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PRÁTICA DE GRADUANDOS DE ENFERMAGEM REFERENTES A PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE ÚLCERA DE PRESSÃO
Elaine Maria L. Rangel1 1 Discentes do 8º semestre de graduação em enfermagem da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo; 2 Professora Doutora do Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo - Orientadora da Pesquisa
Kátia G. Prado1 1 Discentes do 8º semestre de graduação em enfermagem da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo; 2 Professora Doutora do Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo - Orientadora da Pesquisa
Amália L Machry1 1 Discentes do 8º semestre de graduação em enfermagem da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo; 2 Professora Doutora do Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo - Orientadora da Pesquisa
Andréia Carla F. Rustici1 1 Discentes do 8º semestre de graduação em enfermagem da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo; 2 Professora Doutora do Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo - Orientadora da Pesquisa
Maria Helena Larcher Caliri2 1 Discentes do 8º semestre de graduação em enfermagem da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo; 2 Professora Doutora do Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo - Orientadora da Pesquisa
INTRODUÇÃO
A Úlcera de Pressão pode ser definida como "uma área localizada de necrose celular que tende a desenvolver-se quando os tecidos moles são comprimidos entre uma proeminência óssea e uma superfície dura por um período prolongado de tempo" (BERGSTROM et al., 1995).
Durante a hospitalização vários fatores de risco expõem os pacientes com déficit de mobilidade e/ou sensibilidade a desenvolverem úlceras de pressão ou a terem este problema agravado. Os grupos de maior risco são os idosos com diabetes, acidente vascular cerebral e problemas ortopédicos, os pacientes com lesão medular e aqueles com longa permanência em sala de cirurgia e unidades de terapia intensiva (VERSLUYSEN,1986; STOTTS & STEVEN, 1988; BRANDEIS et al., 1990)
A natureza multifatorial do problema requer um esforço de todos os membros da equipe multidisciplinar para a prevenção e tratamento no entanto, cabe à equipe de enfermagem a maior parcela do cuidado. O profissional de enfermagem é responsável pelo cuidado direto e pelo gerenciamento da assistência e precisa estar preparado para isto. Assim, é imprescindível que na sua formação adquira conhecimentos para o cuidado. Já Harmer e Henderson em seu clássico livro "Princípios e Práticas de Enfermagem", logo no início deste século afirmavam:
"a prevenção de úlceras de decúbito é de total responsabilidade da enfermeira assim, logo no início do seu treinamento, muito antes de lhe ser designado o cuidado de um paciente, ela deve aprender como cuidar do paciente para evitá-la."(Harmer e Henderson1922 apud COOPER, 1987).
Assim é de relevante importância a investigação das práticas realizadas pelos graduandos durante o curso de enfermagem referentes a prevenção e tratamento da úlcera de pressão.
OBJETIVOS
O presente estudo foi desenvolvido com o objetivo de identificar os cuidados prestados por graduandos de enfermagem na prevenção e tratamento de úlcera de pressão durante o curso de graduação em uma instituição pública do estado de São Paulo.
METODOLOGIA
A população do estudo foi composta de alunos do sétimo período do curso de graduação em enfermagem no ano de 1997. A amostra foi do tipo acidental e compreendeu os 33 alunos que aceitaram participar. Os dados foram coletados através de entrevista com o uso de um roteiro com questões estruturadas, desenvolvidas e validadas pelas pesquisadoras.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dos 33 participantes do estudo, 16 (48%) tiveram oportunidade de prestar cuidados preventivos ou curativos a pacientes com úlcera de pressão ou potencial para o problema, 11(33%) referiram não terem cuidado e 6 (18%) só terem observado a prestação do cuidado. As experiências práticas ocorreram nos estágios das áreas de enfermagem médica (42%), fundamentos de enfermagem (36%) enfermagem cirúrgica (18%) e disciplinas na comunidade (4%). O estágio voluntário ofereceu experiência de aprendizagem para 30% dos 16 alunos que cuidaram nos estágios teórico práticos curriculares.
