Resumos
Três ensaios foram realizados com o objetivo de determinar a exigência de arginina digestível e a relação arginina:lisina digestível para frangos, machos, Avian Farm nas fases de 1 a 20, de 24 a 38 e de 44 a 56 dias de idade. Os experimentos foram conduzidos em delineamento inteiramente casualizado com cinco níveis de arginina digestível, seis repetições e 20 aves por boxe nas fases de 1 a 20 e de 24 a 38 dias de idade e 16 aves por boxe na fase de 44 a 56 dias de idade. Os níveis de arginina digestível utilizados nas diferentes fases foram: de 1 a 20 dias de idade, 1,10 a 1,34% (aumento de 0,061 entre tratamentos); de 24 a 38 dias de idade, 1,083 a 1,296% (aumento de 0,053); e de 44 a 56 dias de idade, 0,96 a 1,148% (aumento de 0,047). No final de cada experimento foram avaliadas as características de desempenho e o rendimento de carcaça. Houve efeito quadrático para ganho de peso e conversão alimentar na fase de 1 a 20 dias de idade. O valor da exigência nutricional de arginina digestível (total), estimado na fase de 1 a 20 dias de idade, foi de 1,22% (1,31% total), correspondendo a uma relação arginina:lisina digestível de 105%, de acordo com os resultados de ganho de peso e o modelo descontínuo. Não houve efeito dos níveis de arginina sobre as características de desempenho e de cortes nobres, sugerindo que o nível de arginina digestível de 1,083 (1,155% total), correspondente a uma relação de 102%, foi suficiente para maximizar o desempenho na fase de 24 a 38 dias. No período de 44 a 56 dias, não houve efeito dos níveis de arginina digestível sobre as características de desempenho e de cortes nobres, indicando que o nível de treonina digestível de 0,960% (1,026% total), correspondente a uma relação de 102%, foi suficiente para maximizar o desempenho.
aminoácidos; arginina; exigências; frangos de corte
Three experiments were conducted to determine the arginine requirement and the digestible arginine:lysine ratio of broiler males, from 1 to 20, 24 to 38 and 44 to 56 days of age. A completely randomized design with five levels of arginine, six replicates and 20 birds per pens from 1 to 20 and 24 to 38, and 16 birds per pens from 44 to 56 were used in each experiment. The concentrations of digestible arginine were 1.10-1.34 (increase of 0,061), 1.083-1.296 (increase of 0,053) and 0,96-1,148% (increase of 0,047) for 1-20, 24-38 and 44-56 days of age respectively. At the end of each experiment performance and carcass yield were evaluated. Body weight gain and feed conversion responded quadratically to increasing levels of digestible arginine in the first phase. Using the broken line model, the requirement of digestible arginine and the ratio of digestible arginine:lysine for the first phase were 1,22% (1,31% total) and 105%, respectively, according to the results of body weight gain. No statistical difference in the second and third phases (24-38 days old and 44-56 days old, respectively) showed that the lowest level of digestible arginine of 1,083% (1,155% total) and 0,960% (1,026) met the birds requirement. These levels corresponded to a ratio of 102% in both phases.
