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O uso de uma ferramenta de rastreio para identificar o comportamento auditivo de estudantes no ciclo de alfabetização

RESUMO

Objetivo:

analisar o uso de uma ferramenta de rastreio pelo professor, para identificar o comportamento auditivo de estudantes no ciclo de alfabetização.

Métodos:

estudo de corte transversal realizado na região metropolitana do Recife. Participaram 22 estudantes que responderam ao questionário Fisher’s auditory problems checklist (QFISHER). A análise do questionário foi realizada considerando as categorias: audição; atenção; memória; linguagem e desempenho escolar. Foi utilizado o teste estatístico Qui-Quadrado e Mann-Whitney para comparar o escore entre as faixas etárias avaliadas, considerando o nível de significância de 5%.

Resultados:

no QFISHER a pior frequência foi para o desempenho escolar (87,72%), seguido da atenção (62,10%), linguagem (60,53%) e audição (59,65%). A mediana evidenciou pior avaliação para o desempenho escolar (100,0%) seguido da atenção (60,0%). O escore global do QFISHER foi de 66,7% e quando comparado entre as faixas etárias, verificou-se que não houve diferença significante para os domínios avaliados.

Conclusão:

o QFISHER, enquanto ferramenta de rastreio utilizado pelo professor no ciclo de alfabetização, pode identificar alterações comportamentais sugestivas de transtorno do processamento auditivo, ampliando a possibilidade de intervenções precoces.

Descritores:
Alfabetização; Audiologia; Deficiências da Aprendizagem; Inquéritos e Questionários; Percepção Auditiva; Transtornos da Audição

ABSTRACT

Purpose:

to analyze the use of a screening tool, by teachers, to identify the auditory behavior of students who are learning to read and write.

Methods:

a cross-sectional study including 22 students who answered the Fisher’s Auditory Problems Checklist (QFISHER). The analysis of this questionnaire approached the categories of hearing, attention, memory, language, and school performance. The chi-square statistical test and Mann-Whitney test were used to compare the scores between the age groups, considering the 5% significance level.

Results:

school performance had the worst frequency in QFISHER (87.72%), followed by attention (62.10%), language (60.53%), and hearing (59.65%). The median revealed worse assessment in school performance (100.0%) followed by attention (60.0%). The QFISHER overall score was 66.7%. The comparison between age groups did not reveal any significant difference for the domains assessed.

Conclusion:

the QFISHER, used by teachers, as a screening tool for children who are learning to read and write, can identify behavioral changes suggestive of auditory processing disorder, broadening the possibility of early interventions.

Keywords:
Literacy; Audiology; Learning Disabilities; Surveys and Questionnaires; Auditory Perception; Hearing Disorders

Introdução

No Brasil, estudos apontam um número elevado de crianças que apresentam dificuldades no processo de aprendizagem, principalmente da língua escrita11. Luiz J, Sylvia Z, Ciasca M, Jaime C, Zorzi L. Alterações ortográficas: existem erros específicos para diferentes transtornos de aprendizagem? Psicopedagogia. 2009;26(80):254-64.

2. Paterlini LSM, Zuanetti PA, Pontes-Fernandes AC, Fukuda MTH, Hamad APA. Screening and diagnosis of learning disabilities/disorders - outcomes of interdisciplinary assessments. Rev. CEFAC. 2019;21(5):e13319.
-33. Gonçalves-Guedim TF, Capelatto IV, Salgado-Azoni CA, Ciasca SM, Crenitte PAP. Performance of children with attention deficit hyperactivity disorder in phonological processing, reading and writing. Rev. CEFAC. 2017;19(2):242-52.. As causas do fracasso escolar perpassam não só pelo aspecto pedagógico, apropriado ou não à criança, mas também pelas políticas voltadas para este público, ou pelo ambiente onde vivem quando estes são considerados inadequados para o seu desenvolvimento. Dados do Censo Escolar de 2016 apontam que 57,8% das escolas brasileiras têm estudantes com deficiência incluídos em classes regulares44. Brasil. Censo escolar da educação básica 2016: notas estatísticas. Ministério da Educ. 2017;.

No que se refere à interface entre audição, linguagem e aprendizagem, é importante, por exemplo, compreender para que haja uma leitura com compreensão adequada é necessária à integridade do sistema nervoso central, das habilidades de atenção seletiva e sustentada, da discriminação e percepção auditiva, memória de curto e longo prazo e consciência fonológica, entre outros aspectos55. Wiemes GRM, Kozlowski L, Mocellin M, Hamerschmidt R, Schuch LH, Wiemes GRM et al. Potencial evocado cognitivo e desordem de processamento auditivo em crianças com distúrbios de leitura e escrita. Braz J Otorhinolaryngol. 2012;78(3):91-7.