Foram citadas 179 medidas preventivas e curativas como cuidados de enfermagem prestadas aos pacientes sendo 164 citadas pelos alunos que tiveram experiências teórico práticas (média de 10,2 medidas por aluno) e 15 medidas citadas por 15 alunos que não cuidaram ou só observaram (média de 1 medida por aluno). Dois alunos não souberam citar medidas preventivas ou curativas. As medidas citadas com maior freqüência foram referentes a mudança de decúbito e uso de colchões e almofadas especiais para alívio da pressão. Dentre as medidas usadas para tratamento 21% são consideradas inadequadas na literatura científica como uso de povidine tópico, violeta de genciana, cobertura da ferida somente com gaze seca (MAKLEBUST & SIEGGREEN (1996), uso de roda d'água (GOULD, 1985) e massagem em regiões de hiperemia (BUSS et al., 1997). Nenhum aluno citou medidas relacionadas a cuidados com nutrição, educação do paciente e família para o auto cuidado ou o uso de escalas para avaliar o potencial de risco para o problema na admissão.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A prevenção e o tratamento da úlcera de pressão exige mais do que a redistribuição mecânica do peso corporal sendo necessário a identificação precoce dos fatores de risco, o tratamento das patologias de base quando presentes, a restauração e manutenção de uma nutrição adequada e a educação de pacientes e cuidadores formais e informais para o auto cuidado (KEMP et al., 1994).
Os alunos que participaram da pesquisa desconheciam muitas das medidas preconizadas na literatura para prevenção e tratamento da úlcera de pressão e utilizaram medidas contra indicadas que podem causar danos aos pacientes atendidos. Percebe-se assim que é de fundamental importância que sejam dadas aos alunos maiores oportunidades de cuidado durante as diversas disciplinas da graduação abordando os aspectos preventivos, terapêuticos e educacionais com a utilização de resultados de pesquisas de forma a permitir a aprendizagem dos princípios técnicos e científicos para uma prática ética e de qualidade. Torna-se também necessário a difusão dos resultados de pesquisa entre os enfermeiros docentes e aqueles atuando em hospitais e postos de saúde com uma discussão sobre práticas inadequadas utilizadas de forma a procurar estratégias de mudanças (TITLER et al., 1994).
- 01. BERGSTROM,N.; BENNET,M.A; CARLSON, C.E.et.al. Pressure ulcer treatment - Clinical Practice Guidiline. Quick reference guide for clinicians. Advances in Wound Care, v. 8, n. 2, p. 22-44, 1995.
- 02. BRANDEIS, B. et al. The epidemiology end natural history of pressure ulcer in elderly nursing home residents. JAMA, v. 264, n. 22, 1990.
- 03. BUSS, I.C.; HALFENS, R.J.G.; ABU-SAAD, H.H. The effectiveness of massage in preventing pressure sores: a literature review. Rehabilitation Nursing, v. 22, n. 5, p. 229-234, 1997.
- 04. COOPER, D.N. Pressure ulcers: unpublished research 1976-1986. Process to Outcome. Nurs.Clin.North America, v. 22, n. 2, p. 475-491, 1987.
- 05. GOULD, D. Pressure for change. Nursing Mirror, v. 161, n. 9, p. 28-30, 1985.
- 06. KEMP, M.G. Protecting the skin from moisture. Journal of Gerontological Nursing, v. 20, n. 9, p. 8-14, 1994.
- 07. MAKLEBUST, J.; SIEGREEN, M. Pressure ulcers: guidelines for prevention and nursing management. 2. ed. Springhouse, 1996.
- 08. STOTTS, N.; STEVEN, M.P. Pressure ulcer development in surgical patients. Decubitus, v. 1, n. 3, p. 24-30, 1988.
- 09. TITLER, M.G. et al. Infusing research into practice to promote quality care. Nursing Research, v. 43, n. 5, p. 307-313, 1994.
- 10. VERSLUYSEN, M. How elderly patients with femoral fracture develop pressure sore in hospital. British Medical Journal, v. 292, p. 1311-1313, 1986.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
29 Ago 2005 -
Data do Fascículo
Abr 1999