Os autores relatam caso de paciente do sexo feminino com paracoccidioidomicose, associada a carcinoma do colo uterino estádio IIIB. Paracoccidioidomicose, associada à neoplasia, ocorre entre 0,16% a 14,1% segundo diferentes séries de casos. Em casos com neoplasia disseminada a infecção fúngicas pode apresentar comportamento oportunístico
Carcinoma; Micoses; Neoplasias do colo do útero; Paracoccidioidomicose
This report describes the case of a female patient with paracoccidioidomycosis associated with a stage IIIB cervical carcinoma. Paracoccidioidomycosis in association with a malignant tumor occurs in 0.16% to 14.1% of cases in accordance with different case series. In cases in which the cancer is disseminated, the fungal infection may behave opportunistically
IMAGENS EM DERMATOLOGIA TROPICAL
Paracoccidioidomicose em paciente com carcinoma do colo uterino*
Silvio Alencar MarquesI; Joel Carlos LastóriaII; Mariangela Esther Alencar MarquesIII
IProfessor Livre Docente - Professor Associado Departamento de Dermatologia e Radioterapia Faculdade de Medicina de Botucatu Universidade Estadual Paulista (Unesp) - São Paulo (SP), Brasil
IIProfessor Livre Docente - Professor Associado Departamento de Dermatologia e Radioterapia Faculdade de Medicina de Botucatu Universidade Estadual Paulista (Unesp) - São Paulo (SP), Brasil
IIIProfessor Livre Docente - Professor Associado Departamento de Patologia Faculdade de Medicina de Botucatu Universidade Estadual Paulista (Unesp) - São Paulo (SP), Brasil
Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Silvio Alencar Marques Rua Costa Leite, 515 18600-010 Botucatu-SP
RESUMO
Os autores relatam caso de paciente do sexo feminino com paracoccidioidomicose, associada a carcinoma do colo uterino estádio IIIB. Paracoccidioidomicose, associada à neoplasia, ocorre entre 0,16% a 14,1% segundo diferentes séries de casos. Em casos com neoplasia disseminada a infecção fúngicas pode apresentar comportamento oportunístico.
Palavras-chave: Carcinoma; Micoses; Neoplasias do colo do útero; Paracoccidioidomicose
Paciente, do sexo feminino, de 41 anos de idade, procedente de Igaraçu do Tietê, estado de São Paulo, auxiliar de limpeza, ex-residente na zona rural na mesma região, em seguimento por carcinoma do colo uterino estadiamento IIIB. Por ocasião da consulta na Dermatologia, encontrava-se sob radioterapia e referia aparecimento de lesão cutânea há três meses, coincidente com a piora clínica de sua enfermidade de base. Ao exame, observava-se lesão única, ulcerada, de fundo granuloso, não secretante e com pontilhados hemorrágicos, bordas infiltradas e halo discretamente eritematoso, medindo 3,0 cm de diâmetro e localizada na face lateral do braço E (Figura 1, 2). As hipóteses clínicas foram de paracoccidioidomicose e leishmaniose e o exame anatomopatológico definiu o diagnóstico de paracoccidioidomicose, pelo encontro de formas multibrotantes, típicas, corroborado pelo exame sorológico específico positivo e pelo comprometimento pulmonar de padrão intersticial associado (Figura 3, 4). A evolução foi determinada pela doença de base, com óbito ocorrendo um mês após o diagnóstico da infecção fúngica.
Paracoccidioidomicose é infecção sistêmica com comprometimento cutâneo em 31,2% a 54,2% dos casos. 1,2 A frequência de paracoccidioidomicose, associada à neoplasia, é relatada ocorrer entre 0,16% a 14,1%, média de 3,96%, sendo os carcinomas a neoplasia mais frequentemente associada. 3 O Paracoccidioides brasiliensis, comparado com o Histoplasma capsulatum e, mesmo com o Sporothrix schenckii, não apresenta perfil de fungo oportunista, mas, em países endêmicos, não será surpresa seu diagnóstico associado a estado clínico de , imunossupressão. 4,5
Aprovado pelo Conselho Editorial e aceito para publicação em 05.05.2010.
Conflito de interesse: Nenhum
Suporte financeiro: Nenhum
Referências bibliográficas
- 1 Robledo M, Arango M, Restrepo A. Polimorfismo de las lesiones cutáneas en la paracoccidioidomicosis. Rev Arg Micol. 1992;15:166.
- 2 Marques SA Cortez D, Lastória JC, Camargo RMP, Marques MEA. Paracoccidioidomycosis: frequency, morphology and pathogenesis of tegumentary lesions. An Bras Dermatol. 2007;82:411-7.
- 3 Shikanai-Yasuda MA, Conceição YMT, Kono A, Rivitti E, Campos AF, Campos SV. Neoplasia and paracoccidioidomycosis. Mycopathologia 2008;165:303-12.
- 4 Marques SA. Paracoccidioidomicose e esporotricose associada à imunossupressão. Med Cut Iber Lat Am. 2009;37:159-70.
- 5 Gutiérrez-Galhardo MC, Francisconi do Valle A, Fraga B, Schubach AO, Hoagland BR, Monteiro PC, et al. Disseminated sporotrichosis as a manifestation of immune reconstitution inflammatory syndrome. Mycoses. 2010;53:78-80.