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Internet impact on patients: a psychotherapist view

Resumos

Este trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa qualitativa na qual foram entrevistados psicanalistas e gestalt-terapeutas, visando conhecer os impactos da difusão da Internet sobre os processos de subjetivação de seus pacientes. Para os entrevistados, o atendimento de usuários da Rede revela a emergência de novos processos de subjetivação. Estes, no entanto, por serem em grande parte desconhecidos, ainda não podem ser integrados em um modelo que defina a subjetividade contemporânea. Segundo os entrevistados, é possível, contudo, identificar algumas características subjetivas comuns aos pacientes usuários da Internet. São elas: o prazer derivado do uso da Rede como um novo espaço de vida, o sentimento de onipotência originado na experiência online, as relações estabelecidas com seus corpos e os excessos vividos no espaço virtual. Finalmente, o exame destas características e dos resultados de outras pesquisas gera uma interessante convergência que fornece pontos de partida para uma reflexão teórica sobre a subjetividade contemporânea.

Internet; subjetividade; prática clínica


The present work is a result of a qualitative investigation aimed at getting to know psychoanalysts and Gestalt therapist's opinions on the impact the Internet has on their patients. According to the interviewees, clinical practice involving Internet users reveals that the latter are undergoing important subjective changes. Although these changes are still largely unknown and cannot be integrated in a model of subjectivity, therapists were able to identify some characteristics patients who use the Internet tend to have in common. These characteristics are: the pleasure they experiment in cyberspace, the feeling of omnipotence that originates in Internet use, the new ways patients deal with their own bodies when engaged in virtual activities and the excesses they venture in while online. Finally, examination of these characteristics and of the results of research conducted by other investigators revealed an interesting convergence that provides starting points for a theoretical reflection on contemporary subjectivity.

Internet; subjectivity; clinical practice


ARTIGOS

Impactos da internet sobre pacientes: a visão de psicoterapeutas1

Internet impact on patients: a psychotherapist view

Carla Faria LeitãoI; Ana Maria Nicolaci-da-CostaII

IDoutora em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro-PUC-Rio

IIPh.D. pela University of London. Docente Associada do Departamento de Psicologia da PUC-Rio, M.A

Endereço para correspondência Endereço para correspondência Carla Faria Leitão PUC-Rio, Departamento de Psicologia Rua Marquês de São Vicente, 225, Gávea CEP 22453-900, Rio de Janeiro-RJ. E-mail: cfaria@inf.puc-rio.br

RESUMO

Este trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa qualitativa na qual foram entrevistados psicanalistas e gestalt-terapeutas, visando conhecer os impactos da difusão da Internet sobre os processos de subjetivação de seus pacientes. Para os entrevistados, o atendimento de usuários da Rede revela a emergência de novos processos de subjetivação. Estes, no entanto, por serem em grande parte desconhecidos, ainda não podem ser integrados em um modelo que defina a subjetividade contemporânea. Segundo os entrevistados, é possível, contudo, identificar algumas características subjetivas comuns aos pacientes usuários da Internet. São elas: o prazer derivado do uso da Rede como um novo espaço de vida, o sentimento de onipotência originado na experiência online, as relações estabelecidas com seus corpos e os excessos vividos no espaço virtual. Finalmente, o exame destas características e dos resultados de outras pesquisas gera uma interessante convergência que fornece pontos de partida para uma reflexão teórica sobre a subjetividade contemporânea.

Palavras-chave: Internet, subjetividade, prática clínica.

ABSTRACT

The present work is a result of a qualitative investigation aimed at getting to know psychoanalysts and Gestalt therapist's opinions on the impact the Internet has on their patients. According to the interviewees, clinical practice involving Internet users reveals that the latter are undergoing important subjective changes. Although these changes are still largely unknown and cannot be integrated in a model of subjectivity, therapists were able to identify some characteristics patients who use the Internet tend to have in common. These characteristics are: the pleasure they experiment in cyberspace, the feeling of omnipotence that originates in Internet use, the new ways patients deal with their own bodies when engaged in virtual activities and the excesses they venture in while online. Finally, examination of these characteristics and of the results of research conducted by other investigators revealed an interesting convergence that provides starting points for a theoretical reflection on contemporary subjectivity.

Key words: Internet, subjectivity, clinical practice.

A década de 1990 foi palco de profundas mudanças no mundo, muitas delas geradas pela introdução e difusão da Internet em nosso cotidiano. Desde então, a comunidade científica vem empreendendo grande esforço intelectual para compreender os efeitos da penetração da Rede em diferentes domínios de investigação.

No campo da sociologia, por exemplo, tamanho esforço já rendeu valiosos frutos. Diversos trabalhos descrevem diferentes fenômenos sociais gerados pela penetração maciça da Rede em nossa sociedade (Beck, Giddens & Lash, 1995; Castells, 1999, Lévy, 1995; etc.). A visão que esses trabalhos proporcionam da sociedade contemporânea e do papel transformador nele desempenhado pela Internet é, no entanto, ainda muito fragmentada.

