Resumo
Objetivo: Avaliar o risco de hospitalização por diarreias agudas em crianças menores de cinco anos no período de dez anos, antes e depois da vacina oral do rotavírus.
Métodos: Estudo ecológico-descritivo-analítico das taxas de hospitalização por diarreias agudas. Utilizou-se a Taxa de Hospitalização e Taxa de Variação Relativa para quantificar a diferença entre a mediana dos anos pré-vacinais e pós-vacinais. Empregou-se a Regressão Logística, o Odds Ratio e Risco Atribuível para verificar a proporção de casos que poderiam ser evitados se a exposição fosse afastada.
Resultados: No período estudado a taxa de hospitalização foi de 117,41 por 10.000 crianças. Observouse que, no período pré-vacinal, a mediana da taxa de hospitalização foi de 124,2/10.000 crianças. Após a introdução da vacina, as taxas de hospitalização foram menores quando comparadas à mediana dos anos pré-vacinal.
Conclusão: Houve redução nas taxas de hospitalização por diarreias agudas, sugerindo que o uso da vacina e outros fatores associados podem reduzir os casos.
Descritores Enfermagem pediátrica; Cuidados de enfermagem; Enfermagem em saúde pública; Hospitalização; Rotavirus
Abstract
Objective: To evaluate the risk of hospitalization for acute diarrhea in children under five, in the period of ten years before and after the oral rotavirus vaccine.
Methods: Eco-descriptive-analyticstudy of the rates of hospitalization for acute diarrhea. We used hospitalization rate and the Relative Variation Rate to quantify the difference between the median in the years pre- andpostvaccination. We used logistic regression, odds ratio and attributablerisk to assess for the proportion of cases that could be avoided if exposure was avoided.
Results: During the study period, the hospitalization rate was 117.41 per 10,000 children. In the prevaccination period, the median rate of hospitalization was 124.2/10,000 children. After the introduction of the vaccine, hospitalization rates were lower when compared to the median of the pre-vaccination years.
Conclusion: There was a reduction in the hospitalization rates for acute diarrhea, thereby suggesting that the use of the vaccine and other associated factors can reduce the number of cases.
Keywords Pediatric nursing; Nursing care; Public health nursing; Hospitalization; Rotavirus
Introdução
A diarreia é uma das doenças mais comuns na infância destacando-se que nos países em desenvolvimento é a principal causa de hospitalização e óbito de crianças menores de cinco anos e sua mortalidade é maior no primeiro ano de vida.(1,2) Em países desenvolvidos a frequência de quadros diarreicos agudos em lactentes é de até 2 episódios/ ano, enquanto que nas regiões em desenvolvimento pode chegar a 10 episódios/ano. O saneamento básico e a água potável praticamente eliminaram as infecções por bactérias e parasitas em países desenvolvidos, mas as infecções por rotavírus ainda são comparáveis entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.(3,4)
As crianças mais jovens com infecção por rotavírus tendem a apresentar riscos significativamente maiores de complicações, pois a maioria dos casos de diarreia severa e desidratação ocorrem entre três a 35 meses.(2,5,6) Nos Estados Unidos, 17% das hospitalizações ocorreram durante os primeiros seis meses de vida e 40% em crianças de até um ano. Estima-se que, anualmente, as infecções pelo rotavírus em menores de cinco anos totalizem 27 milhões de episódios e resultem em 410.000 consultas, 205.000 a 272.000 atendimentos de urgência e de 20 a 60 óbitos.(7)
No Brasil, as diarreias agudas (DA) em crianças menores de cinco anos, representam 15% das internações, e no período de 1995 a 2005, observou-se 1.505.800 hospitalizações e 39.421 mortes por diarréia em crianças menores de um ano. (8) Em Curitiba, estado do Paraná, assim como em outras 15 capitais brasileiras houve redução nas taxas de internação por diarreia, sendo que oito capitais mostraram estabilidade e duas capitais e o distrito federal apresentaram taxas ascendentes.(8)
Em 2011, o Sudão tornou-se o primeiro país de baixa renda na África para introduzir uma vacina contra o rotavírus. A vigilância hospitalar ativa para a doença por rotavírus foi realizada em oito hospitais públicos regionais no Sudão usando um protocolo padrão recomendado pela Organização Mundial da Saúde para crianças com dois anos completos.(9) Acrescentam que no período de junho de 2009 a maio de 2011, o rotavírus foi detectado em 3985 (36%) das 10.953 crianças hospitalizadas por gastroenterite, com taxas de detecção que variaram de 25% a 48% nos oito hospitais. Cerca de 61% das hospitalizações por rotavírus ocorreu antes de 1 ano de idade e a maioria (91%) ocorreu antes dos 2 anos de idade. Com as estimativas nacionais de eventos de diarréia, foram calculados 9.800 mortes, 22.800 internações e 55.400 atendimentos ambulatoriais relacionados ao rotavírus por ano entre crianças <5 anos de idade no Sudão.
