Resumos
Objetivo:
determinar a prevalência da qualidade do sono e do transtorno mental comum em profissionais de enfermagem e os fatores associados à alteração do sono.
Método:
estudo transversal, analítico e quantitativo desenvolvido com 196 profissionais de enfermagem de um hospital público e um misto. Os dados foram coletados por meio de instrumento de caracterização sociodemográfica, do Self-Report Questionnaire 20 e do Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh e foram analisados por estatística descritiva e inferencial para identificar possíveis fatores associados com a alteração no sono.
Resultados:
a alteração do sono foi identificada entre os profissionais de enfermagem numa frequência de 76,5% (70,4-82,1). A qualidade do sono foi classificada como ruim em 41,8% (41,8-55,6) e o distúrbio do sono em 27,6% (21,4-34,2). Identificou-se uma prevalência de transtorno mental comum em 36,7% (30,1-43,9). O principal fator para a má qualidade do sono foi a presença de transtorno mental comum (Odds ratio: 5,15 p<0,001).
Conclusão:
as alterações de sono foram prevalentes e as características do ambiente de trabalho e a presença de transtorno mental comum apresentaram relevância com as alterações.
Descriptors:
Profissionais de Enfermagem; Enfermagem do Trabalho; Saúde do Trabalhador; Sono; Transtornos Mentais; Hospitais
Objective:
to determine the prevalence of sleep quality and common mental disorder in Nursing professionals and factors associated with sleep change.
Method:
a cross-sectional, analytical and quantitative study developed with 196 Nursing professionals of a public hospital and a mixed one. Data was collected by means of an instrument of sociodemographic characterization, by the Self-Report Questionnaire 20 and Pittsburgh Sleep Quality Index and were analyzed by descriptive and inferential statistics to identify possible factors associated with sleep changes.
Results:
sleep changes were identified among the Nursing professionals with a frequency of 76.5% (70.4-82.1). Sleep quality was classified as poor in 41.8% (41.8-55.6) and sleep disorder in 27.6%. (21.4-34.2). The prevalence of common mental disorder was identified in 36.7% (30.1-43.9). The main factor for poor sleep quality was the presence of common mental disorder (Odds Ratio: 5.15; p<0.001).
Conclusion:
sleep changes were prevalent and the characteristics of the work environment and the presence of mental disorder showed relevance in the changes.
Descriptors:
Nurse Practitioners; Occupational Health Nursing; Occupational Health; Sleep; Mental Disorders; Hospitals
Objetivo:
determinar la prevalencia de la calidad del sueño y del trastorno mental común en los profesionales de enfermería y factores asociados a los trastornos del sueño.
Método:
se trata de un estudio transversal, analítico y cuantitativo desarrollado con 196 profesionales de enfermería de un hospital público y otro mixto. Los datos se recolectaron mediante un instrumento de caracterización sociodemográfica, utilizando el Self-Report Questionnaire 20 y el Índice de Calidad de Sueño de Pittsburgh y se analizaron utilizando estadísticas descriptivas e inferenciales para identificar posibles factores asociados con trastornos del sueño.
Resultados:
se identificaron trastornos del sueño entre los profesionales de enfermería con una frecuencia del 76,5% (70,4-82,1). La calidad del sueño se clasificó como mala en el 41,8% (41,8-55,6) y trastorno del sueño en el 27,6% (21,434,2). Se identificó una prevalencia de trastorno mental común en el 36,7% (30,1-43,9). El factor principal de la mala calidad del sueño fue la presencia de trastorno mental común (Odds ratio: 5,15 p<0,001).
Conclusión:
los trastornos del sueño fueron prevalentes y las características del entorno laboral y la presencia de trastorno mental común fueron relevantes para los trastornos del sueño.
Descriptores:
Enfermeras Practicantes; Enfermería del Trabajo; Salud Laboral; Sueño; Trastornos Mentales, Hospitales
Introdução
O trabalho é um importante fotor para a vida humana e para o desenvolvimento da sociedade, pois permite a apropriação de bens, assim como tem influência na saúde mental e física do indivíduo(11 Machado LSF, Rodrigues EP, Oliveira LMM, Laudano RCS, Nascimento Sobrinho CL. Health problems reported by nursing workers in a public hospital of Bahia. Rev Bras Enferm. 2015;67(5):684-91. doi: http://dx.doi. org/10.1590/0034-7167.2014670503
http://dx.doi...
-22 Silveira M, Camponogara S, Beck CLC. Scientific production about night shift work in nursing: a review of literature. J Res Fundam Care. 2016;8(1):3679-90. doi: 10.9789/2175-5361. 2016.v8i1.3679-3690.
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). Entretanto, com a globalização, incorporação de tecnologias, cobrança por produção, qualificação e as novas formas de gerenciamento, observaram-se mudanças importantes na dinâmica de trabalho em diversos setores da sociedade(33 Dall’Ora C, Ball J, Reinius M, Griffiths P. Burnout in nursing: a theoretical review. Hum Resour Health. 2020;18(41). doi: https://doi.org/10.1186/s12960-020-00469-9
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).
Essas transformações tiveram impacto sobre a saúde do trabalhador, dado que estudos nacionais e internacionais têm demonstrado que a atividade laboral possui efeito sobre o adoecimento profissional(44 Argent AC, Benbenishty J, Flaatten H. Chronotypes, night shifts and intensive care. Intensive Care Med. 2015;41(4):698-700. doi: http://dx.doi.org/10.1007/ s00134-015-3711-7
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5 Ki J, Ryu J, Baek J, Huu I, Choi-Kwon, S. Association between Health Problems and Turnover Intention in Shift Work Nurses: Health Problem Clustering. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(4532). doi: 10.3390/ ijerph17124532.
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6 Rodrigues EP, Rodrigues US, Oliveira LLM, Laudano RCS, Nascimento Sobrinho CL. Prevalence of common mental disorders in nursing workers at a hospital of Bahia. Rev Bras Enferm. 2014;67(2):296-301. doi: http://dx.doi. org/10.5935/0034-7167.20140040
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-77 Vidotti V, Ribeiro RP, Galdino MJQ, Martins JT. Burnout Syndrome and shift work among the nursing staff1. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2018;26:e3022. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1518-8345.2550.3022
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). Situações como a fragmentação do trabalho, carga horária excessiva, a complexidade do serviço, o acúmulo de funções para o cumprimento de metas, assim como os baixos salários e as péssimas condições laborais são características organizacionais que podem intervir negativamente na saúde e na qualidade de vida do profissional(88 Wang L, Wang X, Liu S, Wang B. Analysis and strategy research on quality of nursing work life. Medicine. 2020;99(16):e19172. doi: 10.1097/ MD.000000000019172.
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). No ambiente hospitalar, estas situações unem-se ao contato com pacientes em risco e à necessidade de tomar decisões importantes(99 Guerra PC, Oliveira NF, Terreri MTSLRA, Len CA. Sleep, quality of life and mood of nursing professionals of pediatric intensive care units. Rev Esc Enferm USP. 2016;50(2):277-83. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0080-623420160000200015
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), o que faz deste local um dos mais complexos serviços de saúde.
Neste sentido, a maior força de trabalho no ambiente hospitalar é a equipe de enfermagem, que permanece com o paciente nas 24 horas do dia e oferta cuidado ininterrupto. O processo de trabalho, nesta profissão, desenvolve-se coletivamente e é fragmentado em três categorias: o auxiliar e técnico de enfermagem, os quais realizam tarefas de higiene, conforto, e procedimentos menos complexos e o enfermeiro, supervisor da equipe e gestor do serviço(11 Machado LSF, Rodrigues EP, Oliveira LMM, Laudano RCS, Nascimento Sobrinho CL. Health problems reported by nursing workers in a public hospital of Bahia. Rev Bras Enferm. 2015;67(5):684-91. doi: http://dx.doi. org/10.1590/0034-7167.2014670503
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).
Estas particularidades da categoria, juntamente com a organização do processo de trabalho hospitalar, estão relacionadas ao desenvolvimento de alterações de saúde associadas ao trabalho(33 Dall’Ora C, Ball J, Reinius M, Griffiths P. Burnout in nursing: a theoretical review. Hum Resour Health. 2020;18(41). doi: https://doi.org/10.1186/s12960-020-00469-9
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). Dentre estas, as queixas sobre a má qualidade do sono são comuns, especialmente nos indivíduos que trabalham no período noturno(44 Argent AC, Benbenishty J, Flaatten H. Chronotypes, night shifts and intensive care. Intensive Care Med. 2015;41(4):698-700. doi: http://dx.doi.org/10.1007/ s00134-015-3711-7
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).
Sabe-se que a privação do sono favorece a sonolência diurna, diminui o estado de alerta, aumenta a chances de ferimentos e de acidentes de trabalho, contribui para a sobrecarga cognitiva, reduz o desempenho nas atividades e o raciocínio analítico, induz à falha cognitiva e está associada a duas vezes mais erros da equipe de enfermagem(99 Guerra PC, Oliveira NF, Terreri MTSLRA, Len CA. Sleep, quality of life and mood of nursing professionals of pediatric intensive care units. Rev Esc Enferm USP. 2016;50(2):277-83. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0080-623420160000200015
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–1010 Roodbandi AJ, Choobineh A, Daneshvar S. Relationship between circadian rhythm amplitude and stability with sleep quality and sleepiness among shift nurses and health care. International Int J Occup Saf Ergon. 2015;21(3):312-7. doi: 10.1080/10803548.2015.1081770.