Diante dessa fragmentação, a pergunta formulada pelo sociólogo Dominique Wolton (2000) no título de um de seus mais recentes trabalhos é, no mínimo, instigante: "Internet, e depois?". Nesta pergunta compacta está inserido um desafio inerente ao atual estágio da investigação sobre a difusão social da Internet: o de sistematizar o conjunto disperso de primeiras impressões nas quais se pautaram muitos dos trabalhos realizados nos momentos iniciais de difusão da Internet.

Na visão de Wolton, naqueles primeiros momentos, paixões e preconceitos foram intensamente mobilizados para dar sentido aos impactos da introdução da Rede no mundo. Por estas razões, em seus primórdios, a produção sociológica sobre a Internet refletiu sobremaneira experiências e opiniões pessoais. Atualmente, contudo, estamos diante de uma tarefa diferente, a de tornar possível uma visão de conjunto. Para tanto, ainda segundo Wolton, devemos:

[...] preservar um lugar para uma reflexão teórica [para a qual]. um pouco mais de distância crítica é fundamental. Esta é a função da pesquisa que, por definição, consiste em ir além do que é evidente e visível, para pensar de outra maneira e produzir conhecimento". (Wolton, 2000, p. 12)

O que Wolton diz a respeito da produção sociológica pode ser estendido aos estudos sobre a Internet provenientes da psicologia clínica – aqui considerada tanto em sua vertente de pesquisa sobre os processos de construção da subjetividade quanto na de intervenção clínica. Dito de outro modo, também na produção da psicologia clínica (Birman, 1997; Civilletti & Pereira, 2002; Freitas, 2000; Greenfield, 1999; Lanzari, 2000; Turkle, 1995; Young, 1998) é possível identificar características semelhantes àquelas expostas por Wolton em relação aos estudos sociológicos.

Uma revisão minuciosa do expressivo conjunto de trabalhos a respeito dos efeitos subjetivos da difusão da Internet (Leitão, 2003) revela que, tal como na sociologia, estes trabalhos estão longe de fornecer uma visão integrada do que vem acontecendo com os homens, mulheres e crianças contemporâneos em função de sua exposição à Internet. Também, tal como no caso da produção sociológica, há poucos elementos disponíveis para a construção de um edifício teórico consistente. Isto porque muitos desses primeiros trabalhos caracterizaram-se pelo pouco distanciamento que tinham em relação ao seu objeto de estudo, sendo freqüentemente influenciados por paixões e preconceitos, tal como no caso da sociologia.

É possível, não obstante, identificar outra característica que parece ser específica dos estudos da psicologia clínica sobre a Rede. Esta se refere à existência maciça e quase exclusiva de material proveniente de pesquisas a respeito dos impactos subjetivos da difusão da Rede. Praticamente não há, neste recente campo de investigação, trabalhos provenientes da prática clínica; ou seja, enquanto diferentes pesquisadores tomam a Internet como objeto de estudo, pouco se sabe sobre os pontos de vista dos psicoterapeutas a esse respeito.

Tal ausência não pode ser desconsiderada. Na realidade, ela chega a ser surpreendente, pois, historicamente, a prática psicoterápica teve um papel pioneiro no registro de transformações subjetivas. Para preencher essa lacuna, foi realizada uma pesquisa que tinha como objetivo conhecer o que os psicoterapeutas têm a dizer sobre o atendimento clínico de usuários da Internet. Partiu-se de uma certeza: a de que o conhecimento gerado pela visão daqueles que exercem uma atividade clínica é um complemento imprescindível para aquele gerado pelos pesquisadores em psicologia clínica. Sem esse conhecimento produzido pela prática psicoterápica não há possibilidade de integração do saber gerado pela área da psicologia clínica como um todo. E esta integração, por sua vez, é indispensável para que possamos encarar o desafio detectado por Wolton (2000), aquele de iniciar um esforço de sistematização teórica, em nosso caso, dos impactos subjetivos da Internet. Os resultados dessa pesquisa serão apresentados a seguir. Antes, porém, será feita uma breve descrição da metodologia nela utilizada.

MÉTODO

Participantes

A partir da indicação de outros psicólogos clínicos, foram recrutados 16 psicoterapeutas (8 psicanalistas e 8 gestalt-terapeutas), com idades entre 33 e 60 anos. Refletindo o perfil predominantemente feminino da profissão de psicólogo no Brasil (Russo, 2002), o grupo de participantes foi formado por 15 mulheres e apenas 1 homem. Todos atuavam em consultórios particulares na cidade do Rio de Janeiro havia pelo menos 10 anos, sendo capazes, portanto, de comparar seus atendimentos nos períodos pré e pós-difusão da Internet. Todos eram também usuários moderados da Rede (utilizavam-na diariamente, por cerca de meia hora, para troca de emails e pesquisa).

