Diretrizes
Clínica Médica
CETOACIDOSE DIABÉTICA: CONSIDERAÇÕES SOBRE O TRATAMENTO
A American Diabetes Association propõe dois esquemas de insulinoterapia para o tratamento da cetoacidose diabética, um deles usando insulina endovenosa (EV) na dose de 0,1 unidade / kg peso/hora com ajuste conforme resposta da glicemia: dobrando a taxa de infusão quando a glicemia diminuir em velocidade menor que 50-70 mg/dl/hora e diminuindo esta infusão quando a queda da glicemia for maior que 70 mg/dl. Outro esquema adotado pela mesma Associação preconiza o uso de insulina regular IM ou subcutânea (SC): bolo inicial de 0,4 unidades/Kg (metade dessa dose inicial em bolo EV e metade via IM ou SC) e depois mantendo dose de 0,1 unidade/Kg/hora IM ou SC, observando a taxa de queda da glicemia, que deve ser mantida entre 50 e 70 mg/dl/hora. Quando a glicemia chegar a níveis menores que 250 mg/dl, o pH arterial for maior que 7,30, o bicarbonato arterial tiver valores maiores que 18 mEq/l e os corpos cetônicos diminuírem, considera-se que ocorreu a reversão do quadro de cetoacidose e o controle passa a ser realizado com insulina Regular (SC) de 4 em 4 horas conforme glicemia capilar, e a prescrição do dia seguinte utilizará insulina NPH com 2/3 da dose total de insulina regular no dia anterior ou de 0,6/U/Kg de peso. A reposição de potássio é importante, pois o potássio corporal total estará diminuído; entretanto, devido à acidose, o nível de potássio pode estar aumentado no meio intravascular, portanto a reposição só deve ser realizada se sua concentração sérica estiver dentro da normalidade.
Comentário
No Pronto Socorro do Hospital das Clínicas /FMUSP utilizamos insulina regular IM devido à eficácia comparável ao uso de insulina EV e pelo maior cuidado que a terapia endovenosa exige na monitorização do paciente, cuidados estes nem sempre possíveis de serem realizados em uma unidade de emergência. O tratamento adequado normalmente reverte a condição em tempo médio de 4 a 7 horas. O cuidado na velocidade de diminuição das taxas de glicose no sangue e a hidratação com observação clínica cuidadosa tendem a evitar as complicações do tratamento e explicam porque a mortalidade da condição declinou nos últimos anos.
RODRIGO ANTONIO BRANDÃO NETO
AUGUSTO SCALABRINI NETO
Referências
1. Alberti KG, Hockaday TD, Turner RC. Small doses of intramuscular insulin in the treatment of diabetic coma. Lancet 1973: 515-522.
2. Kitabchi AE, Umpierrez GE, Murphy MB, et al. Management of hyperglycemic crises in patients with diabetes mellitus (Technical Review). Diabetes Care 2001; 24:131-53.
3. American Diabetes Association: Hyperglicemic crises in patients with diabetes mellitus. Diabetes Care 2001; 24: 154-61.
4. Morris LR, Murphy MB, Kitabchi AE. Bicarbonate therapy in severe diabetic ketoacidosis. Ann Int Med 1986 ;105 : 836-40.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
23 Jan 2002 -
Data do Fascículo
Dez 2001