Acessibilidade / Reportar erro

O uso da matriz óssea desmineralizada na reparação de lesões osteocondrais: estudo experimental em coelhos

Resumos

Este estudo teve como finalidade a avaliação do uso de matriz óssea desmineralizada na reparação de lesões osteocondrais. A cartilagem articular tem pequena capacidade regenerativa devido a suas características histológicas e à ausência de vasos sanguíneos. Implantes teciduais e cultura de células condrogênicas foram utilizadas para o tratamento de lesões osteocondrais, porém trazem dificuldades técnicas na fixação e suporte mecânico da região subcondral. A matriz óssea desmineralizada pode facilitar tecnicamente a fixação destes implantes em razão de ser um material firme, porém com características elásticas. Além de ter capacidade osteogênica e produzir osso subcondral, assim funcionando como suporte mecânico, também tem fatores indutores de condrogênese. Lesões osteocondrais foram produzidas em joelhos de 15 coelhos. Os joelhos esquerdos foram tratados com matriz óssea desmineralizada, e os direitos usados como controle comparativo. Realizaram-se avaliações macroscópicas e histológicas nas semanas 02, 04 e 06. Nas lesões tratadas com matriz óssea desmineralizada foi obtido 100% de viabilidade do enxerto e formação de tecido normal de reparação, o qual preencheu a lesão completamente com matriz óssea desmineralizada. A análise histológica demonstrou neoformação óssea e integração do enxerto com o tecido ósseo da região subcondral, e na região superficial da lesão ocorrera a indução de formação de tecido condrogênico. A conclusão deste estudo é que a matriz óssea desmineralizada é útil na reparação de lesões osteocondrais devido a sua capacidade de indução óssea e indução de formação de tecido condrogênico. Pode ser usada no tratamento de lesões osteocondrais como componente de um enxerto composto com tecido condrogênico ou cultura de células condrogênicas. Pode também diminuir as dificuldades técnicas de fixação e suporte estes implantes.


This study evaluated the use of the demineralized bone matrix in the repair of osteochondral lesions. The articular cartilage has little regeneration capacity because of its histological features and the absence of blood vessels. Implants of tissues and culture of chondrogenic cells have been used for the treatment of osteochondral lesions, but show technical difficulties of fixation and mechanical support of the subchondral region. The demineralized bone matrix can technically facilitate the fixation of these implants because it is a firm material with elastic features. Besides having osteogenic capacity and producing subchondral bone tissue and then working as mechanical support, it also has inductor factors of chondrogenesis. Osteochondral lesions were produced in the knees of 15 rabbits and the left knees were treated with the demineralized bone matrix, and the right knees were used like control of the study. Macroscopic and histological evaluations were made with 02, 04 and 06 weeks. In the lesions treated with the demineralized bone matrix it was obtained 100% of viability of the graft and the formation of a plain regular repair tissue which filled the lesion completely with DBM. The histological analysis revealed bone neoformation and integration of the graft with the bone tissue in the subchondral region, and in superficial region of the lesion occurred the induction of the formation of chondrogenic tissue. The conclusion of this study is that the demineralized bone matrix is useful in the repair of osteochondral lesions because of its capacity of bone induction, integration to the subchondral bone tissue and induction of the formation of chondrogenic tissue. It can be used as a component of a composite graft with chondrogenic tissue or culture of chondrogenic cells for the treatment of osteochondral lesions, and can decrease the technical difficulties of fixation and support of these implants.


ARTIGO ORIGINAL

O uso da matriz óssea desmineralizada na reparação de lesões osteocondrais. Estudo experimental em coelhos

Aldo José Fernando da CostaI; Cláudia Regina Gomes Cardin Mendes de OliveiraII; Natalino LeopizziIII; Marco Martins AmatuzziIV

IMestre em Ortopedia e Traumatologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)

IIMédica chefe da Seção de Anatomia Patológica do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da FMUSP (IOT-HCFMUSP)

IIIMédico veterinário do Laboratório de Investigações Médicas do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da FMUSP (IOT-HCFMUSP)

IVProfessor Titular do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da FMUSP

RESUMO

Este estudo teve como finalidade a avaliação do uso de matriz óssea desmineralizada na reparação de lesões osteocondrais. A cartilagem articular tem pequena capacidade regenerativa devido a suas características histológicas e à ausência de vasos sanguíneos. Implantes teciduais e cultura de células condrogênicas foram utilizadas para o tratamento de lesões osteocondrais, porém trazem dificuldades técnicas na fixação e suporte mecânico da região subcondral. A matriz óssea desmineralizada pode facilitar tecnicamente a fixação destes implantes em razão de ser um material firme, porém com características elásticas. Além de ter capacidade osteogênica e produzir osso subcondral, assim funcionando como suporte mecânico, também tem fatores indutores de condrogênese. Lesões osteocondrais foram produzidas em joelhos de 15 coelhos. Os joelhos esquerdos foram tratados com matriz óssea desmineralizada, e os direitos usados como controle comparativo. Realizaram-se avaliações macroscópicas e histológicas nas semanas 02, 04 e 06. Nas lesões tratadas com matriz óssea desmineralizada foi obtido 100% de viabilidade do enxerto e formação de tecido normal de reparação, o qual preencheu a lesão completamente com matriz óssea desmineralizada. A análise histológica demonstrou neoformação óssea e integração do enxerto com o tecido ósseo da região subcondral, e na região superficial da lesão ocorrera a indução de formação de tecido condrogênico. A conclusão deste estudo é que a matriz óssea desmineralizada é útil na reparação de lesões osteocondrais devido a sua capacidade de indução óssea e indução de formação de tecido condrogênico. Pode ser usada no tratamento de lesões osteocondrais como componente de um enxerto composto com tecido condrogênico ou cultura de células condrogênicas. Pode também diminuir as dificuldades técnicas de fixação e suporte estes implantes.

INTRODUÇÃO

A cartilagem hialina reveste a superfície das articulações e tem, como característica principal, a capacidade de suportar intensas e repetidas forças de compressão e de tração.

É constituída por condrócitos e pela matriz extracelular.

Os condrócitos têm a função de produzir e manter a matriz, enquanto a arquitetura e a composição desta têm influência direta sobre a função dos condrócitos(11).

A cartilagem articular não possui vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos. A nutrição dos condrócitos e o transporte dos seus metabólitos se faz por difusão através da matriz extracelular e dependem do líquido sinovial.

Esta cartilagem pode ser lesada por uma série de fatores mecânicos, químicos ou microbiológicos.

