Open-access Riscos de adoecimento ocupacional em profissionais da saúde que atendem pacientes com COVID-19: revisão integrativa*

Resumos

Objetivo:  analisar as evidências sobre os riscos de adoecimento ocupacional aos quais estão expostos os profissionais de saúde que cuidam de pacientes acometidos pela COVID-19.

Método:  revisão integrativa da literatura realizada por meio de busca on-line nas bases de dados Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE/PubMed), Web of Science (WoS), Excerpta Medica Data-base (EMBASE), Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL) e Scopus (Elsevier). Incluíram-se artigos originais, publicados entre novembro de 2019 e junho de 2020, sem restrições de idioma. A análise descritiva dos resultados é apresentada em duas categorias.

Resultados:  a amostra constituiu-se de 19 produções científicas com predomínio da língua inglesa (n=16, 84%) e estudos de corte transversal, com nível de evidência 2C (n=17, 90%). Os estudos mostraram, como principais eixos temáticos, o risco de contaminação e o risco de adoecimento psicoemocional no atendimento a pacientes acometidos pela COVID-19.

Conclusão:  a revisão mostrou os potenciais efeitos sobre a saúde dos profissionais durante o atendimento de pacientes acometidos pela COVID-19. Evidenciou-se a importância da implementação de estratégias de intervenção focadas nos riscos ocupacionais mais prevalentes durante a pandemia. O nível de evidência dos estudos sugere a necessidade de desenvolvimento de pesquisas com delineamentos mais robustos.

Descritores: Infecções por Coronavirus; Exposição Ocupacional; Pessoal de Saúde; Pessoal Técnico de Saúde; Enfermeiras e Enfermeiros; Médicos


Objective:  to analyze evidence concerning the risks of occupational illnesses to which health workers providing care to patients infected with COVID-19 are exposed.

Method:  integrative literature review conducted in the following online databases: Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE/PubMed), Web of Science (WoS), Excerpta Medica Data-Base (EMBASE), Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL) and Scopus (Elsevier). Original articles published between November 2019 and June 2020, regardless of the language written, were included. A descriptive analysis according to two categories is presented.

Results:  the sample is composed of 19 scientific papers. Most were cross-sectional studies with an evidence level 2C (n=17, 90%) written in English (n=16, 84%). The primary thematic axes were risk of contamination and risk of psycho-emotional illness arising from the delivery of care to patients infected with COVID-19.

Conclusion:  the review presents the potential effects of providing care to patients with COVID-19 on the health of workers. It also reveals the importance of interventions focused on the most prevalent occupational risks during the pandemic. The studies’ level of evidence suggests a need for studies with more robust designs.

Descriptors: Coronavirus Infections; Occupational Exposure; Health Personnel; Allied Health Personnel; Nurses; Physicians


Objetivo:  analizar las evidencias sobre los riesgos de enfermedad ocupacional a los cuales están expuestos los profesionales de la salud que cuidan de pacientes afectados por la COVID-19.

Método:  revisión integradora de la literatura realizada a través de búsqueda online en las bases de datos Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE/PubMed), Web of Science (WoS), Excerpta Medica Data-base (EMBASE), Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL) y Scopus (Elsevier). Fueron incluidos artículos originales, publicados entre noviembre de 2019 y junio de 2020, sin restricciones de idioma. El análisis descriptivo de los resultados se presenta en dos categorías.

Resultados:  la muestra fue constituida por 19 producciones científicas con predominio del idioma inglés (n=16, 84%) y estudios de corte transversal con nivel de evidencia 2C (n=17, 90%). Los estudios mostraron como principales ejes temáticos el riesgo de contaminación y riesgo de enfermedad psicoemocional, en la atención a pacientes afectados por COVID-19.

Conclusión:  la revisión mostró los potenciales efectos sobre la salud de los profesionales durante la atención de pacientes afectados por COVID-19. Se evidenció la importancia de implementar estrategias de intervención, enfocadas en los riesgos ocupacionales más prevalentes durante la pandemia. El nivel de evidencia de los estudios sugiere la necesidad de desarrollar investigaciones con delineamientos más robustos.