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), sendo considerada uma das principais ameaças à segurança do paciente em unidades hospitalares(44 Argent AC, Benbenishty J, Flaatten H. Chronotypes, night shifts and intensive care. Intensive Care Med. 2015;41(4):698-700. doi: http://dx.doi.org/10.1007/ s00134-015-3711-7
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).
O prejuízo no sono e o trabalho desgastante apresentam relevância na saúde mental e física dos profissionais, com piora na qualidade de vida, irritabilidade, fadiga crônica, ansiedade, depressão, cansaço e desenvolvimento de transtornos mentais(55 Ki J, Ryu J, Baek J, Huu I, Choi-Kwon, S. Association between Health Problems and Turnover Intention in Shift Work Nurses: Health Problem Clustering. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(4532). doi: 10.3390/ ijerph17124532.
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,1111 Khatony A, Zakiei A, Khazaie H, Rezaei MJ. A study of sleep quality among nurses and its correlation with cognitive factors. Nurs Admin Quarterly. 2020;44(1):1-10. doi: 10.1097/NAQ.0000000000000397.
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-1212 Sena AG, Figueiredo ML, Mota EC, Costa FM, Prado PF, Lima CA. Life Quality: The Night Shift Work Challenge To Nursing Team. J Res Fundam Care. 2018;10(3):832-9. doi: http://dx.doi.org/10.9789/2175-5361.2018.v10i3.832-839
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). Entre estes, encontra-se o transtorno mental comum (TMC) ou menor, grupo menos grave de distúrbios psiquiátricos, que envolve a perda de concentração, esquecimento, queixas somáticas e a fadiga(1313 Santos SVM, Macedo FRM, Silva LM, Resck ZMR, Nogueira DA, Terra FS. Work accidents and self-esteem of nursing professional in hospital settings. Rev. LatinoAm. Enfermagem. 2017;25:e2872. doi: http://dx.doi. org/10.1590/1518-8345.1632.2872
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), estando este associado às características do ambiente de trabalho(66 Rodrigues EP, Rodrigues US, Oliveira LLM, Laudano RCS, Nascimento Sobrinho CL. Prevalence of common mental disorders in nursing workers at a hospital of Bahia. Rev Bras Enferm. 2014;67(2):296-301. doi: http://dx.doi. org/10.5935/0034-7167.20140040
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,99 Guerra PC, Oliveira NF, Terreri MTSLRA, Len CA. Sleep, quality of life and mood of nursing professionals of pediatric intensive care units. Rev Esc Enferm USP. 2016;50(2):277-83. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0080-623420160000200015
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,1414 Davidson JE, Proudfoot J, Lee K, Tarterian G, Zissok S. A Longitudinal Analysis of Nurse Suicide in the United States (2005–2016) With Recommendations for Action. Worldviews Evid Based Nurs. [Internet]. 2020 [cited Mar 23, 2020];17(1):6-15. Available from: https://sigmapubs. onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/wvn.12419
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).
Contempla-se que, em estudo desenvolvido no Irã com enfermeiros em unidades hospitalares, obteve-se a prevalência de profissionais com sono ruim(1010 Roodbandi AJ, Choobineh A, Daneshvar S. Relationship between circadian rhythm amplitude and stability with sleep quality and sleepiness among shift nurses and health care. International Int J Occup Saf Ergon. 2015;21(3):312-7. doi: 10.1080/10803548.2015.1081770.
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), assim como pesquisa realizada em hospital geral do estado da Bahia (Brasil), no qual os profissionais apresentavam como queixas comuns a sonolência e insônia(66 Rodrigues EP, Rodrigues US, Oliveira LLM, Laudano RCS, Nascimento Sobrinho CL. Prevalence of common mental disorders in nursing workers at a hospital of Bahia. Rev Bras Enferm. 2014;67(2):296-301. doi: http://dx.doi. org/10.5935/0034-7167.20140040
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). Também estudo desenvolvido no estado do Paraná (Brasil) constatou que os profissionais do período noturno, que possuíam insatisfação com o sono, apresentavam chances aumentadas de exaustão emocional(77 Vidotti V, Ribeiro RP, Galdino MJQ, Martins JT. Burnout Syndrome and shift work among the nursing staff1. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2018;26:e3022. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1518-8345.2550.3022
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).
Diante dessa problemática que envolve a equipe de enfermagem, é importante conhecer as alterações de sono e de humor vivenciadas pelos profissionais e sua relação com o ambiente de trabalho, a fim de propor alterações no ambiente hospitalar que minimizem os efeitos negativos da laboração sobre a saúde e melhorem a qualidade de vida profissional. Dessa forma, as questões norteadoras do estudo foram: Qual a prevalência de alterações de sono e mentais em profissionais de enfermagem no ambiente hospitalar? E quais fatores estão associados a má qualidade do sono?
Partindo dessa premissa, a pesquisa ora apresentada objetivou determinar a prevalência da qualidade do sono e do transtorno mental comum em profissionais de enfermagem e os fatores associados à alteração do sono.
Método
A presente pesquisa trata-se de um estudo transversal, analítico e quantitativo desenvolvido com profissionais de enfermagem assistenciais de um hospital público e outro misto do município de Francisco Beltrão, Paraná (PR), Brasil.
O Índice de Desenvolvimento Humano do município mencionado é de 0,774, sendo este local uma cidade polo na atenção à saúde da população do Sudoeste do Estado do Paraná, sediando a 8ª Regional de Saúde. O setor de saúde no município operacionaliza a assistência por uma rede composta por unidades básicas, especializadas e unidades terciárias. A rede básica apresenta uma cobertura de 75,07% da população. Quanto às unidades terciárias correspondem a quatro hospitais, sendo um com gestão estadual, um com privada e dois com gestão mista (público/privado), que, no conjunto, possuem 476 profissionais de enfermagem.
Para o estudo apresentado, foram eleitas duas unidades terciárias. A primeira, uma unidade hospitalar mista, com atendimento particular, de convênios e ao Sistema Único de Saúde (SUS), com 72 leitos. O atendimento é direcionado para as especialidades de cirurgia geral, clínica médica, obstetrícia, pediatria e possui uma Unidade de Terapia Intensiva Adulta (10 leitos). A segunda é uma unidade terciária, de gestão estadual, que atende somente ao SUS. É habilitada para atendimentos de média e alta complexidade, com 108 leitos, oferecendo serviços nas especialidades de ortopedia ao trauma, clínica cirúrgica, médica, obstetrícia, pediatria e psiquiatria. Encontra-se habilitada com uma Unidade de Terapia Intensiva Adulto (10 leitos), uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (10 leitos) e uma Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal Convencional (5 leitos).
Os locais foram escolhidos para o estudo pelas características muito semelhantes de atendimento à população, mas com o diferencial do gerenciamento da unidade hospitalar. Todos os profissionais de enfermagem atuantes em ambas unidades hospitalares foram convidados a participar da pesquisa, contabilizando 266 trabalhadores. Deste total, participaram do estudo 196 profissionais de enfermagem, 44 enfermeiros (22,4%) e 152 técnicos de enfermagem (77,6%) (Figura 1). Os participantes que exerciam atividades em ambas as instituições foram incluídos no estudo somente uma vez.
Os dados foram coletados de fevereiro a agosto de 2018 por meio do preenchimento de questionários autorrespondidos, nos quais o profissional, primeiramente, recebia as orientações sobre o preenchimento durante os períodos de intervalo dos plantões ou na entrada e saída dos turnos de trabalhos, sendo esclarecidas as eventuais dúvidas. Visando maior adesão dos profissionais e para evitar a interrupção do desempenho das ações de assistência, os questionários foram entregues estipulandose um prazo de até dez dias para a devolução.
Como método organizacional da coleta de dados, optou-se por dividir os instrumentos em blocos, sendo o primeiro, um questionário composto por dezesseis questões fechadas que contemplavam os dados sociodemográficos e ocupacionais confeccionados pelas pesquisadoras, de acordo com a literatura nacional e internacional. As variáveis estudadas foram: idade, sexo, escolaridade, estado civil, cor da pele referida, renda familiar, categoria profissional, período de trabalho, formação acadêmica, tempo de atuação na profissão e na instituição, presença de mais de um emprego e carga horária de trabalho semanal. Realizou-se um teste piloto para esclarecer eventuais dúvidas, disponibilizandose o instrumento para 5 profissionais de enfermagem de cada instituição, de variadas unidades. Não houve necessidade de adequar o questionário de pesquisa e os respondentes do teste piloto foram excluídos da amostra final.