Pela sua característica histológica e por ser desprovida de aporte sanguíneo, as lesões da cartilagem articular possuem pouca ou nenhuma capacidade de regeneração. As lesões cartilaginosas geralmente evoluem para a doença articular degenerativa, caracterizada por dor, rigidez e perda da mobilidade articular. Esta doença está entre as causas mais comuns de dor e incapacidade entre as pessoas de meia-idade e os idosos.

O tratamento das lesões condrais e osteocondrais, continua sendo um desafio clínico e científico.

Existem vários métodos propostos para o tratamento, destacando-se o desbridamento da cartilagem lesada, perfurações da placa óssea subcondral, transplante de tecido condral, osteocondral, pericondral ou periosteal, e os de maior interesse na atualidade que utilizam o implante de cultura de células potencialmente condrogênicas, como condrócitos e células mesenquimais.

Estes últimos apresentam dificuldades técnicas de fixação do implante, muitas vezes ocasionando falhas por soltura do material implantado, ou pela falta de uma plataforma óssea subcondral para o seu suporte mecânico que pode levar a uma incongruência articular, quando submetida ao suporte de carga, nas lesões osteocondrais(17,54,90).

Com o intuito de eliminar estas dificuldades técnicas, implantes biológicos como a matriz óssea desmineralizada, implantes sintéticos de fibras de carbono, compostos de colágeno e matrizes biodegradáveis, têm sido utilizados como componente de um enxerto composto, funcionando como condutor dos implantes.

A matriz óssea desmineralizada (MOD) por ser um material firme, com características elásticas, pode ser facilmente moldada para preencher lesões osteocondrais com diferentes tamanhos e formatos. Pode facilitar a fixação de implantes por técnicas de sutura ou pelo preenchimento de suas lacunas com as células potencialmente condrogênicas cultivadas. A MOD tem mostrado ter uma atividade osteoindutora importante. Além de poder promover neoformação óssea e integração com o tecido ósseo subcondral adjacente e assim funcionar como um suporte mecânico para estes implantes, também contém fatores indutores de condro-gênese(49,78,85).

O objetivo deste estudo é avaliar a utilização da MOD no processo de reparação das lesões osteocondrais, analisando sua capacidade de neoformação óssea e integração com o tecido ósseo subcondral adjacente, e analisar sua capacidade de indução condrogênica.

MATERIAL E MÉTODOS

1. MATRIZ ÓSSEA DESMINERALIZADA

Foi utilizada MOD de osso esponjoso de cadáver humano, doador de múltiplos órgãos, livre de doenças sistêmicas e doenças infecciosas detectáveis. Após a retirada das estruturas adjacentes, a peça foi imersa em uma solução contendo clorofórmio e metanol, por um período de três horas, para retirada do conteúdo gorduroso.

Realizou-se o processo de liofilização com o processador Labiconco® (Labiconco Corporation, Kansas City, Missouri, USA), por um período de 15 dias, com uma temperatura que variou de 20ºC negativos a 40ºC.

O material foi submetido a um processo de desmineralização em solução de ácido clorídrico a 0,6 Normal, por um período de seis horas, a uma temperatura de 4ºC.

Foram realizados cortes paralelos e retilíneos de 5,0mm de espessura (Figura 01), e com o auxílio de uma trefina cirúrgica com diâmetro interno de 4,0mm, foram produzidos cilindros de MOD com 4,0mm de diâmetro por 5,0mm de altura (Figura 02).



Estes cilindros foram esterilizados em óxido de etileno, para então serem utilizados como enxerto de MOD nas lesões osteocondrais produzidas no ato cirúrgico.

2. ANIMAIS DE EXPERIMENTAÇÃO

Foram utilizados 15 coelhos adultos, da raça New Zealand, pesando entre 2,0 e 3,5Kg.

Os animais foram alojados em recipientes individuais, onde puderam deambular livremente.

3. TÉCNICA CIRÚRGICA

Foram produzidas lesões osteo condrais (07,17,18,19,89). Os joelhos esquerdos foram tratados com o enxerto de MOD, e os joelhos direitos serviram de controle do estudo.

Os animais foram submetidos à anestesia geral inalatória com halotano na concentração de 5%, complementada com injeção intramuscular de ketamina, na dose de 80 mg/Kg de peso.

Realizou-se incisão parapatelar medial, a patela foi luxada lateralmente e o joelho fletido para a exposição do côndilo femoral medial (Figura 03).


Na área central da região posterior do côndilo femoral medial, realizaram-se perfurações manuais com brocas autoperfurantes de 1, 2,5 e 3,5mm seqüencialmente (Figura 04), criando-se uma lesão osteocondral de formato cilíndrico com 3,5mm de diâmetro e 5mm de profundidade. (Figura 05).



No joelho esquerdo foi introduzido o enxerto de MOD que fixou-se por um mecanismo de pressão (Figuras 06 e 07).



No joelho direito apenas foi produzida a lesão osteocondral e serviu de controle do estudo.

No pós-operatório cada animal recebeu uma dose de 50.000 UI/Kg de penicilina benzatina por via intramuscular e os animais foram mantidos em recipientes separados, livres para a deambulação.

4. GRUPOS DE EXPERIMENTAÇÃO

Os animais foram divididos aleatoriamente em 03 grupos de 05 animais, denominados Grupo A, B e C. Cada grupo foi submetido à eutanásia respectivamente com 02, 04 e 06 semanas após o ato cirúrgico.

5. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

5.1 Critérios Macroscópicos:

Foram analisados o aspecto da ferida cirúrgica; a mobilidade passiva do joelho; o aspecto da cartilagem de contato na região tibial; o aspecto do tecido sinovial; a viabilidade do enxerto da MOD nos joelhos tratados, definido como a presença de um tecido de reparação firme, preenchendo toda a lesão e contínuo com o tecido ósseo subcondral que o circunda (01,07,18) ; e as características do tecido de reparação.

5.2 Critérios Histológicos:

Foram realizados cortes histológicos, que foram corados pelo método de hematoxilina-eosina.

A análise histológica realizou-se por método qualitativo, onde foram avaliadas as seguintes variáveis, relacionadas à natureza do tecido de reparação:

1) Região subcondral da lesão osteocondral: presença de processo inflamatório crônico inespecífico; as características do tecido de reparação: neoformação óssea ou com tecido fibroso; e a integração óssea do enxerto da MOD ao tecido ósseo subcondral, utilizando-se o sistema de graduação histológica descrito por Billings et al. (1990).