Descriptores: Infecciones por Coronavirus; Exposición Profesional; Personal de Salud; Técnicos Medios en Salud; Enfermeras y Enfermeros; Médicos


Introdução

Em 2020, uma pandemia causada por um novo Coronavírus (COVID-19) assolou o mundo e já causou milhares de mortes. A COVID-19 iniciou na China no final de 2019 e espalhou-se rapidamente para outros países. A doença pode gerar a síndrome respiratória pandêmica denominada Coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave 2 (SARS-CoV-2), evoluindo, em alguns casos, para cuidados críticos ou intensivos pela complexidade e gravidade do quadro(1).

No Brasil, os primeiros casos foram registrados em fevereiro e, desde então, o número de doentes e mortos pela COVID-19 só aumentou. Atualmente, o Brasil é o segundo país com mais casos da doença, com letalidade de 2,9% e taxa de mortalidade de 76,7%, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. No total, já foram computados 161.106 óbitos(2).

Diversos países, em determinado momento da pandemia, relataram o colapso no sistema de saúde, a falta de recursos humanos, materiais e físicos para o atendimento aos doentes infectados pela COVID-19(3). Além disso, a alta transmissibilidade do vírus, com uma capacidade de propagação superior à estimada no início da pandemia, aumentou o risco de exposição e adoecimento ocupacional, especialmente entre os profissionais de saúde que atendem pacientes contaminados(4).

A infecção pela COVID-19 ainda não possui garantia de imunização adquirida por ocasião do contágio e a utilização de vacina segue em fase de testes clínicos. Enquanto as barreiras imunológicas não estiverem consolidadas e asseguradas pela ciência, os trabalhadores da saúde, principalmente os que estão em contato com os pacientes portadores da COVID-19, contam somente com barreiras físicas, compostas pelos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), o isolamento, a higienização de mãos e do ambiente para a proteção e minimização do risco de contágio(5-6).

As diferentes condições de trabalho para a assistência, como diferentes setores produtivos, histórico de saúde de cada funcionário, conflito de papéis, dificuldades nas relações interpessoais e os riscos biológicos e/ou psicossociais derivados da atividade profissional, podem ser potencializadas pelas longas jornadas de trabalho, carência de EPIs e possível estado de exaustão física, emocional e mental impostos aos profissionais da saúde durante o período pandêmico. Esses fatores devem servir como alerta aos gestores de serviços de saúde, a fim de intensificar as estratégias voltadas para a promoção da saúde ocupacional e a prevenção de adoecimento, tal como foi verificado em estudo realizado na Espanha(4).

A preservação da saúde desses trabalhadores é fundamental para minimizar a disseminação da COVID-19 e para manejar os efeitos da contaminação, que se refletem dentro das instituições hospitalares e dos serviços de atenção primária(7-8). Dessa forma, as estratégias de atenção à saúde do trabalhador são primordiais, não apenas para o fornecimento de barreiras de proteção, mas também para oferecer acolhimento e assistência integral, envolvendo, inclusive, o atendimento psicoemocional. A criação de ações efetivas implica conhecer os riscos aos quais os profissionais da saúde estão expostos ao desenvolver seu labor(9).

Assim, a justificativa para esta investigação baseia-se na importância de produzir e agregar conhecimento, por meio de busca na literatura científica mundial, para embasar as atividades de promoção da saúde, minimizando o risco de adoecimento ocupacional aos quais estão expostos os profissionais da área da saúde, em diferentes campos de atuação, durante o atendimento de pacientes contaminados ou suspeita da COVID-19. O estudo objetivou analisar as evidências sobre os riscos de adoecimento ocupacional aos quais estão expostos os profissionais de saúde que cuidam de pacientes acometidos pela COVID-19.

Método

Trata-se de uma Revisão Integrativa da Literatura (RIL) conduzida em seis etapas distintas: 1) definição da questão norteadora da revisão; 2) busca e seleção dos estudos primários; 3) extração de dados dos estudos primários; 4) avaliação crítica dos estudos primários, 5) síntese dos resultados da revisão; 6) apresentação da revisão(10).

A questão de pesquisa foi organizada conforme os elementos da estratégia PICO (acrônimo para P - população, I - intervenção/área de interesse, C - comparação e O - resultado/desfecho)(11) para aumentar a probabilidade de encontrar evidências em fontes secundárias que cumpram os pressupostos da Prática Baseada em Evidências (PBE). Dessa forma, a questão norteadora foi: “Quais os riscos de adoecimento ocupacional a que estão expostos os profissionais de saúde que cuidam de pacientes acometidos pela COVID-19?”.