Coleta de dados

Os depoimentos dos participantes foram coletados a partir de entrevistas individuais com cerca de uma hora de duração, realizadas nos consultórios dos entrevistados. Estas entrevistas basearam-se em um roteiro semi-estruturado composto de duas partes. A primeira continha dados objetivos de identificação (nome, idade, formação acadêmica, linha de atuação, tempo de experiência e perfil da clientela). Já a segunda parte era composta de perguntas abertas referentes aos principais tópicos sob investigação (hábitos pessoais na Internet; relatos detalhados dos casos clínicos que envolviam usuários da Rede; sentimentos e conflitos dos psicoterapeutas neste tipo de atendimento, considerações aprofundadas dos psicoterapeutas a respeito de cada um destes casos clínicos; conseqüências da difusão da Internet para a prática clínica e para os processos de subjetivação contemporâneos, etc.).

Análise dos dados

Todas as entrevistas foram gravadas e, posteriomente, transcritas na íntegra e de modo literal, sendo preservadas as características originais das falas. Esats transcrições foram submetidas às técnicas de análise do discurso (Nicolaci-da-Costa, 1994), de modo a obter uma interpretação aprofundada do material coletado. Nesta etapa foram realizadas análises sucessivas das transcrições a fim de identificar categorias recorrentes nos depoimentos de todos os entrevistados (análise intersujeitos), bem como inconsistências e conflitos nos discursos de cada participante (análise intra-sujeitos).

PRINCIPAIS RESULTADOS

Os resultados da pesquisa podem ser divididos em dois conjuntos. O primeiro – já divulgado em Leitão, 2003 – refere-se aos impactos, como por exemplo, insegurança, desorientação e falta de controle, que os próprios psicoterapeutas sentiram quando seus pacientes passaram a relatar suas experiências na Rede. Já o segundo diz respeito à percepção que os psicoterapeutas entrevistados têm de seus pacientes usuários da Internet. A apresentação deste conjunto é o foco do presente artigo. Passemos a ela.

A Internet e uma nova subjetividade em construção

Crianças que se aventuram em jogos online; jovens e adultos que encarnam diferentes personagens e vivem encontros e desencontros amorosos na Rede, segundo a grande maioria dos entrevistados, desde o início de 2000, relatos de experiências como estas passaram a integrar o cotidiano da prática clínica. Daniela Marques2 (psicanalista), por exemplo, revela: "(...) a gente tem que se aproximar e entender isso [as experiências virtuais dos pacientes], porque as pessoas estão falando disso o tempo todo no consultório".

Estes novos relatos clínicos parecem ter servido como uma espécie de alerta para os psicoterapeutas de que algo muito diferente, profundo e desconhecido começava a se passar com seus pacientes. Elza Barroso (gestalt-terapeuta) parece resumir o que pensaram vários dos entrevistados quando relatos de experiências virtuais surgiram em seus consultórios: "Vem algo muito novo por aí."

Para a maioria dos profissionais ouvidos, este "algo muito novo" diz respeito às profundas transformações subjetivas que vêm sendo geradas pelas radicais mudanças no mundo contemporâneo. Acompanhemos a análise que os entrevistados fazem do papel da Internet neste amplo quadro de mudanças mundiais e de suas conseqüências para os processos de subjetivação contemporâneos.

Fernanda Santos (gestalt-terapeuta) fala da intensidade destas mudanças:

"Eu acho que a gente está vivendo um momento muito diferente. Eu sinto a força das mudanças do mundo dentro do meu consultório. A Internet não é a única mudança, mas é uma delas. (...) Se trata de uma mudança no mundo e nas pessoas."

Mariana Vasconcelos (psicanalista) parece concordar, afirmando que estamos, hoje, diante de uma nova subjetividade em construção:

"Na verdade, a Internet faz parte de um processo de perceber que o mundo muda e que a subjetividade não é sempre a mesma. (...) Isso, se você acredita que há uma nova subjetividade em jogo, que essas tecnologias não são um utensílio a mais. Eu acho que isso fala de uma mudança onde a forma do sujeito apreender o mundo vai ser outra, que a cognição vai ser outra e que a afetividade dele vai passar por outras vias."

Já Eliane Cabral (psicanalista) traz à tona a necessidade de o profissional da clínica conhecer melhor as conseqüências subjetivas da difusão da Internet:

"Eu acho que essa discussão sobre novas formas de subjetivação, o computador e a Internet te põem o tempo todo diante disso. Você não tem nenhuma idéia pronta. Não existe nada arrumado na cabeça de ninguém. Ainda não temos como entender as conseqüências subjetivas deste novo contexto de vida."

Vários outros entrevistados também revelam não ter "a percepção clara das conseqüências subjetivas de tudo o que estamos vivendo" (Virgínia Sá, psicanalista). Preocupam-se com o desconhecimento que têm desta nova subjetividade em construção e enfatizam que conhecê-la é o atual desafio da prática clínica. Uma frase de Alice Falcão (gestalt-terapeuta) resume com clareza esta preocupação: "Minha preocupação maior é pensar sobre que sujeito é esse que está diante de mim."

