Acessibilidade / Reportar erro

Qualidade microbiológica da água e dos mexilhões Perna perna (Linnaeus, 1758) cultivados em Piúma, Espírito Santo, Brasil

Microbiological quality of water and Perna perna (Linnaeus, 1758) mussels cultivated in Piúma, Espírito Santo, Brazil

RESUMO

Este estudo objetivou verificar a qualidade microbiológica da água e dos mexilhões cultivados pela Associação dos Maricultores de Piúma (AMPI), Espírito Santo, Brasil. Foram realizadas sete coletas de água e mexilhões, mensalmente, entre outubro de 2016 e maio de 2017. Os mexilhões foram coletados nos long lines da AMPI, e em cada mês foram coletados 40 mexilhões Perna perna e 100 mL de água do local. O material coletado foi destinado ao laboratório para a realização das análises microbiológicas em duplicata, número mais provável de coliformes totais (CT) e termotolerantes (Ctt), presença ou ausência de Salmonella sp e número de unidades formadoras de colônias de Staphylococcus aureus. Os resultados mostraram que o número de Ctt nas amostras de água no mês de janeiro estavam acima do permitido pela Resolução n° 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Já os níveis de Ctt e Staphylococcus aureus na carne dos mexilhões mostraram-se dentro do limite aceitável pela RDC n° 12 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Entretanto, foram encontradas bactérias com características do gênero Salmonella sp nos meses de dezembro e março nos mexilhões, impossibilitando sua comercialização e seu consumo. Durante esses meses, a cidade tem alto fluxo de turistas. Por fim, recomenda-se a realização das análises microbiológicas continuamente, principalmente no período do verão, época que tem grande fluxo de turistas no município de Piúma e que registrou presença de Salmonella na carne dos mexilhões e níveis de Ctt na água acima do permitido pelas legislações vigentes.

Palavras-chave:
coliformes totais; coliformes termotolerantes; estafilococos; Salmonella ; moluscos bivalves; mytilidae; cultivo de mexilhão

ABSTRACT

This study aimed to verify the microbiological quality of water and mussels cultivated by the Piúma Farmers Association (Associação dos Maricultores de Piúma — AMPI), Espírito Santo, Brazil. Seven samples of water and mussels were collected monthly from October 2016 to May 2017. The mussels were collected from the long lines of the AMPI, and in each month 40 mussels Perna perna and 100 mL of water were sampled from the site. The collected material was sent to the laboratory for duplicate microbiological analysis, Most Probable Number of Total (CT) and Thermotolerant (Ctt) coliforms, presence or absence of Salmonella sp and number of Staphylococcus aureus colony forming units. The results showed that the number of Ctt in the water samples in January was higher than that allowed by Resolution 357 of the National Environment Council (Conselho Nacional do Meio Ambiente — CONAMA). The levels of Ctt and Staphylococcus aureus in mussel meat were within the acceptable range by the Brazilian National Environment Council (Agência Nacional de Vigilância Sanitária — ANVISA) Resolution RDC No. 12. However, colonies with characteristics of Salmonella sp were found in December and March in the mussels, making it impossible to sell and consume. This period coincides with a high flow of tourists in the municipality. Finally, it is recommended to perform microbiological analyzes continuously, especially in the summer, where there are a lot of tourists in the city of Piúma, period that showed the presence of Salmonella in the meat of mussels and Ctt levels in water above the allowed current legislation.

Keywords:
total coliforms; thermotolerant coliforms; staphylococci; Salmonella ; bivalve molluscs; mytilidae; mussel cultivation

INTRODUÇÃO

A exploração comercial excessiva sobre os recursos marinhos vem afetando a quantidade de pescado que é capturado, reduzindo o seu volume de maneira significativa para as comunidades litorâneas (FAO, 2018ORGANIZAÇÃO PARA A ALIMENTAÇÃO E AGRICULTURA (FAO). The state of world fisheries and aquaculture 2018: meeting the sustainable development goals. Roma: FAO, 2018.). O declínio do setor pesqueiro, em conjunto com o contínuo processo de degradação ambiental, vem contribuindo para o desequilíbrio dos ecossistemas e das comunidades pesqueiras, levando vários profissionais do setor a buscarem novas fontes de renda (BRASIL, 2011BRASIL. Ministério do Meio Ambiente (MMA). Quarto relatório nacional para a convenção sobre diversidade biológica . Brasília: MMA, 2011. 248 p.). Nesse contexto, a maricultura surgiu como alternativa que contribui para a minimização das diferenças sociais, criação de novos postos de trabalhos e, consequentemente, geração de renda para essas comunidades (SILVESTRI; BERNADOCHI; TURRA, 2011SILVESTRI, F.; BERNADOCHI, L.C.; TURRA, A. Os maricultores e o poder público: um estudo de caso no litoral norte de São Paulo. Boletim do Instituto de Pesca, São Paulo, v. 37, n. 1, p. 103-114, 2011.). A aquicultura, por meio da maricultura sustentável, pode contribuir para a diminuição da fome e a pobreza nas regiões litorâneas, tornando-se importante fonte de renda. Como exemplo, tem-se o cultivo de mexilhão e ostras no estado de Santa Catarina, que, segundo Ostrensky (2008)OSTRENSKY, A. Aquicultura no Brasil: o desafio é crescer. Brasília: Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca, 2008. 276 p. e Pereira e Rocha (2015)PEREIRA, L.A.; ROCHA, R.M. A maricultura e as bases econômicas, social e ambiental que determinam seu desenvolvimento e sustentabilidade. Ambiente & Sociedade , Paranaguá, v. 18, n. 3, p. 41-54, 2015. https://doi.org/10.1590/1809-4422ASOC622V1832015
https://doi.org/10.1590/1809-4422ASOC622...
, pode contribuir para o aumento da renda de diversas famílias de pequenos produtores, fundamentada principalmente nos baixos custos de produção.

A mitilicultura (cultivo de mexilhões) no Brasil teve início em meados de 1970, quando pesquisadores da Universidade São Paulo, do Instituto de Pesca de São Paulo e do Instituto de Pesquisas da Marinha do Rio de Janeiro implementaram cultivos experimentais com a intenção de obter informações técnicas, para posteriormente poderem incentivar o desenvolvimento da atividade por meio da disseminação do conhecimento para os interessados. No entanto, somente a partir do fim da década de 1990 que Santa Catarina foi o primeiro estado a realizar o cultivo de mexilhões em escala comercial, por meio de parcerias entre o Laboratório de Mexilhões da Universidade Federal de Santa Catarina, a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI) e as comunidades de pescadores artesanais da região (OLIVEIRA NETO, 2005OLIVEIRA NETO, F.M. Diagnóstico do cultivo de moluscos em Santa Catarina. Florianópolis: Epagri, 2005. 67 p.).

