INFORMES
Antropologia da Face Gloriosa
Arthur Omar
Arthur Omar é um artista brasileiro múltiplo, com presença de ponta em várias áreas da produção artística contemporânea.
Formado em antropologia e etnografia, Arthur Omar desenvolveu novos métodos de antropologia visual, tanto em seus filmes documentários epistemológicos dos anos setenta como em seus livros recentes sobre Carnaval e Amazônia, onde a busca científica se realiza por meio de uma intensificação estética do material. Trabalha com cinema, vídeo, fotografia instalações, música, poesia, desenho, além de ensaios e reflexões teóricas sobre o processo de criação e a natureza da imagem. Em todos os campos, Arthur Omar introduziu novas maneiras de pensar, e contribuições radicais a uma renovação das linguagens e das técnicas. Temas como o êxtase estético, a violência sensorial e social e a construção de metáforas visuais marcam toda sua obra, voltada para a busca de uma nova iconografia da realidade brasileira. Documentário experimental, fotografia, videoarte, moda, filme de ficção, e videoinstalações, suas imagens migram e se transformam por intermédio dos meios, suportes, linguagens.
Em 2005, ano do Brasil na França, apresentou, no Grand Palais, a sala de abertura da exposição Brésil Indien, com fotografias de paisagens amazônicas. A revista semanal do Le Monde de julho dedicou dez páginas ao seu trabalho Antropologia da Face Gloriosa, grande sucesso nos Rencontres de la Photographie em Arles, no mesmo ano, e que ilustra esta edição da Interface.
Em 1999, teve retrospectiva completa de sua obra em filme e vídeo no MOMA, Museu de Arte Moderna de Nova York, e em 2001 no CCBB do Rio e de São Paulo. Na Bienal de São Paulo de 1997, apresentou a instalação fotográfica Antropologia da Face Gloriosa, painel com 99 fotografias em preto e branco em grande formato, que parte de um estudo do rosto e do êxtase fotográfico como dimensão transcendental, série hoje reconhecida como um clássico da fotografia brasileira. Algumas dessas imagens vão dar origem à série colorida A Pele Mecânica.
Foi destaque na Bienal de São Paulo de 2002 com Viagem ao Afeganistão, conjunto de trinta fotografias em grandes dimensões compondo paisagens paradoxais e perspectivas impossíveis, onde as imagens realizadas na zona de catástrofe, entre Cabul e Bamyan, desconstroem o olhar jornalístico, apontando para um realismo pós-contemporâneo.
Em 2001 foi premiado por duas exposições individuais pela Associação Paulista de Críticos de Arte: O Esplendor dos Contrários (Centro Cultural Banco do Brasil-SP), série de fotografias de paisagens amazônicas, em que reinventa o espaço e a luz e trabalha com efeitos em 3D; e a exposição Frações da Luz (Galeria Nara Roesler), série de caixas de luz em que explora a serialidade e a luminosidade "interna" de imagens vindas de diferentes suportes. Sua produção contemporânea em vídeo traz uma linguagem extremamente sofisticada, com a criação de metáforas visuais e relações inusitadas entre imagens e sons (Atos do Diamante, Pânico Sutil, A Lógica do Êxtase e o longa-metragem, em vídeo, Sonhos e Histórias de Fantasmas), com desdobramentos no campo das videoinstalações, suporte para o qual desenvolveu uma linguagem própria de forte impacto sensorial e marcada pela imersão do espectador (Inferno, Fluxos).
Publicou os livros de fotografias Antropologia da Face Gloriosa, O Zen e a Arte Gloriosa da Fotografia, e O Esplendor dos Contrários. A Lógica do Êxtase é o livro de referência sobre sua obra em filme e vídeo. Participou de mostras de Arte dentro e fora do Brasil: Bienal de Valência 2000, Bienal do Mercosul 1999, Bienal de Havana em 2000, Babel-Museu de Arte Contemporânea da Coréia 2002, ARCO 2000 e 2003, Foto Arte Brasília 2003, e LisboaPhoto 2003, onde ocupou a totalidade do Pavilhão de Portugal da Expo com uma grande retrospectiva de suas fotografias em preto e branco. Em setembro de 2003 mostrou, na Galeria Nara Roesler em São Paulo, sua série explosivamente colorida de faces intitulada A Pele Mecânica, introduzindo novas técnicas de processamento digital. Apresentou, na exposição de inauguração do Centro Cultural Telemar (hoje Oi Futuro), a instalação Dervixxx, com imagens dos dervishes de uma favela em Kabul, de grande impacto de público, e profunda imersão. Uma nova versão desse trabalho foi apresentada no VideoBrasil de 2007, com projeções circulares, e saudada pelo crítico francês Jean-Paul Fargier como obra maior do vídeo contemporâneo. Dervixxx fazia parte de uma Trilogia Cognitiva, juntamente com duas outras instalações: Infinito Maleável nº 1 e A Ciência Cognitiva dos Corpos Gloriosos. Em 2006 ocupou a totalidade do espaço do Oi Futuro, os três andares e os vidros externos do prédio, com um conjunto de 12 instalações interligadas sob o título de Zooprismas. Esta exposição foi eleita pelo jornal O Globo como a melhor exposição do ano em artes plásticas do Rio de Janeiro.
Participou com salas especiais da ARCO 2007 Madrid (com a obra Madonas, fotografias do Afeganisitão) e da Feira de Arte de Basel, igualmente num projeto especial, onde estabeleceu um diálogo com a obra seminal de Abraham Palatinik por meio de sua série de caixas de luz, ainda inédita, intitulada Série Suprema (homenagem a Malevitch).
Texto adaptado de: <http://www.arthuromar.com.br:80/bio.html>
Fotos nesta edição da Interface:
Mandarim da Ambigüidade entre o Ouro e a Carne
Carrascos e Estetas Uniram-se
Santa Porque Avalanche
O Dragão Desligando a Própria Sombra
A Decapitação da Noite é um Ato Parcial
A Especialista se Lembra de Tudo e Vice-Versa
Boxeador Mimado Navegando em Nuvens de Éter
Para Onde Vai a Forma, Quando a Matéria Cede Passagem
- OMAR, A. Antropologia da Face Gloriosa São Paulo: Cosac Naify, 1997.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
31 Ago 2012 -
Data do Fascículo
2009