2) Região superficial da lesão osteocondral: características do processo de reparação: tecido fibroso, tecido mesenquimal indiferenciado, cartilagem hialina imatura ou cartilagem hialina madura, conforme os critérios descritos por Kim et al. (1991).

5.3 Análise Estatística:

Para a análise estatística foram utilizados o teste exato de Fisher e o teste da Razão de Verossimilhança. Os resultados considerados significantes são os que possuem relações de dependência ao tratamento com nível de 5% de significância, e são destacados por um asterisco (*).

RESULTADOS

1. ASPECTOS MACROSCÓPICOS

Não foi observada infecção superficial ou profunda. A mobilidade articular do joelho permaneceu com amplitude inalterada.

Não foram encontradas alterações macroscópicas na cartilagem articular tibial medial de contato. O tecido sinovial também não apresentou alterações de espessura e coloração.

Obteve-se um índice de 100% de viabilidade do enxerto.

Quanto as características macroscópicas do tecido de reparação, observou-se um predomínio da formação de um tecido de reparação com preenchimento total da lesão, com características planas e superfície regular nos grupos tratados (figura 08), enquanto nos grupos controle observou-se a produção de um tecido de reparação preenchendo parcialmente a lesão, de uma forma retraída e irregular (figura 09).



2. ASPECTOS HISTOLÓGICOS

A figura 11 demonstra um exemplo do aspecto histológico da região subcondral da lesão tratada com a MOD, evidenciando a ocorrência de neoformação óssea, e a figura 12 demonstra um exemplo do aspecto histológico da região subcondral da lesão sem tratamento, do grupo controle, evidenciando a ocorrência de tecido fibroso, como tecido de reparação.




Quanto à integração da MOD ao tecido ósseo subcondral, a distribuição das pontuações conforme a classificação estabelecida, pode ser analisada na Tabela 02.

2.1 Região Subcondral da Lesão Osteocondral

Em todas as lesões osteocondrais tratadas com MOD, grupos tratados, observou-se a ocorrência de um processo inflamatório crônico inespecífico, predominantemente mononuclear, com presença de macrófagos e células gigantes do tipo corpo estranho (Figura 10).

Nos grupos controle a ocorrência deste processo inflamatório inespecífico ocorreu apenas em alguns casos e com uma intensidade menor.

A ocorrência dos tipos de tecidos de reparação predominante na região subcondral da lesão, tecido fibroso ou com neoformação óssea, pode ser observada na Tabela 01.

2.2 Região Superficial da Lesão Osteocondral

Na região superficial da lesão osteocondral, em nenhum dos casos, observou-se a formação de cartilagem hialina madura. A distribuição dos tipos de tecidos de reparação predominante nesta região pode ser avaliada na Tabela 03.

DISCUSSÃO

1. DO TRATAMENTO DAS LESÕES CARTILAGINOSAS

Algumas lesões cartilaginosas não são progressivas, e a articulação pode retornar ao seu estado assintomático após uma lesão cartilaginosa(13,41).

O desbridamento da cartilagem articular lesada pode aliviar os sintomas, por diminuir a instabilidade mecânica causada pelos fragmentos de cartilagem soltos, e por diminuir o processo inflamatório causado pelos debris intra-articulares(05,10). Porém, não há evidências de que o desbridamento estimula a regeneração das lesões cartilaginosas(38).

Múltiplas perfuração na placa óssea subcondral podem induzir a condrogênese nas lesões cartilaginosas(22,33,34,43), porém com o tempo, ocorre deterioração do tecido de regeneração(10,43).

Enxertos osteocondrais alogênicos ou autólogos têm sido utilizados para o tratamento das lesões cartilagi-nosas com bons resultados (03,06,23,74,95). Para obter-se estes resultados, existe a necessidade do enxerto corres-ponder anatomica-mente à região receptora, para que ocorra um perfeito acoplamento da altura e do contorno da superfície articular, e uma fixação rígida do enxerto. Porém, a reabsorção do tecido ósseo pode ocorrer e levar a um colapso da cartilagem com maus resultados.


O uso de tecido pericondral (17,18,30), periosteal e osteoperiosteal (46,55,56,57,64) também tem sido relatado com altos índices de sucesso.

De grande interesse na atualidade são os implante de cultura de células potencialmente condrogênicas, como cultura de condrócitos (09,12,25,35,54,90) e cultura de células mesenquimais (52,89).

Os estudos que utilizam como método de tratamento o implante de tecidos ou cultura de células potencialmente condrogênicos, relatam dificuldades técnicas de fixação do implante, que muitas vezes ocasionam falhas do procedimento por soltura do material implantado(01,02,17,18,46).

Da mesma maneira, a falta de uma plataforma óssea subcondral, funcionando como um suporte mecânico para estes implantes, pode levar a uma incongruência articular, quando esta articulação for submetida a um suporte de carga, e também ocasionar falha no procedimento54,90.

Na tentativa de solucionar estes problemas técnicos, alguns materiais têm sido utilizados como um componente de um enxerto composto, funcionando como condutor destes implantes.

2. DA MATRIZ ÓSSEA DESMINERALIZADA

Senn(71), em 1889, foi quem primeiro relatou o uso da MOD. Porém. apenas na década de 1960, a capacidade osteo-indutora da MOD foi comprovada e detalhada (32,73,78,85,88,96).

Atualmente sabe-se que a MOD contém diversas moléculas bioativas, que agem como fatores de crescimento, entre elas as proteínas morfogenéticas ósseas (PMOs), que podem ser isoladas e clonadas geneticamente(14,82,83,91,92,94).


O processo de desmineralização da matriz óssea promove uma exposição das PMOs, favorecendo a ocorrência de interações celulares destas proteínas com as células mesenquimais indiferenciadas(20,81,86).

Desta forma, a MOD possui uma capacidade osteoindutora maior que a matriz óssea não desmineralizada(24,60,93).

Além da sua capacidade osteoindutora, a MOD também contém substâncias bioativas com capacidade condrogênica.

Vários estudos demonstram a capacidade de transformação de mioblastos em condrócitos na presença da MOD, sugerindo que as substâncias bioativas da MOD podem alterar o caminho da diferenciação de células progenitoras(31,48,49,50,53,67,84,87).

Estas substâncias bioativas foram isoladas(69,72), sendo comprovada a sua capacidade condrogênica.

Atualmente, PMOs clonadas geneticamente têm mostrado estimular a produção de ácido hialurônico e promover a condrogênese(40,70).