6. Vilela N, Barrozo T, Pagan-Neves L, Sanches S, Wertzner H, Carvallo R. The influence of (central) auditory processing disorder on the severity of speech-sound disorders in children. Clinics. 2016;70(2):62-8.
-77. Pereira LD. Introdução ao processamento auditivo central. In: Balen AS, editor. ABA: Tratado de audiologia. São Paulo: Ed Santos; 2011. Cap. 17. p.279-91.. Assim, em relação à audição, não são apenas as crianças com déficits sensoriais (perdas auditivas) que podem ter problemas. É possível, por exemplo, ter dificuldades no processamento auditivo (PA) mesmo tendo audição periférica normal (audiograma normal)66. Vilela N, Barrozo T, Pagan-Neves L, Sanches S, Wertzner H, Carvallo R. The influence of (central) auditory processing disorder on the severity of speech-sound disorders in children. Clinics. 2016;70(2):62-8..

O PA consiste, portanto, de mecanismos e processos do sistema auditivo central que são responsáveis por diversos fenômenos comportamentais, incluindo fala e linguagem e compreende um conjunto de habilidades ou competências auditivas necessárias para: detecção, localização e lateralização, discriminação, reconhecimento de padrões auditivos (sinais acústicos competitivos e degradados), das informações sonoras88. Bellis TJ. Assessment and management of central auditory processing disorders in the educational setting: from science to practice. Plural Publishing; 2011..

Neste sentido, o transtorno no processamento auditivo (TPA) se refere ao prejuízo no desenvolvimento das funções comunicativas relacionadas com a expressão oral, escrita e/ou compreensão, impactando no desempenho acadêmico, e é em sala de aula que os problemas de aprendizagem podem ser evidenciados de forma mais apropriada99. Costa RS. Rastreio de perturbações de comunicação num agrupamento de escolas [thesis]. Aveiro (Portugal): Universidade de Aveiro; 2011..

Os sinais do transtorno de aprendizagem perpassam pelo transtorno do processamento auditivo (TPA), que se caracteriza por uma desordem nas habilidades de entender, discriminar, reconhecer, recordar e/ou compreender informações apresentadas ás estruturas auditivas, mesmo apresentando níveis normais de inteligência e audição periférica1010. ASHA: American Speech-Language-Hearing Association. (Central) Auditory processing disorders: technical report. [homepage on the internet]. 2005. [accessed 2021 May 2]. Available at: https://www.asha.org/policy/TR2005-00043/.
https://www.asha.org/policy/TR2005-00043...
. Os TPA se referem classicamente à forma como analisamos, classificamos, organizamos e interpretamos os eventos acústicos, ou seja, o que fazemos com o que ouvimos77. Pereira LD. Introdução ao processamento auditivo central. In: Balen AS, editor. ABA: Tratado de audiologia. São Paulo: Ed Santos; 2011. Cap. 17. p.279-91..

Crianças com TPA apresentam queixas escolares e comunicativas, incluindo a incapacidade de seguir instruções verbais complexas, desempenho cognitivo verbal pobre em comparação com o desempenho não verbal, dificuldades de leitura e escrita, atraso de linguagem, dificuldade diante de competição sonora e em manter a atenção para as informações apresentadas auditivamente88. Bellis TJ. Assessment and management of central auditory processing disorders in the educational setting: from science to practice. Plural Publishing; 2011..

Dificuldades de aprendizagem (DA’s) são problemas comuns observados no contexto escolar e podem ocorrer apesar da inteligência considerada normal, da ausência de problemas sensoriais ou neurológicos, da instrução escolar adequada e de oportunidades socioculturais suficientes44. Brasil. Censo escolar da educação básica 2016: notas estatísticas. Ministério da Educ. 2017;. As principais causas de DA’s são, sem dúvida, problemas de natureza pedagógica, que podem ocorrer tanto no contexto escolar quanto familiar44. Brasil. Censo escolar da educação básica 2016: notas estatísticas. Ministério da Educ. 2017;.

A inclusão de procedimento de rotina com perguntas por meio de questionários, ou de procedimento de triagem, sensíveis a identificação da real dificuldade de escuta, tem se mostrado indispensáveis no campo da Fonoaudiologia. Em 1996, a força-tarefa sobre distúrbios do processamento auditivo central da Associação Americana de Linguagem e Audição (ASHA), abordou a necessidade de ferramentas de triagem universalmente aceitas para uso com crianças. Mas recentemente a British Society of Audiology ressaltou a importância da aplicação de questionários validados, para serem aplicados pelos pais e/ou professores, no processo de triagem do processamento auditivo de indivíduos que apresentam risco para o TPA1111. Moore D, Campbell N, Rosen S, Bamiou D-E, Sirimanna T, Grant P et al. British Society of Audiology Position Statement & Practice Guidance: Auditory Processing Disorder (APD). 2018..