A estrutura da estratégia de busca utilizada segundo o propósito da revisão integrativa contempla o uso de termos controlados combinados com os operadores booleanos, adaptados com as especificidades para o acesso a cada base de dados consultada e detalhados na Figura 1.

Figura 1
Expressões de busca utilizadas na RIL segundo a estratégia PICO* e o uso de operadores booleanos. Porto Alegre, RS, Brasil, 2020

A busca foi realizada no período compreendido entre março e junho de 2020 nas bases: Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE via PubMed); Web of Science (WoS); Excerpta Medica Data-base (EMBASE); Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL) e Scopus (Elsevier). As produções foram acessadas por meio do portal de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Adotaram-se como critérios de inclusão: artigos primários que abordassem a exposição ocupacional dos profissionais de saúde no atendimento de pacientes com suspeita ou confirmação da COVID-19; publicações a partir de novembro de 2019 associadas ao primeiro surto da doença em Wuhan, na província de Hubei, na China; sem restrições de idioma. Os critérios de exclusão foram: publicações apresentadas em formato de tese, dissertação, editoriais, artigos de revisão, manuais, protocolos, capítulos de livros, reflexões, opiniões e comentários de especialistas, bem como publicações duplicadas nas bases de dados.

A busca inicial em cada base eletrônica excluiu artigos duplicados, seguida da análise do título e do resumo dos estudos, a fim de garantir a seleção de publicações pertinentes à questão norteadora formulada na RIL. Para a extração dos dados dos estudos primários, foi elaborado um formulário no programa Microsoft Excel 2013® contendo as seguintes informações: autores; título; resumo; objetivo do estudo; ano e país de publicação; delineamento do estudo; principais resultados; conclusões; limitações do estudo e a determinação do Nível de Evidência (NE).

Para a análise dos níveis de evidência, adotou-se a classificação da Oxford Centre for Evidence-based Medicine(12), que estabelece: 1A – revisão sistemática (com homogeneidade) de ensaios clínicos controlados e randomizados; 1B - ensaio clínico controlado e randomizado com intervalo de confiança estreito; 1C - resultados terapêuticos do tipo “tudo ou nada”; 2A - revisão sistemática de estudos de coorte; 2B – estudo de coorte (incluindo ensaio clínico randomizado de menor qualidade); 2C - observação de resultados terapêuticos ou estudos ecológicos; 3A - revisão sistemática (com homogeneidade) de estudos de caso-controle; 3B – estudo de caso-controle; 4 - relato de casos (incluindo coorte ou caso-controle de menor qualidade); 5 - opinião de especialistas desprovida de avaliação crítica explícita ou com base na fisiologia, pesquisa fundamental ou “primeiros princípios”.

As etapas de seleção, extração dos dados e avaliação crítica dos estudos primários na íntegra da publicação foram realizadas por dois pesquisadores de forma independente. Previamente à análise crítica e síntese dos estudos, foi realizado um processo de calibração entre os pesquisadores com a finalidade de buscar consenso em conceitos relevantes na temática principal do estudo. Nos casos em que houve discordância entre os pesquisadores, buscou-se um consenso com a participação de um terceiro avaliador.

A análise crítica e a síntese dos estudos selecionados foram realizadas de forma descritiva, a partir de um quadro sinóptico, com o intuito de identificar e comparar, de forma objetiva, os achados diferentes ou conflitantes e sumarizar os resultados semelhantes em relação à questão norteadora. Durante o ordenamento e a classificação da amostra por similaridade semântica e teórica foram considerados outros fatores imbricados ao risco de adoecimento ocupacional, o que possibilitou a construção de duas categorias temáticas: Risco de contaminação e exposição ocupacional dos profissionais da saúde que cuidam de pacientes acometidos pela COVID-19 e Risco de adoecimento psicoemocional dos profissionais da saúde que cuidam de pacientes acometidos pela COVID-19.

Ressalta-se que foram respeitadas as autorias das fontes pesquisadas conforme a Lei número 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que consolida a legislação sobre os direitos autorais no Brasil(13).

Resultados

Na busca inicial da revisão integrativa, identificaram-se 1656 produções científicas. Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, foram eliminados 1617 artigos correspondentes a 97 publicações duplicadas e 1520 artigos na seleção de pertinência por título e resumo pelos seguintes motivos: não se tratar de artigo; não serem pesquisas; não pertencerem à temática e não responderem à questão norteadora.