No estado do Espírito Santo, no ano de 1987, iniciaram-se projetos experimentais voltados para a maricultura, sendo o município de Piúma o pioneiro. Nessa cidade foram implementados projetos pilotos de cultivo de vieiras Nodipecten nodosus, mexilhões Perna perna e ostras japonesas Crassostrea gigas (SODRÉ; FREITAS; REZENDE, 2008SODRÉ, F.N.G.A.S.; FREITAS, V.L.F.M.; REZENDE, R.R. Histórico e desenvolvimento da maricultura no Estado do Espírito Santo, Brasil. Revista Brasileira de Agroecologia, v. 3, n. 3, p. 36-46, 2008.). O cultivo de moluscos bivalves nesse município ocorre até os dias de hoje, em local abrigado na Ilha dos Cabritos, a 600 m da costa, com profundidade média de 4 m, salinidade média de 35 ppm (± 2), temperatura média da água de 24°C (± 2) e localidade próxima ao estuário (SOUZA et al., 2019SOUZA, T.B.; SILVA, B.R.; PEREIRA, R.M.; ARIDE, P.H.R.; OLIVEIRA, A.T.; SOUZA, A.B.; LAVANDER, H.D.; POLESE, M.F.; KROHLING, W. Artificial Selection and Size at First Sexual Maturity of Perna perna Mussels (Linnaeus, 1758) in Southeastern Brazil. Journal of Shellfish Research, v. 38, n. 1, p. 63-69, 2019. https://doi.org/10.2983/035.038.0106
https://doi.org/10.2983/035.038.0106...
).

O fortalecimento da atividade de maricultura no município ocorreu em 2014, ano que foi fundada a Associação dos Maricultores de Piúma (AMPI), atualmente composta por 12 famílias. A maioria dos produtores realiza o cultivo dos mexilhões P. perna por meio da coleta de sementes dos costões rochosos da região e as deposita para engorda em sistema suspenso de long lines.

Os moluscos bivalves, tais como os mexilhões, as ostras e as vieiras, são organismos filtradores ativos de água para a obtenção de alimento e oxigênio (SALLES; MACEDO; FIGUEIREDO, 2017SALLES, P.B.D.; MACEDO, Y.B.; FIGUEIREDO, E.L. Caracterização físico-química e microbiológica da carne do molusco Bivalve Sarnambi (Phacoides pectinitus) coletado nas praias em Algodoal e Salinópolis, no Pará. Revista Brasileira de Tecnologia Agroindustrial , Ponta Grossa, v. 11, n. 1, p. 2245-2261, 2017. https://doi.org/10.3895/rbta.v11n1.2907
https://doi.org/10.3895/rbta.v11n1.2907...
). Quaisquer agentes presentes na água, podendo ser de natureza biológica (como vírus, bactérias, toxinas e parasitas) e de natureza química (como antibióticos, resíduos de pesticidas e até metais pesados), são filtrados e permanecem concentrados em seus tecidos (ARAÚJO et al., 2016ARAÚJO, C.F.S.; LOPES, M.V.; VASQUEZ, M.R.; PORCINO, T.S.; RIBEIRO, A.S.V.; RODRIGUES, J.L.G.; OLIVEIRA, S.S.P.; MENEZES-FILHO, J.A. Cadmium and lead in seafood from the Aratu Bay, Brazil and the human health risk assessment. Environmental Monitoring and Assessment, v. 188, 2016. https://doi.org/10.1007/s10661-016-5262-y
https://doi.org/10.1007/s10661-016-5262-...
). O consumo desses organismos está diretamente relacionado à saúde pública, pois pode acarretar a ingestão desses elementos absorvidos em seus tecidos, desde nutrientes a diversos patógenos (VIEIRA, 2003VIEIRA, R.H.S.F. Microbiologia, higiene e qualidade do pescado: teoria e prática. São Paulo: Varela, 2003.). Assim, os moluscos bivalves são bioindicadores de qualidade ambiental, ou seja, seu sistema imunológico funciona como agente de alerta a modificações do ambiente, pois ao serem retirados para analises, é possível constatar quaisquer alterações (FERREIRA et al., 2013FERREIRA, M.S.; MÁRSICO, E.T.; CONTE JUNIOR, C.A.; MARQUES JÚNIOR, A.N.; MANO, S.B.; SÃO CLEMENTE, S.C. Contaminação por metais traço em mexilhões Perna perna da costa brasileira. Ciência Rural , Niterói, v. 43, n. 6, p. 1012-1020, 2013. https://doi.org/10.1590/S0103-84782013005000062
https://doi.org/10.1590/S0103-8478201300...
).

A qualidade sanitária, tanto da água do mar quanto dos organismos utilizados como fonte de alimento, é de extrema importância, pois a ingestão de alimentos e/ou água contaminados por micro-organismos patogênicos causa ao consumidor diversas complicações, como as doenças diarreicas (GOMES et al., 2017GOMES, L.O.; MATOS, H.J.; SILVA, M.C.M.; LOUREIRO, E.C.B.; MACARENHAS, J.D.P.; GABBAY, Y.B.; ROCHA, D.C.C. Aspectos epidemiólogicos das enteroinfecções bacterianas em menores de 5 anos de idade em Rio Branco, Estado do Acre, Brasil. Revista Pan-Amazônica de Saúde, Ananindeua, v. 8, n. 4, p. 35-43, 2017. https://doi.org/10.5123/s2176-62232017000400008
https://doi.org/10.5123/s2176-6223201700...
). Entre os anos de 2000 e 2017, houve a notificação de 105 casos envolvendo surtos alimentares oriundos de pescados no país (BRASIL, 2019BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Coordenação Geral de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Surtos de doenças transmitidas por alimentos no Brasil. Brasília: SINAN, 2019. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/. Acesso em: 22 maio 2019.
http://bvsms.saude.gov.br/...
).

Dentre os parâmetros microbiológicos mais analisados para moluscos bivalves estão o grupo dos coliformes, principalmente os termotolerantes, no qual o mais avaliado é a bactéria Escherichia coli, seguido de outros grupos, como estafilococos e salmonelas (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 2005INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz: Métodos Químicos para Análise de Alimentos. 2. ed. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2005. 533 p.). Segundo Silva-Souza (2006)SILVA-SOUZA, A.T. (org.). Sanidade de Organismos Aquáticos no Brasil. Maringá: Abrapoa, 2006., é imprescindível que seja realizado o maior número possível de análises microbiológicas tanto nos costões rochosos quanto no cultivo de mexilhões e que, posteriormente, práticas de controle e prevenção de contaminação sejam aplicadas, para que se tenha a garantia na qualidade desses organismos como alimento quando comercializados.

Para essas análises existem leis específicas, em cada país, que estabelecem critérios e normas de controle da qualidade desses organismos destinados à alimentação. No Brasil, o Ministério da Saúde e o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) estabelecem níveis microbiológicos permitidos para os moluscos bivalves cultivados e comercializados em território nacional, conforme a RDC n° 12, de 2 de janeiro de 2001, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) (BRASIL, 2001BRASIL. Agência Nacional de Vigilância sanitária. Resolução RDC n° 12, de 2 de janeiro de 2001. Regulamento técnico sobre os padrões microbiológicos para alimentos. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, Seção 1, 10 jan. 2001.), e a legislação do CONAMA n° 357, de 17 de março de 2005 (BRASIL, 2005BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução n° 357 de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a qualidade dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamentos de efluentes e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 2005.).