Já o segundo bloco objetivou avaliar a saúde mental, no qual foi utilizado o Questionário de Avaliação de Transtornos Mentais – SRQ-20 (Self-Report Questionnaire), validado no Brasil em 1986, o qual é composto por 20 questões divididas em sintomas característicos de humor depressivo-ansioso, somático, decréscimo de energia vital e pensamentos depressivos. As alternativas eram dicotomizadas em afirmativas e negativas. Este tem por objetivo o rastreamento de transtornos não-psicóticos(1515 Gonçalves DM, Stein AT, Kapczinski F. Performance of the Self-Reporting Questionnaire as a psychiatric screening questionnaire: a comparative study with Structured Clinical Interview for DSM-IV-TR. Cad. Saúde Pública. 2008;24(2):380-90. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2008000200017
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). O escore do instrumento varia de 0 a 20 pontos, sendo que valores ≥ 7 indicam a possibilidade de transtorno mental comum (TMC).
Finalizando, o terceiro bloco de avaliação consistiu na verificação da qualidade de sono, no qual se utilizou o Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (Pittsburgh Sleep Quality Index - PSQI), validado no Brasil em 2008. Este instrumento avalia a percepção do sono nos últimos 30 dias e é composto por 19 questões autoadministradas. Tais questões são agrupadas em sete componentes: qualidade subjetiva do sono, latência para o sono, duração do sono, eficiência habitual do sono, transtornos do sono, uso de medicamentos para dormir e disfunção diurna. O escore global varia de 0 a 21, sendo que valores inferiores a 4 indicam uma boa qualidade, de 5 a 9 pontos, uma qualidade ruim e mais que 10 pontos aponta a presença de distúrbios do sono(1616 Bertolazi AN, Fagondes SC, Hoff LS, Dartora EG, Miozzo ICS, Barba EMF, et al. Validation of the Brazilian Portuguese version of Pittsburgh Sleep Quality Index. Sleep Med. 2011;12(1):70-5. doi: https://doi.org/10.1016/j.sleep.2010.04.020
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).
Os dados coletados foram digitados em planilha do Microsoft Excel for Windows/7 (Microsoft Office 2007) e, posteriormente, explorados no pacote estatístico IBM SPSS Statistics, versão 21 e Minitab Statistical Software, versão 16. As frequências absolutas (n) e relativas (%) foram usadas para descrever as características da amostra.
Inicialmente, a classificação do Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh foi recategorizada em ausência (escore menor que 4, considerada boa qualidade de sono) e presença (maior que 5, considerada qualidade ruim e distúrbio do sono) de alterações de sono. Logo após, para a comparação entre a presença ou a ausência de alterações do sono com as variáveis categóricas, realizou-se o teste qui-quadrado com correção de continuidade. As variáveis que apresentaram p <0,25 nesta análise foram inseridas no modelo de regressão logística binária para identificar possíveis fatores associados com a alteração no sono, sendo considerados estatisticamente significativos os valores que apresentaram p <0,05. O modelo classificou corretamente 65,8% dos casos e explicou 10,1% da variância (R22 Silveira M, Camponogara S, Beck CLC. Scientific production about night shift work in nursing: a review of literature. J Res Fundam Care. 2016;8(1):3679-90. doi: 10.9789/2175-5361. 2016.v8i1.3679-3690.
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de Cox e Snell). O pressuposto de distribuição normal foi testado pelo teste de KolmogorovSmirnov. Considerando que a distribuição não atendia os pressupostos da estatística paramétrica, o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis foi utilizado para verificar o relacionamento entre as variáveis independentes e os escores dos instrumentos de sono, sendo apresentadas somente as variáveis com significância estatística (p<0,05) (Tabela 3).
Assim, este estudo seguiu as recomendações éticas em pesquisa com seres humanos, sendo que, inicialmente, solicitou-se a autorização das instituições hospitalares para que a pesquisa fosse realizada. Posteriormente, o mesmo foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estadual do Oeste do Paraná e aprovado na data de 4 de dezembro de 2017, sob o parecer 2.415.008.
Resultados
Com a realização da presente pesquisa, foi possível analisar que, dentre os 196 profissionais de enfermagem, houve a predominância de técnicos de enfermagem (78,7%), do sexo feminino (88%), com idade acima de 36 anos (58,7%) e que recebiam mais de 3 salários mínimos (71,3%).
A alteração do sono foi identificada entre os profissionais de enfermagem numa frequência de 76,5% (n=150) (IC95%:70,4-82,1). A qualidade do sono foi classificada como ruim em 41,8% (n=96) (IC95%:41,8-55,6), seguida do distúrbio do sono em 27,6% (n=54) (IC95%:21,4-34,2). Identificouse uma prevalência de transtorno mental comum em 36,7% (n=72) (IC95%:30,1-43,9). As características sociodemográficas, ocupacionais e de TMC encontram-se na tabela apresentada na continuidade (Tabela 1).
Caracterização sociodemográfica, ocupacional, transtorno mental comum e alterações do sono entre profissionais de enfermagem (n=196). Francisco Beltrão, PR, Brasil, 2018
Em relação às variáveis da Tabela 1, observa-se que faixa etária, estado civil e transtorno mental comum apresentaram p <0,25 e foram inseridas no modelo de regressão logística para identificação dos fatores associados com a alteração do sono (Tabela 2). Entretanto, somente uma das três variáveis apresentou significância estatística, o transtorno mental comum. Dessa forma, os profissionais de enfermagem que foram classificados com TMC apresentaram 5 vezes maior probabilidade de alteração do sono (p- valor <0,001).
Fatores associados à presença de alteração no sono em profissionais de enfermagem. Francisco Beltrão, PR, 2018
O tempo médio referido para dormir foi de 31,9 minutos, com média de 6,5 horas de sono. Sobre a percepção da qualidade do sono, 32,1% referiram ter um sono bom, 31,1% ruim, 18,9% muito bom e 17,9% muito ruim. O consumo de medicamento para dormir foi aludido por 33,2% dos participantes.
Quando avaliadas as características sociodemográficas e ocupacionais com os domínios do instrumento de qualidade do sono, observou-se que todos os escores apresentaram significância estatística com alguma variável, na qual o hospital público obteve maiores pontos médios na qualidade subjetiva do sono, distúrbio do sono, uso de medicamento para dormir e disfunção durante o dia. Constatou-se ainda que o tempo de trabalho de mais de 6 anos na instituição apresentou significância estatística na qualidade subjetiva do sono, na latência para o sono, no distúrbio do sono e no uso de medicação para dormir, conforme Tabela 3.
Pontos médios das variáveis sociodemográficas e ocupacionais com os domínios do Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh de profissionais de enfermagem (n=196). Francisco Beltrão, PR, Brasil, 2018
Discussão
Estudos têm demonstrado que a dinâmica de trabalho da equipe de enfermagem gera um alto índice de absenteísmo, com implicações na saúde física e mental desses profissionais, os quais são responsáveis pela prestação de cuidados integrais e pelos aspectos gerenciais nas unidades hospitalares. Na presente pesquisa, procurou-se investigar dois aspectos que interferem na qualidade ocupacional dos profissionais de enfermagem e que, geralmente, contribuem para o seu afastamento do serviço. Tais aspectos são a presença de distúrbios mentais menores representados pelos TMC e a qualidade do sono(1717 Fernandes DM, Marcolan JF. Work and depression symptoms in Family Health Strategy nurses. Rev Eletrônica Saúde Mental Álcool Drogas. 2017;13(1):37-44 doi: 10.11606/issn.1806-6976.v13i1p37-44.
https://doi.org/10.11606/issn.1806-6976....
).
Nesse estudo constatou-se que as características dos profissionais de enfermagem são semelhantes à de outras pesquisas em unidades hospitalares no Brasil(11 Machado LSF, Rodrigues EP, Oliveira LMM, Laudano RCS, Nascimento Sobrinho CL. Health problems reported by nursing workers in a public hospital of Bahia. Rev Bras Enferm. 2015;67(5):684-91. doi: http://dx.doi. org/10.1590/0034-7167.2014670503
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,77 Vidotti V, Ribeiro RP, Galdino MJQ, Martins JT. Burnout Syndrome and shift work among the nursing staff1. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2018;26:e3022. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1518-8345.2550.3022
http://dx.doi.org/10.1590/1518-8345.2550...
,99 Guerra PC, Oliveira NF, Terreri MTSLRA, Len CA. Sleep, quality of life and mood of nursing professionals of pediatric intensive care units. Rev Esc Enferm USP. 2016;50(2):277-83. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0080-623420160000200015
http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342016...
,1818 Conselho Federal De Enfermagem. Pesquisa Perfil da Enfermagem no Brasil. [Homepage]. [Acesso 20 dez 2018]. Available from: http://www.cofen.gov.br/ perfilenfermagem/index.html
http://www.cofen.gov.br/...
). Esses dados também foram observados em estudo desenvolvido em um hospital universitário no interior do estado de Minas Gerais, onde 87,9% dos profissionais eram mulheres com média de idade de 40,2 anos(1919 Santana LC, Ferreira LA, Santana LPM. Occupational stress in nursing professionals of a university hospital. Rev Bras Enferm. 2020;73(2):e20180997. doi: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0997
http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2018...