amino acid; arginine; broilers; requirement
MONOGÁSTRICOS
Exigência de arginina digestível para frangos de corte machos em diferentes fases1 1 Parte da tese de Doutorado do primeiro autor à UFV
Arginine requirement of male broiler chicks in different phases of development
Anel AtencioI; Luiz Fernando Teixeira AlbinoII; Horacio Santiago RostagnoII; Débora Cristine de Oliveira CarvalhoIII; Flávio Medeiros VieitesI; Júlio Maria Ribeiro PupaI
IDoutor em Zootecnia. E.mail: anel@uga.edu
IIProfessor do DZO/UFV
IIIEstudante de Doutorado/UFV
RESUMO
Três ensaios foram realizados com o objetivo de determinar a exigência de arginina digestível e a relação arginina:lisina digestível para frangos, machos, Avian Farm nas fases de 1 a 20, de 24 a 38 e de 44 a 56 dias de idade. Os experimentos foram conduzidos em delineamento inteiramente casualizado com cinco níveis de arginina digestível, seis repetições e 20 aves por boxe nas fases de 1 a 20 e de 24 a 38 dias de idade e 16 aves por boxe na fase de 44 a 56 dias de idade. Os níveis de arginina digestível utilizados nas diferentes fases foram: de 1 a 20 dias de idade, 1,10 a 1,34% (aumento de 0,061 entre tratamentos); de 24 a 38 dias de idade, 1,083 a 1,296% (aumento de 0,053); e de 44 a 56 dias de idade, 0,96 a 1,148% (aumento de 0,047). No final de cada experimento foram avaliadas as características de desempenho e o rendimento de carcaça. Houve efeito quadrático para ganho de peso e conversão alimentar na fase de 1 a 20 dias de idade. O valor da exigência nutricional de arginina digestível (total), estimado na fase de 1 a 20 dias de idade, foi de 1,22% (1,31% total), correspondendo a uma relação arginina:lisina digestível de 105%, de acordo com os resultados de ganho de peso e o modelo descontínuo. Não houve efeito dos níveis de arginina sobre as características de desempenho e de cortes nobres, sugerindo que o nível de arginina digestível de 1,083 (1,155% total), correspondente a uma relação de 102%, foi suficiente para maximizar o desempenho na fase de 24 a 38 dias. No período de 44 a 56 dias, não houve efeito dos níveis de arginina digestível sobre as características de desempenho e de cortes nobres, indicando que o nível de treonina digestível de 0,960% (1,026% total), correspondente a uma relação de 102%, foi suficiente para maximizar o desempenho.
Palavras-chave: aminoácidos, arginina, exigências, frangos de corte
ABSTRACT
Three experiments were conducted to determine the arginine requirement and the digestible arginine:lysine ratio of broiler males, from 1 to 20, 24 to 38 and 44 to 56 days of age. A completely randomized design with five levels of arginine, six replicates and 20 birds per pens from 1 to 20 and 24 to 38, and 16 birds per pens from 44 to 56 were used in each experiment. The concentrations of digestible arginine were 1.10-1.34 (increase of 0,061), 1.083-1.296 (increase of 0,053) and 0,96-1,148% (increase of 0,047) for 1-20, 24-38 and 44-56 days of age respectively. At the end of each experiment performance and carcass yield were evaluated. Body weight gain and feed conversion responded quadratically to increasing levels of digestible arginine in the first phase. Using the broken line model, the requirement of digestible arginine and the ratio of digestible arginine:lysine for the first phase were 1,22% (1,31% total) and 105%, respectively, according to the results of body weight gain. No statistical difference in the second and third phases (24-38 days old and 44-56 days old, respectively) showed that the lowest level of digestible arginine of 1,083% (1,155% total) and 0,960% (1,026) met the birds requirement. These levels corresponded to a ratio of 102% in both phases.
Key words: amino acid, arginine, broilers, requirement
Introdução
No passado, as dietas para aves eram formuladas com base na proteína bruta, o que podia resultar em grandes perdas energéticas e econômicas, principalmente quando ocorriam desbalanços na relação dos aminoácidos. O excesso de proteína ou desbalanço entre os aminoácidos (essenciais e não-essenciais) é catabolizado e excretado na forma de ácido úrico. O custo metabólico para incorporar um aminoácido em uma cadeia protéica é de 4 mol de ATP e para eliminá-lo, de 6 mol de ATP/g de N (Mc Leod, 1997).
Atualmente, recomenda-se formular dietas com aminoácidos na proporção ideal, de modo que não existam deficiências ou excessos. Contudo, para uma proteína ou combinação de proteína ser considerada ideal, todos os 20 aminoácidos devem estar presentes na dieta em níveis exatos, para máxima deposição de proteína e mantença (Parsons & Baker,1994).
