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EDITORIAL

Estimular o convívio da Psicologia com outras disciplinas e dos territórios conceituais articulados à diversidade de objetos de seu próprio campo, é o fio condutor de Psicologia USP, subjacente ao conjunto de ensaios que compõem este volume.

Ao recortar temáticas implicadas no trabalho com famílias, mais especificamente, com os jovens na família, o artigo inicial, sustentado por uma pesquisa etnográfica com famílias nos bairros na periferia da cidade de São Paulo, responde à tendência atual das políticas sociais, em geral, e das políticas de saúde, em particular, que priorizam a família, e não o indivíduo, como unidade de atendimento. Também incide sobre questões pertinentes à família o estudo subseqüente, tendo como foco o estudo da influência da dinâmica familiar no processo de construção identitária de adolescentes usuários de drogas e envolvidos em atos infracionais. No trabalho seguinte, são ressaltadas as contribuições da fenomenologia hermenêutica de Ricoeur para a Psicologia Social, na exploração de novos aspectos da dinâmica psicossocial e na interpretação da diversidade peculiar à contemporaneidade globalizada. As idéias desenvolvidas por Foucault fundamentam o próximo trabalho, que problematiza a relação entre cuidados de si, formas de subjetivação e Reforma Psiquiátrica, ao investigar como auxiliares de enfermagem da rede pública de saúde mental se tornam trabalhadores de saúde mental. Em seguida, é destacada a importância social da creche como referência institucional para o desenvolvimento infantil, a partir de uma pesquisa junto a famílias beneficiárias dos serviços oferecidos por essa instituição.

Os dois próximos ensaios inscrevem-se no circuito de investigação pertinente à psicanálise, apresentando propostas de leitura de dois textos freudianos: no primeiro, o "Projeto de uma Psicologia" é abordado como uma metáfora biológica dos processos psíquicos; o trabalho seguinte recorta, em "A Interpretação dos Sonhos", o método de interpretação desenvolvido na análise do sonho da injeção de Irmã, para demonstrar as insuficiências das análises lacanianas desse sonho de Freud. Em seguida, processos psicológicos na representação religiosa são tematizados por meio de dois artigos: inicialmente, é apresentada a evolução, na literatura psicanalítica, do modelo da ilusão articulado à experiência religiosa, assinalando suas contribuições e limites; o próximo artigo apresenta os resultados de uma investigação voltada ao vínculo psicológico entre a experiência existencial do sofrimento e a posição do sujeito frente à fé religiosa. O último ensaio destaca a conexão entre conhecimento e auto-conhecimento, por meio da interpretação do filme Solaris e da novela homônima, segundo o referencial da Psicologia Analítica de Jung.

Finalmente, Resenha traz o sabor dos frutos da "memória partilhada", Ponto de vista sacode olhares para abrir perspectivas e Em Debate, ao retomar a questão da avaliação de periódicos, legitima o espaço aberto ao debate de temáticas relevantes para o campo da Psicologia, eixo fundamental da proposta editorial de Psicologia USP.

Ana Maria Loffredo

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    20 Jul 2005
  • Data do Fascículo
    2004
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