Em 2006, a vacina oral de rotavírus humano foi incluída no Programa Nacional de Imunização, como estratégia para a redução das doenças intestinais em menores de cinco anos, com reflexos na morbimortalidade da doença. Após a sua introdução houve redução de 14% nas taxas de internação por diarreia aguda, com a média de internação de 115,74 casos antes da introdução, para 2006 de 85,84 e 2007 de 59,94 casos, redução esta de 25,8% e 48,0% respectivamente.(6)
Diante do exposto, o estudo objetivou avaliar o risco de hospitalização por diarreia aguda em crianças menores de cinco anos no Estado do Paraná no período de 2000 a 2009, comparando os períodos anterior e posterior à introdução da vacina oral de rotavírus humano.
Métodos
Estudo ecológico-descritivo-analítico das taxas de internação infantil por diarreia cadastradas no Sistema Único de Saúde do Estado do Paraná. A população de estudo foi constituída de todas as crianças menores de cinco anos residentes no Estado do Paraná que foram hospitalizadas por doenças diarreicas agudas no período de janeiro de 2000 a dezembro de 2009. Os dados foram coletados do Sistema de Informação Hospitalar do Sistema Único de Saúde, que foi implantado em 1982 pelo Ministério da Saúde, tendo como função a captação mensal e contínua das informações hospitalares do SUS, utilizando-se os códigos A00-A09, referentes às doenças infecciosas intestinais da Classificação Internacional de Doenças (CID-10). A cobertura vacinal foi calculada pelo percentual de vacinados da população alvo em relação ao total da população. Este denominador foi obtido no Banco de dados do SINASC.
A cobertura da vacina oral de rotavírus humano pode ser entendida como a proporção de crianças menores de cinco anos que receberam o esquema completo de vacinação em relação aos menores de um ano, existentes na população, cujas as doses foram aplicadas nas idades corretas(adequação epidemiológica) e com intervalos de tempo corretos (adequação imunológica). Foram avaliadas a acessibilidade e a taxa de abandono, o que permitiu analisar o percentual de crianças que não completaram o esquema desta vacina, embora tenham recebido a primeira dose. Obteve-se a taxa de hospitalização dividindo-se o número de internações por diarreia aguda pela população de menores de cinco anos multiplicando-se o quociente por 10.000. Utilizou-se a Taxa de Variação Relativa para quantificar a diferença entre a mediana dos anos pré-vacinais com as taxas anuais pós-vacinais. A população foi obtida no IBGE, a partir do censo de 2000, e para os outros anos as estimativas intercensitárias. Na idade, foram consideradas as categorias: menor de um ano, um ano, dois, três e quatro anos. Os dados foram coletados na 15°Regional de Saúde de Maringá por uma pesquisadora da Universidade Estadual de Maringá devidamente treinada.
Os dados foram armazenados no Programa Excel e posteriormente foi calculado o Odds Ratio (OR) não ajustado, a estimativa pontual e o intervalo de confiança de 95%. Realizadas análises estratificadas com o aplicativo Epi Info® e a regressão logística com o Programa SAS®. Calculado o Risco Atribuível para verificar a proporção de casos que poderiam ser evitados se a exposição fosse afastada, sendo a categoria de quatro anos utilizada como baseline, pela menor incidência apresentada nesta faixa etária.
O desenvolvimento do estudo atendeu as normas nacionais e internacionais de ética em pesquisa envolvendo seres humanos.
Resultados
No período de 2000 a 2009 foram registrados no Estado do Paraná 103.654 hospitalizações para uma população de 8.828.162 de crianças menores de cinco anos, com a taxa de hospitalização de 117,41 por 10.000 crianças.