Por meio de questionários comportamentais utilizados para avaliação do processamento auditivo é possível identificar informações qualitativas do dia a dia que podem estar relacionadas com o TPA, dentre os quais se destacam: Children’s Auditory Performance Scale1212. Schow RL, Seikel JA. Screening for (central) auditory processing disorder. Handb Audit Process Disord Audit Neurosci diagnosis. 2007;1:137-59., Children’s Home Inventory of Listening Difficulties1212. Schow RL, Seikel JA. Screening for (central) auditory processing disorder. Handb Audit Process Disord Audit Neurosci diagnosis. 2007;1:137-59., e Fisher’s auditory problems check list1313. Fisher L. Fisher's auditory problems checklist. Bemidji, MN Life Prod. 1976.. O uso rotineiro deste tipo de triagem pode ajudar a identificar crianças que se beneficiariam da avaliação formal do processamento auditivo.

O questionário Fisher’s auditory problems checklist (QFISHER) evidencia dados sobre as características gerais associados com categorias de habilidades de processamento auditivo, guiado pelos seguintes princípios: inclui problemas relacionados a todos os componentes de processamento auditivo; usa uma linguagem simples; é rápido e fácil de administrar e interpretar; é capaz de diferenciar o processamento normal e de pessoas com problemas de processamento auditivo; pode ser preenchido por qualquer fonte de referência (pai, professor, fonoaudióloga) e pode ser utilizado como uma ferramenta de triagem1313. Fisher L. Fisher's auditory problems checklist. Bemidji, MN Life Prod. 1976.,1414. Strange AK, Zalewski TR, Waibel-Duncan MK. Exploring the usefulness of Fisher's Auditory Problems Checklist as a screening tool in relationship to the Buffalo Model Diagnostic Central Auditory Processing Test Battery. J Educ Audiol. 2009;15(1)44-52..

Um estudo exploratório sobre a utilidade da lista de verificação de problemas auditivos concluiu que o QFISHER pode ser utilizado como ferramenta na seleção de crianças com transtorno do processamento auditivo, visto que aquelas que pontuaram 28% (sete pontos) no questionário foram significantemente mais propensas a receber um diagnóstico de transtorno do processamento auditivo, com base no modelo diagnóstico para teste de bateria de Buffalo1414. Strange AK, Zalewski TR, Waibel-Duncan MK. Exploring the usefulness of Fisher's Auditory Problems Checklist as a screening tool in relationship to the Buffalo Model Diagnostic Central Auditory Processing Test Battery. J Educ Audiol. 2009;15(1)44-52..

No Brasil, a versão do QFISHER foi traduzida e separada por subáreas. A escala de funcionamento auditivo é composta por 24 questões que fornecem dados de dificuldades comportamentais apresentadas no cotidiano do indivíduo considerando as subáreas: audição; atenção; memória; linguagem; e desempenho escolar1515. Cibian AP, Pereira LD. Questionnaire for use in the monitoring of auditory training results. Distúrb. Comun. 2015;27(3):466-78.. Ele fornece, assim, uma ampla compreensão do comportamento auditivo associado a tais processos que envolvem o PA. Um estudo com dezenove indivíduos (12 a 15 anos de idade) diagnosticados com TPA ao monitorar a evolução do comportamento auditivo pelo QFISHER após realizarem o treinamento auditivo, indicou diferença estatística no escore total pela diminuição na pontuação sobre as queixas auditivas na metade do treino e também ao final, sugerindo que tal questionário pode ser usado para monitorar o comportamento auditivo durante uma intervenção1515. Cibian AP, Pereira LD. Questionnaire for use in the monitoring of auditory training results. Distúrb. Comun. 2015;27(3):466-78..

Considerando a complexidade que envolve a aprendizagem escolar, é importante que professores do ensino fundamental possam identificar crianças com dificuldades na aprendizagem, especificamente os com transtornos das habilidades auditivas incluindo os do processamento auditivo. Crianças com obstáculos na aprendizagem frequentemente apresentam queixas escolares e a identificação imediata dessas dificuldades contribui para a formulação de estratégias que potencializam o processo ensino aprendizagem.

Dessa forma, passa a ser fundamental que os transtornos das habilidades auditivas do processamento auditivo sejam identificados de forma mais precoce possível no ambiente escolar. Diante disso, é possível que os professores da Rede Municipal de Ensino do Recife - RMER desconheçam os aspectos sobre a temática do processamento auditivo e sua relevância para a aprendizagem. O objetivo do presente estudo foi analisar o uso de uma ferramenta de rastreio pelo professor, para identificar o comportamento auditivo de estudantes no ciclo de alfabetização.