Vale ressaltar que a economia do município de Piúma tem fortes traços relacionados à atividade pesqueira, tendo em vista a grande quantidade de desembarques realizados no município e a grande quantidade de pescadores e maricultores registrados (BASÍLIO et al., 2015BASÍLIO, T.H.; SILVA, E.V.; FIORESI, D.B.; GOMES, M.P.; GARCEZ, D.S. Sustentabilidade das atividades pesqueiras do município de Piúma, litoral sul do Espírito Santo, Brasil. Arquivos de Ciências do Mar, v. 48, n. 1, p. 69-86, 2015. https://doi.org/10.32360/acmar.v48i1.5865
https://doi.org/10.32360/acmar.v48i1.586...
). Entre as atividades aquícolas, a mitilicultura apresenta-se como altamente rentável e sustentável, uma vez que não produz efluente no corpo hídrico (FAO, 2018ORGANIZAÇÃO PARA A ALIMENTAÇÃO E AGRICULTURA (FAO). The state of world fisheries and aquaculture 2018: meeting the sustainable development goals. Roma: FAO, 2018.). Entretanto, apesar de o cultivo de moluscos bivalves ocorrer no município de Piúma desde 1987, nunca existiu monitoramento microbiológico na área do cultivo e dos mexilhões produzidos, e ressalta-se que este é o primeiro trabalho que tem essa finalidade. Assim, o presente estudo visa estabelecer um cenário da qualidade microbiológica dos bivalves produzidos no município de Piúma.

METODOLOGIA

Coleta e preparo das amostras

As coletas dos mexilhões foram realizadas em estruturas de cultivo suspensas, long lines da AMPI, localizadas próximo à Ilha dos Cabritos no município de Piúma, sul do Espírito Santo (20°51’18.37”S – 40°43’45.42”O). Foram realizadas coletas mensalmente entre os meses de outubro de 2016 e maio de 2017. Em cada coleta foi realizada a captura manual de cerca de 40 mexilhões P. perna. As amostras de água foram coletadas na coluna d’água (50 cm), próxima à superfície, manualmente com o auxílio de frascos de vidro graduados de 500 mL previamente esterilizados. Tanto os mexilhões quanto a água coletada foram armazenados em bolsa térmica com gelo para transporte até o laboratório de Ecologia Microbiana do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), Campus Piúma. Todas as análises foram realizadas em duplicata, sendo denominadas em repetição um (R1) e repetição dois (R2).

Os mexilhões foram lavados com água doce e posteriormente foi realizada a limpeza mecânica (externa) com o auxílio de uma espátula esterilizada, para a retirada de organismos incrustantes. As valvas dos mexilhões foram abertas utilizando espátula esterilizada, e a carne (tecido/partes moles) foi retirada e depositada em um saco plástico. Para cada amostra foram pesados 25 g de tecido e a ele foram adicionados 225 mL de solução salina 0,85% contendo 0,1% de peptona. A amostra foi levada ao homogeneizador Boitton MK 1204 por 20 minutos. Toda a metodologia utilizada no presente estudo foi baseada no descrito pelo Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA, 2012AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION (APHA). Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater. 22. ed. Washington, D.C.: APHA, AWWA, WEF, 2012. 1120 p.).

Micro-organismos analisados

Coliformes totais e termotolerantes

Para o teste presuntivo de coliformes, a amostra homogeneizada (diluição 10−1) da carne do mexilhão e a amostra de água foram transferidas, separadamente, para tubos de ensaio com 9 mL de caldo lactosado, contendo um tubo de Durhan invertido, em 3 séries de 5 repetições cada, sendo uma série de 10 mL, outra de 1 mL e outra de 0,1 mL de amostra. Os tubos foram incubados a 35°C por 48 horas.

Para os testes confirmativos, as amostras que apresentaram crescimento bacteriano e formação de gás no tubo de Durhan foram transferidas com alça de platina para o caldo verde brilhante bile 2% (VB) e para o caldo E. coli (EC), respectivamente, contendo um tubo de Durhan invertido. O caldo VB foi incubado a 35°C por 48 horas, para a contagem da densidade de coliformes totais (CT), e o caldo EC foi incubado a 45°C por 24 horas, para a contagem de coliformes termotolerantes (Ctt).

Os tubos de ensaio com turvação do meio de cultura e presença de gás nos tubos de Durham foram considerados positivos para a presença de coliformes. Os resultados foram expressos por meio do número mais provável (NMP).

Staphylococcus aureus

Após o preparo da amostra homogeneizada de mexilhão, foi retirada uma alíquota de 100 µL e transferida para ágar Baird Parker acrescido de telurito de potássio e gema de ovo, e as placas foram incubadas a 35°C por 48 horas. Após esse período, as colônias negras ou cinzas, brilhantes e convexas com halo branco foram isoladas para os testes confirmativos de coloração de Gram, utilização anaeróbica de glicose e manitol, catalase e coagulase. Foram consideradas como S. aureus todas as colônias Gram-positivas em forma de cocos em cachos, catalase positiva e reação de coagulase de níveis três e quatro, de acordo com Silva et al. (2010)SILVA, N.; JUNQUEIRA, V.C.A.; SILVEIRA, N.F.A.; TANIWAKI, M.H.; SANTOS, R.F.S.; GOMES, R.A.R. Manual de Métodos de Análise Microbiológica de Alimentos e Água. 4. ed. São Paulo: Varela, 2010. 624 p..

Salmonella spp.

A amostra homogeneizada de mexilhão foi incubada em estufa por 18 horas a temperatura de 37°C (pré-enriquecimento). Após, foi realizado o enriquecimento transferindo 1 mL da amostra pré-enriquecida para um tubo contendo 10 mL de caldo Selenito Cistina (SC) e 0,1 mL para tubo contendo 10 mL de caldo Rappaport Vassiliiadis (RP). O caldo SC foi incubado a temperatura de 37°C e o caldo RP, a 41,5°C, ambos por 24 horas. Após 24 horas, as amostras do RP e do SC foram transferidas com o auxílio de uma alça de platina para ágar de desoxicolato-lisina-xilose (XLD) e ágar verde brilhante e, posteriormente, incubadas a 37°C por 24 horas. As colônias com coloração típica de Salmonella sp (XLD — colônias rosa-escuro, com centro preto e zona avermelhada levemente transparente ao redor; VB — colônias rosas) foram isoladas em placas de petri contendo o meio de cultura ágar nutriente (AN). Foram realizados os testes bioquímicos descritos por Silva et al. (2010)SILVA, N.; JUNQUEIRA, V.C.A.; SILVEIRA, N.F.A.; TANIWAKI, M.H.; SANTOS, R.F.S.; GOMES, R.A.R. Manual de Métodos de Análise Microbiológica de Alimentos e Água. 4. ed. São Paulo: Varela, 2010. 624 p..