3. DA METODOLOGIA

Foi utilizada MOD heteróloga de humano para o tratamento de lesões osteocondrais em coelhos.

Apesar dos estudos iniciais(66,68,78,85) demonstrarem que não é possível obter neoformação óssea induzida por MOD heteróloga, com o aperfeiçoamento da técnica de preparação e purificação da MOD, foram observadas osteoindução com o uso de MOD heteróloga suína em coelhos(76) e com o uso de MOD heteróloga humana em ratos(39).

Apesar da MOD processada ser avascular e não conter células vivas, baixas quantidades de lipídios, adipócitos ou componentes proteícos não removidos adequadamente no seu processo de preparação, podem ser a causa do insucesso referidos nos trabalhos iniciais(08).

Lipídios e lipoproteínas foram detectados após o processo de desmineralização e sua retirada demonstrou diminuir a resposta imune e aumentar a capacidade de osteoindução(39,85).

A MOD quando preparada com uma solução de clorofórmio e metanol, tem os lipídios removidos e promove uma melhora na capacidade de osteoindução(04,15).

Apesar das controvérsias sobre a viabilidade do enxerto heterólogo, existem relatos da utilização da MOD heteróloga com bons resultados(16,21,26,37,42,47,51,71,77).

O processo de liofilização é importante para preservar a matriz óssea e diminuir a possibilidade de contaminação.

O processo de desmineralização promove a destruição da alta antigenicidade das membranas celulares e das glicoproteínas(26,27,29) e a capacidade de indução pode ser preservada controlando-se a temperatura, o tempo de exposição e a concentração do ácido utilizado, sendo que o ácido clorídrico é o mais eficiente(80).

O processo de esterilização foi realizado com óxido de etileno, mostrando-se eficaz e não interferindo na capacidade de osteoindução da MOD, principalmente quando esta é submetida anteriormente ao processo de liofilização e retirada de componentes lipídicos(28,36,44,97).

4. DOS RESULTADOS MACROSCÓPICOS

A ausência de infecção e a permanência da amplitude articular deve-se aos métodos anti-sépticos e profiláticos utilizados e à livre deambulação dos animais no pós operatório. Estes dados contribuem para a validação do método experimental empregado e sua reprodutibilidade.

A ausência de alterações macroscópicas da cartilagem articular tibial em contato com os côndilos femorais ocorreu devido ao tempo relativamente pequeno de observação experimental. Com períodos mais longos de observação, achados degenerativos desta cartilagem de contato provavelmente teriam sido encontrados, principalmente nos experimentos do grupo controle onde ocorreu preenchimento incompleto da lesão pelo tecido de reparação, nos quais se tem uma incongruência articular.

Obtivemos 100% de viabilidade do enxerto, conforme os critérios macroscópicos estabelecidos. Este fato deve-se ao mecanismo de fixação utilizado. O enxerto de MOD tem o mesmo formato da lesão produzida, porém com diâmetro 0,5 mm maior, fixando-se nesta por um mecanismo de pressão.

Outro fator que contribui para a fixação e manutenção do enxerto no local, é a característica da arquitetura espacial da MOD, que permite a penetração de células sangüíneas provenientes do tecido receptor. Estas células, em especial as plaquetas, em conjunto com a presença de fibrinogênio local, formam um agregado fibrino-plaquetário que promove a adesão do enxerto ao tecido receptor.

Observamos maior incidência do preenchimento total, plano e regular nos grupos tratados com a MOD. O preenchimento parcial da lesão nos grupos controle ocorreu porque o coágulo fibrino-plaquetário não foi suficiente para preencher totalmente a lesão.

5. DOS RESULTADOS HISTOLÓGICOS

5.1 Região Subcondral da Lesão Osteocondral

A presença do processo inflamatório inespecífico ocorreu em todos os casos tratados com a MOD. Este processo inflamatório ocorreu de forma mais intensa nos casos em que se obtiveram os maiores índices de integração da MOD ao tecido ósseo subcondral. Isto sugere um efeito positivo da ocorrência do processo inflamatório sobre o mecanismo osteoindutor da MOD. Os macrófagos derivados de monócitos parecem ter um papel importante no processo de reparação utilizando a MOD, pois a sua presença induz a neoformação vascular, que é vital para o processo de reparação e osteogênese(45,59,65).

Quanto à ocorrência do tipo histológico do tecido de reparação encontrado na região subcondral da lesão osteocondral, observamos diferença estatística significante entre os grupos controle e os grupos tratados (Tabela 01).

Esta diferença ocorre pela presença dos fatores de crescimento, ou seja, das PMOs, na MOD. Estas proteínas rapidamente iniciam uma cascata de indução óssea, que inclui a quimiotaxia de células mesenquimais indiferenciadas, a proliferação das células progenitoras e a diferenciação em tecido cartilaginoso e ósseo(61,62,63).

Nos grupos controle ocorrem estímulos para a diferenciação dos fibroblastos em osteoblastos, porém de uma forma caótica, lenta e ineficaz.

A integração da MOD ao tecido ósseo subcondral ocorreu de uma maneira satisfatória, com bons índices de integração pelo sistema de graduação histológica utilizado (Tabela 02). Notamos que esta integração foi melhorada progressivamente no decorrer do tempo.

Também observamos que o enxerto da MOD não foi reabsorvido e substituído por outro tecido, como ocorre com enxertos ósseos não desmineralizados, mas permaneceu no leito receptor e integrou-se ao mesmo(24,58,93).

5.2 Região Superficial da Lesão Osteocondral

Na região mais superficial da lesão osteocondral, observamos diferenças estatísticas siginificantes na ocorrência do tipo de tecido de reparação (Tabela 03).

Nos grupos controle, o tecido de reparação predominante foi o tecido fibroso. Nos grupos tratados, observamos predomínio de tecido mesenquimal indiferenciado ou cartilagem hialina imatura.

Estes dados sugerem que a MOD possui fatores que induzem a diferenciação de células mesenquimais em condrócitos, ou seja, fatores condrogênicos(40,49,70,72,75).

Acreditamos que estes fatores presentes na MOD, que induzem condrogênese, podem atuar na preservação e desenvolvimento de tecidos ou cultura de células potencialmente condrogênicos apostas sobre a MOD num enxerto composto, para o tratamento de lesões osteocondrais.

Nos grupos tratados, não observamos relação entre o tempo e a ocorrência de tecido mesenquimal indiferenciado e cartilagem hialina imatura. Também não observamos nenhum caso de formação de cartilagem hialina madura.