Vários estudos têm sido realizados com o objetivo de determinar as exigências de arginina, quinto aminoácido limitante nas dietas com milho e farelo de soja para frangos de corte após metionina + cistina, lisina, treonina e triptofano. Burton & Waldroup (1997) encontraram exigência de arginina total de 1,40% em frangos de corte de 1 a 28 dias de idade, recebendo dieta com 21% de proteína bruta. Costa et al. (2001), utilizando frangos de corte machos Ross de 22 a 42 dias de idade e sete relações arginina: lisina, variando de 95 a 132,5%, não observaram efeito do nível de arginina sobre as características de desempenho, entretanto, à medida que aumentou a relação arginina:lisina, houve efeito linear crescente, para rendimento de perna, e linear decrescente, para gordura abdominal.
Mack et al. (1999) sugerem relação arginina:lisina de 112% para a fase de 20 a 40 dias, enquanto Rostagno et al. (2000) recomendam valores de exigência de arginina total de 1,37 (1,28% digestível), 1,25 (1,16% digestível) e 1,10% (1,02 digestível) para as fases de 1 a 21, 22 a 42 e 43 a 56 dias de idade, respectivamente.
De acordo com as recomendações supracitadas em relação a argina:lisina, constata-se que ainda existem controvérsias quanto às exigências de arginina. Por isso, este trabalho foi realizado com os objetivos de determinar as exigências de arginina digestível para frangos de corte machos, Avian Farm, nas diferentes fases de criação, e calcular as respectivas relações arginina:lisina digestível.
Material e Métodos
A presente pesquisa foi conduzida na Seção de Avicultura do Departamento de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Viçosa, utilizando-se frangos de corte da linhagem Aviam Farm.
Foram realizados três experimentos no período de 20/05/2001 a 15/07/2002, em um galpão de alvenaria, com pé direito de 3,0 metros de altura, cobertura com telhas de cimento amianto provido de lanternim, mureta com laterais de 0,50 m e tela de ½''. Foram empregados boxes de 1,25 x 1,80 m (2,25 m2) com piso de cimento, onde foi colocada maravalha como cama (altura de 10 cm).
As condições ambientais foram monitoradas diariamente, cinco vezes ao dia (7, 10, 13, 16 e 19 h), durante os diferentes períodos experimentais, por meio de termômetros de máxima e mínima, de bulbo seco e úmido e de globo negro.
Os aminoácidos sintéticos HCl-lisina (99%), DL-metionina (99%), L-treonina (98,5%) e L-arginina (99%) foram suplementados em quantidades necessárias para atender o padrão de perfil de aminoácido recomendado pela literatura. Para a suplementação dos aminoácidos sintéticos nas respectivas rações, foi considerada a digestibilidade de cada aminoácido de 97,91; 98,9; 92,4; e 95%, respectivamente, segundo recomendações de Rostagno et al.(2000).
Carbonato de potássio foi adicionado às dietas experimentais nas diferentes fases, com o objetivo de manter o equilíbrio eletrolítico próximo do valor sugerido por Mongin (1981), de acordo com a seguinte fórmula: equilíbrio eletrolítico da dieta = (%Na+ x 100/22,990*) + (% K+ x 100/39,102*) - (%Cl- x100/35,453*). * Equivalente grama do Na+, K+ ou Cl-, respectivamente.
No primeiro experimento (1 a 20 dias de idade), utilizaram-se 600 pintos de corte, machos, com um dia de idade e peso médio de 45 g.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, totalizando cinco tratamentos, com seis repetições e 20 aves por unidade experimental.