Ao reconhecerem o desconhecimento que têm a respeito das características subjetivas dos sujeitos que atendem em seus consultórios, os psicoterapeutas consideram precipitado tecer comentários gerais a respeito de um novo modelo para a subjetividade contemporânea. Para eles, suas experiências propiciam somente uma interpretação individualizada de cada caso clínico e uma visão parcial, provisória e fragmentada desta nova – e ainda desconhecida – subjetividade em construção. A este respeito, Daniela Marques (psicanalista) explica:

"Eu procuro entender isso através de cada pessoa. Mas eu poderia entender de uma forma mais generalizada. A experiência clínica fica muito no particular. Acho que a gente tem que começar a trocar sobre isso, a conversar. A gente precisa construir alguma coisa mais fundamentada sobre isso."

Ocorre, porém, que, livres do compromisso de contribuir com uma visão global, sistematizada e amadurecida de um novo modelo subjetivo, nossos 16 entrevistados puderam falar à vontade de fragmentos de casos clínicos, esboços de pontos de vista, primeiras impressões e, principalmente, sobre dúvidas e incertezas. Com isto, produziram valiosas contribuições. Estas, analisadas em conjunto, foram capazes de trazer à tona algumas características recorrentes dos pacientes usuários da Internet. São elas: o prazer que sentem ao usar a Internet como um novo espaço de vida, a onipotência que experimentam como usuários, as formas de relação que estabelecem com seus corpos, e, finalmente, os excessos que vivem no espaço virtual.

Internet e prazer

No atendimento de usuários da Internet, os psicoterapeutas depararam-se com uma descoberta quase unânime: a Rede é, para muitos pacientes, uma nova fonte de prazer e um agradável espaço de vida, no qual se relacionam com outras pessoas.

Marta Bianco (gestalt-terapeuta) fala deste prazer em diferentes faixas etárias:

"A Internet aparece como um objeto de prazer. Os adolescentes têm muito prazer de usar a Internet, de varar madrugada se comunicando, pegando música, encontrando parceiros e parceiras. As crianças trazem como curiosidade, como diversão, pegando joguinhos. (...) É divertimento, lazer. Como um brinquedo. (...) Para o adulto tem também esta questão lúdica, como um brinquedo interessantíssimo. E proibido também. Existe a coisa do brinquedo que te dá permissão de fazer tudo, mesmo o que é proibido."

Elza Barroso (gestalt-terapeuta) também destaca o uso prazeroso da Internet, chamando a atenção para o fato de este prazer estar relacionado à emergência de um novo espaço no qual novas experiências de vida se dão:

"É estranho para mim, mas meus pacientes não fazem da Internet uma ferramenta. Eles fazem dela um espaço de conversação, um espaço de recreação. É um facilitador de relacionamentos. Às vezes se transforma num espaço construtivo, um espaço de elaboração de sentimentos e ações. Um espaço para sentir prazeres e emoções. São essas coisas que me fazem sentir que ainda temos muito pela frente. Que ainda temos muito que pensar." (Elza Barroso, gestalt-terapeuta)

Mariana Vasconcelos (psicanalista) também considera que a emergência do espaço virtual abriu novas possibilidades de experimentar prazer. Mariana atendia um paciente que se mantinha praticamente fechado em seu quarto durante anos. Não tinha amigos, namoradas, nem uma vida sexual ativa. Certo dia, este paciente passou a freqüentar salas de bate-papo e a estabelecer vários contatos via Rede, muitos desses ligados à prática de sexo virtual. Mariana revela que a partir destas experiências, prazer e erotismo puderam ser trabalhados na análise:

"Já naquele outro caso que te falei, era um uso mais pesado. Mas era interessante, porque [a Internet] era um dos poucos lugares no mundo em que ele se adaptava. E o marginal pôde aparecer. O prazer pôde aparecer na vida dele. Era uma forma erótica, um contato com pessoas que valorizavam ele. E isso pôde ser trabalhado na análise."

Vários outros psicoterapeutas relatam o prazer de seus pacientes na Internet. Tais relatos têm um ponto em comum: o uso da Rede como um espaço alternativo de vida e não como uma simples ferramenta ou instrumento disponível no mundo real. Segundo os psicoterapeutas, enquanto eles próprios usam a Internet apenas como uma ferramenta (similar a um correio sofisticado ou a uma biblioteca digital), seus pacientes habitam o espaço virtual e nele sentem, brincam, brigam, amam e odeiam. A Rede é, para muitos de seus usuários, um novo e prazeroso espaço de vida, um "espaço de recreação", um "mediador das relações pessoais". Por isto, acrescentam os entrevistados, as experiências virtuais configuram-se como um importante aspecto do processo de subjetivação contemporâneo. Estas experiências, concluem, vêm se mostrando capazes, inclusive, de modificar a percepção que alguns pacientes têm de si mesmos. Vejamos o que nossos entrevistados têm a dizer a respeito desta modificação.