). Também estudo realizado em Montes Claros, Minas Gerais, entre os técnicos de enfermagem, apontou que 58,6% eram do sexo feminino com idade média 38,5 anos(2020 Santos FF, Brito MFSF, Pinho L, Cunha FO, RodriguesNeto JF, Fonseca ADG, et al. Common mental disorders in nursing technicians of a university hospital. Rev Bras Enferm. 2020;73(1):e20180513. doi: http://dx.doi. org/10.1590/0034-7167-2018-0513
http://dx.doi...
). Estudo desenvolvido em 6 instituições hospitalares no Irã, com 540 enfermeiros, obteve que 66,3% eram mulheres com média de idade de 32 anos(1111 Khatony A, Zakiei A, Khazaie H, Rezaei MJ. A study of sleep quality among nurses and its correlation with cognitive factors. Nurs Admin Quarterly. 2020;44(1):1-10. doi: 10.1097/NAQ.0000000000000397.
https://doi.org/10.1097/NAQ.000000000000...
), assemelhando-se aos dados da presente pesquisa.
Em relação à renda, a maioria dos profissionais relatou receber de três a cinco salários mínimos, ter apenas um emprego e trabalhar até 40 horas na semana, o que se assemelha à pesquisa realizada no norte do Paraná (Brasil), na qual os profissionais possuíam apenas um emprego (56,7%) e renda entre um a dois salários mínimos(77 Vidotti V, Ribeiro RP, Galdino MJQ, Martins JT. Burnout Syndrome and shift work among the nursing staff1. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2018;26:e3022. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1518-8345.2550.3022
http://dx.doi.org/10.1590/1518-8345.2550...
). Da mesma forma, estudo desenvolvido na China, com enfermeiros atuantes em diferentes unidades hospitalares, obteve 4.185 profissionais do sexo feminino, com apenas um emprego e que laboravam até 45 horas semanais(2121 Dong H, Zhang Q, Zhu C, Lv Q. Sleep quality of nurses in the emergency department of public hospitals in China and its influencing factors: a cross-sectional study. Health Qual Life Outcomes. 2020;18(116). doi: doi.org/10.1186/ s12955-020-01374-4.
https://doi.org/doi.org/10.1186/s12955-0...
).
Atenta-se ao fato de que 66,8% dos profissionais apresentavam vínculo empregatício por concurso público, assemelhando-se à Pesquisa Nacional do Perfil de Enfermagem, o qual apontou 65,3% dos profissionais brasileiros atuantes neste serviço(1818 Conselho Federal De Enfermagem. Pesquisa Perfil da Enfermagem no Brasil. [Homepage]. [Acesso 20 dez 2018]. Available from: http://www.cofen.gov.br/ perfilenfermagem/index.html
http://www.cofen.gov.br/...
). Todavia, o tipo de contratação tende a variar conforme o cenário econômico de cada região, pois estudo desenvolvido no nordeste do Brasil encontrou a prestação de serviço como principal forma de contratação(11 Machado LSF, Rodrigues EP, Oliveira LMM, Laudano RCS, Nascimento Sobrinho CL. Health problems reported by nursing workers in a public hospital of Bahia. Rev Bras Enferm. 2015;67(5):684-91. doi: http://dx.doi. org/10.1590/0034-7167.2014670503
http://dx.doi...
).
Observou-se, ainda, que 76,5% dos profissionais apresentaram alguma alteração do sono, sendo que 41,8% foram classificados como tendo sono ruim, seguido da presença de distúrbios de sono. Tais dados foram semelhantes aos de estudo realizado no estado do Rio Grande do Norte (Brasil), no qual 60,94% dos enfermeiros do turno diurno e 85% do período noturno apresentavam má qualidade do sono(2222 Silva KKM, Martino MMF, Viana MCO, Bezerra CMB, Miranda FAN. Relationship between work shifts and quality of sleep of nurses: a descriptive study. Online Braz J Nurs. [Internet]. 2017 [cited Mar 23, 2020];16(1):57-63. Available from: http://www.objnursing.uff.br/index.php/ nursing/article/view/5577
http://www.objnursing.uff.br/index.php/...
). Pesquisa desenvolvida na Paraíba (Brasil), em unidade intensiva, obteve 88,24% da equipe de enfermagem com alterações no sono (classificada como ruim)(2323 Santos TCMM, Faria AL, Feitosa MS, Coimbra GT, Ferreira LC, Martino MMF. Quality and sleep disturbances of the nursing staff of a therapy unit. Rev Enferm UFPE Online. 2014;8(5):1110-6. doi: 10.5205/reuol.586350531-1-ED.0805201402.
https://doi.org/10.5205/reuol.586350531-...
).
Da mesma forma, estudo realizado em unidades hospitalares no Irã obteve 77,4% (418) dos enfermeiros considerados maus dormidores(1111 Khatony A, Zakiei A, Khazaie H, Rezaei MJ. A study of sleep quality among nurses and its correlation with cognitive factors. Nurs Admin Quarterly. 2020;44(1):1-10. doi: 10.1097/NAQ.0000000000000397.
https://doi.org/10.1097/NAQ.000000000000...
). Outra pesquisa, desenvolvida na China, com 4.730 enfermeiros atuantes em unidades de emergência, encontrou 65,8% dos profissionais com sono alterado(2121 Dong H, Zhang Q, Zhu C, Lv Q. Sleep quality of nurses in the emergency department of public hospitals in China and its influencing factors: a cross-sectional study. Health Qual Life Outcomes. 2020;18(116). doi: doi.org/10.1186/ s12955-020-01374-4.
https://doi.org/doi.org/10.1186/s12955-0...
). Tal constatação assemelha-se a estudo realizado na Índia, o qual obteve 83,2% dos enfermeiros como maus dormidores(1010 Roodbandi AJ, Choobineh A, Daneshvar S. Relationship between circadian rhythm amplitude and stability with sleep quality and sleepiness among shift nurses and health care. International Int J Occup Saf Ergon. 2015;21(3):312-7. doi: 10.1080/10803548.2015.1081770.
https://doi.org/10.1080/10803548.2015.10...
). Todavia, pesquisa desenvolvida em serviço hospitalar na Colômbia ressaltou somente 24,9% dos profissionais como estando com alterações de sono, apesar de dormirem menos de 7 horas de sono por dia(2424 Moreno JPS, Ariza DAM. Sleep Quality of Nurses Staff. Rev Cienc Salud. 2018;16 (Spec Iss):75-86. doi: http://dx.doi.org/10.12804/revistas.urosario.edu.co/ revsalud/a.6846
http://dx.doi.org/10.12804/revistas.uros...
).
Já estudo realizado em hospitais da cidade de Larestan, no sul do Irã, para avaliar a prevalência e consequência de alterações do sono em enfermeiros, obteve escore médio do índice de qualidade do sono de 6,52 ± 4,23. E, de acordo com esse índice, 56% dos enfermeiros foram classificados com sono ruim; consequentemente, 78,5% estavam com sono, 16,5% com muito sono e 5% com sono grave durante as atividades laborais. Além disso, os distúrbios do sono nos profissionais que atuavam na seção cirúrgica foram superiores aos dos enfermeiros de outras unidades hospitalares (p<0,05)(2525 Bazrafshan MR, Rahimpoor R, Moravveji F, Soleymaninejad N, Kavi E, Sookhak F, et al. Prevalence and Effects of Sleep Disorders Among Shift Work Nurses. Jundishapur J Chronic Dis Care. 2019;8(1):e81185. doi: 10.5812/jjcdc.81185.
https://doi.org/10.5812/jjcdc.81185....
).
Já pesquisa desenvolvida no sul da Itália com enfermeiros constatou que as mulheres apresentavam pior qualidade do sono quando comparadas aos homens, além de possuírem um menor apoio social no trabalho, o que associou-se negativamente aos distúrbios de sono(2626 D’Ettorre G, Pellicani V, Caroli A, Greco M. Shift work sleep disorder and job stress in shift nurses: implications for preventive interventions. Med Lav. 2020;111(3):195202. doi: 10.23749/mdl.v111i3.9197.
https://doi.org/10.23749/mdl.v111i3.9197...
), enquanto estudo realizado para avaliar a prevalência e os fatores associados ao distúrbio do sono em enfermeiros (n=422) que trabalham em hospitais do governo federal da Etiópia, em Adis Abeba, obteve 41,8% dos participantes com alterações no sono, especialmente a insônia, no qual o trabalho em rotação de três turnos (OR ajustado = 3,1, IC95% 1,68 a 5,83) esteve significativamente associado ao distúrbio do sono(2727 Haile KK, Asnakew S, Waja T, Bogale Kerbih HB. Shift work sleep disorders and associated factors among nurses at federal government hospitals in Ethiopia: a cross-sectional study. BMJ Open. 2019;9(8):e029802. doi: 10.1136/bmjopen-2019-029802.
https://doi.org/10.1136/bmjopen-2019-029...
).
Estas diferenças na classificação de sono utilizando os mesmos instrumentos de pesquisa estão relacionadas ao estilo de vida, carga de trabalho, estresse fisiológico de cada indivíduo(2828 Epstein M, Söderström M, Jirwe M, Tucker P, Dahlgren A. Sleep and fatigue in newly graduated nurses - Experiences and strategies for handling shiftwork. J Clin Nurs. 2020;29:184-194. doi: 10.1111/jocn.15076.
https://doi.org/10.1111/jocn.15076....