Índices pluviométricos

A obtenção dos índices contendo os valores das precipitações médias no município de Piúma foram baseadas nas coletas realizadas pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), por meio das publicações em seus boletins trimestrais (MEDEIROS et al., 2016MEDEIROS, T.T.B.; SILVA, B.F.P.; RAMOS, H.E.A.; PANTOJA, P.H.B.; MAIA, I.F. Boletim climatológico trimestral do Espírito Santo Out.-Dez. 2016, v. 2, n. 8, p. 4-30, Vitória, 2016.; 2017MEDEIROS, T.T.B.; SILVA, B.F.P.; RAMOS, H.E.A.; PANTOJA, P.H.B.; MAIA, I.F. Boletim climatológico trimestral do Espírito Santo Jan.-Mar. 2017, Vitória, v. 2, n. 9, p. 4-28, 2017.).

RESULTADOS

Observou-se que a quantidade de CT na água do cultivo oscilou de < 2 até > 1.600 NMP/100 mL, já o Ctt variou de < 2 até 375 NMP/100 mL, ambos os grupos com os maiores níveis no mês de janeiro, conforme apresentado na (Tabela 1).

Tabela 1
Densidades de coliformes totais e coliformes termotolerantes encontradas na água do cultivo de mexilhão Perna perna no litoral sul do Espírito Santo.

Os resultados de CT analisados nos mexilhões P. perna variaram de 28 até > 1.600 NMP/g, já o número de Ctt variou de < 2 até 21,5 NMP/g. A densidade de S. aureus variou de 1,28×102 a 4,35×103 UFC/g, sendo a maior detectada em outubro e a menor em abril. Por fim, bactérias do gênero Salmonella foram detectadas nos meses de dezembro e março. Todos os resultados estão apresentados na Tabela 2.

Tabela 2
Análises microbiológicas dos mexilhões Perna perna coletados em cultivo no litoral sul do Espírito Santo.

Os índices de precipitações durante os meses das coletas estão dispostos na Figura 1. Os meses de novembro, dezembro e março obtiveram os maiores níveis de precipitação.

Figura 1
Comparação entre dados pluviométricos pontuais com dados históricos.

DISCUSSÃO

Consoante a Resolução n° 357 do CONAMA (BRASIL, 2005BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução n° 357 de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a qualidade dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamentos de efluentes e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 2005.), ao longo dos sete meses de coletas, somente o mês de janeiro apresentou níveis de Ctt na água de cultivo (375 NMP/100 mL) acima do limite estabelecido pela legislação. Segundo a Resolução n° 357 do CONAMA, para os níveis de Ctt estarem de acordo com o exigido é necessário que não excedam 88 Ctt por 100 mL e, dentre todas as coletas, 90% estejam dentro do permitido (BRASIL, 2005BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução n° 357 de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a qualidade dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamentos de efluentes e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 2005.). Doi, Oliveira e Barbieri (2015)DOI, S.A.; OLIVEIRA, A.J.F.C.; BARBIERI, E. Determinação de coliformes na água e no tecido mole das ostras extraídas em Cananéia, São Paulo, Brasil. Engenharia Sanitária e Ambiental , Cananéia, v. 20, n. 1, p. 111-118, 2015. http://doi.org/10.1590/S1413-41522015020000125658
http://doi.org/10.1590/S1413-41522015020...
afirmam que, dentre os diversos micro-organismos detectados por meio da análise microbiológica, os Ctt merecem extrema atenção, pois a sua presença indica contaminação microbiana de origem fecal advinda, exclusivamente, de animais de sangue quente (homeotérmicos), como, por exemplo, seres humanos. Em determinadas concentrações, esses coliformes indicam condições sanitárias insatisfatórias.

As áreas marinhas que realizam o cultivo de moluscos bivalves no mundo estão cada vez mais atentas aos níveis microbiológicos da sua área de cultivo, bem como dos organismos ali cultivados, principalmente pelas altas densidades de Ctt encontradas nos monitoramentos, comumente associadas à poluição de águas costeiras e ao aporte de água doce com presença de componentes fecais (SHAPIRO et al., 2018SHAPIRO, K.; SILVER, M.; BYRNE, B.A.; BERARDI, T.; AGUILAR, B.; MELLI, A.; SMITH, W.A. Fecal indicator bacteria and zoonotic pathogens in marine snow and California mussels (Mytilus californianus). FEMS Microbiology Ecology, v. 94, n. 11, 2018. https://doi.org/10.1093/femsec/fiy172
https://doi.org/10.1093/femsec/fiy172...
). No Brasil, ao realizar os monitoramentos nas águas marinhas, os resultados não são muito diferentes, principalmente pelas altas densidades de Ctt encontradas nos moluscos, tais como as descritas por Garcia e Barroso (2007GARCIA, A.N.; BARROSO, G.F. Qualidade sanitária da água e do mexilhão Perna Perna na área de cultivo de Anchieta (ES). In: BARROSO, G.F.; POERSCH, L.H.S.; CAVALLI, R.O. (org.). Sistemas de cultivos aquícolas na zona costeira do Brasil: recursos, tecnologias, aspectos ambientais e sócio-econômicos. Rio de Janeiro: Museu Nacional, 2007. p. 243-250.), ao avaliarem a qualidade microbiológica da água do cultivo e da carne de mexilhões P. perna no município de Anchieta, litoral sul do Espírito Santo, no qual encontraram nível máximo de 1.600 NMP/100 mL para a carne dos mexilhões. Ballesteros et al. (2016)BALLESTEROS, E.R.; ANDRADE, V.C.; BARBIERI, E.; PINTO, A.B.; OLIVEIRA, R.S.; OLIVEIRA, A.J.F.C. Qualidade microbiológica de ostras (Crassostrea sp) e de águas coletadas em cultivos e em bancos naturais de Cananéia (SP). Boletim do Instituto de Pesca , São Paulo, v. 42, n. 1, p. 134-144, 2016. https://doi.org/10.5007/1678-2305.2016v42n1p134
https://doi.org/10.5007/1678-2305.2016v4...
, em sua pesquisa com ostras Crassostrea sp em Cananéia, São Paulo, encontraram densidade de Ctt de até 981 NMP/100 mL para a carne das ostras. Freitas et al. (2017)FREITAS, F.; NEIVA, G.S.; CRUZ, E.S.; SANTANA, J.M.; SILVA, I.M.M.; MENDONÇA, F.S. Qualidade microbiológica e fatores ambientais de áreas estuarinas da Reserva Extrativista Marinha Baía do Iguape (Bahia) destinadas ao cultivo de ostras nativas. Engenharia Sanitária Ambiental , v. 22, n. 4, p. 723-729, 2017. https://doi.org/10.1590/s1413-41522016153707
https://doi.org/10.1590/s1413-4152201615...
, em pesquisa com ostras nativas realizada na Reserva Extrativista Marinha Baía do Iguape, no município de Cachoeira, estado da Bahia, obtiveram densidade máxima de Ctt de 350 NMP/100 mL em suas amostras da carne de ostras. Ao avaliarmos a qualidade da água de produção de mexilhões e outros moluscos bivalves nas demais localidades do Brasil, observamos que a densidade de Ctt encontrada neste trabalho foi menor ou apresentou níveis próximos, ao compararmos com os resultados das pesquisas descritas anteriormente.