Metódos

Trata-se de um estudo descritivo do tipo observacional de corte transversal, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, Brasil, sob protocolo no. 2.622.355, realizado em 2018, no município do Recife, com professores em regência do primeiro ao terceiro ano do ciclo de alfabetização da Rede de Educação Municipal. O estudo constou de duas etapas: na primeira, constituída por 40 professores que participaram do curso Processamento Auditivo: fundamentos para professores, realizado pelo Curso de Fonoaudiologia da UFPE em parceria com a Escola de Formação de Educadores do Recife Professor Paulo Freire. O objetivo foi treiná-los para aplicação da ferramenta de rastreio QFISHER1515. Cibian AP, Pereira LD. Questionnaire for use in the monitoring of auditory training results. Distúrb. Comun. 2015;27(3):466-78. (Anexo 1 Anexo 1: Questionário Fisher's auditory problems checklist for auditory processing evaluation Escola: _____________________________________________ Ciclo Alfa: ___________________ Data: ____/____/____ Aluno:_______________________________________________________ Professor:_____________________________ O QFISHER identifica o comportamento auditivo na percepção dos professores e fornece dados de dificuldades comportamentais apresentadas no cotidiano. Busca-se estabelecer algumas evidências relevantes que possam indicar sinais de transtornos em relação ao processamento auditivo. O escore total QFISHER é de 24 pontos, sendo um ponto para cada item marcado. Se a marcação dos itens for igual ou superior a 07 itens (28%) é considerado de risco para distúrbio de processamento auditivo e há necessidade de avaliação do processamento auditivo como conduta. INSTRUÇÃO: coloque “x” antes de cada item referente ao comportamento da criança que você observa. ______1. Não presta atenção (escuta) 50% das instruções ou mais vezes. ______2. Não ouve atentamente as instruções - é necessário repetir as instruções muitas vezes. ______3. Diz: “Hein?” e “O que?” pelo menos cinco ou mais vezes. ______4. Não consegue focar em estímulos auditivos por mais de alguns segundos. ______5. Curto período de atenção (verifique o prazo mais adequado): ___ 0-2 minutos; ___ 2-5 minutos; ___ 5-15 minutos; ___ 15-30 minutos ______6. Sonha acordado (desvios de atenção) às vezes. ______7. Se distraí facilmente com sons de fundo. ______8. Dificuldade com os sons da língua.Qual é o método de leitura a ser utilizado? ____________________________ ______9. Problemas com a discriminação dos sons. ______10. Dificuldade em lembrar a sequência que ouviu de um falante. ______11. Esquece o que foi dito em alguns minutos. ______12. Não se lembra de coisas simples da rotina do dia a dia. ______13. Têm problema em recordar o que ouviu na semana passada, no mês, no ano. ______14. Dificuldade em seguir instruções auditivas. ______15. Muitas vezes não entende o que é dito. ______16. Não compreende muitas palavras - conceitos verbais para a idade / série - nível. ______17. Resposta lenta ou demorada para estímulos verbais. ______18. Tem um problema de linguagem (morfologia, sintaxe, vocabulário, fonologia). ______19. Tem o problema da articulação (fonologia - dificuldade com sons de fala expressivos). ______20. Criança não consegue sempre relacionar o que ouviu com o que parece. ______21. Aprende pouco através da audiçao. ______22.Carece de motivação para aprender. O comportamento observado comprova este fato? ___________________ ______23. Desempenho está abaixo da média em uma ou mais área (s). ______24. Dificuldade com a compreensão de leitura. COMENTÁRIO: _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ CATEGORIA QFISHER (9 pontos) Audição QFISHER (5 pontos) Atenção QFISHER (3 pontos) Memória QFISHER (4 pontos) Linguagem QFISHER (3 pontos) Desempenho Escolar Respectivas Questões 2, 3, 8, 9, 10, 14, 17, 20 e 21 1, 4, 5, 6, 7 11, 12, 13 15, 16, 18, 19 22, 23, 24 Soma das Categorias QFISHER - TOTAL *Proposta da análise QFISHER por categoria segundo CIBIAN e PEREIRA (2014). ), com propósito de identificar informações qualitativas do dia a dia do estudante que podem estar relacionadas aos sinais do transtorno do processamento auditivo. Na segunda etapa, os 12 professores que concluíram o curso selecionaram 22 estudantes a partir da ferramenta de rastreio QFISHER. Como critério de exclusão alunos com comorbidades, ou seja, com transtornos cognitivos, distúrbio específico de linguagem (DEL) e transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Os dados sócio demográficos dos professores, evidencia um grupo maduro com idade média de 43,68 anos (DP=7,87), todos do sexo feminino, tempo de docência entre 3 e 26 anos (M=13,22; DP=7,06), 76,67% com especialização, 3,33% com mestrado e 20% com a graduação.

