 2. Elas mostraram que chances mais elevadas de apresentar excesso de peso predominaram no sexo masculino, nos usuários com idades entre 45 e 59 anos, nos casados ou em união estável, nos que cursaram até o ensino fundamental incompleto e nos pertencentes à classe econômica C.
Sobre a obesidade central, chances mais elevadas predominaram no sexo feminino, nos casados ou em união estável e nos pertencentes à classe econômica C. Além disso, a obesidade central apresentou-se diretamente proporcional à idade e inversamente proporcional à escolaridade.
Quanto ao sedentarismo, os que tiveram mais chances foram as mulheres, os usuários com idades entre 30 e 44 anos, os casados ou em união estável, os que cursaram até o ensino fundamental incompleto e os pertencentes às classes econômicas D/E. Diferentemente do excesso de peso e da obesidade central, idades entre 45 e 59 anos foram identificadas como fator de proteção para o sedentarismo.
Ainda sobre a investigação nutricional, chances mais elevadas de consumo inadequado de frutas e/ou verduras foram encontradas entre os homens e os solteiros/divorciados/viúvos, apresentando-se inversamente proporcional à idade, à escolaridade e à classe econômica. Sexo feminino e estado civil casado/união estável apresentaram-se como fator de proteção.
DISCUSSÃO
Nas últimas décadas, em virtude do crescimento da prevalência da obesidade em âmbito mundial, essa doença constitui um dos maiores problemas de saúde pública, sendo fator de risco para manifestação de várias outras doenças crônicas, entre elas, o diabetes.
Dados alarmantes sobre o estado nutricional de adultos no Brasil foram encontrados na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009, realizada pelo IBGE(15) em parceria com o Ministério da Saúde, confirmando que o peso dos brasileiros vem aumentando nos últimos anos. No período investigado, o excesso de peso em homens adultos saltou de 18,5% para 50,1%, ultrapassando o das mulheres, que foi de 28,7% para 48%. Desses, cerca de 1/3 (12,5%) dos homens e 1/3 (16,9%) das mulheres eram obesos.
Na maioria dos estudos realizados no Brasil, a distribuição segundo o sexo mostrou que as mulheres concorrem com as mais altas prevalências de excesso de peso e que existe um gradiente, segundo idade e escolaridade, indicando maior ocorrência à medida que a idade aumenta e entre os indivíduos com baixo nível de escolaridade (16-18).
Diferentemente dos estudos ora mencionados e corroborando com os dados encontrados na POF 2008-2009(16) e no presente estudo, outros pesquisadores encontraram maiores prevalências de excesso de peso no sexo masculino(19-21).
Em relação à prevalência de obesidade central encontrada, 84,0%, esta foi superior às de outras investigações nacionais(19-20) e internacionais(20,21). Nessas, assim como no presente estudo, as mulheres revelaram uma prevalência superior de obesidade central quando comparadas aos homens e uma tendência linear significante com o aumento da idade.
Quanto ao sedentarismo, a frequência identificada no estudo em tela, 83,3%, equiparou-se à média nacional (83,6%) encontrada no VIGITEL(22). Os dados indicaram que, no conjunto da população adulta das 27 cidades brasileiras, a frequência da atividade física suficiente no lazer foi de 16,4%, sendo também maior no sexo masculino (20,6%) do que no sexo feminino (12,8%).
Atualmente, está cada vez mais frequente a recomendação de hábitos de vida saudáveis como atividade física regular e alimentação saudável e, na Política Nacional de Promoção da Saúde(23), constitui prioridade, pois acredita-se que a atividade física regular e o consumo diário de fibra, frutas e verduras possa reduzir substancialmente a incidência do DM2 em indivíduos com alto risco de desenvolver a doença(24).
No presente estudo, o consumo diário de frutas e/ou verduras encontrado, 46,3%, apesar de abaixo do ideal, superou a média nacional evidenciada no VIGITEL-2008(23), no qual a frequência de consumo regular de frutas e hortaliças foi de apenas 31,5%. Entretanto, frequência superior foi identificada em um estudo semelhante realizado em Ribeirão Preto-SP(25), no qual o consumo diário de frutas e de hortaliças mostrou-se bastante elevado, em ambos os sexos (mais de 70%).
Baixo consumo de frutas e hortaliças pela população adulta também foi encontrado em estudo internacional(26). Na maioria dos estudos sobre hábitos alimentares, as mulheres consumiam mais frutas e hortaliças do que os homens(23, 27-28). Variáveis como idade(22,27,28), renda(26) e escolaridade(22,26,27) associaram-se positivamente com o consumo de frutas e hortaliças.
Os achados supracitados compõem a avalição diagnóstica dos fatores associados ao DM2, sendo esta uma das competências essenciais de promoção da saúde(29). Ela é essencial para garantir um planejamento com estratégias adequadas, abordagens coerentes e metas atingíveis, através da educação em saúde, que envolve a conscientização do indivíduo e da comunidade sobre a importância da adoção de um estilo de vida saudável.
CONCLUSÃO
Em relação aos fatores de risco modificáveis para DM2 esse trabalho identificou elevadas prevalências de obesidade central, de sedentarismo, de excesso de peso e de alimentação inadequada.
Nessa perspectiva, cabe aos gestores e profissionais da saúde o aprimoramento do acesso e da qualidade dos serviços de saúde, especialmente no fortalecimento e na qualificação da Estratégica da Saúde da Família, com ênfase na promoção de hábitos de vida saudáveis, como prática regular de atividade física, hábitos alimentares saudáveis e controle do peso.
Salienta-se que, como profissional promotor da saúde, o enfermeiro deve estar habilitado a identificar os fatores de risco para DM2, levando em consideração o contexto onde a pessoa está inserida. Com suas habilidades de comunicação e liderança, o enfermeiro é capaz de incentivar o empowerment e a participação dessas pessoas no planejamento das intervenções nos fatores de risco evidenciados, traçando, junto com os interessados, um plano de ação viável, com o objetivo de melhorar a saúde dos mesmos.
Artigo recebido em 21/05/2011 e aprovado em 05/01/2012
* Trabalho realizado na Universidade Federal do Ceará - UFC - Fortaleza (CE), Brasil. Extraído da dissertação "Avaliação do risco para Diabetes Mellitus tipo 2 entre adultos de Itapipoca-Ceará" , defendida no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Ceará, em 2010.
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
31 Jul 2012 -
Data do Fascículo
2012
Histórico
-
Recebido
21 Maio 2011 -
Aceito
05 Jan 2012