), sexo, idade, presença de filhos, personalidade de cada profissional e às condições econômicas do país(11 Machado LSF, Rodrigues EP, Oliveira LMM, Laudano RCS, Nascimento Sobrinho CL. Health problems reported by nursing workers in a public hospital of Bahia. Rev Bras Enferm. 2015;67(5):684-91. doi: http://dx.doi. org/10.1590/0034-7167.2014670503
http://dx.doi...
). Além disso, a exposição aos fatores ambientais e a uma dinâmica de trabalho com alta carga e estresse também se associa ao desenvolvimento de alterações de sono(33 Dall’Ora C, Ball J, Reinius M, Griffiths P. Burnout in nursing: a theoretical review. Hum Resour Health. 2020;18(41). doi: https://doi.org/10.1186/s12960-020-00469-9
https://doi.org/10.1186/s12960-020-00469...
,55 Ki J, Ryu J, Baek J, Huu I, Choi-Kwon, S. Association between Health Problems and Turnover Intention in Shift Work Nurses: Health Problem Clustering. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(4532). doi: 10.3390/ ijerph17124532.
https://doi.org/10.3390/ijerph17124532...
,1111 Khatony A, Zakiei A, Khazaie H, Rezaei MJ. A study of sleep quality among nurses and its correlation with cognitive factors. Nurs Admin Quarterly. 2020;44(1):1-10. doi: 10.1097/NAQ.0000000000000397.
https://doi.org/10.1097/NAQ.000000000000...
,1919 Santana LC, Ferreira LA, Santana LPM. Occupational stress in nursing professionals of a university hospital. Rev Bras Enferm. 2020;73(2):e20180997. doi: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0997
http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2018...
).
Entre os transtornos psíquicos associados ao trabalho, o TMC desenvolve-se em diferentes populações, especialmente nas profissões que apresentam grandes exigências nas tarefas realizadas(2424 Moreno JPS, Ariza DAM. Sleep Quality of Nurses Staff. Rev Cienc Salud. 2018;16 (Spec Iss):75-86. doi: http://dx.doi.org/10.12804/revistas.urosario.edu.co/ revsalud/a.6846
http://dx.doi.org/10.12804/revistas.uros...
). O presente estudo identificou uma prevalência global de TMC de 36,7% semelhante ao estudo realizado em um hospital público do estado da Bahia (Brasil), o qual encontrou 35% dos profissionais de enfermagem com TMC(66 Rodrigues EP, Rodrigues US, Oliveira LLM, Laudano RCS, Nascimento Sobrinho CL. Prevalence of common mental disorders in nursing workers at a hospital of Bahia. Rev Bras Enferm. 2014;67(2):296-301. doi: http://dx.doi. org/10.5935/0034-7167.20140040
http://dx.doi...
), assim como pesquisa realizada em um hospital psiquiátrico com a equipe de enfermagem, que obteve 25,7% como suspeitos(2929 Silva JSX, Silva RM, Cangussu DDD, MoraesFilho IM, Perez MA, Proença MFR. Qualidade do sono dos profissionais de enfermagem do serviço móvel de atendimento de urgência. REVISA. 2019;8(3):264-72 doi: https://doi.org/10.36239/revisa.v8.n3.p264a272
https://doi.org/10.36239/revisa.v8.n3.p2...
).
Já em estudo realizado em hospital universitário do Estado de Minas Gerais (Brasil) com técnicos de enfermagem, observou-se prevalência de TMC de 46,9%(2020 Santos FF, Brito MFSF, Pinho L, Cunha FO, RodriguesNeto JF, Fonseca ADG, et al. Common mental disorders in nursing technicians of a university hospital. Rev Bras Enferm. 2020;73(1):e20180513. doi: http://dx.doi. org/10.1590/0034-7167-2018-0513
http://dx.doi...
). Taxas elevadas de transtorno mental são preocupantes em ambiente hospitalar, pois têm implicações diretas sobre a qualidade do cuidado prestado aos pacientes sob responsabilidade da equipe de enfermagem(2929 Silva JSX, Silva RM, Cangussu DDD, MoraesFilho IM, Perez MA, Proença MFR. Qualidade do sono dos profissionais de enfermagem do serviço móvel de atendimento de urgência. REVISA. 2019;8(3):264-72 doi: https://doi.org/10.36239/revisa.v8.n3.p264a272
https://doi.org/10.36239/revisa.v8.n3.p2...
).
Quanto aos fatores associados à alteração de sono, os profissionais de enfermagem que foram classificados com TMC apresentaram cinco vezes mais probabilidade de sono ruim. Tal fato corrobora com a meta-análise realizada sobre a insatisfação do sono e o desenvolvimento de transtornos psíquicos, que encontrou uma forte relação entre a insônia e as alterações mentais, inclusive com a depressão, ansiedade e a ideação suicida(3030 Wilkeman JW. Insomnia Disorder. N Engl J Med. 2015;373:1437-44. doi: 10.1056/NEJMcp1412740.
https://doi.org/10.1056/NEJMcp1412740....
).
Em estudo desenvolvido somente com mulheres também se obteve a associação entre o TMC e a menor duração de sono, salientando que estas alterações são os primeiros sintomas detectados em distúrbios psíquicos. Ressalta-se que as mulheres que referiram dormir seis horas ou menos apresentavam 2,66 chances de TMC quando comparadas àquelas que dormiam mais de sete horas(3131 Sericato C, Azevedo RCS, Barros MBA. Common mental disorders in adult women: identifying the most vulnerable segments. Ciênc Saúde Coletiva. 2018;23(8):2543-54. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232018238.13652016
http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320182...
). Pesquisa realizada com enfermeiras chinesas também obteve associação entre a presença de sinais de ansiedade (OR = 8,07, IC95%: 2,92-22,33) e a qualidade do sono ruim, longa latência e insônia(3232 Zhi-Hao T, Jing-Wen E, Na Z. Sleep quality and mood symptoms in conscripted frontline nurse in Wuhan, China during COVID-19 outbreak. A cross-sectional study. Medicine. 2020;99(26):e20769. doi: 10.1097/MD.0000000000020769
https://doi.org/10.1097/MD.0000000000020...
).
Da mesma forma, estudo realizado, também na China, com 1.500 enfermeiros de seis hospitais da província de Shandong associou a existência de sintomas de depressão à presença de distúrbios de sono e, consequentemente, a um menor controle do ambiente de trabalho. Os enfermeiros estão suscetíveis ao desenvolvimento de transtornos mentais associados ao trabalho, prejudicando, assim, a qualidade do cuidado ofertado(2121 Dong H, Zhang Q, Zhu C, Lv Q. Sleep quality of nurses in the emergency department of public hospitals in China and its influencing factors: a cross-sectional study. Health Qual Life Outcomes. 2020;18(116). doi: doi.org/10.1186/ s12955-020-01374-4.
https://doi.org/doi.org/10.1186/s12955-0...
).
Afirma-se, ainda, que a exposição ao estresse e a má qualidade do sono também se relacionam às falhas cognitivas, como erros de memória, percepção, planejamento, execução de tarefas que ocorrem cotidianamente e à prestação dos serviços(3333 Imamura K, Tran TTT, Nguyen HT, Kuribayashi K, Sakuraya A, Nguyen AQ, et al. Effects of two types of smartphone-based stress management programmes on depressive and anxiety symptoms among hospital nurses in Vietnam: a protocol for three-arm randomised controlled trial. BMJ Open. 2019;9(4):e025138. doi: http://dx.doi.org/10.1136/bmjopen-2018-025138
http://dx.doi.org/10.1136/bmjopen-2018-0...
-3434 Rosado IVM, Russo GHA, Maia EMC. Generating health elicits illness? The contradictions of work performed in emergency care units of public hospitals. Ciênc Saúde Coletiva. 2015;20(10):3021-32. doi: 10.1590/1413812320152010.13202014.
https://doi.org/10.1590/1413812320152010...
). Estes dados são relevantes, pois nesse estudo a maioria das participantes era mulher e afirmou dormir 6,5 horas de sono, o que pode contribuir para acidentes e comportamentos de risco. Tal fato, no contexto da enfermagem, pode ocasionar equívocos na assistência ofertada, prejuízos ao paciente e à instituição.
Quando observados os componentes específicos do Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh, os domínios qualidade do sono e distúrbio do sono apresentaram significativa estatística com o tipo de hospital (p-valor 0,030 e <0,001, respectivamente) e o tempo de trabalho na instituição (p-valor <0,001).
O primeiro componente é avaliado pela percepção dos profissionais quanto à sua qualidade do sono, sendo que 51% referiram ter um sono bom ou muito bom. Tais dados contradizem a classificação final de Pittsburgh e vão ao encontro de estudo desenvolvido na Colômbia, em que 85,7% dos profissionais relataram ter uma boa e muito boa qualidade do sono, apesar de na classificação final do instrumento apresentarem má qualidade do sono(2424 Moreno JPS, Ariza DAM. Sleep Quality of Nurses Staff. Rev Cienc Salud. 2018;16 (Spec Iss):75-86. doi: http://dx.doi.org/10.12804/revistas.urosario.edu.co/ revsalud/a.6846
http://dx.doi.org/10.12804/revistas.uros...