As densidades de Ctt da carne dos mexilhões em NMP/g e S. aureus em UFC/g mostram-se dentro do limite aceitável pela RDC n° 12/2001 (ANVISA), sendo que a maior densidade de Ctt no mexilhão foi detectada no mês de janeiro e as menores, em março e abril (BRASIL, 2001BRASIL. Agência Nacional de Vigilância sanitária. Resolução RDC n° 12, de 2 de janeiro de 2001. Regulamento técnico sobre os padrões microbiológicos para alimentos. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, Seção 1, 10 jan. 2001.). A maior densidade de S. aureus foi detectada no mês de outubro e a menor, em abril. Segundo a mesma resolução, a Salmonella sp deve estar ausente em 25 g de amostra de moluscos bivalves consumidos in natura, cozidos, industrializados e processados. No entanto, no presente trabalho foi detectada a presença de Salmonella sp nos meses de dezembro e março, o que inviabilizaria o consumo dos mexilhões durante esses meses, uma vez que a presença de Salmonella em moluscos bivalves tem sido frequentemente relacionada à veiculação de gastroenterites e toxinfecções em populações que os consomem crus ou cozidos precariamente, tal como afirmam Silva et al. (2016)SILVA, H.S.; MEDEIROS, K.; MIOTTO, M.; BARRETA, C.; VIEIRA, C.R.W. Occurrence of Vibrio parahaemolyticus in oysters (Crassostrea gigas) and mussels (Perna perna) of the seacoast of Santa Catarina, Brazil. African Journal of Microbiology Research, v. 10, n. 33, p. 1322-1327, 2016. https://doi.org/10.5897/AJMR2015.7873
https://doi.org/10.5897/AJMR2015.7873...
. Passos (2011)PASSOS, E.C.; MELLO, A.R.P.; SOUSA, C.V.; OLIVEIRA, M.A.; CASARINI, L.M.; MOTTA, N.S.; HENRIQUES, M.B.; MACHADO, I.C.; DE ROSSO, V.V.; RIVERA, I.M.G. Detecção de Salmonella spp. em mexilhões Perna perna dos bancos naturais de baía densamente urbanizada. Revista Instituto Adolfo Lutz, São Paulo, v. 70, n. 4, p. 631-637, 2011. relatou fato semelhante ao avaliar a presença de Salmonella em mexilhões P. perna na Baía de Santos. A técnica de depuração é descrita por diversos autores como uma alternativa para eliminar a presença de contaminantes e patógenos maléficos ao consumo humano. Trombeta e Normande (2017)TROMBETA, T.D.; NORMANDE, A.C.L. Avaliação microbiológica de ostras cultivadas no litoral de Alagoas submetidas a depuração em sistema fechado de recirculação. Acta of Fisheries and Aquatic Resources, v. 5, n. 3, p. 48-53, 2017. https://doi.org/10.2312/Actafish.2017.5.3.48-53
https://doi.org/10.2312/Actafish.2017.5....
afirmam em sua pesquisa com ostras, realizada em Coruripe, Alagoas, que, após elas passarem pelo processo de depuração, a presença de Salmonella sp. no tecido dos organismos foi eliminada em 24 horas. O estudo de Ballesteros et al. (2016)BALLESTEROS, E.R.; ANDRADE, V.C.; BARBIERI, E.; PINTO, A.B.; OLIVEIRA, R.S.; OLIVEIRA, A.J.F.C. Qualidade microbiológica de ostras (Crassostrea sp) e de águas coletadas em cultivos e em bancos naturais de Cananéia (SP). Boletim do Instituto de Pesca , São Paulo, v. 42, n. 1, p. 134-144, 2016. https://doi.org/10.5007/1678-2305.2016v42n1p134
https://doi.org/10.5007/1678-2305.2016v4...
com ostras Crassostrea sp em Cananéia, São Paulo, corrobora que as ostras analisadas obtiveram reduções significativas nas concentrações de Ctt por meio de utilização do processo de depuração. Tal técnica tem como princípio a manutenção dos moluscos por um tempo médio de 24 horas, em água limpa e esterilizada, com objetivo de que elas façam a filtração dessa água e, consequentemente os patógenos e coliformes contidos nos tecidos sejam excretados pelas fezes.

Parvery et al. (1974)PARVERY, F.; CHAMBREUIL, G.; BECAUD, J.P.; CAYEUX, P. Etude ecologique des Salmonella dans une riviere en zone urbaine: La Maine a Angers. Revue d’Epide'miologie et Sante Publique, v. 22, 125-136, 1974. observaram que a precipitação pluviométrica tende a aumentar o isolamento de salmonelas na água, pois acaba revirando a matéria orgânica no leito dos cursos d’água, onde há maior concentração de micro-organismos. Nesta pesquisa, a análise de Salmonella foi feita em amostras de mexilhão, e nos meses de dezembro (2016) e março (2017) foram identificadas cepas com características de Salmonella sp. A área marinha do cultivo de mexilhões P. perna no município de Piúma, litoral sul do Espírito Santo, encontra-se a aproximadamente 2 km de distância do estuário, que por sua vez encontra-se próximo ao rio do município, o Rio Piúma, no entorno do qual existem várias habitações que não têm coleta de esgoto e que despejam diretamente seus rejeitos no recurso hídrico. Dentre os meses analisados, dezembro e março apresentaram os maiores índices de precipitação — 233,6 e 123 mL, respectivamente (MEDEIROS et al. 2016MEDEIROS, T.T.B.; SILVA, B.F.P.; RAMOS, H.E.A.; PANTOJA, P.H.B.; MAIA, I.F. Boletim climatológico trimestral do Espírito Santo Out.-Dez. 2016, v. 2, n. 8, p. 4-30, Vitória, 2016.; 2017MEDEIROS, T.T.B.; SILVA, B.F.P.; RAMOS, H.E.A.; PANTOJA, P.H.B.; MAIA, I.F. Boletim climatológico trimestral do Espírito Santo Jan.-Mar. 2017, Vitória, v. 2, n. 9, p. 4-28, 2017.), bem como apresentaram níveis acima da média histórica para o município, o que pode ter influenciado a ressuspensão das bactérias contidas no esgoto não tratado trazidas dos estuários que acumularam no fundo do mar na região litorânea. Por sua vez, essas células presentes no sedimento são ingeridas e concentradas pelos mexilhões por meio da filtração, fato considerado, nesta pesquisa, a principal hipótese para a presença da Salmonella na carne desses moluscos.