Estes dados sugerem que a MOD não pode ser utilizada isoladamente para o tratamento de lesões osteocondrais.

6. DAS CONCLUSÕES

Com os resultados obtidos neste estudo, pudemos observar que a MOD é um tecido firme, com características elásticas, que pode ser moldado facilmente. Isto facilita o preenchimento de lesões osteocondrais de vários tamanhos e formatos, e facilita a aposição e fixação de tecidos e cultura de células potencialmente condrogênicos no tratamento das lesões osteocondrais.

A MOD possui uma importante capacidade osteoindutora, produzindo neoformação óssea, e integra-se ao tecido ósseo subcondral, promovendo assim, a formação de uma plataforma óssea subcondral. Esta plataforma óssea subcondral pode ser útil para assegurar a congruência articular, quando esta articulação for submetida ao suporte de carga.

A ocorrência da formação de tecido mesenquimal indiferenciado e da cartilagem hialina imatura, sugere também a presença de fatores indutores de condrogênese na MOD, que podem favorecer a permanência e o desenvolvimento de tecidos ou cultura de células potencialmente condrogênicos, se utilizados num enxerto composto, para o tratamento das lesões osteocondrais.

A MOD, com as qualidades descritas, é portanto, útil na reparação das lesões osteocondrais, podendo ser utilizada como um componente de um enxerto composto com tecido ou cultura de células potencialmente condrogênicos, no tratamento destas lesões.