Concluída essa etapa, 39 produções foram analisadas na íntegra, sendo 15 artigos excluídos por não responderem à pergunta de pesquisa durante avaliação pelos revisores e cinco artigos excluídos na revisão por consenso. Por fim, foram incluídas 19 produções científicas, conforme o fluxograma de seleção dos estudos primários apresentado na Figura 2.

Figura 2
Fluxograma de seleção dos estudos primários, elaborado a partir da recomendação PRISMA*. Porto Alegre, RS, Brasil, 2020

*PRISMA = Preferred Reporting Items for Systematic Review and Meta-Analyses.


Em relação à caracterização dos artigos incluídos na amostra final da revisão integrativa, o ano de publicação dos estudos foi 2020; a China foi o país mais predominante no desenvolvimento de estudos acerca da temática (68%), seguida da Alemanha (5%), Cingapura (5%), Paraguai (5%), Turquia (5%) e Israel (5%), além de um estudo multicêntrico (5%). Quanto ao idioma das publicações, foi prevalente o inglês (84%), seguido do chinês (11%) e do espanhol (5%). No que se refere ao delineamento de pesquisa dos estudos e nível de evidência, conforme a classificação de Oxford, obteve-se estudos de corte transversal – nível de evidência 2C (90%); estudo de coorte – nível de evidência 2B (5%) e série de casos – nível de evidência 4 (5%).

A Figura 3 apresenta uma síntese dos principais elementos da extração de dados dos estudos que constituíram a amostra final da revisão, distribuídos conforme as categorias temáticas definidas.

Figura 3
Caracterização dos estudos primários incluídos na revisão integrativa segundo o autor principal, o periódico, a base de dados, o ano de publicação, o delineamento, a amostra, o país de desenvolvimento de estudo, o objetivo, os principais resultados e o nível de evidência. Porto Alegre, RS, Brasil, 2020

Discussão

Os achados são apresentados em duas categorias temáticas: 1) Risco de contaminação e exposição ocupacional dos profissionais da saúde que cuidam de pacientes acometidos pela COVID-19, abordado em cinco artigos, e 2) Risco de adoecimento psicoemocional dos profissionais da saúde que cuidam pacientes acometidos pela COVID-19, abordado em 14 artigos.

Risco de contaminação e exposição ocupacional dos profissionais da saúde que cuidam de pacientes acometidos pela COVID-19

A COVID-19 é uma infecção altamente contagiosa, sendo que os profissionais de saúde apresentam maior risco para a contaminação devido à exposição ocupacional durante o atendimento direto a pacientes com suspeita ou infectados. A probabilidade de infecção dos profissionais de saúde está relacionada ao tempo, grau e método de exposição aos pacientes com COVID-19 e à quantidade de vírus inalado(14).

Os autores(14) identificaram que o risco foi peculiar para cada categoria profissional do hospital afiliado à Universidade de Jianghan, da província de Wuhan, na China. Para a Enfermagem, o risco estava relacionado com o tempo de exposição ocupacional no atendimento ao paciente infectado, visto que os profissionais são fixos em suas rotinas de trabalho, a proteção estava relacionada ao uso constante e correto de EPIs, bem como à retirada adequada. Para os médicos, o risco foi atrelado a não utilização ou utilização inadequada de EPIs durante a exposição ocupacional e a proteção física foi relacionada ao tempo diminuído de exposição ao patógeno. Os profissionais de saúde, independentemente da categoria, que realizavam atendimento pré-hospitalar, possuíam risco maior de exposição e contaminação devido ao desconhecimento do tipo de patologia do paciente atendido e, consequentemente, à não utilização de EPI adequado durante a prática laboral.

O uso de roupas de proteção, capas de sapatos, toucas, máscaras e luvas médicas, associado à implementação rigorosa da higiene básica das mãos e medidas básicas de limpeza dos ambientes, pode prevenir e reduzir o risco de infecção. Em adição, os hospitais devem fortalecer o controle e o gerenciamento de infecções hospitalares, estabelecer alas de isolamento que atendam aos padrões sanitários e fortalecer o treinamento do pessoal médico sobre os conhecimentos de proteção e as medidas de desinfecção e isolamento. Em suma, a adequada proteção é a barreira mais importante para prevenir a contaminação dos profissionais da saúde expostos à COVID-19(14).