O estudo de Galvão et al. (2006)GALVÃO, J.A.; FURLAN, E.F.; SALÁN, E.O.; PORTO, E.; OETTERER, M. Características físico-químicas e microbiológicas (Staphylococcus aureus e Bacillus cereus) da água e dos mexilhões cultivados na região de Ubatuba, SP. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 30, n. 6, p. 1124-1129, 2006. https://doi.org/10.1590/S1413-70542006000600013
https://doi.org/10.1590/S1413-7054200600...
descreve relação direta entre níveis de Ctt e Salmonella na carne de mexilhões P. perna, o que não foi observado nesta pesquisa. Entretanto, o estudo de Ballesteros et al. (2016)BALLESTEROS, E.R.; ANDRADE, V.C.; BARBIERI, E.; PINTO, A.B.; OLIVEIRA, R.S.; OLIVEIRA, A.J.F.C. Qualidade microbiológica de ostras (Crassostrea sp) e de águas coletadas em cultivos e em bancos naturais de Cananéia (SP). Boletim do Instituto de Pesca , São Paulo, v. 42, n. 1, p. 134-144, 2016. https://doi.org/10.5007/1678-2305.2016v42n1p134
https://doi.org/10.5007/1678-2305.2016v4...
observou que os picos de CT e Ctt e a presença de Salmonella ocorreram na época de temporada turística da cidade de Cananéia, São Paulo, onde aconteceram as coletas, assim como ocorreu parcialmente no presente estudo, no qual nos meses de dezembro e março, que coincidem com a época de maior fluxo de turistas na cidade de Piúma, foi encontrada a presença de Salmonella na carne dos mexilhões. A cidade tem população de 22 mil habitantes, mas no período de verão esse número pode chegar a mais de 100 mil pessoas. Com esse expressivo aumento da população no município, ocorre maior aporte de águas residuais nos rios e, consequentemente, no estuário, o que influenciará diretamente a área do cultivo de moluscos bivalves, devido ao cultivo estar próximo ao estuário. Dessa forma, as concentrações de Ctt e de Salmonella na água e nos mexilhões durante esse período podem sofrer alterações bruscas e, consequentemente, interferir na análise dos resultados microbiológicos da área de estudo (SILVEIRA et al., 2016SILVEIRA, C.S.; SOUSA, O.V.; EVANGELISTA-BARRETO, N.S. Propagation of antimicrobial resistant Salmonella spp. in bivalve mollusks from estuary areas of Bahia, Brazil. Revista Caatinga, Mossoró, v. 29, n. 2, p. 450-457, 2016. http://doi.org/10.1590/1983-21252016v29n222rc
http://doi.org/10.1590/1983-21252016v29n...
).

A qualidade de água analisada pode ser influenciada por diversos fatores ambientais, tais como: salinidade, turbidez, pH, pluviosidade, marés, entre outros. Dessa forma, esses fatores podem alterar a fisiologia, a adaptação do organismo e até a sobrevivência desses no ambiente (RAMOS et al., 2010RAMOS, R.J.; PEREIRA, R.A.; MIOTTO, A.; FARIA, L.F.B.; SILVEIRA-JÚNIOR, N.; VIEIRA, C.R.W. Microrganismos indicadores de qualidade higiênico-sanitária em ostras (Crassostrea gigas) e águas salinas de fazendas marinhas localizadas na Baía Sul da Ilha de Santa Catarina, Brasil. Revista Instituto Adolfo Lutz, Florianópolis, v. 69, n. 1, p. 29-37, 2010.; MIGNANI et al., 2013MIGNANI, L.; BARBIERI, E.; MARQUES, H.L.A.; OLIVEIRA, A.J.F.C. Coliform density in oyster culture waters and its relationship with environmental factors. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Cananéia, v. 48, n. 8, p. 833-840, 2013. https://doi.org/10.1590/S0100-204X2013000800004
https://doi.org/10.1590/S0100-204X201300...
). Em países da Europa, algumas agências reguladoras e fazendas marinhas se utilizam da modelagem matemática com inúmeras variáveis ambientais, desde pluviosidade até turbidez da água, e assim conseguem indicar com maior precisão os níveis de contaminação microbiológica ao considerar essas variáveis (GOURMELON et al., 2010GOURMELON, M.; LAZURE, P.; HERVIO-HEATH, J.C.; CAPRAIS, M.P.; GUYADER, F.S.; CATHERINE, M.; POMMEPUY, M. Microbial modelling in coastal environments and early warning systems: useful tools to limit shellfish microbial contamination. In: REES, G.; POND, K.; KAY, D.; BARTRAM, J.; SANTO DOMINGO, J. (org.). Safe Management of Shellfish and Harvest Waters. Londres: World Health Organization, 2010. p. 22.).

Ao término da pesquisa, enfatiza-se que mesmo havendo legislações específicas que tratem a respeito da questão microbiológica no Brasil, existem poucos sistemas de monitoramento de qualidade de água dos recursos hídricos no país (VASCO et al., 2010VASCO, A.N.; RIBEIRO, D.O.; SANTOS, A.C.A.S.; MELLO JÚNIOR, A.V.; TAVARES, E.D.; NOGUEIRA, L.C. Qualidade da água que entra no estuário do rio Vaza Barris pelo principal fluxo de contribuição de água doce. Scientia Plena, São Cristovão, v. 6, n. 10, p. 1-10, 2010.). Reafirma-se a importância do monitoramento constante de áreas onde há cultivo ou bancos de moluscos bivalves voltados ao consumo, para que seja avaliada a qualidade do produto e do local onde estão sendo cultivados, a fim de detectar possíveis causas de contaminação.

Levando-se em consideração a detecção de concentrações elevadas nos meses com grande presença de turistas na cidade de Piúma e que nos meses seguintes os índices se regularizaram e apresentaram concentrações inferiores, é recomendada a realização de amostragem temporal mais ampla, para que se conclua que realmente durante esses períodos os mexilhões P. perna não podem ser consumidos e comercializados. Caso esse quadro continue, recomenda-se a utilização da técnica de depuração dos moluscos bivalves antes da comercialização, tal como é recomendado pelo Programa Nacional de Controle Higiênico Sanitário de Moluscos Bivalves (SOUZA; PETCOV; NOVAES, 2015SOUZA, R.V.; PETCOV, H.F.D.; NOVAES, A.L.T. O Programa Nacional Higiênico Sanitário de Moluscos Bivalves e os caminhos para a regularização. Agropecuária Catarinense, v. 28, n. 1, p. 44-47, 2015.).

Tendo em vista o potencial aquícola que a região apresenta, bem como uma faixa de litoral significativa, a maricultura no município de Piúma tem capacidade de ampliar suas atividades de forma sustentável, gerando renda, inclusão social e melhoria de qualidade de vida para os moradores e a econômica local.

CONCLUSÕES

O número de Ctt analisados na água do cultivo apenas no mês de janeiro permaneceu acima do estabelecido pela legislação. Os níveis de Ctt e Staphylococcus aureus na carne dos mexilhões P. perna no mês de janeiro, mostraram-se dentro do limite aceitável sendo estes aptos ao consumo. Nos períodos de aumento populacional (cidade turística), os níveis de contaminação são alterados, devendo ser observados as avaliações de qualidade do produto para a possibilidade de comercialização e consumo. A presença de Salmonella em períodos pontuais (dez e março) inviabiliza o consumo e ou comercialização antes da realização do processo de depuração.