Trabalho recebido em 15/10/2000. Aprovado em 12/06/2001

  • 1 - AMIEL, D.; COUTTS, R.D.; ABEL, M, STEWART, W.; HARWWOD, F.; AKESON, W.H. Rib perichondrial grafts for the repair of full-thickness articular cartilage defects. A morphological and biochemical study in rabbits. J. Bone Joint Surg., v.67-A, p.911-20, 1985.
  • 2 - AMIEL, D.; COUTTS, R.D.; HARWOOD, F.L.; ISHIZUE, K.K.; KLEINER, J.B. The chondrogenesis of rib perichondrial grafts for repair of full thickness articular cartilage defects in a rabbit model: A one year postoperative assessment. Connect Tissue Res., v.18, p.27-39, 1988.
  • 3 - AMIEL, D.; HARWOOD, F.L.; HOOVER, J.A.; MEYERS, M. A histological and biochemical assessment of the cartilage matrix obtained from in vitro storage of osteochondral allografts. Connect. Tissue Res., v.23, p.89-99, 1989.
  • 4 - ASPENBERG, P.; THOREN, K. Lipid extraction enhances bank bone incorporation: an experiment in rabbits. Acta Orthop. Scand., v.61, p.546-8, 1990.
  • 5 - BAUMGAERTNER, M.R.; CANNON, W.D., JR; VITTORI, J.M.; SCHMIDT, E.S.; MAURER, R.C. Arthroscopic debridement of the arthritic knee. Clin. Orthop., n.253, p.197-202, 1990.
  • 6 - BEAVER, R.J.; MAHOMED, M.; BACKSTEIN, D.; DAVIS, A; ZUKOR, D.J. Fresh osteochondral allografts for post-traumatic defects in the knee. A survivorship analisys. J. Bone Joint Surg., v.74-B, p.105-10, 1992.
  • 7 - BILLINGS, E., JR.; VON SCHROEDER, H.P.; MAI, M.T.; ARATOW, M.; AMIEL, D.; WOO, S.L.-Y.; COUTTS, R.D. Cartilage resurfacing of the rabbit knee. The use of an allogeneic demineralized bone matrix-autogeneic perichondrium composite implant. Acta Orthop. Scand., v.61, p.201-06, 1990.
  • 8 - BLOCK, J.E.; POSER, J. Does xenogeneic demineralized bone matrix have clinical utility as a bone graft substitute? Medical Hypotheses, v.45, p.27-32, 1995.
  • 9 - BRITTBERG, M.; NILSSON, A.; LINDAHL, A.; OHLSSON, C.; PETERSON, L. Rabbit articular cartilage defects treated with autologous cultured chondrocytes. Clin. Orthop., n.326, p.270-83, 1996.
  • 10 - BUCKWALTER, J.A.; LOHMANDER, S. Operative treatment of osteoarthrosis. Current practice and future development. J. Bone Joint Surg., v.76-A, p.1405-18, 1994.
  • 11 - BUCKWALTER, J.A.; MANKIN, H.J. Articular cartilage. Part I: tissue design and chondrocyte-matrix interactions. J. Bone Joint Surg., v.79-A, p.600-11, 1997.
  • 12 - BUTNARIU-EPHRAT, M.; ROBINSON, D.; MENDES, D.G.; HALPERIN, N.; NEVO, Z. Resurfacing of goat articular cartilage by chondrocytes derived from bone marrow. Clin. Orthop., n.330, p.234-43, 1996.
  • 13 - CAMPBELL, C. J. The Healing of Cartilage Defects. Clin. Orthop., n.64, p.45-63, 1969.
  • 14 - CELESTE, A..J.; IANNAZZI, J.A.; TAYLOR, R.C.; HEWICK, R.M.; ROSEN, V.; WANG, E.A.; WOZNEY, J.M. Identification of transforming growth factor ß family members present in bone-inductive protein purified from bovine bone. Proc. Natl. Acad. Sci. USA., v.87, p.9843-7, 1990.
  • 15 - CHAPPARD, D.; FRESSONNET, C.; GENTRY, C.; BASLE, M.F.; REBEL, A. Fat in bone xenografts: importance of the purification procedures on cleanliness, wettability and biocompatibility. Biomaterials, v.14, p.507-12, 1993.
  • 16 - CHESMEL, K.D.; BRANGER, J.; WERTHEIM, H.; SCARBOROUGH, N. Healing response to various forms of human demineralized bone matrix in athymic rat cranial defects. J. Oral Maxillofac. Surg., v.56, p.857-63, 1998.
  • 17 - CHU, C.R.; DOUNCHIS, J.S.; YOSHIOKA, M.; SAH, R.L.; COUTTS, R.D.; AMIEL, D. Osteochondral repair using perichondrial cells. A 1-year study in rabbits. Clin. Orthop., n.304, p.220-9, 1997.
  • 18 - COUTTS, R.D.; WOO, S.L-Y.; AMIEL, D.; VON SCHROEDER, H.P.; KWAN, M.K. Rib perichondrial autografts in full-thickness articular cartilage defects in rabbits. Clin. Orthop., n.275, p.263-73, 1992.
  • 19 - DAHLBERG, L.; KREICBERGS, A. Demineralized allogeneic bone matrix for cartilage repair. J. Orthop. Res., v.9, p.11-19, 1991.
  • 20 - DUBUC, F.L.; URIST, M.R. The accessibility of the bone induction principle in surface-decalcified bone implants. Clin. Orthop., n.55, p.217-23, 1967.
  • 21 - EDWARDS, J.T.; DIEGMANN, M.H.; SCARBOROUGH, N.L. Osteoinduction of human demineralized bone: characterization in a rat model. Clin. Orthop., n.357, p.219-28, 1998.
  • 22 - FICAT, R.P.; FICAT, C.; GEDEON, P.; TOUSSAINT, J.B. Spongialization: A new treatment for diseased patellae. Clin. Orthop., n.144, p.74-83, 1979.
  • 23 - FLYNN, J.M.; SPRINGFIELD, D.S.; MANKIN, H.J. Osteoarticular allografts to treat distal femoral osteonecrosis. Clin. Orthop., n.303, p.38-43, 1994.
  • 24 - GLOWACKI, J.; ALTOBELLI, D.; MULLIKEN, J.B. Fate of mineralized and demineralized osseous implants in cranial defects. Calcif. Tissue Int., v.33, p.71-6, 1981.
  • 25 - GREEN, W.T. Articular cartilage repair. Behavior of rabbit chondrocytes during tissue culture and subsequent allografting. Clin. Orthop., n.124, p.237-50, 1977.
  • 26 - GUIZZARDI, S.; DI SILVESTRE, M.; SCANDROGLIO, R.; RUGGERI, A.; SAVINI, R. Implants of heterologous demineralized bone matrix for induction of posterior spinal fusion in rats. Spine, v.17, p.701-7, 1992.
  • 27 - GUPTA, D.; TULI, S.M. Osteoinductivy of partially decalcified alloimplants in healing of large osteoperiosteal defects. Acta Orthop. Scand., v.53, p.857-65, 1982.
  • 28 - HALLFEDT, K.K.J.; STÜTZLE, H.; PUHLMANN, M.; KESSLER, S.; SCHWEIBERER, L. Sterilization of partially demineralized bone matrix: the effects of different sterelization techniques on osteogenetic properties. J. Surg. Res., v.59, p.614-20, 1995.
  • 29 - HARAKAS, N.K. Demineralized bone-matrix-induced osteogenesis. Clin. Orthop., n.188, p.239-51, 1984.
  • 30 - HOMMINGA, G.N.; BULSTRA, S.K.; KUIJER, R.; VAN DER LINDEN, A.J. Repair of sheep articular cartilage defects with a rabbit costal perichondrial graft. Acta Orthop. Scand., v.62, p.415-8, 1991.
  • 31 - HUGGINS, C.; WISEMAN, S.; REDDI, A.H. Transformation of fibroblasts by allogeneic and xenogeneic transplants of demineralized tooth and bone. J. Exp. Med., v.132, p.1250-8, 1970.
  • 32 - HUGGINS, C.B.; URIST, M.R. Dentin matrix transformation: rapid induction of alkaline phosphatase and cartilage. Science, v.167, p.896-8, 1970.
  • 33 - INSALL, J. The pridie debridement operation for osteoarthritis of the knee. Clin. Orthop., n.101, p.61-7, 1974.