As crianças menores de um ano representaram 31,1% das hospitalizações, as de um ano 30,6%; de dois anos, 17,9%; de três, 11,7%; e a idade de quatro anos, com 8,8%. Do total da amostra, 45,5% pertenciam ao sexo feminino e 54,5% ao masculino.
Observou-se que, no período pré-vacinal (2000-2005), a mediana da taxa de hospitalização foi de 124,2/10.000 crianças. Após a introdução da vacina as taxas de hospitalização foram menores quando comparadas à mediana dos anos pré-vacinal. As Taxas de Variação do ano de 2009 comparadas à mediana dos anos pré-vacinal foram todas negativas, indicando a redução das internações que variaram de (-9,4%) a (-32,1%), sendo que as crianças com a idade menor de um ano apresentaram maior taxa de variação (-32,1%), seguida daquelas com idade de um ano (-30,7%) e posteriormente as de dois anos com (-25,8%), observando-se redução inversamente proporcional a idade (Tabela 1).
Medianas das taxa de hospitalização por diarreia aguda e taxa de variação entre os períodos segundo a idade
A faixa etária menor um ano foi à única que apresentou redução significativa (p<0,001) nas taxas de hospitalização para os anos pós-vacinais, quando comparadas à mediana dos anos pré-vacinais, destacando-se que entre as faixas etárias, esta foi a que apresentou a mediana mais alta. Para o ano de 2008, observou-se um aumento das taxas de hospitalização em todas as faixas etárias, quando comparado aos anos de 2007 e 2009. A análise das taxas de hospitalização por faixa etária mostra que a idade de quatro anos de idade é a que apresentou, para todos os anos pré e pós-vacinais, as menores taxas (Tabela 1).
A idade menor que um ano, foi a que apresentou maior interação com a vacina (p<0,001). As outras idades se comportaram diferentemente da primeira e foram iguais entre si. A razão de chance de hospitalização em menores de um ano reduziu o risco pela metade nos dez anos avaliados, mas continua sendo a faixa etária de maior risco de hospitalização (Tabela 2).
Verificou-se ainda, que todas as idades apresentaram redução nas taxas de hospitalização para o período de estudo (2000-2009), sendo esta redução estatisticamente significativa (p<0,001), destacando, que para a idade de dois anos esta análise não foi significativa (Tabela 2).
Na análise do período pré-vacinal, observouse que as crianças menores de um ano e de um ano apresentaram risco (OR=4,40 e OR=4,05 p<0,001) de internação por doença diarreica aguda, quando comparadas as crianças de maior idade (Tabela 3). Para o período posterior à introdução da vacina, e a idade de quatro anos como baseline, observou-se que a probabilidade de internar por doença diarreica aguda diminuiu, pois para o período de 2006-2009, as idades: menor de um ano e um ano, apresentaram risco (OR=3,06 e OR=3,5 respectivamente) de internar, sendo maiores quando comparadas com as idades superiores. Esta análise relativa à idade deve ser feita de maneira cuidadosa, pois para o período pósvacinal, as crianças de um ano apresentaram maior risco de internação por diarreia aguda se comparadas a crianças menores de um ano (Tabela 3).
Probabilidade de hospitalizar, Risco Atribuível e Odds Ratio ajustado, segundo idade e períodos pré e pós-vacinal
Através do Risco Atribuível observou-se que a criança menor de um ano apresentou uma redução de 30% de internações, diferença entre os períodos pré e pós-vacinal, e conforme a idade avança, a probabilidade de internação diminui e o teste do qui-quadrado de Mantel Haenzel revelou que, no conjunto de todas as idades analisadas, o risco de internação por doença diarreica diminuiu em 17% após a vacinação (Tabela 3).
A regressão logística confirmou a predisposição estatisticamente significativa para todas as idades, com um risco de 3,89 e 3,84 de hospitalização para as crianças nas idades inferiores e igual a um ano respectivamente (Tabela 3).
Discussão
O tipo de delineamento de um estudo ecológico não permite interpretações diretas dos resultados a nível individual. Acrescente-se também que o número de hospitalizações por diarréia para todas as causas é um dado secundário e sem validação independente, proveniente da administração da saúde e sujeito a viés de informação, no entanto, observou-se que as doenças diarréicas apresentaram características peculiares como a incidência em forma de surtos, e que, além da sazonalidade, apresentaram temporalidade com variação entre os anos, fatores importantes a serem considerados em novas propostas.
