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EDITORIAL

Apontar as concepções ideológicas que alimentam o preconceito social e racial, embaladas pelo mito da neutralidade científica, é o eixo condutor do dossiê que abre este número de Psicologia USP, temática que bem expressa a proposta editorial da revista, comprometida com o debate de questões fundamentais para a Psicologia em sua interlocução com áreas afins. Os artigos que o compõem, tendo como perspectiva o “racismo científico” subjacente, de modo mais ou menos explícito, ao percurso de produções teóricas das ciências humanas, demonstram o caráter ideológico de certas leituras presentes nos âmbitos da Psicologia, da Educação, da Saúde e da Mídia, tomando como objetos de investigação o fracasso escolar, a compreensão da loucura, as expressões atuais do racismo, as propostas de prevenção em saúde mental e os discursos sobre a escola presentes em meios de comunicação de massa.

Mais quatro artigos fazem parte deste número. O primeiro deles, também vinculado ao campo de questões problematizado pelo dossiê, apresenta uma análise crítica da avaliação psicoeducacional tradicional, à luz da Psicologia Histórico-Cultural, proposta que se justifica pelo incremento, na atualidade, da padronização de instrumentos de medida voltados a funções psicológicas, estimulada por uma vulgarização das contribuições da neuropsicologia.

O próximo trabalho trata de questões relativas à constituição da subjetividade, a partir das perspectivas teóricas fornecidas pelos enfoques situacionais, pela psicanálise e pela filosofia política, recortando os processos emancipatórios e o papel da transmissão na educação, na qual é enfatizada a função crucial ocupada pela posição da autoridade, enquanto veículo de operação da lei.

O ensaio subseqüente define o fenômeno da troca como a instituição fundante da cultura e das relações sociais, examina dois momentos míticoteóricos nos quais a troca está ausente - a pura violência associada ao estágio pré-cultural da humanidade e o âmbito da gratuidade, na qual se prescinde da reciprocidade - e destaca o conflito inerente à troca como essencial na dinâmica das relações sociais.

O último artigo se insere no campo de interesses pertinentes à pesquisa em psicanálise, do ponto de vista de um estudo comparativo entre a etimologia de “tóxico” e “adicção” e “paixão” e “toxicomania”, à luz do repertório conceitual psicanalítico.

Finalmente, Ponto de Vista efetua uma análise do filme “Batman Begins”, que pretende evidenciar como o mito do “herói mascarado” é um instrumento útil para se abordar as peculiaridades pertinentes às subjetividades contemporâneas.

Ana Maria Loffredo

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    30 Nov 2010
  • Data do Fascículo
    Mar 2006
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