  • 34 - INSALL, J.N. Intra-articular surgery for degenerative arthritis of the knee. A report of the work of the late K. H. Pridie. J. Bone J. Surg., v.49-B, p.211-28, 1967.
  • 35 - ITAY, S.; ABRAMOVICI, A.; NEVO, Z. Use of cultured embryonal chick epiphyseal chondrocytes as grafts for defects in chick articular cartilage. Clin. Orthop., n.220, p.284-303, 1987.
  • 36 - KAKIUCHI, M.; ONO, K.; NISHIMURA, A.; SHIOKAWA, H. Preparation of bank bone using defatting, freeze-drying and sterelisation with ethylene oxide gas. Int. Orthop., v.20, p.142-6, 1996.
  • 37 - KILLIAN, J.T.; WILKINSON, L.; WHITE, S.; BRASSARD, M. Treatment of unicameral bone cyst with demineralized bone matrix. J. Pediatr. Orthop., v.18, p.621-4, 1998.
  • 38 - KIM, H.K.W.; MORAN. M.E., SALTER, R.B. The potential for regeneration of articular cartilage in defects created by chondral shaving and subchondral abrasion. An experimental investigation in rabbits. J. Bone Joint Surg., v.73-A, p.1301-15, 1991.
  • 39 - KUBLER, N.; REUTHER, J.; KIRCHNER, T.; PRIESSNITZ, B.; SEBALD, W. Osteoinductive, morphologic, and biomechanical properties of antigen-extracted allogeneic human bone. J. Oral Maxillofac. Surg., v.51, p.1346-57, 1993.
  • 40 - LIETMAN, S.A.; YANAGISHITA, M.; SAMPATH, T.K.; REDDI, A.H. Stimulation of proteoglycan synthesis in explants of porcine articular cartilage by recombinant osteogenic protein-1 (bone morphogenetic protein-7). J. Bone Joint Surg., v.79-A, p.1132-37, 1997.
  • 41 - MANKIN, H. J. The Response of Articular Cartilage to Mechanical Injury. J. Bone Joint Surg., v.64-A, p.460-6, 1982.
  • 42 - MICHELSON, J.D.; CURL, L.A. Use of demineralized bone matrix in hindfoot arthrodesis. Clin. Orthop., n.325, p.203-8, 1996.
  • 43 - MITCHELL, N.; SHEPARD, N. The resurfacing of adult rabbit articular cartilage by multiple perforations through the subchondral bone. J. Bone Joint Surg., v.58-A, p.230-3, 1976.
  • 44 - MOORE, T.M.; ARTAL, R.; ARENAS, M.; GENDLER, E. Influence of postmortem time and temperature on inductive activity of demineralized microperforated ethylene oxide-sterilized syngeneic bone implant in the rat. Clin. Orthop., n.259, p.239-44, 1990.
  • 45 - MORAES, J.R.E.; MORAES, F.R. Effect of a persistent inflammatory process on experimental heterotopic ossification. The influence of macrophages. Brazilian J. Med. Biol. Res., v.26, p.53-66, 1993.
  • 46 - MORAN, M.E.; KIM, H.K.W.; SALTER, R.B. Biological resurfacing of full-thickness defects in patellar articular cartilage of the rabbit. Investigation of autogenous periosteal grafts subjected to continuous passive motion. J. Bone Joint Surg., v.74-B, p.659-67, 1992.
  • 47 - MULLIKEN, J.B.; GLOWACKI, J. Induced osteogenesis for repair and construction in the craniofacial region. Plast. Reconstr. Surg., v.65, p.553-9, 1980.
  • 48 - NATHANSON, M.A. Bone matrix-directed chondrogenesis of muscle in vitro. Clin. Orthop., n.200, p.142-57, 1985.
  • 49 - NATHANSON, M.A. In vitro proteoglycan synthesis in response to extracts of demineralized bone. Clin. Orthop., n.299, p.263-81, 1994.
  • 50 - NATHANSON, M.A.; HILFER, S.R.; SEARLS, R.L. Formation of cartilage by non-chondrogenic cell types. Dev. Biol., v.64, p.99-117, 1978.
  • 51 - NEIGEL, J.M.; RUZICKA, P.O. Use of demineralized bone implants in orbital and craniofacial reconstruction and a review of the literature. Ophtal. Plast. Reconstr. Surg., v.12, p.108-20, 1996.
  • 52 - NEWMAN, A.P. Articular cartilage repair. Am. J. Sports Med., v.26, p.309-24, 1998.
  • 53 - NOGAMI, H.; URIST, M.R. Explants, transplants and implants of a cartilage and bone morphogenetic matrix. Clin. Orthop., n.103, p.235-51, 1974.
  • 54 - NOGUCHI, T.; OKA, M.; FUJINO, M.; NEO, M.; YAMAMURO, T. Repair of osteochondral defects with grafts of cultured chondrocytes. Comparison of allografts and isografts. Clin. Orthop., n.302, p.251-8, 1994.
  • 55 - O'DRISCOLL, S.W.; KEELEY, F.W.; SALTER, R.B. Durability of regenerated articular cartilage produced by free autogenous periostal grafts in major full-thickness in joint surfaces under the influence of continuous passive motion. A follow-up report at one year. J. Bone Joint Surg., v.70-A, p.595-606, 1988.
  • 56 - O'DRISCOLL, S.W.; RECKLIES, A.D.; POOLE, A.R. Chondrogenesis in periosteal explants. An organ culture model for in vitro study. J. Bone Joint Surg., v.76-A, p.1042-51, 1994.
  • 57 - O'DRISCOLL, S.W.; SALTER, R.B. The repair of major osteochondral defects in joint surfaces by neochondrogenesis with autogenous osteoperiosteal grafts stimulated by continuous passive motion. Clin. Orthop., n.208, p.131-40, 1986.
  • 58 - OIKARINEN, J. Experimental spinal fusion with decalcified bone matrix and deep-frozen allogeneic bone in rabbits. Clin. Orthop., n.162, p.210-8, 1982.
  • 59 - RABIE, A.B.M.Vascular endothelial growth pattern during demineralized bone matrix induced osteogenesis. Connect. Tissue Res., v.36, p.337-45, 1997.
  • 60 - RAY, R.D.; HOLLOWAY, J.A.Bone implants. Preliminary report of an experimental study. J. Bone Joint Surg., v.39-A, p.1119-28, 1957.
  • 61 - REDDI, A.H.; HUGGINS, C. Biochemical sequences in the transformation of normal fibroblasts in adolescent rats. Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A., v.69, p.1601-5, 1972.
  • 62 - REDDI, A.H.; HUGGINS, C.B. Cyclic electrochemical inactivation and restoration of competence of bone matrix to transfom fibroblasts. Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A., v.71, p.1648-52, 1974.
  • 63 - REDDI, A.H.; HUGGINS, C.B. Influence of geometry of transplanted tooth and bone on transplantation of fibroblasts. Proc. Soc. Exp. Biol. Med., v.143, p.634-7, 1973.
  • 64 - RUBAK, J.M. Reconstruction of articular cartilage defects with free periosteal graft. An experimental study. Acta Orthop. Scand., v.53, p.175-80, 1982.
  • 65 - SAKATA, H.; TAKAGI, K. Effect of bone marrow mononuclear phagocytes on the bone matrix-induced bone formation in rats. Clin. Orthop., n.220, p.253-8, 1987.
  • 66 - SALAMA, R.; BURWELL, R.G.; DICKSON, I.R. Recombined grafts of bone and marrow. The beneficial effect upon osteogenesis of impregnating xenograft (heterograft) bone with autologous red marrow. J. Bone Joint Surg., v.55-B, p.402-17, 1973.
  • 67 - SAMPATH, T.K.; NATHANSON, M.A.; REDDI, A.H. In vitro transformation of mesenchymal cells derived from embryonic muscle into cartilage in response to extracellular matrix components of bone. Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A., v.81, p.3419-23, 1984.