Internet e onipotência

Durante as entrevistas, a maioria dos psicoterapeutas falou dos pacientes usuários da Internet de forma muito semelhante. Referiram-se a estes como "onipotentes", "superpoderosos", "super-heróis", "sujeitos inflados", "indivíduos multifacetados", etc. Em todos os casos, o significado destas expressões era o de que aqueles que utilizam sistemática e prazerosamente a Internet parecem ter a impressão de que estão munidos de uma espécie de superpoder pessoal. Os recursos da Internet (a comunicação em tempo real e à distância, o anonimato, o acesso fácil à informação, a realização simultânea de diferentes atividades, etc.) parecem gerar a sensação de que as pessoas têm acesso a tudo e de que são capazes de tudo, levando-as a ignorar muitos dos limites do mundo real.

Dora Cerqueira (psicanalista), por exemplo, ao descrever uma paciente, diz:

"Ela se sente o máximo. É de uma onipotência clinicamente muito significativa. A Internet abriu as portas dela. Lá, ela sente que pode tudo. Tem força. (...) Livre das limitações de seu mundinho real, ela se sente outra pessoa, mais forte, mais querida, mais tudo. Ela diz que a que Internet massageia seu ego."

Raquel Figueiredo (gestalt-terapeuta) define os usuários da Rede:

"São pessoas que têm pressa, que buscam várias coisas ao mesmo tempo. Querem tudo rápido e acham que podem conseguir tudo nesse ritmo. (...) Eu fico tentando entender o que pode significar esse enorme sentimento de poder. Porque as pessoas estão se sentindo cada vez mais superpoderosas [risos]. (...) Isso pode ser legal, isso de se apropriar de um poder pessoal. Mas quando pinta algo frustrante, essas pessoas não suportam muito."

Marta Bianco (gestal-terapeuta) também se mostra preocupada com as conseqüências desta sensação de "superpoder":

"Eu vejo que a Internet na vida das pessoas dá uma sensação de superpoder, de onipotência que condiz muito com o que nós vivemos hoje no mundo. (...) Só que essa onipotência não nos dá suporte, limite, sustentação nenhuma."

Já Eliane Cabral (psicanalista) crê que a sensação de onipotência no espaço virtual pode ser transformadora. Uma de suas pacientes, por exemplo, ganhou confiança na sua vida offline por ter exercitado outras formas de ser na Rede:

"Essa possibilidade que tem de criar personagens (...) Eu tinha um adolescente que tinha um site e administrava uma série de atividades neste site. Pra ele, era a maneira de se sentir melhor. Porque, na rua, era o caçula, o esquisito o bobinho... No seu site ele era o mais esperto de todos. Ele tinha o poder de botar pessoas pra fora de listas de discussão. Ele tinha poder, tinha a possibilidade de inverter o jogo e de exercitar o desejo de não ser o otário e o atrapalhado. Com isto, ele foi ficando, de fato, menos atrapalhado."

Transformações subjetivas como esta se relacionam, também, a novas formas de perceber o corpo a partir das experiências no espaço virtual. Neste espaço, dizem os entrevistados, a percepção do corpo também está se modificando.

Internet e corpo

Vários psicoterapeutas destacaram que, por prescindirem de contato físico, as experiências online de seus pacientes tornam visíveis novas e interessantes percepções da imagem corporal. As maneiras como nossos entrevistados analisam essas novas percepções não são, no entanto, consensuais.

Para alguns deles, os pacientes usuários da Internet experimentam uma sensação de ausência do corpo real. A falta de contato físico, dizem eles, faz com que o corpo real não seja mais um obstáculo para a vida humana. Os usuários da Rede desvinculam-se da imagem corporal adquirida no mundo real e criam um corpo virtual com características muito distintas daquelas percebidas no contato face a face. Segundo Fernanda Santos (gestalt-terapeuta), uma espécie de mágica se opera:

"Tem uma coisa mágica de você se superar, de estar ilusoriamente em um monte de lugares ao mesmo tempo, de transcender a dimensão do espaço, de não precisar mais do seu corpo para agir no mundo." (Fernanda Santos, gestalt-terapeuta)

Sob a proteção do anonimato e comunicando-se apenas por meio de textos, reforçam outros depoimentos, o paciente inventa um corpo virtual segundo seus desejos e fantasias. Há casos de "pacientes gordas que se fazem de magras, homens que se fazem de mulheres, louras que viram morenas", conta Elza Barroso (gestalt-terapeuta). "Com o corpo camuflado, você pode revelar a imagem idealizada que quiser!", conclui Daniela Marques (psicanalista).