A análise do QFISHER foi realizada segundo critério proposto por Cibian e Pereira1515. Cibian AP, Pereira LD. Questionnaire for use in the monitoring of auditory training results. Distúrb. Comun. 2015;27(3):466-78., considerando a pontuação das cinco subáreas: audição (9 pontos); atenção (5 pontos); memória (3 pontos); linguagem (4 pontos); desempenho escolar (3 pontos). O escore total é de 24 pontos, sendo um ponto para cada item marcado. Se a marcação dos itens for igual ou superior a 07 itens (28%) é considerado de risco para TPA e há necessidade de avaliação clínica do processamento auditivo como conduta. Os casos com pontuação igual ou inferior a 07 pontos foram excluídos da análise por não ser indicativo de risco para TPA.

A análise dos dados foi realizada com o software SPSS, versão 18. Para avaliar o ciclo, a idade, e subáreas do QFISHER dos estudantes foram calculadas as frequências percentuais e construídas as respectivas distribuições de frequência. Ainda, aplicou-se o teste de Qui-Quadrado e Mann-Whitney para comparar o escore entre as faixas etárias avaliadas. Todas as conclusões foram geradas considerando o nível de significância de 5%.

Resultados

Entre os 22 estudantes triados a partir da aplicação do QFIHER, dezenove (86,36%) apresentaram riscos para o TPA e apenas três casos (17%) com escore inferior a 07 pontos, foram excluídos da análise por não fazer parte da classificação de risco para o TPA. Em relação ao perfil sociodemográfico, dos 19 estudantes selecionados que compuseram a amostra, 40,91% foram do gênero masculino e 59,09% do feminino, com a maioria na faixa etária de sete anos e no 1º ciclo de alfabetização. Ainda, observa-se que o teste de comparação de proporção não foi significante, indicando que o número de estudantes que estão no 1º, 2º e 3º ciclo é semelhante, assim como número de estudantes com idade de sete anos e entre oito e nove anos (Tabela 1).

Tabela 1:
Distribuição das variáveis escolaridade e idade dos estudantes com risco para transtorno do processamento auditivo (N=19)

Considerando a classificação geral das cinco subáreas do QFIHER a maior frequência absoluta foi para o desempenho escolar (87,72%), seguido da atenção (62,10%), linguagem (60,53%) e audição (59,65%). Na Tabela 2 a distribuição da mediana foi analisada para melhor compreensão dos valores sem distorções. No geral, os estudantes apresentaram 66,7% do escore total do instrumento QFISHER. Ao comparar o escore percentual do QFISHER entre as faixas etárias, verifica-se que o teste de comparação de proporção não foi significante nos domínios avaliados, indicando que não há diferença significante.

Tabela 2:
Distribuição da mediana do escore total das subáreas avaliadas pelo questionário Fisher’s auditory problems (QFISHER) dos estudantes com risco para transtorno do processamento auditivo (N=19)

Em relação à frequência das questões nas cinco subáreas do QFISHER observa-se que todas foram pontuadas. Chama a atenção para as dificuldades do estudante em lembrar a sequência de períodos curtos de atenção, da distração com sons no ambiente escolar, e falta de atenção nas instruções verbais e além do fato de dificuldades em recordar o que ouviu na semana passada. Outra dificuldade presente foi a não compreensão da mensagem falada. Para a maioria dos estudantes o desempenho escolar está abaixo da média com evidências de dificuldade com a compreensão da leitura (Tabela 3).

Tabela 3:
Distribuição das questões por subáreas do questionário Fisher’s auditory problems (QFISHER) dos estudantes com risco para transtorno do processamento auditivo (N=19)

Com relação às questões abertas, dos 19 estudantes com risco para o TPA, foram excluídos aqueles que não demonstraram dificuldade com os sons da língua (n=8) na questão 8, bem como os que não precisam de motivação para aprender (n=6) na questão 22. Assim, na questão 8 para identificar qual é o método de leitura a ser utilizado pelo professor quando o aluno tem dificuldade com os sons da língua, verifica-se que o método mais utilizado é solicitar ao estudante que repita em voz alta. Já em relação ao comportamento observado em relação a motivação para aprender chama a atenção o grau de desatenção e/ou dispersão do estudante em sala de aula (Tabela 4).

Tabela 4:
Análise das questões abertas do questionário Fisher’s auditory problems (QFISHER)

Em relação aos principais aspectos que direcionaram o professor a selecionar os estudantes para triagem (n=22), os mais prevalentes foram a dispersão e problemas de linguagem (morfologia, sintaxe, vocabulário, inversão na escrita) em sala de aula (Tabela 5).

