Acessibilidade / Reportar erro

Iniciativa inovadora

Editorial

Economia da Saúde

INICIATIVA INOVADORA

Em uma iniciativa inovadora, a revista da Associação Médica Brasileira decidiu abrir espaço em suas páginas para a publicação e divulgação de pesquisas na área de Economia da Saúde. Esta iniciativa pioneira é muito bem-vinda por várias razões. Primeiro, porque abre uma importante porta de comunicação entre os pesquisadores em Economia da Saúde e os profissionais médicos, principais responsáveis pela prestação dos serviços de saúde à população e pela implementação das políticas de saúde. Segundo, porque a Economia da Saúde está rapidamente se tornando um elemento indispensável na análise da organização, financiamento e funcionamento do setor saúde.

O setor saúde movimenta hoje no Brasil um total anual de cerca de 55 bilhões de dólares, ou 7,5% do Produto Interno Bruto. Esse montante, três vezes maior que o faturamento da indústria automobilística, faz da Saúde um dos principais setores de atividade da economia brasileira, independentemente do valor moral ou social que a sociedade costuma atribuir a ela. Esses recursos pesam no orçamento do Estado e no custo de produção de bens e serviços, e devem ser gerenciados da maneira mais eficiente possível, inclusive para que produzam o efeito esperado no nível de saúde da população. Por outro lado, a aplicação da Economia da Saúde tem sido bastante estimulada pelos processos de reforma sanitária por que passam muitos países, que colocam entre suas prioridades questões claramente econômicas como a estabilidade e diversificação do financiamento, a alocação mais eficiente de recursos, a eliminação de desperdícios e a contenção dos custos, além de outras em que a Economia da Saúde também pode contribuir, como a eqüidade, a qualidade, e a efetividade dos sistemas de saúde.

Em sua origem, a Economia da Saúde é simplesmente a aplicação dos conceitos e metodologias analíticas da Economia ao estudo do setor saúde. Portanto, ela se preocupa basicamente com a produção, distribuição e utilização de recursos no setor saúde, recursos esses por definição escassos - no sentido de que a necessidade tende a ser sempre maior que a disponibilidade. Porém, está se tornando rapidamente uma disciplina em si mesma, mediante a elaboração e adaptação de modelos e instrumentos de análise voltados especificamente para as questões do setor saúde.

A popularidade crescente da Economia da Saúde na análise e equacionamento das questões do setor saúde não significa, de modo algum, o privilegiamento dos aspectos "econômicos" sobre as preocupações tradicionais com a qualidade da assistência à saúde ou a eqüidade no acesso aos serviços. Os objetivos e prioridades do sistema de saúde são, e continuarão sendo, definidos principalmente no nível político, por algum consenso a que chegue a sociedade ou pela correlação de forças políticas. A contribuição da Economia da Saúde consiste em instrumentalizar os tomadores de decisão quanto às implicações econômicas de políticas e programas de saúde, através da utilização de modelos explicativos e técnicas de análise e avaliação.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    18 Jan 2001
  • Data do Fascículo
    Out 2000
Associação Médica Brasileira R. São Carlos do Pinhal, 324, 01333-903 São Paulo SP - Brazil, Tel: +55 11 3178-6800, Fax: +55 11 3178-6816 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: ramb@amb.org.br