Nesse mesmo sentido, em um estudo realizado na China(15), entre os fatores de risco identificados para o desenvolvimento da COVID-19 em médicos e enfermeiras, destacou-se que os profissionais de saúde, que trabalhavam diretamente com pacientes acometidos pela COVID-19 e que realizavam lavagem de mãos inadequada após o contato com os pacientes, apresentaram maior risco de contrair a COVID-19. Houve, também, maior risco de infecção nos trabalhadores com mais horas de serviço, principalmente em profissionais de setores de alto risco, ou seja, naqueles que atendiam pacientes críticos infectados. Isso devido à maior exposição ocupacional pela necessidade de assistência aos pacientes e à exposição a procedimentos geradores de aerossóis(15).

A efetividade atrelada ao uso adequado de EPIs e a adesão às rigorosas medidas de higiene local de um hospital terciário na Alemanha foram descritas como protetoras à transmissão da COVID-19 de pacientes, suspeitos ou confirmados, para os profissionais de saúde que os atendiam(16). Ainda, a conscientização sobre a infecção pela COVID-19 é crucial, mesmo em enfermarias que não atendem pacientes infectados, tendo em vista a intensidade de contágio e as indefinições quanto aos sinais e sintomas.

Autores(16) fizeram uma consideração importante quanto à limitação do diagnóstico por meio do swab nasal, sendo que, dos cinco profissionais (100%) com anticorpos SARS-CoV-2-IgG detectáveis na sorologia, quatro (80%) apresentaram RT-PCR de swab nasal negativo para a COVID-19 e um (20%) era assintomático. Os profissionais sintomáticos relataram manifestações associadas à COVID-19 nos últimos três meses, incluindo dor de cabeça (40%) e espirros (40%); mal-estar geral, anosmia e febre foram observados em apenas um caso. Nenhum dos participantes relatou tosse, dor de garganta ou dispneia.

Ocorreu dificuldade para identificar a via de transmissão em que três profissionais (60%) suspeitaram de infecção após a exposição ocupacional no atendimento de pacientes COVID-19 desprotegidos e, em dois casos (40%), a via de infecção era desconhecida(16). Aspecto importante para a adesão aos padrões de higiene e distanciamento social, uma vez que a infecção assintomática, ou mesmo de fonte desconhecida, fornece uma rota de transmissão e contaminação que perpassa ambientes hospitalares e sociais.

Em um estudo desenvolvido em alguns países da América Latina, os autores(17) evidenciaram que, dos 936 (100%) profissionais de saúde participantes, especialmente médicos e enfermeiras, 74,7% tiveram acesso aos algoritmos de diagnóstico e tratamento para a COVID-19. A frequência de acesso aos EPIs essenciais durante a pandemia da COVID-19, pelos profissionais correspondeu a 91,1% para luvas descartáveis, 67,3% para roupões descartáveis, 83,9% para máscaras descartáveis, 56,1% para máscaras N95 e 32,6% para escudos de proteção facial. A percepção dos profissionais foi de apoio insuficiente das instituições médicas e autoridades de saúde pública para o enfrentamento da pandemia da COVID-19.

Os referidos dados servem de alerta para a necessidade de implementar urgentemente estratégias eficazes de proteção e apoio aos profissionais de saúde durante a pandemia. Porém, não permitem a generalização das descobertas, descritas como limitadas pelos autores(17) por serem provenientes de um estudo transversal, recrutamento intencional de participantes, constituindo uma amostra de profissionais que cuidavam de pacientes críticos de diversos diagnósticos. Contudo, elucidam a importância da avaliação interna das instituições a fim de efetivar a prevenção e minimizar a contaminação dos profissionais de saúde expostos aos diversos patógenos.

Porém, se, por um lado, o uso de EPIs visa a proteger os profissionais de saúde da infecção pela COVID-19, por outro lado, o uso prolongado de tais equipamentos pode desencadear desconfortos e piora de condições patológicas prévias(18). Além disso, 158 (100%) profissionais de saúde relataram que houve um aumento na frequência de uso de EPIs desde o surto da COVID-19 em Cingapura(18). Em média, os entrevistados usaram a máscara facial N95 por 18,3 dias, com uma média de uso correspondente a 5,9 horas por dia. O uso de óculos de proteção teve frequência de 96,8% entre os entrevistados. Os autores(18) identificaram que 87,5% dos participantes relataram a sensação de pressão ou peso nos locais afetados, com alguns caracterizando-a como uma dor pulsante (n=15, 11,7%) ou puxada (0,8%). Os participantes do estudo com diagnóstico de cefaleia primária pré-existente e aqueles que trabalhavam no departamento de emergência apresentaram maior chance para desenvolver dor de cabeça associada ao uso prolongado de EPIs.