Tabela 5:
Distribuição dos principais aspectos considerados na triagem dos estudantes com o questionário Fisher’s auditory problems (N=22)

Discussão

Na rede pública, preocupa a alta taxa de não aprovação no 3º ano (etapa típica de aluno de oito anos e final do ciclo de alfabetização) e nas séries introdutórias dos anos finais e do ensino médio44. Brasil. Censo escolar da educação básica 2016: notas estatísticas. Ministério da Educ. 2017;. Associado a este fator, a nova geração de alunos conectados a diferentes tecnologias, sem dúvida vem demandando enorme desafio para a formação dos professores, principalmente para a formação continuada, além de constitui tema atual de grande importância para as políticas públicas na educação pela possibilidade de aprendizagem formal e informal na era digital1616. Tavares V dos S, Melo RB de. Possibilities for formal and informal learning in the digital era: what does the digital native youth think?. Psicol Esc e Educ. 2019;23(1):1-9.. Ao professor cabe à árdua tarefa de identificar às dificuldades dos alunos em sala de aula que levam ao baixo rendimento escolar99. Costa RS. Rastreio de perturbações de comunicação num agrupamento de escolas [thesis]. Aveiro (Portugal): Universidade de Aveiro; 2011..

No presente estudo a ferramenta de triagem utilizada em sala de aula norteou o professor de forma mais dirigida na observação e identificação dos casos com sinais de transtorno do processamento auditivo. Fatores mencionados pelos professores como dispersão e problemas de linguagem (morfologia, sintaxe e vocabulário, inversão na escrita), corroboram com essa afirmação, apesar dos cinco casos selecionados sem sinais de transtornos nas habilidades auditivas típicas do PA como, por exemplo: mãe suspeita de que o menor tem necessidades especiais (encaminhamento para avaliação com neurologista); tem comportamento diferente (grita com barulho, é muito instável emocionalmente); tem dores de ouvido constante; não consegue ser alfabetizado; não executa nenhuma atividade solicitada e quase não fala. Em relação aos casos com comorbidades, infere-se que o professor não fez a distinção para as habilidades de memória e atenção auditiva com aspectos globais para memória e atenção.

Baseado nos resultados pôde-se identificar que a subárea com pior frequência foi o desempenho escolar, dados esperados quando se evidencia o alto índice de desatenção (62,10%), associado ao fraco desempenho na linguagem (60,53%) e no processamento da mensagem ouvida (59,65%). Características comuns em crianças antes da alfabetização como dificuldades em decorar versinhos, aprender canções e contar histórias, fazer rimas e narrativas, dentre outras, podem sinalizar dificuldades no PA.

Com base nesse achado, não se pode descartar que tenha ocorrido um viés de percepção pelos professores. Contudo, considerando que os professores receberam treinamento prévio para a adequada aplicação do instrumento associado ao fato de que estudos anteriores mostram que mesmo sendo aplicado por pais, cuidadores ou fonoaudiólogos tal categoria pode estar prejudicada1313. Fisher L. Fisher's auditory problems checklist. Bemidji, MN Life Prod. 1976.

14. Strange AK, Zalewski TR, Waibel-Duncan MK. Exploring the usefulness of Fisher's Auditory Problems Checklist as a screening tool in relationship to the Buffalo Model Diagnostic Central Auditory Processing Test Battery. J Educ Audiol. 2009;15(1)44-52.
-1515. Cibian AP, Pereira LD. Questionnaire for use in the monitoring of auditory training results. Distúrb. Comun. 2015;27(3):466-78., é provável que não tenha ocorrido.

Segundo Martins, Pinheiro e Blasi1717. Martins JS, Pinheiro MMC, Blasi HF. A utilização de um software infantil na terapia fonoaudiológica de distúrbio do processamento auditivo central. Rev. Soc Bras Fonoaudiol. 2008;13(4):398-404., o TPA afeta a interpretação dos padrões sonoros e pode prejudicar a compreensão das informações, alterações no comportamento e, em consequência, o fracasso escolar. São as habilidades auditivas que nos auxiliam entender a fala mesmo quando a qualidade sonora é ruim, a permanecer escutando num certo período de tempo, determina se dois estímulos sonoros são iguais ou diferentes, identifica a direção e a distância da fonte sonora, bem como estabelece a correspondência entre um som, suas fontes e seus significados88. Bellis TJ. Assessment and management of central auditory processing disorders in the educational setting: from science to practice. Plural Publishing; 2011..