  • Financiamento: nenhum.
  • Reg. ABES: 20180169

REFERÊNCIAS

  • AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION (APHA). Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater 22. ed. Washington, D.C.: APHA, AWWA, WEF, 2012. 1120 p.
  • ARAÚJO, C.F.S.; LOPES, M.V.; VASQUEZ, M.R.; PORCINO, T.S.; RIBEIRO, A.S.V.; RODRIGUES, J.L.G.; OLIVEIRA, S.S.P.; MENEZES-FILHO, J.A. Cadmium and lead in seafood from the Aratu Bay, Brazil and the human health risk assessment. Environmental Monitoring and Assessment, v. 188, 2016. https://doi.org/10.1007/s10661-016-5262-y
    » https://doi.org/10.1007/s10661-016-5262-y
  • BALLESTEROS, E.R.; ANDRADE, V.C.; BARBIERI, E.; PINTO, A.B.; OLIVEIRA, R.S.; OLIVEIRA, A.J.F.C. Qualidade microbiológica de ostras (Crassostrea sp) e de águas coletadas em cultivos e em bancos naturais de Cananéia (SP). Boletim do Instituto de Pesca , São Paulo, v. 42, n. 1, p. 134-144, 2016. https://doi.org/10.5007/1678-2305.2016v42n1p134
    » https://doi.org/10.5007/1678-2305.2016v42n1p134
  • BASÍLIO, T.H.; SILVA, E.V.; FIORESI, D.B.; GOMES, M.P.; GARCEZ, D.S. Sustentabilidade das atividades pesqueiras do município de Piúma, litoral sul do Espírito Santo, Brasil. Arquivos de Ciências do Mar, v. 48, n. 1, p. 69-86, 2015. https://doi.org/10.32360/acmar.v48i1.5865
    » https://doi.org/10.32360/acmar.v48i1.5865
  • BRASIL. Agência Nacional de Vigilância sanitária. Resolução RDC n° 12, de 2 de janeiro de 2001. Regulamento técnico sobre os padrões microbiológicos para alimentos. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, Seção 1, 10 jan. 2001.
  • BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução n° 357 de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a qualidade dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamentos de efluentes e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 2005.
  • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Coordenação Geral de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Surtos de doenças transmitidas por alimentos no Brasil Brasília: SINAN, 2019. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/ Acesso em: 22 maio 2019.
    » http://bvsms.saude.gov.br/
  • BRASIL. Ministério do Meio Ambiente (MMA). Quarto relatório nacional para a convenção sobre diversidade biológica . Brasília: MMA, 2011. 248 p.
  • DOI, S.A.; OLIVEIRA, A.J.F.C.; BARBIERI, E. Determinação de coliformes na água e no tecido mole das ostras extraídas em Cananéia, São Paulo, Brasil. Engenharia Sanitária e Ambiental , Cananéia, v. 20, n. 1, p. 111-118, 2015. http://doi.org/10.1590/S1413-41522015020000125658
    » http://doi.org/10.1590/S1413-41522015020000125658
  • FERREIRA, M.S.; MÁRSICO, E.T.; CONTE JUNIOR, C.A.; MARQUES JÚNIOR, A.N.; MANO, S.B.; SÃO CLEMENTE, S.C. Contaminação por metais traço em mexilhões Perna perna da costa brasileira. Ciência Rural , Niterói, v. 43, n. 6, p. 1012-1020, 2013. https://doi.org/10.1590/S0103-84782013005000062
    » https://doi.org/10.1590/S0103-84782013005000062
  • FREITAS, F.; NEIVA, G.S.; CRUZ, E.S.; SANTANA, J.M.; SILVA, I.M.M.; MENDONÇA, F.S. Qualidade microbiológica e fatores ambientais de áreas estuarinas da Reserva Extrativista Marinha Baía do Iguape (Bahia) destinadas ao cultivo de ostras nativas. Engenharia Sanitária Ambiental , v. 22, n. 4, p. 723-729, 2017. https://doi.org/10.1590/s1413-41522016153707
    » https://doi.org/10.1590/s1413-41522016153707
  • GALVÃO, J.A.; FURLAN, E.F.; SALÁN, E.O.; PORTO, E.; OETTERER, M. Características físico-químicas e microbiológicas (Staphylococcus aureus e Bacillus cereus) da água e dos mexilhões cultivados na região de Ubatuba, SP. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 30, n. 6, p. 1124-1129, 2006. https://doi.org/10.1590/S1413-70542006000600013
    » https://doi.org/10.1590/S1413-70542006000600013
  • GARCIA, A.N.; BARROSO, G.F. Qualidade sanitária da água e do mexilhão Perna Perna na área de cultivo de Anchieta (ES). In: BARROSO, G.F.; POERSCH, L.H.S.; CAVALLI, R.O. (org.). Sistemas de cultivos aquícolas na zona costeira do Brasil: recursos, tecnologias, aspectos ambientais e sócio-econômicos. Rio de Janeiro: Museu Nacional, 2007. p. 243-250.
  • GOMES, L.O.; MATOS, H.J.; SILVA, M.C.M.; LOUREIRO, E.C.B.; MACARENHAS, J.D.P.; GABBAY, Y.B.; ROCHA, D.C.C. Aspectos epidemiólogicos das enteroinfecções bacterianas em menores de 5 anos de idade em Rio Branco, Estado do Acre, Brasil. Revista Pan-Amazônica de Saúde, Ananindeua, v. 8, n. 4, p. 35-43, 2017. https://doi.org/10.5123/s2176-62232017000400008
    » https://doi.org/10.5123/s2176-62232017000400008
  • GOURMELON, M.; LAZURE, P.; HERVIO-HEATH, J.C.; CAPRAIS, M.P.; GUYADER, F.S.; CATHERINE, M.; POMMEPUY, M. Microbial modelling in coastal environments and early warning systems: useful tools to limit shellfish microbial contamination. In: REES, G.; POND, K.; KAY, D.; BARTRAM, J.; SANTO DOMINGO, J. (org.). Safe Management of Shellfish and Harvest Waters Londres: World Health Organization, 2010. p. 22.
  • INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz: Métodos Químicos para Análise de Alimentos. 2. ed. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2005. 533 p.
  • MEDEIROS, T.T.B.; SILVA, B.F.P.; RAMOS, H.E.A.; PANTOJA, P.H.B.; MAIA, I.F. Boletim climatológico trimestral do Espírito Santo Jan.-Mar. 2017, Vitória, v. 2, n. 9, p. 4-28, 2017.
  • MEDEIROS, T.T.B.; SILVA, B.F.P.; RAMOS, H.E.A.; PANTOJA, P.H.B.; MAIA, I.F. Boletim climatológico trimestral do Espírito Santo Out.-Dez. 2016, v. 2, n. 8, p. 4-30, Vitória, 2016.