). Ressalta-se que a melhor avaliação pode estar relacionada à adaptação à prática do serviço, ao trabalho em turno e à má qualidade do sono, como rotina das atividades desenvolvidas.
Quanto ao tipo de hospital, na realidade brasileira, as instituições públicas enfrentam situações difíceis, como a insuficiência de recursos materiais, humanos e de equipamentos, a falta de leitos e a superlotação dos serviços, o que, muitas vezes impele ao adoecimento profissional(3535 O’Dwyer G, Konder MT, Machado CV, Alves CP, Alves RP. The current scenario of emergency care policies in Brazil. Health Services Research. 2013;13(70):2-10. doi: http://www.biomedcentral.com/1472-6963/13/70
http://www.biomedcentral.com/1472-6963/1...
). Além disso, apesar da melhora quali e quantitativa dos serviços de saúde, o padrão centrado no atendimento primário e de emergência sobrecarrega os serviços hospitalares com altas demandas de trabalho(3636 Stanojević C, Simić S, Milutinović D. Health effects of sleep deprivation on nurses working shifts. Med Pregl. 2016;(5-6):183-8. doi: 10.2298/MPNS1606183S.
https://doi.org/10.2298/MPNS1606183S....
). Essas situações impõem limitações à competência e à liberdade dos profissionais, uma vez que se sujeitam ao estresse, sofrimento e às más condições de trabalho, com o objetivo de desempenhar uma assistência em saúde com qualidade(3535 O’Dwyer G, Konder MT, Machado CV, Alves CP, Alves RP. The current scenario of emergency care policies in Brazil. Health Services Research. 2013;13(70):2-10. doi: http://www.biomedcentral.com/1472-6963/13/70
http://www.biomedcentral.com/1472-6963/1...
), ao mesmo tempo em que possuem a estabilidade como fator que os mantêm no mesmo vínculo empregatício.
Em estudo desenvolvido na China em hospitais públicos, obteve-se a presença de má qualidade de sono entre enfermeiros, sendo que 68,8% dos que laboravam em instituições terciárias de alta complexidade apresentavam distúrbios de sono graves, associados à grande demanda de serviços, a um número maior de pacientes para assistir no período noturno e à ausência de reconhecimento do trabalho desenvolvido(2121 Dong H, Zhang Q, Zhu C, Lv Q. Sleep quality of nurses in the emergency department of public hospitals in China and its influencing factors: a cross-sectional study. Health Qual Life Outcomes. 2020;18(116). doi: doi.org/10.1186/ s12955-020-01374-4.
https://doi.org/doi.org/10.1186/s12955-0...
).
A presença de distúrbio do sono é avaliada pela soma de 9 questões do instrumento que enfatizam situações que podem perturbar o sono, sendo considerado inadequado quando exceder 10 pontos. Neste estudo, 27,6% dos profissionais foram caracterizados com algum distúrbio do sono, associando-se ao hospital público (p-valor<0,001) e ao maior tempo de trabalho (p-valor<0,001). Quanto ao componente hospitalar, estudo realizado em instituição regional colombiana obteve 10,2% dos profissionais com tais perturbações, atribuídas à caraterísticas ambientais do domicílio e do trabalho(2424 Moreno JPS, Ariza DAM. Sleep Quality of Nurses Staff. Rev Cienc Salud. 2018;16 (Spec Iss):75-86. doi: http://dx.doi.org/10.12804/revistas.urosario.edu.co/ revsalud/a.6846
http://dx.doi.org/10.12804/revistas.uros...
). Da mesma forma, pesquisa realizada na Coréia do Sul com enfermeiros que trabalhavam em turnos, obteve 50% de profissionais com distúrbios de sono, sendo que 28% deles possuíam alterações graves de sono, fadiga e depressão associada ao trabalho em unidade hospitalar(3636 Stanojević C, Simić S, Milutinović D. Health effects of sleep deprivation on nurses working shifts. Med Pregl. 2016;(5-6):183-8. doi: 10.2298/MPNS1606183S.
https://doi.org/10.2298/MPNS1606183S....
).
Já estudo desenvolvido no Irã obteve uma prevalência menor de distúrbios de sono, no qual somente 7,4% dos profissionais apresentaram insônia grave e especialmente em trabalhadores do período noturno(2323 Santos TCMM, Faria AL, Feitosa MS, Coimbra GT, Ferreira LC, Martino MMF. Quality and sleep disturbances of the nursing staff of a therapy unit. Rev Enferm UFPE Online. 2014;8(5):1110-6. doi: 10.5205/reuol.586350531-1-ED.0805201402.
https://doi.org/10.5205/reuol.586350531-...
). Em pesquisa na Suécia, com enfermeiras recém-formadas, obteve-se a presença de alterações de sono relacionadas às preocupações e pensamentos persistentes sobre o trabalho, além da alta carga de atividades(2828 Epstein M, Söderström M, Jirwe M, Tucker P, Dahlgren A. Sleep and fatigue in newly graduated nurses - Experiences and strategies for handling shiftwork. J Clin Nurs. 2020;29:184-194. doi: 10.1111/jocn.15076.
https://doi.org/10.1111/jocn.15076....
).
Estudo de revisão integrativa da literatura sobre os conhecimentos e atitudes atuais em relação ao impacto dos distúrbios do sono na saúde e nas funções cognitivas entre os membros da equipe de enfermagem na Europa, obteve que 30% a 70% dos enfermeiros dormem menos que seis horas antes do turno. Em relação aos efeitos cognitivos da privação do sono, observou-se que esta prejudica o desempenho de tarefas que requerem atenção intensiva e prolongada, o que aumenta o número de erros no atendimento ao paciente(3737 Jensen HI, Markvart J, Hoslt R, Thomsen TD, Larsen JW, Eg DM, et al. Shift work and quality of sleep: effect of working in designed dynamic light. Int Arch Occup Environ Health. 2016;89:49-61. doi: 10.1007/s00420015-1051-0.
https://doi.org/10.1007/s00420015-1051-0...
).
Ainda ressalta-se que o trabalho noturno, tanto com horário fixo quanto com horários alternados, é nocivo à saúde dos profissionais, pois altera a produção de melatonina(3838 Chinoy ED, Harris MP, Kim JJ, Wang W, Duffy JF. Scheduled evening sleep and enhanced lighting improve adaptation to night shift work in older adults. Occup Environ Med. 2016;73:869-76. doi: 10.1136/ oemed-2016-103712.
https://doi.org/10.1136/oemed-2016-10371...
), diminui a segurança no trabalho, a produtividade, o desempenho e a qualidade de vida(3939 Jensen HA, Larsen JW, Thomsen TD. The impact of shift work on intensive care nurses’ lives outside work: A cross-sectional study. Clin Nurs. 2017;27:e703-9. doi: https://doi.org/10.1111/jocn.14197
https://doi.org/10.1111/jocn.14197...
), sendo relacionado com problemas gastrointestinais, dores nas costas e pescoço, fadiga, depressão, cansaço, estresse, doenças cardiovasculares e mortalidade precoce(44 Argent AC, Benbenishty J, Flaatten H. Chronotypes, night shifts and intensive care. Intensive Care Med. 2015;41(4):698-700. doi: http://dx.doi.org/10.1007/ s00134-015-3711-7
http://dx.doi.org/10.1007/...
,3131 Sericato C, Azevedo RCS, Barros MBA. Common mental disorders in adult women: identifying the most vulnerable segments. Ciênc Saúde Coletiva. 2018;23(8):2543-54. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232018238.13652016
http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320182...
). Outrossim, a jornada de trabalho de 12 horas, seguida de 36 horas de descanso, facilita ao funcionário ter um segundo emprego(2323 Santos TCMM, Faria AL, Feitosa MS, Coimbra GT, Ferreira LC, Martino MMF. Quality and sleep disturbances of the nursing staff of a therapy unit. Rev Enferm UFPE Online. 2014;8(5):1110-6. doi: 10.5205/reuol.586350531-1-ED.0805201402.
https://doi.org/10.5205/reuol.586350531-...
). A presença de mais de um vínculo empregatício gera jornadas extensas de trabalho, com descansos parciais ou inexistentes, o que favorece a má qualidade do sono.
Além disso, com o maior o tempo de trabalho na instituição hospitalar, observa-se o desenvolvimento de uma assistência com destreza e habilidade; entretanto, com a experiência profissional tem-se um tempo aumentado de exposição aos estressores ocupacionais, o que facilita o desenvolvimento de distúrbios de sono(2222 Silva KKM, Martino MMF, Viana MCO, Bezerra CMB, Miranda FAN. Relationship between work shifts and quality of sleep of nurses: a descriptive study. Online Braz J Nurs. [Internet]. 2017 [cited Mar 23, 2020];16(1):57-63. Available from: http://www.objnursing.uff.br/index.php/ nursing/article/view/5577
http://www.objnursing.uff.br/index.php/...