Em relação à oitava questão aberta, o método de leitura utilizado nesta população chama atenção à adesão a métodos que envolvam a participação do estudante na leitura pronunciada, seja ela contínua ou silabada. Segundo Pinheiro e Rothe-Neves1717. Martins JS, Pinheiro MMC, Blasi HF. A utilização de um software infantil na terapia fonoaudiológica de distúrbio do processamento auditivo central. Rev. Soc Bras Fonoaudiol. 2008;13(4):398-404., esse método propicia a criança pistas de associação grafema-fonema assim como oferece informações sobre os efeitos de variação do número de letras (efeito de comprimento) na leitura, variação dos níveis de familiaridade de palavras sobre a leitura e a escrita, e envolvimento do processo semântico. A carência de motivação para aprender foi evidenciada pelo comportamento de dispersão em sala de aula, trazendo novamente o fator atenção como importante componente no processo de aprendizagem. Segundo Moraes1818. Moraes CR, Varela S. Motivação do estudante durante o processo de ensino-aprendizagem. Rev Eletrônica Educ. 2007;1(1):1-15., a atenção é mantida pelo interesse em algo que deseja, sendo motivo suficiente para vencer as resistências. Sendo assim, o professor pode aderir a estratégias que despertem o interesse da criança.

Neste estudo, a falta de atenção foi verificada com maior ocorrência para curtos períodos de atenção, facilidade de distração com os sons de fundo, além de pouca atenção para a escuta. Conforme Larimer1919. Larimer MP. Attention deficit hyperactivity disorder (ADHD) research developments. Nova Publishers; 2005., com relação à atenção, a criança com TPA apresenta uma alteração restrita à atenção auditiva. Esse quadro acentua as dificuldades diárias no processo de comunicação oral, além dos prejuízos acadêmicos, é comum que esses indivíduos tenham algum tipo de dificuldade de adaptação social.

Para a categoria de linguagem foi verificada maior prevalência de “muitas vezes não entende o que é dito”. A relação causal entre os problemas de linguagem e TPA sobretudo em nível da compreensão da linguagem oral confirmada em alguns estudos 2020. De Araujo ECM, Guimarães FF. Auditory processing disorder x reading and writing difficulty: is there a relationship? Rev Pós-Graduação do Cent Univ Cid Verde. 2018;4(1):1-15.,2121. dos Santos MS, dos Santos SS, Lourinho LA. The importance of early identification of central auditory processing disorder and its interferences in learning. Res Soc Dev. 2020;9(9):1-17., concorda e explica esse achado. Características que levam a dificuldades de codificação dos sons podem se associar às alterações de leitura e escrita, como nas desordens fonológicas, cuja trocas de letras com sons parecidos (surdos e sonoros) ou a inversão de letras, dificuldades podem acompanhar outras alterações no processamento auditivo33. Gonçalves-Guedim TF, Capelatto IV, Salgado-Azoni CA, Ciasca SM, Crenitte PAP. Performance of children with attention deficit hyperactivity disorder in phonological processing, reading and writing. Rev. CEFAC. 2017;19(2):242-52.,55. Wiemes GRM, Kozlowski L, Mocellin M, Hamerschmidt R, Schuch LH, Wiemes GRM et al. Potencial evocado cognitivo e desordem de processamento auditivo em crianças com distúrbios de leitura e escrita. Braz J Otorhinolaryngol. 2012;78(3):91-7.,2020. De Araujo ECM, Guimarães FF. Auditory processing disorder x reading and writing difficulty: is there a relationship? Rev Pós-Graduação do Cent Univ Cid Verde. 2018;4(1):1-15..

Com relação aos resultados evidenciados para memória, o item com maior frequência foi: “tem problema em recordar o que ouviu na semana passada, no mês, no ano”, seguido do item “esquece o que foi dito em alguns minutos”. Este dado evidencia o comprometimento da memória auditiva em indivíduos com sinais do distúrbio do processamento auditivo. Segundo Pires, Mota e Pinheiro2222. Pires MM, Mota MB, Pinheiro MMC. The memory systems of children with (central) auditory disorder. CoDAS. 2015;27(4):326-32., crianças com TPA e dificuldades na consciência fonológica também apresentam alterações nos aspectos cognitivos como sistemas de memória de trabalho, declarativa e procedural. As habilidades auditivas ainda auxiliam na memória sequenciada e na organização de estímulos auditivos para o planejamento de respostas.