Já para outros psicoterapeutas, é interessante perceber que muitos pacientes, longe de experimentar uma sensação de ausência do corpo real, têm a sensação de que este corpo se expande e se aperfeiçoa por meio do uso da Internet. Patrícia Rezende (gestalt-terapeuta) explica:

"É como se estivéssemos acrescentando capacidades sensoriais e motoras. Para nós, nosso corpo é veloz e chega em qualquer parte do mundo via Internet. É só pensar no cansaço que o uso dá Internet dá. Pelo que ouço, o corpo se cansa de navegar como se realmente tivesse se movido, tivesse olhado tudo, mexido em tudo. O corpo está lá, diferente, mas está lá. Parece que ganhamos pseudópodes virtuais."

Fernanda fala da sensação de presença e expansão corporal e não, como outros, da sensação de ausência. Esta noção pouco familiar de presença e continuidade é também discutida por Marisa Oliveira (psicanalista) ao relatar que, para seus pacientes, a Internet serve para expandir a capacidade perceptiva. Um corpo expandido parece ser o resultado da soma das vidas online e offline dos usuários da Internet. Ela diz:

"As pessoas têm acesso a experiências que a gente nunca tinha tido acesso antes. (...) Os instrumentos que a gente está lidando, e a Internet é um deles, é algo muito maior. São instrumentos para expandir nossa capacidade sensível. Percebemos o imperceptível, o micro e não somente o macro."

Na opinião de Patrícia e Marisa, a Internet parece ter expandido os corpos reais de seus usuários com novas habilidades. Já para outros, a Rede propicia uma descontinuidade entre o corpo real e uma imagem corporal idealizada. Há, no entanto, um ponto em comum entre estes profissionais: as questões relativas à percepção do corpo na Internet vêm colocando seus usuários diante da desconstrução dos limites - físicos e imateriais – que antes serviam de moldura para os processos de subjetivação. Os limites da vida virtual ainda não são claros. Em decorrência disto, dizem os psicoterapeutas, seus pacientes acabam por cometer muitos excessos na Internet. Examinemos os diferentes tipos de excesso apontados e suas conseqüências subjetivas.

Internet e excessos

São três os tipos de excesso aos quais os pacientes se expõem, revelam os entrevistados. O primeiro refere-se ao volume excessivo de informações disponíveis na Internet. Já o segundo relaciona-se ao número elevado de horas em que muitos usuários permanecem conectados. Finalmente, o terceiro tipo diz respeito à exposição excessiva da intimidade no espaço virtual.

Em relação ao volume das informações disponibilizadas na Internet, a opinião dos entrevistados é unânime. Todos se preocupam com o fato de seu pacientes, por meio de seus "pseudópodes virtuais", captarem informações em volumes superiores à real capacidade de absorção. A esse respeito, Eliane Cabral (psicanalista) diz:

"Vem tanta informação ao mesmo tempo que o sujeito tem que filtrar, peneirar um pouco aquele excesso. E, muitas vezes, não consegue. Esse excesso vem fazendo, muitas vezes, a pessoa perder a noção daquilo que é próprio e o que é do outro." (Eliane Cabral, psicanalista)

Confusão, desorientação e ansiedade são algumas das conseqüências subjetivas do volume excessivo de informações com as quais os usuários da Internet passam a lidar. É, no entanto, a superficialidade na elaboração destas informações a maior preocupação dos entrevistados. Para Silvana Medeiros (gestalt-terapeuta), os usuários acabam por deixar de lado a "mastigação do conteúdo" daquilo que coletam na Rede. Ricardo Magalhães (psicanalista) parece concordar, ressaltando que os pacientes-usuários da Internet captam informações, mas não as transformam em um conhecimento pessoal e elaborado. Tal como Silvana, Ricardo preocupa-se com o efeito subjetivo desta superficialidade, comparando o usuário da Internet com um computador:

"O raciocínio não vai. Tem informação. Não tem conhecimento. Em vez do computador ficar parecido com o cérebro é o cérebro que fica parecido com o computador."

As preocupações não se restringem, no entanto, ao volume excessivo de informações ao qual os pacientes se expõem. Para alguns entrevistados, o excesso de horas de conexão também é uma questão clínica importante. No atendimento de usuários intensivos da Internet, os profissionais estranham o tempo gasto por seus pacientes nas salas de bate-papo. Patrícia Rezende (gestalt-terapeuta) resume a preocupação presente na fala de outros entrevistados:

"Acho que esse pessoal que trabalha com Internet ou que usa muito a Internet estabeleceu uma outra relação com o tempo. Trocam o dia pela noite. (...) E, de madrugada, é mais fácil você perder a noção, passando a noite inteira na Internet sem nem sentir." Patrícia Rezende (gestalt-terapeuta)

Tal como Patrícia, vários psicoterapeutas temem que o excesso de horas de conexão prejudique a vida e os relacionamentos reais dos usuários intensivos da Rede. Receiam que as vidas desses usuários se tornem, utilizando as palavras Mariana Vasconcelos (psicanalista), "uma coisa muito congelada, de muita esterilidade".