Com base no exposto(14,18), é necessário atentar ao risco de adoecimento dos profissionais de saúde que extrapola a contaminação pela COVID-19, protegendo integralmente a saúde fisiológica e psicoemocional das equipes. Para tal, deve-se avaliar e adequar o uso de EPIs e, se possível, planejar o revezamento dos profissionais de saúde para o atendimento de pacientes contaminados ou com suspeita da COVID-19 a fim de reduzir o tempo de exposição dos profissionais de saúde, minimizando o uso prolongado de EPIs.

Risco de adoecimento psicoemocional dos profissionais da saúde que atendem pacientes acometidos pela COVID-19

A saúde mental das equipes médicas e de Enfermagem tem sido bastante desafiada durante a pandemia viral da COVID-19. O sofrimento psicológico dos profissionais de saúde apareceu gradualmente durante a pandemia, e o medo e ansiedade precederam a depressão, alterações psicofisiológicas e sintomas de estresse pós-traumático. Estar isolado, trabalhar em locais com alto risco de contaminação e ter contato com pessoas infectadas são causas comuns de trauma, impactando negativamente a saúde mental dos profissionais e levando ao adoecimento psicoemocional(21).

A exposição prolongada às experiências negativas, ocasionada pela prática profissional e pelo cuidado ao outro, pode desencadear medos e traumas absorvidos pelo profissional indiretamente durante as inter-relações de trabalho. Estes sentimentos são típicos da traumatização vicária ou do estresse traumático secundário. Essa exposição é descrita como uma súbita reação biopsicossocial adversa que causa sérios problemas físicos e mentais, experimentada por pessoas que estejam em contato próximo com pacientes e que absorvem o seu sofrimento, como é o caso dos profissionais de saúde que atendem indivíduos contaminados ou com suspeita da COVID-19(19).

No primeiro estudo(19) dedicado ao status psicológico das enfermeiras, atuantes ou não na assistência e no controle da COVID-19 na China, os resultados sugerem que as profissionais sofriam de traumatização vicária devido à pandemia. Entretanto, a traumatização vicária indireta da equipe que não estava na linha de frente era mais grave do que a da equipe de saúde que cuidava de pacientes com COVID-19 (64 vs 75,5, p<0,001).

Em outro estudo(21) desenvolvido na China para avaliar distúrbios na saúde mental de 994 médicos e enfermeiras, 34,4% apresentaram distúrbios mentais leves; 22,4%, distúrbios moderados e 6,2 %, distúrbios graves. Os profissionais com nível alto de angústia tiveram maior exposição a pacientes infectados pela COVID-19. Os fatores de risco da exposição (diagnóstico confirmado de pacientes, os próprios participantes, familiares, amigos, colegas, vizinhos e coresidentes com suspeita de sintomas) afetaram a saúde mental, abalando consequentemente as percepções subjetivas da saúde física. Os profissionais com níveis mais elevados de problemas na saúde mental demonstraram desejos mais urgentes de procurar ajuda de psicoterapeutas e psiquiatras.

Quanto à avaliação dos níveis de ansiedade de 512 profissionais de saúde da linha de frente na China durante a epidemia da COVID-19, os autores(29) identificaram que 10,35% sofriam de ansiedade leve, 1,36%, de ansiedade moderada e 0,78%, de ansiedade severa. O escore médio de ansiedade foi maior nos profissionais que trataram diretamente os casos confirmados, em comparação com aqueles que não o fizeram (41,11 ± 9,79 vs. 38,83 ± 8,38, p=0,007). O atendimento direto a pacientes infectados pela COVID-19 foi identificado como fator de risco independente para um aumento no escore de ansiedade (valor β=2,280, IC 0,636–3,924; p= 0,0068). Os profissionais de saúde que estavam em quarentena na província de Hubei, assim como os que eram casos suspeitos, também tiveram aumento nos escores de ansiedade.