Neste estudo, encontrou-se redução nas taxas de hospitalização por diarreia aguada em crianças menores de cinco anos, para todas as faixas etárias estratificadas, sugerindo que o uso da vacina oral de rotavírus humano está associado na redução dos casos, seguindo a uma tendência nacional da diminuição das taxas de internação por DA.(3,5,8)
Esta redução nas taxas de hospitalização por diarreias agudas após a introdução da vacina pode ser confirmada no estudo realizado nos Estados Unidos, que constatou uma redução de 50% nas hospitalizações por diarreia em crianças de 6 a 23 meses no segundo ano após o uso da vacina oral de rotavírus humano.(10) Também o estudo de caso controle avaliando a eficácia da vacina em hospitais sentinelas em El Salvador observou a proteção significativa para todas as admissões por diarreia entre crianças menores de cinco anos, com redução de 40% dos casos em 2008 e de 51% dos casos em 2009, quando comparado ao ano de 2006.(11)
O estudo realizado no Brasil em 2006 e 2007 observou redução de 14% nas taxas de internação por diarreia aguda por região, com a média de internação de 115,74 casos por 10.000 crianças antes da introdução da vacina, em 2006, de 85,84 e 2007 com 59,94 (redução de 25,8% e 48% respectivamente),(6) enquanto para a cidade de São Paulo, de 2004 a 2008, verificou-se redução de 29% para internação por diarreia de qualquer etiologia após a vacina oral de rotavírus humano.(5)
Identificar as causas das diarreias é fundamental para que medidas adequadas à sua prevenção sejam realizadas. O estudo realizado com 650 pacientes com diarréia comprovada tratadas entre abril de 2005 e maio de 2008 no hospital da Universidade de Würzburg (Alemanha) objetivou analisar as características clínicas e os dados laboratoriais entre os diferentes agentes patogênicos causadores de diarréia. O Rotavírus foi o patógeno mais comum identificado, seguido por norovírus, adenovírus e Salmonella spp. As infecções nosocomiais foram causadas mais comumente pelo norovírus. Rotavírus foi o agente mais comum quando houve detecção simultânea de dois ou mais vírus. As infecções por rotavírus foram significativamente mais graves, com uma maior freqüência de diarréia e elevação dos enzimas hepáticos. As Infecções causadas por Salmonella spp mostraram valores significativamente maiores para a proteína C-reativa, velocidade de hemo-sedimentação, e a febre. As crianças mais jovens apresentaram escores significativos para a gastroenterite e as inflamação das vias aéreas. Destacou-se que sintomas respiratórios e parâmetros de inflamação sistêmica diferiram entre os diferentes agentes patogénicos.(12)
Estudo comparando a proporção de internação por diarreia atribuída ao rotavírus verificou aumento das taxas de hospitalizações nos últimos anos, de 21% entre 1986 e 1999, para 39% entre 2000 e 2004, tanto para os países desenvolvidos quanto para aqueles em desenvolvimento.(13) Após este período, observou-se redução das taxas de hospitalizações em comparação com outras causas da diarreia, sugerindo a importância da vacina oral de rotavírus humano na redução das taxas de internamento. Acrescente-se que altas taxas de internação podem estar relacionadas às infecções virais, que não reduzem seus índices com medidas básicas de saneamento e água tratada.(3)
Na análise da probabilidade de hospitalização por diarreia aguda observou-se acentuada queda para crianças menores de um ano, antes da introdução da vacina oral de rotavírus humano, possivelmente relacionada a outros fatores de proteção como o uso da Terapia de Reidratação Oral, a melhora dos fatores como o nível socioeconômico, escolaridade da mãe, o aleitamento materno e estado nutricional das crianças.(1,10)
A idade tem se pontuado como um fator de risco para a doença diarreica, com a gravidade destes episódios aumentada tanto para os países em desenvolvimento quanto para os desenvolvidos. O Risco Atribuível para as crianças menores de um ano e de um ano demonstrou maior proteção vacinal, mas a Odds Ratio (OR) revelou a fragilidade deste grupo frente as diarreias agudas. Este fato pode ser observado em estudo de caso-controle que encontrou frequência estatisticamente significativa de infecção por rotavírus entre os pacientes com menos de 24 meses de idade (69%) do que entre as crianças com dois anos ou mais (31%).(14)
No presente estudo a incidência de episódios de diarreia, em crianças menores de um ano foi 3,8 vezes maior quando comparadas com as de um a quatro anos. Esta mesma predisposição foi observada em estudo de caso-controle(9) na Região Nordeste do país, que demonstrou o risco de internação de crianças menores de um ano, com probabilidade 4,4 vezes maior e no período pós-vacinal de 3,6, comparada com a criança na faixa etária de quatro anos. Na região sul do Brasil o risco de crianças menores de um ano de adoecer foi 3,59 vezes maior do que em crianças de um a quatro anos.(6)
Observou-se que o risco para crianças de dois anos sofre poucas alterações, com pequena redução para o ano de 2009, e que os períodos pré e pós-vacinal permanecem praticamente sem alteração (Tabela 2) apesar de apresentar uma Taxa de variação de (-25,8%).