Enquanto alguns se preocupam com uma possível esterilidade subjetiva, outros profissionais se impressionam com a intensidade das relações na Internet. Para estes, as relações virtuais se estabelecem muito rapidamente, abrindo caminho para uma exposição excessiva da intimidade dos usuários. Daniela Marques (psicanalista) chama a atenção para o que considera ser um descuidado excesso de exposição da intimidade de seus pacientes nas salas de bate-papo:

"Me impactou a coisa do se jogar. (...) Havia uma disponibilidade para falar de si, para construir projetos. Como se a tela, o computador não fosse um empecilho no sentido de ter alguns cuidados de aproximação, de investigação."

Virgínia Sá (psicanalista) também fala desta auto-exposição "sem o menor cuidado", e ressalta que um "uso muito atirado" das salas de bate-papo Internet deixa seus pacientes sem defesas. De sua ótica, os perigos desta falta de defesas são sérios, dado que o ambiente virtual possibilita o rastreamento e registro das informações íntimas e pessoais. Uma vez rastreadas e gravadas, estas informações podem se tornar instrumento de controle nos relacionamentos afetivos.

O receio de Virgínia é compartilhado por outros entrevistados. Daniela Marques (psicanalista) também fala que intimidades reveladas na Rede sob o anonimato são usadas por outras pessoas como forma de controle. Na Internet, diz ela:

"Tudo que você fala fica impresso. O outro pode estar registrando e, em geral, fica. Eles guardam emails e colecionam. Têm registrado coisas tuas, da tua história e da tua intimidade. Coisas que você, supostamente, está fazendo anonimamente. E usam isso de forma muito perversa."

Fernanda Santos (gestalt-terapeuta) acrescenta que diversos de seus pacientes tiveram a desagradável experiência de serem controlados via Rede. Nas suas palavras:

"Os passos das pessoas começam a ser seguidos. Tive uma paciente que tinha um namorado virtual ciumento que controlava seus passos nos chats. Entrava disfarçado [ou seja, entrava na sala de bate-papo usando um outro nome e um outro personagem] para ver o que ela falava no chat quando ele não estava presente, guardava frases para usar numa briga, pintava o sete."

Há, também, a outra face da moeda. Enquanto alguns pacientes são controlados por terceiros no espaço virtual, outros assumem a posição daqueles que exercem o controle. Elza Barroso (gestalt-terapeuta) conta que uma de suas pacientes rastreava os passos virtuais de seu marido e os registrava, a fim de comprovar uma traição. Tendo provas impressas, relevou, para espanto da psicoterapeuta, da traição na terapia de casal:

"Foi uma cena de extrema intensidade. Foram meses, de recolhimento de material. E a pessoa revelou aqui dentro [no consultório] a sua pesquisa. Então, a surpresa, o desmascaramento. Foi como se o pano caísse e o teatro acabasse."

Casos clínicos como este parecem revelar aos profissionais entrevistados que mudanças radicais estão acontecendo no cotidiano dos atendimentos psicoterápicos. Tal como na metáfora do teatro exposta por Elza Barroso, também nos consultórios o pano parece ter caído, deixando para trás antigas histórias e conhecidos personagens. Nossos psicoterapeutas parecem estar travando contato com novas histórias que começam a ser inventadas em um novo cenário – o espaço virtual. Histórias envolvidas em prazer, criadas por novos sujeitos que inventam ou expandem seus corpos e que, superpoderosos, ensaiam excessos e desconhecem limites. Cabe aos nossos entrevistados – e aos demais profissionais da psicologia clínica – conhecer melhor os personagens principais destas novas histórias clínicas: os sujeitos contemporâneos.

O QUE JÁ É POSSÍVEL CONHECER DOS SUJEITOS CONTEMPORÂNEOS?

Nossos entrevistados identificaram – ainda que de modo desorganizado e fragmentado – alguns características dos usuários contemporâneos da Internet. São sujeitos que derivam enorme prazer do uso de um novo espaço de vida (o espaço virtual). Neste espaço, sentem-se onipotentes e munidos de um superpoder pessoal superior ao que experimentavam nos espaços ditos reais. Também operam mudanças nas formas de perceber seus corpos, seja por meio da invenção de um corpo virtual, seja pela sensação de expansão de seu corpo real. Finalmente, são sujeitos que desbravam um espaço ainda muito novo e sem limites claros; por isto se expõem a vários tipos de excesso e são lançados a novos desafios: o de transformar um grande volume de informações dispersas em conhecimento pessoal e coerente, o de administrar o tempo que passam nos espaços real e virtual e, finalmente, o de construir novas defesas para sua intimidade no mundo da Internet.

Estas características já seriam – por si mesmas – preciosa matéria-prima para a reflexão a respeito dos processos de subjetivação contemporâneos. Tornam-se, no entanto, ainda mais relevantes, se analisadas em conjunto com os resultados de outros estudos empíricos obtidos por pesquisadores da psicologia clínica. Vejamos, então, ainda que de modo breve, os pontos de convergência entre os resultados da pesquisa aqui apresentada e os de outros estudos da psicologia clínica a respeito das transformações subjetivas geradas pela difusão da Internet.