Em relação aos sintomas de ansiedade e depressão nos profissionais de saúde que realizavam atendimento de pacientes acometidos pela COVID-19, ressalta-se que os enfermeiros apresentaram níveis de ansiedade (26,88% vs. 14,29% p= 0,039(22); 4,36 ± 0,841(28)) e sintomas de depressão (54 [7,1%] vs. 24 [4,9%]; P = 0,01(20)) mais severos do que os médicos(30). No entanto, outros fatores, como o sexo feminino (OR: 1,94; IC 95%, 1,26-2,98; P = 0,003(20)), o nível de complexidade hospitalar (depressão: OR: 1,65; IC 95%, 1,17-2,34; P = 0,004 e ansiedade: OR: 1,43; IC 95%, 1,08 -1,90; P = 0,01(20)) e as linhas de atendimento de COVID-19, incidiram no comportamento dos eventos, que variam de acordo com os epicentros da pandemia, como no caso da cidade de Wuhan, na China(20).

Conforme análise, houve uma interação entre os níveis de ansiedade apresentados pela equipe de saúde durante as diferentes demandas de atendimento de pacientes com a COVID-19, resultando em aumento dos níveis de estresse e redução da autoeficácia e qualidade do sono, além da relevância do fator denominado suporte social como mecanismo protetor durante a pandemia(23).

Diante das emoções e dos sintomas apresentados pelos profissionais de saúde durante o surto da COVID-19, os principais estressores estavam atrelados à segurança pessoal (P<0,001), às preocupações com a família (P <0,001) e preocupações com a mortalidade dos pacientes (P = 0,001). Permitiu-se caracterizar que as variáveis idade (> 50 anos) e sexo feminino tiveram uma diferença significativa ao ser comparadas com outros grupos de trabalho, sendo as estratégias de enfrentamento (P=0,04) as mais efetivas na redução do estresse da equipe de saúde de acordo com o sexo(27).

Quanto à Síndrome de Burnout nos trabalhadores da equipe multiprofissional de saúde do hospital de câncer de Hubei, na China, identificou-se(25) uma tendência significativamente menor da frequência do Burnout no grupo de profissionais atuantes na linha de frente no atendimento de paciente com a COVID-19 em relação a outros serviços hospitalares (13% e 39%; P<0,0001, respectivamente). Apesar da semelhança das variáveis risco conhecido, estado civil e anos de experiência, os fatores que possivelmente explicam tal comportamento seriam ter um maior senso de controle de sua situação e o controle no local de trabalho, evitando o desgaste da equipe de saúde. Em outro estudo(26), ressaltou-se que a fadiga por compaixão foi significativamente maior nos profissionais de Enfermagem (p = 0,004) e nos médicos (p = 0,022) quando comparados aos demais profissionais de saúde, destacando-se que as mulheres (p = 0,014) e os solteiros (p = 0,039) apresentaram um risco maior para o desenvolvimento da fadiga por compaixão.

Em uma pesquisa israelense sobre a associação de fatores da COVID-19 e fatores psicológicos com o sofrimento psíquico entre a equipe odontológica durante o surto da pandemia, foram demonstradas uma prevalência de risco de sofrimento psíquico de 11,5% e as associações entre o estresse psicológico e comorbidades, medo de contágio e sobrecarga subjetiva (OR = 3,023, P = 0,021; OR = 2,110, p = 0,006 e OR = 1,073, p = 0,022, respectivamente). Por outro lado, o menor risco de sofrimento psíquico dos dentistas e higienistas estava associado com o comprometimento e o sentimento de autoeficácia (OR = 3,023, p = 0,021 e OR = 0,889, p = 0,005, respectivamente), este último visando ao desenvolvimento de recursos de suporte frente às situações e consequências de um elevado sofrimento psicológico, como no caso da pandemia(31).

Outro aspecto evidenciado em estudos chineses foi a avaliação dos níveis de estresse em profissionais de saúde que tiveram contato com pacientes diagnosticados e suspeitos da COVID-19. Os autores destacaram níveis de estresse [Perceived Stress Scale-14 (PSS-14): 28] significativamente superiores aos critérios de estresse de risco à saúde (PSS: 25/26)(24), assim como a correlação entre a carga de estresse e os níveis de ansiedade no combate à COVID-19 registrada pelo povo chinês(32). Além disso, outros fatores têm o potencial de afetar negativamente os níveis de estresse dos profissionais de saúde, tais como o cargo e o tempo de experiência, assim como para os níveis de ansiedade e depressão e as medidas de proteção e o histórico de contato hospitalar(24).