Segundo Moore2323. Moore DR. Auditory processing disorder (APD): Definition, diagnosis, neural basis, and intervention. Audiol Med. 2006;4(1):4-11., a função auditiva central vai além de um mapa do sistema nervoso central para a porção auditiva, envolve um processo complexo de transformações do som na cóclea, vias eferentes e de processamento no cérebro, além do papel das estruturas fora do lobo temporal posterior, para que ocorra o entendimento da mensagem falada “ouvir, e escutar”. Para que a aprendizagem ocorra de maneira satisfatória é importante, portanto, que haja uma completa sintonia de fatores biopsicossociais promovendo condições favoráveis a tal processo. Quando a aprendizagem não ocorre de forma satisfatória, devem-se considerar as diversas causas que podem tê-la prejudicado, assim como compreendê-las para buscar soluções1515. Cibian AP, Pereira LD. Questionnaire for use in the monitoring of auditory training results. Distúrb. Comun. 2015;27(3):466-78..

Recomenda-se, a inclusão de um programa de educação permanente para os professores da rede Municipal de Ensino do Recife sobre a temática das habilidades auditivas e sua relação com a aprendizagem.

Conclusão

Os resultados da presente pesquisa demonstraram que o QFISHER pode identificar alterações comportamentais sugestivas de TPA, ampliando a possibilidade de intervenções precoces no estudante. A utilização do QFISHER no estudo pelo professor permitiu uma percepção mais efetiva das informações qualitativas do dia a dia do estudante que podem estar relacionadas aos sinais do transtorno do processamento auditivo.

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  • Trabalho desenvolvido no curso de Graduação em Fonoaudiologia da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, Recife, Pernambuco, Brasil.

Anexo 1: Questionário Fisher's auditory problems checklist for auditory processing evaluation

Escola: _____________________________________________ Ciclo Alfa: ___________________ Data: ____/____/____

Aluno:_______________________________________________________ Professor:_____________________________

O QFISHER identifica o comportamento auditivo na percepção dos professores e fornece dados de dificuldades comportamentais apresentadas no cotidiano. Busca-se estabelecer algumas evidências relevantes que possam indicar sinais de transtornos em relação ao processamento auditivo. O escore total QFISHER é de 24 pontos, sendo um ponto para cada item marcado. Se a marcação dos itens for igual ou superior a 07 itens (28%) é considerado de risco para distúrbio de processamento auditivo e há necessidade de avaliação do processamento auditivo como conduta.

INSTRUÇÃO: coloque “x” antes de cada item referente ao comportamento da criança que você observa.

______1. Não presta atenção (escuta) 50% das instruções ou mais vezes.

______2. Não ouve atentamente as instruções - é necessário repetir as instruções muitas vezes.

______3. Diz: “Hein?” e “O que?” pelo menos cinco ou mais vezes.

______4. Não consegue focar em estímulos auditivos por mais de alguns segundos.

______5. Curto período de atenção (verifique o prazo mais adequado): ___ 0-2 minutos; ___ 2-5 minutos; ___ 5-15 minutos; ___ 15-30 minutos

______6. Sonha acordado (desvios de atenção) às vezes.

______7. Se distraí facilmente com sons de fundo.

______8. Dificuldade com os sons da língua.Qual é o método de leitura a ser utilizado? ____________________________

______9. Problemas com a discriminação dos sons.

______10. Dificuldade em lembrar a sequência que ouviu de um falante.

______11. Esquece o que foi dito em alguns minutos.

______12. Não se lembra de coisas simples da rotina do dia a dia.

______13. Têm problema em recordar o que ouviu na semana passada, no mês, no ano.

______14. Dificuldade em seguir instruções auditivas.

______15. Muitas vezes não entende o que é dito.

______16. Não compreende muitas palavras - conceitos verbais para a idade / série - nível.

______17. Resposta lenta ou demorada para estímulos verbais.

______18. Tem um problema de linguagem (morfologia, sintaxe, vocabulário, fonologia).

______19. Tem o problema da articulação (fonologia - dificuldade com sons de fala expressivos).

______20. Criança não consegue sempre relacionar o que ouviu com o que parece.

______21. Aprende pouco através da audiçao.

______22.Carece de motivação para aprender. O comportamento observado comprova este fato? ___________________

______23. Desempenho está abaixo da média em uma ou mais área (s).

______24. Dificuldade com a compreensão de leitura.

COMENTÁRIO:

_______________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________

CATEGORIA QFISHER (9 pontos) Audição QFISHER (5 pontos) Atenção QFISHER (3 pontos) Memória QFISHER (4 pontos) Linguagem QFISHER (3 pontos) Desempenho Escolar Respectivas Questões 2, 3, 8, 9, 10, 14, 17, 20 e 21 1, 4, 5, 6, 7 11, 12, 13 15, 16, 18, 19 22, 23, 24 Soma das Categorias QFISHER - TOTAL

*Proposta da análise QFISHER por categoria segundo CIBIAN e PEREIRA (2014).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Nov 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    02 Jul 2021
  • Aceito
    28 Set 2021
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