CARTA DO EDITOR
Aqui está mais um número.
Dizer esta frase, como pode muito bem saber o leitor, é razão de grande satisfação para nós, que editamos a revista. Satisfação é termo fraco, podemos falar de alegria, não apenas porque significa o fim de uma etapa e terminar é melhor do que fazer , mas porque isto de acrescentar um número a uma série sempre nos dá a ilusão de que ela será tão infinita como infinita é a série dos números.
Muito embora sempre se possa encontrar um leitor cartesiano que, colocando tudo sob dúvida, comece por duvidar de nosso juízo para avaliar a revista, a alegria é também por estarmos apresentando os textos que se seguem, pois temos certeza de que este segundo número traz informações de interesse e materiais para a polêmica e a reflexão. E, afinal de contas, refletir, argumentar, fazer refletir é o ofício dos intelectuais e, portanto, resultado e ambição de tudo o que se segue.
Manguinhos continua um tanto fora dos padrões acadêmicos, apresentando, além dos tradicionais artigos, outras seções mais específicas dos métodos e dos materiais da pesquisa histórica. Assim, temos alguns depoimentos onde tuberculosos entre eles Manuel Bandeira falam sobre suas vivências com a peste branca; na seção "Bibliotecas & Coleções", vermes e borboletas são usados para chamar a atenção para a importância das coleções científicas como material para a história das ciências; em "Arquivos & Documentos", um diretor da Fundação Rockefeller expõe, com a sinceridade dos relatórios reservados, suas opiniões sobre os brasileiros; temos ainda um debate sobre biotecnologia, onde vários especialistas discutem este (deixem passar os superlativos) importantíssimo e desconhecidíssimo tema, a seção "Livros, Artigos & Redes", que vem com o acréscimo de informações sobre redes computadorizadas e, finalmente, alguns resumos de teses recentemente defendidas.
Comparado com o número anterior, vê-se que que este vem desfalcado de três seções "Encontros", "Imagens" e "Notas de Pesquisa". A primeira foi eliminada por motivos editoriais, mas esperamos que a ausência das duas últimas seja temporária e que, mais dia, menos dia, trabalhadores e amadores deste campo aproveitem também estas páginas que lhes são oferecidas. São consolos que a razão tenta trazer e que são acrescentados pelas boas palavras que de tantas partes nos vieram, elogiando esta tentativa da Casa de Oswaldo Cruz de ampliar a discussão sobre as histórias dos conhecimentos.
Agora, aos leitores, julgar.
Sergio Goes de Paula
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
24 Jul 2006 -
Data do Fascículo
Fev 1995