  • MIGNANI, L.; BARBIERI, E.; MARQUES, H.L.A.; OLIVEIRA, A.J.F.C. Coliform density in oyster culture waters and its relationship with environmental factors. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Cananéia, v. 48, n. 8, p. 833-840, 2013. https://doi.org/10.1590/S0100-204X2013000800004
    » https://doi.org/10.1590/S0100-204X2013000800004
  • OLIVEIRA NETO, F.M. Diagnóstico do cultivo de moluscos em Santa Catarina Florianópolis: Epagri, 2005. 67 p.
  • ORGANIZAÇÃO PARA A ALIMENTAÇÃO E AGRICULTURA (FAO). The state of world fisheries and aquaculture 2018: meeting the sustainable development goals. Roma: FAO, 2018.
  • OSTRENSKY, A. Aquicultura no Brasil: o desafio é crescer. Brasília: Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca, 2008. 276 p.
  • PARVERY, F.; CHAMBREUIL, G.; BECAUD, J.P.; CAYEUX, P. Etude ecologique des Salmonella dans une riviere en zone urbaine: La Maine a Angers. Revue d’Epide'miologie et Sante Publique, v. 22, 125-136, 1974.
  • PASSOS, E.C.; MELLO, A.R.P.; SOUSA, C.V.; OLIVEIRA, M.A.; CASARINI, L.M.; MOTTA, N.S.; HENRIQUES, M.B.; MACHADO, I.C.; DE ROSSO, V.V.; RIVERA, I.M.G. Detecção de Salmonella spp. em mexilhões Perna perna dos bancos naturais de baía densamente urbanizada. Revista Instituto Adolfo Lutz, São Paulo, v. 70, n. 4, p. 631-637, 2011.
  • PEREIRA, L.A.; ROCHA, R.M. A maricultura e as bases econômicas, social e ambiental que determinam seu desenvolvimento e sustentabilidade. Ambiente & Sociedade , Paranaguá, v. 18, n. 3, p. 41-54, 2015. https://doi.org/10.1590/1809-4422ASOC622V1832015
    » https://doi.org/10.1590/1809-4422ASOC622V1832015
  • RAMOS, R.J.; PEREIRA, R.A.; MIOTTO, A.; FARIA, L.F.B.; SILVEIRA-JÚNIOR, N.; VIEIRA, C.R.W. Microrganismos indicadores de qualidade higiênico-sanitária em ostras (Crassostrea gigas) e águas salinas de fazendas marinhas localizadas na Baía Sul da Ilha de Santa Catarina, Brasil. Revista Instituto Adolfo Lutz, Florianópolis, v. 69, n. 1, p. 29-37, 2010.
  • SALLES, P.B.D.; MACEDO, Y.B.; FIGUEIREDO, E.L. Caracterização físico-química e microbiológica da carne do molusco Bivalve Sarnambi (Phacoides pectinitus) coletado nas praias em Algodoal e Salinópolis, no Pará. Revista Brasileira de Tecnologia Agroindustrial , Ponta Grossa, v. 11, n. 1, p. 2245-2261, 2017. https://doi.org/10.3895/rbta.v11n1.2907
    » https://doi.org/10.3895/rbta.v11n1.2907
  • SHAPIRO, K.; SILVER, M.; BYRNE, B.A.; BERARDI, T.; AGUILAR, B.; MELLI, A.; SMITH, W.A. Fecal indicator bacteria and zoonotic pathogens in marine snow and California mussels (Mytilus californianus). FEMS Microbiology Ecology, v. 94, n. 11, 2018. https://doi.org/10.1093/femsec/fiy172
    » https://doi.org/10.1093/femsec/fiy172
  • SILVA, H.S.; MEDEIROS, K.; MIOTTO, M.; BARRETA, C.; VIEIRA, C.R.W. Occurrence of Vibrio parahaemolyticus in oysters (Crassostrea gigas) and mussels (Perna perna) of the seacoast of Santa Catarina, Brazil. African Journal of Microbiology Research, v. 10, n. 33, p. 1322-1327, 2016. https://doi.org/10.5897/AJMR2015.7873
    » https://doi.org/10.5897/AJMR2015.7873
  • SILVA, N.; JUNQUEIRA, V.C.A.; SILVEIRA, N.F.A.; TANIWAKI, M.H.; SANTOS, R.F.S.; GOMES, R.A.R. Manual de Métodos de Análise Microbiológica de Alimentos e Água 4. ed. São Paulo: Varela, 2010. 624 p.
  • SILVA-SOUZA, A.T. (org.). Sanidade de Organismos Aquáticos no Brasil Maringá: Abrapoa, 2006.
  • SILVEIRA, C.S.; SOUSA, O.V.; EVANGELISTA-BARRETO, N.S. Propagation of antimicrobial resistant Salmonella spp in bivalve mollusks from estuary areas of Bahia, Brazil. Revista Caatinga, Mossoró, v. 29, n. 2, p. 450-457, 2016. http://doi.org/10.1590/1983-21252016v29n222rc
    » http://doi.org/10.1590/1983-21252016v29n222rc
  • SILVESTRI, F.; BERNADOCHI, L.C.; TURRA, A. Os maricultores e o poder público: um estudo de caso no litoral norte de São Paulo. Boletim do Instituto de Pesca, São Paulo, v. 37, n. 1, p. 103-114, 2011.
  • SODRÉ, F.N.G.A.S.; FREITAS, V.L.F.M.; REZENDE, R.R. Histórico e desenvolvimento da maricultura no Estado do Espírito Santo, Brasil. Revista Brasileira de Agroecologia, v. 3, n. 3, p. 36-46, 2008.
  • SOUZA, R.V.; PETCOV, H.F.D.; NOVAES, A.L.T. O Programa Nacional Higiênico Sanitário de Moluscos Bivalves e os caminhos para a regularização. Agropecuária Catarinense, v. 28, n. 1, p. 44-47, 2015.
  • SOUZA, T.B.; SILVA, B.R.; PEREIRA, R.M.; ARIDE, P.H.R.; OLIVEIRA, A.T.; SOUZA, A.B.; LAVANDER, H.D.; POLESE, M.F.; KROHLING, W. Artificial Selection and Size at First Sexual Maturity of Perna perna Mussels (Linnaeus, 1758) in Southeastern Brazil. Journal of Shellfish Research, v. 38, n. 1, p. 63-69, 2019. https://doi.org/10.2983/035.038.0106
    » https://doi.org/10.2983/035.038.0106
  • TROMBETA, T.D.; NORMANDE, A.C.L. Avaliação microbiológica de ostras cultivadas no litoral de Alagoas submetidas a depuração em sistema fechado de recirculação. Acta of Fisheries and Aquatic Resources, v. 5, n. 3, p. 48-53, 2017. https://doi.org/10.2312/Actafish.2017.5.3.48-53
    » https://doi.org/10.2312/Actafish.2017.5.3.48-53
  • VASCO, A.N.; RIBEIRO, D.O.; SANTOS, A.C.A.S.; MELLO JÚNIOR, A.V.; TAVARES, E.D.; NOGUEIRA, L.C. Qualidade da água que entra no estuário do rio Vaza Barris pelo principal fluxo de contribuição de água doce. Scientia Plena, São Cristovão, v. 6, n. 10, p. 1-10, 2010.
  • VIEIRA, R.H.S.F. Microbiologia, higiene e qualidade do pescado: teoria e prática. São Paulo: Varela, 2003.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Mar 2021
  • Data do Fascículo
    Jan-Feb 2021

Histórico

  • Recebido
    19 Out 2018
  • Aceito
    30 Out 2019
Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental - ABES Av. Beira Mar, 216 - 13º Andar - Castelo, 20021-060 Rio de Janeiro - RJ - Brasil - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: esa@abes-dn.org.br