,2424 Moreno JPS, Ariza DAM. Sleep Quality of Nurses Staff. Rev Cienc Salud. 2018;16 (Spec Iss):75-86. doi: http://dx.doi.org/10.12804/revistas.urosario.edu.co/ revsalud/a.6846
http://dx.doi.org/10.12804/revistas.uros...
) e pode contribuir, equivocadamente, para diminuir a percepção da necessidade de proteção contra acidentes e a compreensão sobre o próprio estado de saúde(3535 O’Dwyer G, Konder MT, Machado CV, Alves CP, Alves RP. The current scenario of emergency care policies in Brazil. Health Services Research. 2013;13(70):2-10. doi: http://www.biomedcentral.com/1472-6963/13/70
http://www.biomedcentral.com/1472-6963/1...
).
Já a latência do sono é avaliada pelo tempo necessário para dormir, do estágio de vigília para o sono total, sendo que neste estudo observou-se significância estatística com a presença de um emprego (p-valor<0,001) e o maior tempo de trabalho (p-valor 0,001). Além disso, o tempo médio referido para dormir foi de 31,9 minutos, com média de 6,5 horas de sono. Em pesquisa realizada em São Paulo (Brasil), encontrou-se 35,29% dos profissionais relatando demorar mais de meia hora para dormir(2323 Santos TCMM, Faria AL, Feitosa MS, Coimbra GT, Ferreira LC, Martino MMF. Quality and sleep disturbances of the nursing staff of a therapy unit. Rev Enferm UFPE Online. 2014;8(5):1110-6. doi: 10.5205/reuol.586350531-1-ED.0805201402.
https://doi.org/10.5205/reuol.586350531-...
), assim como estudo desenvolvido na China, o qual obteve uma latência superior entre os profissionais(4040 Mulhall MD, Sletten TL, Magee M, Stone JE, Ganesan S, Collins A, et al. Sleepiness and driving events in shift workers: the impact of circadian and homeostatic factors. Sleep. 2019;42(6):6-11. doi: https://doi.org/10.1093/ sleep/zsz074
https://doi.org/10.1093/...
) e pesquisa desenvolvida na Colômbia, na qual 34,7% dos profissionais demoravam mais de 28 minutos para dormir(2424 Moreno JPS, Ariza DAM. Sleep Quality of Nurses Staff. Rev Cienc Salud. 2018;16 (Spec Iss):75-86. doi: http://dx.doi.org/10.12804/revistas.urosario.edu.co/ revsalud/a.6846
http://dx.doi.org/10.12804/revistas.uros...
).
Também se sabe que o sono é influenciado por condições hemodinâmicas, pela temperatura, sons ambientais, atividades sociais e exposição à luz. Esta última apresenta um importante efeito sobre o início e manutenção deste processo, haja vista que a luz artificial altera o ciclo circadiano e sono-vigília(4141 Sousa KHJF, Soares ECF, Moraes KG, Batista KC, Gonçalves TS, Zeitoune RCG. Factors associated with the profile of the nursing team of a psychiatric hospital and its implications for occupational health. Rev Min Enferm. 2018;22:e-1104. doi: 0.5935/1415-2762.20180032.
https://doi.org/0.5935/1415-2762.2018003...
).
Ademais, estudo evidencia que há uma grande exposição à luz artificial na população geral, com aumento constante nos últimos anos, que, juntamente com os fatores ambientais laborais, influenciam na qualidade do sono(3131 Sericato C, Azevedo RCS, Barros MBA. Common mental disorders in adult women: identifying the most vulnerable segments. Ciênc Saúde Coletiva. 2018;23(8):2543-54. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232018238.13652016
http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320182...
). Supõe-se que os profissionais com um emprego expõem-se maiormente à luz artificial nos momentos de lazer que, juntamente com a exibição laboral, contribuem para a dificuldade em adormecer.
Neste estudo, observou-se significância estatística entre o turno de trabalho e a duração do sono (p-valor<0,001), no qual o período do dia demonstrou maiores pontos médios, sugerindo que estes profissionais apresentam menores horas de descanso. Entretanto, pesquisas nacionais e internacionais obtiveram distúrbios de sono, com pior qualidade no período noturno(11 Machado LSF, Rodrigues EP, Oliveira LMM, Laudano RCS, Nascimento Sobrinho CL. Health problems reported by nursing workers in a public hospital of Bahia. Rev Bras Enferm. 2015;67(5):684-91. doi: http://dx.doi. org/10.1590/0034-7167.2014670503
http://dx.doi...
,22 Silveira M, Camponogara S, Beck CLC. Scientific production about night shift work in nursing: a review of literature. J Res Fundam Care. 2016;8(1):3679-90. doi: 10.9789/2175-5361. 2016.v8i1.3679-3690.
https://doi.org/10.9789/2175-5361.2016.v...
,1010 Roodbandi AJ, Choobineh A, Daneshvar S. Relationship between circadian rhythm amplitude and stability with sleep quality and sleepiness among shift nurses and health care. International Int J Occup Saf Ergon. 2015;21(3):312-7. doi: 10.1080/10803548.2015.1081770.
https://doi.org/10.1080/10803548.2015.10...
,2626 D’Ettorre G, Pellicani V, Caroli A, Greco M. Shift work sleep disorder and job stress in shift nurses: implications for preventive interventions. Med Lav. 2020;111(3):195202. doi: 10.23749/mdl.v111i3.9197.
https://doi.org/10.23749/mdl.v111i3.9197...
,2828 Epstein M, Söderström M, Jirwe M, Tucker P, Dahlgren A. Sleep and fatigue in newly graduated nurses - Experiences and strategies for handling shiftwork. J Clin Nurs. 2020;29:184-194. doi: 10.1111/jocn.15076.
https://doi.org/10.1111/jocn.15076....
,3333 Imamura K, Tran TTT, Nguyen HT, Kuribayashi K, Sakuraya A, Nguyen AQ, et al. Effects of two types of smartphone-based stress management programmes on depressive and anxiety symptoms among hospital nurses in Vietnam: a protocol for three-arm randomised controlled trial. BMJ Open. 2019;9(4):e025138. doi: http://dx.doi.org/10.1136/bmjopen-2018-025138
http://dx.doi.org/10.1136/bmjopen-2018-0...
,3535 O’Dwyer G, Konder MT, Machado CV, Alves CP, Alves RP. The current scenario of emergency care policies in Brazil. Health Services Research. 2013;13(70):2-10. doi: http://www.biomedcentral.com/1472-6963/13/70
http://www.biomedcentral.com/1472-6963/1...
,4242 Tong Y, Jiang ZK, Zhang YX, Jia JL, Lu W, Tang HJ, et al. Analyzing the mental health status and its impact factors among female nurses in China. Medscape. 2018;36(2):115-8. doi: 10.3760/cma.j.is sn.1001-9391.2018.02.009.
https://doi.org/10.3760/cma.j.issn.1001-...
).
Ressalta-se, ainda, que os níveis de ansiedade e estresse têm efeito sobre o instrumento de avaliação do sono, assim como na qualidade e duração do processo fisiológico. Dessa forma, profissionais do período do dia apresentam rotinas de trabalho mais acentuadas, o que contribui para despertares mais frequentes no período noturno, insônia e menor tempo de sono(3535 O’Dwyer G, Konder MT, Machado CV, Alves CP, Alves RP. The current scenario of emergency care policies in Brazil. Health Services Research. 2013;13(70):2-10. doi: http://www.biomedcentral.com/1472-6963/13/70
http://www.biomedcentral.com/1472-6963/1...
).
A eficiência habitual do sono é avaliada no questionamento de quantas horas foram dormidas em relação ao tempo no leito sendo que, neste estudo, a cor de pele branca (p-valor 0,010), dois ou mais empregos (p-valor 0,040) e mais de quarenta horas de trabalho (p-valor 0,030) apresentaram pontos médios superiores.
É pertinente ressaltar ainda que, apesar do crescimento econômico da profissão de enfermagem, a submissão às longas jornadas de trabalho e à duplicidade de emprego são semelhantes à profissão médica, o que intensifica o risco de adoecimento, insatisfação com o sono e a insônia(4343 Díaz-Ramiro EM, Rubio-Valdehita S, López-Núñez MI, Aparicio-García ME. Sleep habits as predictors of psychological health in healthcare professionals. Ann Psychol. 2020;36(2). doi: https://doi.org/10.6018/ analesps.350301
https://doi.org/10.6018/...
). Estudo realizado na China com profissionais médicos e enfermeiros constatou que os trabalhadores apresentavam características sociodemográficas e ocupacionais muito diferentes e que os enfermeiros possuíam problemas de saúde mental e alterações de sono significativamente maiores que os outros trabalhadores(4242 Tong Y, Jiang ZK, Zhang YX, Jia JL, Lu W, Tang HJ, et al. Analyzing the mental health status and its impact factors among female nurses in China. Medscape. 2018;36(2):115-8. doi: 10.3760/cma.j.is sn.1001-9391.2018.02.009.
https://doi.org/10.3760/cma.j.issn.1001-...