Na história natural das infecções por rotavírus, 90% das crianças até o segundo ano de vida apresentariam uma infecção(6) de maior gravidade, que exigiria atendimento hospitalar e a disponibilidade da vacina para todas as crianças, respeitando-se a faixa etária. Isso também diminuiria o risco de viés nas análises das taxas de internações, sugerindo que a introdução da vacina tem apresentado redução nos percentuais das THs para algumas faixas etárias, destacando-se que quanto mais nova a criança, mais forte a associação, ou seja, maior a probabilidade de ocorrência da doença, provavelmente porque a probabilidade de internação para esta idade apresenta pequena variabilidade ao longo dos anos.
Estudo realizado em 18 estados, com as taxas de hospitalização de gastroenterite aguda em crianças <5 anos antes e após a vacinação do rotavírus observou que a taxa média para os anos 2000-2006 que eram de 101,1/10.000 crianças, comparada às taxas de 2007 e 2008 com 85,5 e 55,5/10.000 crianças, foram de 16% e 45% inferiores, respectivamente. Crianças de 0-2 meses apresentaram redução de 28%, aquelas com idade de 6-23 meses redução de 50%, e as crianças com idade entre 3-5 meses e 2459 meses, reduções que variaram entre 42% e 45%, concluindo que a introdução da vacina foi associada com uma redução dramática nas hospitalizações por gastroenterite aguda em crianças americanas independente da idade.(10)
Medidas com a melhoria do saneamento básico, como a água tratada, coleta do lixo, canalização de esgotos domésticos, combate aos vetores, drenagem pluvial e a promoção da higiene pessoal e doméstica são estratégias importantes e que apresentam resultados concretos para a redução das taxas de hospitalização por diarreia aguda, mas não são suficientes, sendo necessária a sua prevenção através da imunização. A Organização Mundial de Saúde também tem apoiado os Estados-Membros dos países africanos desde 2006 para estabelecer a vigilância sentinela de diarreia por rotavírus em crianças menores de 5 anos de idade usando diretrizes padronizadas. Esta estratégia é muito importante para gerar dados específicos do país e documentar e demonstrar a carga da gastroenterite por rotavírus no país.(15) Os dados recolhidos estão sendo utilizados pelos políticos para orientar as decisões sobre intervenção adequadas para o controle de diarreia, incluindo a importância e o momento da introdução de novas vacinas contra o rotavírus nos programas nacionais de imunização.
A utilização da vacina oral de rotavírus humano é um avanço na saúde da criança menor de cinco anos e os dados a respeito do impacto das gastrenterites virais têm implicações importantes na avaliação das políticas de saúde, como a promoção do aleitamento materno, a melhoria da prática do desmame com a idade adequada e a introdução de alimentos complementares.
É crucial determinar quanto das internações ainda remanescentes de crianças menores de cinco anos são causadas pelo rotavírus e qual a situação vacinal dessas crianças. A grande variedade de cepas circulantes e fatores como o clima seco e frio, conglomerados urbanos com alta densidade populacional, convivência em creches e outros ambientes fechados aumentam seu potencial de transmissão.
Conclusão
Houve redução nas taxas de hospitalização por diarreias agudas em crianças menores de cinco anos no Estado do Paraná, sugerindo que o uso da vacina oral de rotavírus humano e outros fatores associados podem reduzir os casos de diarreias agudas.
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
May-Jun 2015
Histórico
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Recebido
04 Out 2014 -
Aceito
26 Nov 2014