  • 68 - SAMPATH, T.K.; REDDI, A.H. Homology of bone-inductive proteins from human, monkey, bovine, and rat extracellular matrix. Proc. Natl. Acad. Sci. USA., v.80, p.6591-5, 1983.
  • 69 - SATO, K.; URIST, M.R. Bone morphogenetic protein-induced cartilage development in tissue culture. Clin. Orthop., n.183, p.180-7, 1984.
  • 70 - SELLERS, R.S.; PELUSO, D.; MORRIS, E.A. The effect of recombinant human bone morphogenetic protein-2 (rhBMP-2) of the healing of full-tickness defects of articular cartilage. J. Bone Joint Surg., v.79-A, p.1452-63, 1997.
  • 71 - SENN, N. On the healing of aseptic bone cavities by implantation of antiseptic decalcified bone. Am. J. Med. Sci., v.98, p.219-43, 1889.
  • 72 - SEYEDIN, S.M.; THOMAS, T.C.; THOMPSON, A.Y.; ROSEN, D.M.; PIEZ, K.A. Purification and characterization of two cartilage-inducing factors from bovine demineralized bone. Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A., v.82, p.2267-71, 1985.
  • 73 - SHARRARD, W.J.W.; COLLINS, D.H. The fate of human decalcified bone grafts. Proc. R. Soc. Med., v.54, p.1101-2, 1961.
  • 74 - STEVENSON, S.; DANNUCCI, G.A.; SHARKEY, N.A.; POOL, R.R. The fate of articular cartilage after transplantation of fresh and cryopreserved tissue-antigen-matched and mismatched osteochondral allografts in dogs. J. Bone Joint Surg., v.71-A, p.1297-307, 1989.
  • 75 - SYFTESTAD, G.T.; CAPLAN, A.I. A fraction from extracts of demineralized adult bone stimulates the conversion of mesenchymal cells into chondrocytes. Dev. Biol., v.104, p.348-56, 1984.
  • 76 - THIELEMANN, F.W.; SCHIMIDT, K.; KOSLOWSKI, L. Osteoinduction. Part II: Purification of the osteoinductive activities of bone matrix. Arch. Orthop. Traumat. Surg., v.100, p.73-8, 1982.
  • 77- UPTON, J.; BOYAJIAN, M.; MULLIKEN, J.B.; GLOWACKI, J. The use of demineralized xenogeneic bone implants to correct phalangeal defects: A case report. J. Hand Surg., v.9-A, p.388-91, 1984.
  • 78 - URIST, M.R. Bone: formation by autoinduction. Science, v.150, p.893-9, 1965.
  • 79 - URIST, M.R.; DAWSON, E. Intertransverse process fusion with the aid of chemosterilized autolyzed antigen-extracted allogeneic (AAA) bone. Clin. Orthop., n.154, p.97-113, 1981.
  • 80 - URIST, M.R.; DOWELL, T.A.; HAY, P.H.; STRATES, B.S. Inductive substrates for bone formation. Clin. Orthop., n.59, p.59-95, 1968.
  • 81 - URIST, M.R.; JURIST, J.M.; DUBUC, F.L.; STRATES, B.S. Quantitation of new bone formation in intramuscular implants of bone matrix in rabbits. Clin. Orthop., n.68, p.279-93, 1970.
  • 82 - URIST, M.R.; MIKULSKI, A.; LIETZE, A. Solubilized and insolubilized bone morphogenetic protein. Proc. Natl. Acad. Sci. USA., v.76, p.1828-32, 1979.
  • 83 - URIST, M.R.; MIKULSKI, A.J. A soluble bone morphogenetic protein extracted from bone matrix with a mixed aqueous and nonaqueous solvent. Proc. Soc. Exp. Biol. Med., v.162, p.48-53, 1979.
  • 84 - URIST, M.R.; NOGAMI, H. Morphogenetic substratum for differentiation of cartilage in tissue culture. Nature, v.225, p.1051-2, 1970.
  • 85 - URIST, M.R.; SILVERMAN, B.F.; BÜRING, K.; DUBUC, F.L.; ROSENBERG, J.M. The bone induction principle. Clin. Orthop., n.53, p.243-83, 1967.
  • 86 - URIST, M.R.; STRATES, B.S. Bone formation in implants of partially and wholly demineralized bone matrix. Including observations on acetone-fixed intra and extracellular proteins. Clin. Orthop., n.71, p.271-78, 1970.
  • 87 - URIST, M.R.; WALLACE, T.H.; ADAMS, T. The function of fibrocartilaginous fracture callus. Observations on transplants labelled with tritiated thymidine. J. Bone Joint Surg., v.47-B, p.304-18, 1965.
  • 88 - VAN DE PUTTE, K.A.; URIST, M.R. Osteogenesis in the interior of intramuscular implants of decalcified bone matrix. Clin. Orthop., n.43, p.257-70, 1965.
  • 89 - WAKITANI, S.; GOTO, T.; PINEDA, S.J.; YOUNG, R.G.; MANSOUR, J.M.; CAPLAN, A.I.; GOLDBERG, V.M. Mesenchymal cell-based repair of large, full-thickness defects of articular cartilage. J. Bone Joint Surg., v.76-A, p.579-92, 1994.
  • 90 - WAKITANI, S.; KIMURA, T.; HIROOKA, A.; OCHI, T.; YONEDA, M.; YASUI, N.; OWAKI, H.; ONO, K. Repair of rabbit articular surfaces with allograft chondrocytes embedded in collagen gel. J. Bone Joint Surg., v.71-B, p.74-80, 1989.
  • 91 - WANG, E.A.; ROSEN, V.; CORDES, P.; HEWICK, R.M.; KRIZ, M.J.; LUXENBERG, D.P.; SIBLEY, B.S.; WOZNEY, J.M. Purification and characterization of other distinct bone-inducing factors. Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A., v.85, p.9484-8, 1988.
  • 92 - WANG, E.A.; ROSEN, V.; D'ALESSANDRO, J.S.; BAUDUY, M.; CORDES, P.; HARADA, T.; ISRAEL, D.I.; HEWICK, R.M.; KERNS, K.M.; LAPAN, P.; LUXENBERG, D.P.; MCQUAID, D.; MOUTSATSOS, I.K.; NOVE, J.; WOZNEY, J.M. Recombinant human bone morphogenetic protein induces bone formation. Proc. Natl. Acad. Sci. USA., v.87, p.2220-4, 1990,
  • 93 - WITTBJER, J.; PALMER, B.; THORNGREN, K.-G. Osteogenetic properties of reimplanted decalcified and undecalcified autologous bone in the rabbit radius. Scand. J. Plast. Reconstr. Surg., v.16, p.239-44, 1982.
  • 94 - WOZNEY, J.M.; ROSEN, V.; CELESTE, A.J.; MITSOCK, L.M.; WHITTERS, M.J.; KRIS, R.W.; HEWICK, R.M.; WANG, E.A. Novel regulators of bone formation: molecular clones and activities. Science, v.242, p.1528-34, 1988.
  • 95 - YAMASHITA, F.; SAKAKIDA, K.; SUZU, F.; TAKAI, S. The transplantation of an autogeneic osteochondral fragment for osteochondritis dissecants of the knee. Clin. Orthop., n.201, p.43-50, 1985.
  • 96 - YEOMANS, J.D.; URIST, M.R. Bone induction by decalcified dentine implanted into oral, osseous and muscle tissues. Arch. Oral Biol., v.12, p.999-1008, 1967.
  • 97 - ZHANG, Q.; CORNU, O.; DELLOYE, C. Ethylene oxide does not extinguish the osteoinductive capacity of demineralized bone. A reappraisal in rats. Acta Orthop. Scand., v.68, p.104-8, 1997.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Out 2005
  • Data do Fascículo
    Dez 2001

Histórico

  • Recebido
    15 Out 2000
  • Aceito
    12 Jun 2001
ATHA EDITORA Rua: Machado Bittencourt, 190, 4º andar - Vila Mariana - São Paulo Capital - CEP 04044-000, Telefone: 55-11-5087-9502 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: actaortopedicabrasileira@uol.com.br