).
Contempla-se, também, que na presença de mais de um vínculo de trabalho e carga horária extensa, o tempo destinado ao sono torna-se escasso, a secreção de cortisol e a temperatura central do organismo aumentam, com redução da melatonina e consequente diminuição da eficiência do sono e sua duração(4444 Lobo VM, Ploeg J, Fisher A, Peachey G, Akhtar-Danesh N. Critical Care Nurses’ Reasons for Working or Not Working Overtime. Critical Care Nurse. 2018;38(6):47-57. doi: https://doi.org/10.4037/ccn2018616
https://doi.org/10.4037/ccn2018616...
-4545 Kunaviktikul W, Wichaikhum O, Nantsupawat A, Nantsupawat R, Chontawan R, Klunklin A, et al. Nurses’ extended work hours: Patient, nurse and organizational outcomes. Int Nurs Rev. 2015;62(3):386-93. doi: 10.1111/inr.12195.
https://doi.org/10.1111/inr.12195....
). Estudo desenvolvido em hospitais em Ontário, no Canadá, destacou que as jornadas extensas de trabalho e o crescente número de horas extras na enfermagem têm influência no bemestar do paciente, nas finanças das instituições de saúde, satisfação e saúde dos enfermeiros. Tal fato justificou-se pelo ganho financeiro, desenvolvimento da carreira, auxílio para os colegas e para manutenção da continuidade da assistência(4444 Lobo VM, Ploeg J, Fisher A, Peachey G, Akhtar-Danesh N. Critical Care Nurses’ Reasons for Working or Not Working Overtime. Critical Care Nurse. 2018;38(6):47-57. doi: https://doi.org/10.4037/ccn2018616
https://doi.org/10.4037/ccn2018616...
).
Sobre as longas jornadas de trabalho, as mesmas também foram visualizadas em estudo desenvolvido com enfermeiros da Tailândia, no qual 79,34% dos participantes relataram possuir carga horária de 8 horas diárias de trabalho, contudo desenvolviam em média 58,82 horas na semana. Além disso, 32,81% dos profissionais apontaram uma baixa satisfação com o trabalho e, apenas, 54,4% relataram ter um sono adequado(4545 Kunaviktikul W, Wichaikhum O, Nantsupawat A, Nantsupawat R, Chontawan R, Klunklin A, et al. Nurses’ extended work hours: Patient, nurse and organizational outcomes. Int Nurs Rev. 2015;62(3):386-93. doi: 10.1111/inr.12195.
https://doi.org/10.1111/inr.12195....
). Quanto à diferença significativa entre a cor de pele e o componente específico, não foram encontrados, na literatura, estudos que se assemelhassem ao resultado obtido.
No que tange ao uso de medicamento para dormir, o mesmo foi referido por 33,7% dos profissionais, com frequência variada na semana. O componente específico demonstrou diferença significativa com o hospital público (p-valor 0,030), sexo feminino (p-valor 0,040), um emprego (p-valor 0,010) e maior tempo na instituição (p-valor <0,001), corroborando com a pesquisa realizada com a equipe de enfermagem de um hospital público, na qual 51% dos participantes eram usuários de medicamentos para dormir(4646 Oliveira FA, Teixeira ER. Conception about selfmedication use by the nursing staff in oncology intensive care. Rev Enferm UFPE On Line. 2016;10(1):24-31. doi: 10.5205/reuol.8423-73529-1-RV1001201604.
https://doi.org/10.5205/reuol.8423-73529...
). Já em estudo efetivado na Colômbia, encontrou-se somente 4,1% dos profissionais em uso de medicamentos para dormir(2424 Moreno JPS, Ariza DAM. Sleep Quality of Nurses Staff. Rev Cienc Salud. 2018;16 (Spec Iss):75-86. doi: http://dx.doi.org/10.12804/revistas.urosario.edu.co/ revsalud/a.6846
http://dx.doi.org/10.12804/revistas.uros...
), da mesma forma que pesquisa com enfermeiros da Etiópia, na qual 24,6% dos participantes faziam uso de algum medicamento para melhorar a qualidade do sono(2727 Haile KK, Asnakew S, Waja T, Bogale Kerbih HB. Shift work sleep disorders and associated factors among nurses at federal government hospitals in Ethiopia: a cross-sectional study. BMJ Open. 2019;9(8):e029802. doi: 10.1136/bmjopen-2019-029802.
https://doi.org/10.1136/bmjopen-2019-029...
).
Contempla-se que o consumo de medicamento é justificado pelos profissionais de saúde devido ao estresse, carga horária excessiva, más condições de trabalho e qualidade do sono ruim. Além disso, a automedicação é considerada um fenômeno que ocorre com maior frequência entre as mulheres, com alta escolaridade e com acesso facilitado às drogas(2727 Haile KK, Asnakew S, Waja T, Bogale Kerbih HB. Shift work sleep disorders and associated factors among nurses at federal government hospitals in Ethiopia: a cross-sectional study. BMJ Open. 2019;9(8):e029802. doi: 10.1136/bmjopen-2019-029802.
https://doi.org/10.1136/bmjopen-2019-029...
,4646 Oliveira FA, Teixeira ER. Conception about selfmedication use by the nursing staff in oncology intensive care. Rev Enferm UFPE On Line. 2016;10(1):24-31. doi: 10.5205/reuol.8423-73529-1-RV1001201604.
https://doi.org/10.5205/reuol.8423-73529...
), perfil este semelhante à enfermagem brasileira.
Quanto ao componente disfunção durante o dia, avaliado pelo questionamento de manter-se acordado em tarefas rotineiras e entusiasmado para realizar as atividades, observou-se significância estatística com a variável hospital (p-valor 0,010), com valor superior para a instituição pública, sugerindo-se uma maior sonolência diurna nos profissionais do serviço público e pior qualidade subjetiva do sono.
No que diz respeito às limitações desta pesquisa, destaca-se o estudo transversal, o qual impede a generalização dos dados e acompanhamento das alterações desenvolvidas pelo profissional, assim como a não investigação dos indivíduos afastados do trabalho. Além disso, não foi o objetivo do estudo avaliar as condições de descanso e o apoio social no ambiente de trabalho, variáveis estas que podem influenciar no desenvolvimento de transtornos mentais e nas alterações de sono. Ressalta-se, também, que a amostra foi constituída, maiormente, por técnicos de enfermagem, bem como os instrumentos são autorrespondidos e foram disponibilizados aos participantes para preenchimento, com devolução em data posterior. Tal critério pode contribuir para um viés, talvez afetado pelo interesse e atitudes dos participantes da pesquisa.
A prevalência de alterações de sono na equipe de enfermagem corrobora com as pesquisas nacionais e internacionais, demonstrando que a falta de sono adequado pode contribuir para o adoecimento profissional e a pior qualidade da assistência de enfermagem. Dessa forma, acredita-se que os dados apresentados possam colaborar na compreensão da dinâmica de trabalho dos profissionais de enfermagem, suscitar mudanças gerenciais, a fim de monitorar as alterações de saúde e favorecer a elaboração de programas de promoção e prevenção para esse grupo populacional.
Ademais, políticas de saúde, implementadas pelos gestores, devem propor ações que visem proteger e promover a saúde mental e física do trabalhador, diminuindo os eventos adversos na assistência, a alta rotatividade dos serviços, o aumento dos custos hospitalares e as demissões associadas ao adoecimento profissional(33 Dall’Ora C, Ball J, Reinius M, Griffiths P. Burnout in nursing: a theoretical review. Hum Resour Health. 2020;18(41). doi: https://doi.org/10.1186/s12960-020-00469-9
https://doi.org/10.1186/s12960-020-00469...
,55 Ki J, Ryu J, Baek J, Huu I, Choi-Kwon, S. Association between Health Problems and Turnover Intention in Shift Work Nurses: Health Problem Clustering. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(4532). doi: 10.3390/ ijerph17124532.
https://doi.org/10.3390/ijerph17124532...
,2424 Moreno JPS, Ariza DAM. Sleep Quality of Nurses Staff. Rev Cienc Salud. 2018;16 (Spec Iss):75-86. doi: http://dx.doi.org/10.12804/revistas.urosario.edu.co/ revsalud/a.6846
http://dx.doi.org/10.12804/revistas.uros...
).
Conclusão
A priori, contempla-se que a má qualidade de sono e o distúrbio de sono foram prevalentes na amostra e quando observadas as variáveis sociodemográficas, a presença de transtorno mental comum mostrou-se fator de associação para alterações do sono. Além disso, entre os dados sociodemográficos e ocupacionais, o hospital público, sexo feminino, cor de pele branca, ter um emprego, trabalhar mais de quarenta horas na semana, maior tempo de trabalho na instituição e o trabalho noturno demonstraram associação com a avaliação da qualidade do sono.
Agradecimentos
Em agradecimento a todos os profissionais de enfermagem dos diferentes hospitais que participaram desta pesquisa.
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
30 Ago 2021 -
Data do Fascículo
2021
Histórico
-
Recebido
23 Mar 2020 -
Aceito
13 Out 2020