Resumos
Relata-se um caso clínico no qual a dermatoscopia de epiluminescência sem contato foi empregada como método auxiliar para o diagnóstico e a avaliação clínica da eficácia do tratamento da pediculose do couro cabeludo.
We report a clinical case in which contactless dermoscopy was used as an aid to the diagnosis of pediculosis and clinical evaluation of the effectiveness of treatment of this condition.
Dermoscopy; Lice infestations; Pruritus
IMAGENS EM DERMATOLOGIA
Entodermoscopia: dermatoscopia de epiluminescência para diagnose da pediculose* * Trabalho realizado na Alergoskin Alergia e Dermatologia SS Ltda. - São Paulo (SP), Brasil.
Paulo Ricardo Criado
Doutor em Ciências (Dermatologia) pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP); médico da Divisão de Dermatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) - São Paulo (SP), Brasil
Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Paulo Ricardo Criado Rua Carneiro Leão, 33 - Vila Scarpelli 09050-430 Santo André - SP Tel.: 11 6255 1355 E-mail: prcriado@uol.com.br
RESUMO
Relata-se um caso clínico no qual a dermatoscopia de epiluminescência sem contato foi empregada como método auxiliar para o diagnóstico e a avaliação clínica da eficácia do tratamento da pediculose do couro cabeludo.
Atendeu-se na clínica uma criança de seis anos trazida pelos pais em decorrência de prurido no couro cabeludo no último mês. Ao exame físico com o auxílio da dermatoscopia de epiluminescência (DE) sem contato, observou-se a presença de lêndea não habitada aderida à haste do fio de cabelo, o qual foi retirado para melhor visualização (Figura 1A). Os familiares foram orientados quanto ao diagnóstico e ao tratamento adequado: xampu de deltametrina, em dois ciclos de tratamento, cada um de três dias, com intervalo de uma semana, e a retirada mecânica das lêndeas.
Após um mês, a criança foi trazida a nova consulta e verificou-se persistência do prurido no couro cabeludo. O exame físico não revelou a presença de lêndeas. No entanto, o uso da DE permitiu observar a presença do piolho (Pediculus humanus var. capitis) vivo entre os cabelos (Figuras 1B e 1C) e o mesmo em detalhes sobre superfície branca (Figuras 1D e 1E).
A dermatoscopia foi inicialmente desenvolvida para uso no diagnóstico de lesões pigmentadas,1 mas tem sido empregada em desordens escamosas, despigmentações, "pseudofoliculite" da barba, infecções e infestações como uma modalidade de auxílio ao diagnóstico.1 Já foram descritos padrões dermatoscópicos para verrugas virais, molusco contagioso, tinea nigra, entre outros.1 Cunhou-se o termo "entodermatoscopia" para designar a aplicação da DE no auxílio ao diagnóstico e no acompanhamento do tratamento de infestações como escabiose, pediculoses, tungíase, larva migrans, infestações por carrapatos e reações a espículas de aranha.1,2
A pediculose do couro cabeludo pode ser, muitas vezes, identificada a olho nu e o exame com uma lente de aumento é suficiente, em geral. Entretanto, como na paciente em questão, o número de piolhos e/ou lêndeas pode ser pequeno, levando métodos tradicionais de diagnóstico ao insucesso, o que pode ser otimizado com o uso da DE.
Recebido em 13.08.2010.
Aprovado pelo Conselho Consultivo e aceito para publicação em 31.08.10.
Conflito de interesse: Nenhum
Suporte financeiro: Nenhum
- 1. Zalaudek I, Giacomel J, Cabo H, Di Stefani A, Ferrara G, Hofmann-Wellenhof R, et al. Entodermoscopy: a new tool for diagnosing skin infections and infestations. Dermatology. 2008;216:14-23.
- 2. Tschandl P, Argenziano G, Bakos R, Gourhant JY, Hofmann-Wellenhof R, Kittler H, et al. Dermoscopy and entomology (entomodermoscopy). J Dtsch Dermatol Ges. 2009;7:589-96.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
16 Maio 2011 -
Data do Fascículo
Abr 2011
Histórico
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Recebido
13 Ago 2010 -
Aceito
31 Ago 2010