O aconselhamento psicológico para prevenir, aliviar ou tratar o aumento dos níveis de adoecimento psicoemocional entre os profissionais da equipe de saúde constitui uma medida essencial durante o período pandêmico, independentemente da área de atuação e da realização ou não de assistência aos pacientes suspeita ou confirmados da COVID-19.

Quanto às limitações, observou-se que prevaleceram estudos de corte transversal caracterizados por questões próprias do delineamento, tamanho das amostras, tipo de amostragem, restringindo a extrapolação dos resultados em populações similares ou impedindo gerar inferências causais.

Conclusão

Esta revisão integrativa permitiu analisar a produção científica sobre os potenciais efeitos nos profissionais de saúde que realizavam atendimento a pacientes acometidos pela COVID-19. O nível de evidência predominante dos artigos incluídos foi 2C para estudos observacionais, segundo a classificação da Oxford, portanto, precisa-se de pesquisas de maior nível para obter evidências mais robustas ou validar os achados atuais, permitindo explorar a interação dos possíveis nexos causais dos riscos de adoecimento ocupacional na pandemia da COVID-19.

Os resultados mostraram as principais formas de riscos ocupacionais descritos na pandemia do novo Coronavírus, de ordem biológica e psicossocial, decorrentes da assistência direta e que evidentemente se agudizaram na atenção prestada pelos profissionais de saúde durante a pandemia, os quais estão intrincados em um passado histórico no contexto do cuidado.

Em primeiro lugar, evidenciou-se o risco de contaminação e de exposição biológica ocupacional dos profissionais da saúde, com ênfase na relevância protetora do uso correto e efetivo dos EPIs, além do impacto da adequada higiene das mãos e dos ambientes hospitalares. Em segundo lugar, identificou-se a relação do fenômeno global da pandemia com os elevados níveis de estresse, ansiedade, depressão e fadiga por compaixão reportados nos estudos incluídos.

Neste sentido, os estudos desenvolvidos durante a atual pandemia apontam a urgência e a necessidade de avaliar os riscos de adoecimento aos quais estão expostos os profissionais de saúde durante suas atividades laborais, adoecimento este que extrapola as doenças físicas e fisiológicas, passando a ser enfatizada a relevância do impacto negativo do adoecimento psicoemocional para o bem-estar, a qualidade de vida e as competências laborais dos profissionais de saúde.

Do mesmo modo, os processos previstos no contexto de trabalho e de assistência frente a esse problema de saúde pública constituem um referente de gestão no ambiente hospitalar, que salienta a importância dos gestores de saúde na implementação de estratégias de gerenciamento de riscos ocupacionais nos serviços de saúde.

Portanto, são imprescindíveis maiores investimentos para o preparo, a assistência e a disponibilização de ferramentas de saúde mental no arsenal de saúde da sociedade para proteger e cuidar de futuras equipes multidisciplinares que possam estar, inesperadamente, nas linhas de frente para o combate de surtos de doenças infecciosas.

Assim mesmo, deve-se garantir a qualificação dos profissionais, a disponibilidade de EPIs em quantidade e qualidade adequadas para a preservação da saúde e do bem-estar, associada com equipes multidisciplinares em quantitativo suficiente para revezamento, entre períodos laborais e folgas, minimizando potenciais impactos à saúde por conta das jornadas de trabalho excessivas.

Os resultados sugerem a necessidade da implementação de estratégias de intervenções estruturadas e baseadas na evidência de risco psicossocial, suportadas nas diversas diretrizes ou políticas preconizadas pelo Ministério da Saúde ou por organismos de ordem internacional em saúde, como ferramenta indispensável na preservação da saúde do trabalhador. Da mesma forma, o fornecimento de subsídios relevantes na formulação de políticas de saúde mental, requeridos em momentos críticos como os vivenciados nos tempos da pandemia da COVID-19.

Precisa-se de sistemas de informação e seguimento que abordem os fatores de risco no trabalho amplamente discutidos e sua interação com as estratégias terapêuticas, a fim de produzir dados mais abrangentes, que contribuirão efetivamente na proteção e na saúde dos profissionais da equipe multiprofissional que conformam a linha de frente do surto da COVID-19.

  • *
    Este artigo refere-se à chamada temática “COVID-19 no Contexto da Saúde Global”.
  • 2
    Bolsista da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil PAEC OEA-GCUB, Brasil.

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Editado por

  • Editora Associada: Maria Lúcia Zanetti

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    28 Jun 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    4 Set 2020
  • Aceito
    13 Dez 2020
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