De modo análogo ao de nossos entrevistados, várias pesquisas da psicologia clínica revelam que a Internet vem se constituindo em um novo e prazeroso espaço de vida para seus usuários. Tapscott (1997), por exemplo, analisa minuciosamente o comportamento de crianças e jovens na Rede, revelando o prazer com que habitam esta espécie de playground virtual. Neste novo espaço, diz o autor, a interatividade é o aspecto central. Freitas (2000) também destaca o prazer de estar com outras pessoas em um novo espaço de vida, enfatizando o resgate do prazer da escrita interativa no relacionamento entre jovens e crianças.

As novas formas de perceber e sentir o corpo na Internet também são alvo de atenção em outros estudos. Lanzari (2000), por exemplo, enfatiza o uso da fantasia na invenção de um corpo virtual. De forma semelhante, Birman (1997) e Oliveira (1998) chamam a atenção para a ausência do corpo concreto nas relações virtuais. Já Stone (1996) destaca a sensação de expansão do corpo e da continuidade entre corpos real e virtual por meio do conceito de prótese.

No que se refere aos efeitos da exposição a um volume excessivo de informações, Weil e Rosen (1997) abordam o sofrimento, o estresse e a dificuldade de concentração como problemas advindos deste novo mundo informacional. Já Abreu (2003) analisa em profundidade os desafios inerentes ao processo de elaborar informações dispersas, transformando-as em conhecimentos consistentes e integrados.

O desafio de administrar o tempo de vida nos espaços real e virtual é abordado de duas perspectivas muito distintas. Young (1998; 2001) e Greenfield (1998), por exemplo, consideram que o excesso de horas de conexão à Internet gerou uma nova patologia (o vício na Internet). Em contrapartida, visões críticas a respeito da patologização do uso da Rede são encontradas nos trabalhos de Tapscott (1997) e de Nicolaci-da-Costa (2002), vinculando a emergência desta categoria patológica ao preconceito e à dificuldade em registrar que novos modos de subjetivação estão sendo gerados a partir da emergência de um novo espaço de vida.

Tapscott (1997) e Nicolaci-da-Costa (2002) também apontam a resistência à mudança e ao novo como a questão subjacente às preocupações com a auto-exposição excessiva da intimidade. Tapscott enfatiza que o desconhecimento dos mais velhos a respeito das habilidades dos jovens para checar a confiabilidade das pessoas nos relacionamentos online é responsável pela aura de medo que circunda o espaço virtual. Já Nicolaci-da-Costa discute o gradativo processo de construção de novas defesas para a intimidade, na medida em que os usuários vão testando e aprendendo os limites e regras do espaço virtual.

De modo análogo ao dos participantes de nosso estudo, a grande maioria dos pesquisadores dos impactos subjetivos da Internet não chega a propor um modelo para a organização subjetiva contemporânea. Talvez a única exceção seja a proposta da pesquisadora norte-americana Sherry Turkle (1995), que discute a emergência um modelo de subjetividade fluida e múltipla na contemporaneidade, no qual coexistem diferentes personas reais e virtuais sem que nenhuma delas assuma uma posição centralizadora. Romão-Dias (2001), por sua vez, faz uma análise crítica do modelo elaborado por Turkle, problematizando a ausência de uma instância subjetiva que integre a multiplicidade de personas do sujeito contemporâneo.

Muitos outros exemplos poderiam ser fornecidos. Parece-nos, no entanto, que, na qualidade de psicólogos clínicos, não estamos tão desorientados quanto inicialmente poderíamos imaginar. Já temos algumas referências iniciais para pensar o sujeito contemporâneo. As características dos usuários da Internet esboçadas no campo de estudos da psicologia clínica até o presente momento já são pistas visíveis e preciosas do processo de transformação da subjetividade contemporânea. Embora ainda sejam fios desarticulados que não propiciam uma visão global do sujeito contemporâneo, estas características servem como matéria-prima para que cheguemos a algumas respostas preliminares e provisórias à questão central levantada pelos participantes de nossa pesquisa, a saber, a de "Que sujeito é esse que está diante de mim?"

Recebido em 27/04/2005

Aceito em 30/09/2005

Referências bibliográficas

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  • Young, K. (2001). Tangled in the Web: understanding cybersex from fantasy to addiction. Boston: Houghton Mifflin.
  • Endereço para correspondência
    Carla Faria Leitão
    PUC-Rio, Departamento de Psicologia
    Rua Marquês de São Vicente, 225, Gávea
    CEP 22453-900, Rio de Janeiro-RJ.
    E-mail:
  • 1
    Apoio: CNPq e FAPERJ.
  • 2
    Todos os nomes aqui utilizados são fictícios a fim de preservar o anonimato dos entrevistados. Pelas mesmas razões, as idades também foram omitidas.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      09 Jan 2006
    • Data do Fascículo
      Dez 2005

    Histórico

    • Aceito
      30 Set 2005
    • Recebido
      27 Abr 2005
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