A dieta basal deficiente em arginina (Tabela 1) foi formulada segundo as recomendações de Rostagno et al. (2000), exceto para a relação dos aminoácidos metionina+cistina, treonina, triptofano, arginina e glicina. A lisina digestível foi escolhida como padrão (100%) e o nível nas dietas experimentais foi de 1,160%. O perfil de aminoácidos adotado para testar as recomendações de alguns autores, na dieta com proteína ideal foi de 71% para metionina + cistina (Rostagno et al., 2000), 67% para treonina (Baker & Han, 1994), 105% para arginina (Baker & Han, 1994), 19% para triptofano (5% superior ao recomendado por Baker & Han, 1994) e 170% para glicina+serina total/lisina digestível (Schutte et al., 1997).
A dieta basal deficiente em arginina, com relação arginina:lisina digestível de 95%, recebeu suplementação de L-arginina (99%), para se obterem perfis de 100, 105 (nível recomendado por Rostagno et al., 2000), 110 e 115%, correspondentes a níveis de arginina digestível de 1,10; 1,218; 1,276; 1,334; e 1,392% por kg da dieta e níveis de arginina total de 1,180; 1,241; 1,302; 1,363 e 1,424% por kg de dieta.
As suplementações com L-arginina foram feitas em substituição ao ácido glutâmico, mantendo as dietas isoenergéticas (3.050 kcal de energia metabolizável) e ligeiramente isonitrogênicas (21,9% de proteína bruta), uma vez que a arginina fornece três vezes mais N que o ácido glutâmico e a substituição foi peso/peso, e não pelo aporte de N.
As dietas basais receberam adição de carbonato de potássio, para manter o equilíbrio eletrolítico da dieta em 177 meq/kg de ração.
Nos cinco primeiros dias do experimento, foram instalados bebedouros de pressão e comedouros tipo bandeja, substituídos posteriormente por bebedouros pendulares e comedouros tubulares. As aves receberam água e ração ad libitum.
Aos 20 dias de idade, as aves e as sobras de ração de cada boxe foram pesadas para avaliação do ganho de peso, do consumo de ração e da conversão alimentar.
A umidade relativa do ar média observada durante o período experimental foi de 73±7,8%; o ITGU, de 72±3; e a temperatura, de 23°C, sendo a média das mínimas de 19°C e a média das máximas de 27°C.
No segundo experimento (24 a 38 dias de idade), foram utilizados 600 frangos de corte, machos, com 24 dias de idade e peso médio de 930 gramas. Durante a fase inicial (1 a 24 dias), as aves receberam ração comercial à base de milho e de farelo de soja, formulada para atender às exigências nutricionais das aves em proteína, energia, cálcio e fósforo, segundo Rostagno et al. (2000).
O delineamento experimental foi semelhante ao utilizado na fase de 1 a 20 dias de idade. A dieta basal (Tabela 2) deficiente em arginina, com relação arginina:lisina digestível de 102%, foi suplementada com L-arginina (99%), em substituição ao ácido glutâmico, para se obterem perfis de 107, 112 (nível recomendado por Mack et al., 1999), 117 e 122%, correspondentes a níveis de arginina digestível nas dietas de 1,083; 1,136; 1,189; 1,243; e 1,296% e níveis de arginina total de 1,155; 1,211; 1,267; 1,323; e 1,379%, respectivamente.
As dietas experimentais foram formuladas conforme recomendações de Rostagno et al. (2000), exceto para o perfil de aminoácidos. O nível de lisina digestível em todas as dietas experimentais foi de 1,062%, considerado padrão (100%). O nível de energia das dietas foi de 3.150 kcal de EM e 19,85% de PB. O perfil de aminoácidos utilizado foi de 75% para metionina + cistina (Mack et al., 1999), 68% para treonina (Emmert & Baker, 1997), 19% triptofano (Mack et al., 1999) e 170% Glicina+Serina total/lisina digestível.
Todas as dietas, para os diferentes tratamentos, foram isonitrogênicas e isoprotéicas. O equilíbrio eletrolítico foi de 168 mEq/kg de dieta. No segundo experimento, foram utilizados bebedouros pendulares e comedouros tubulares. As aves receberam água e ração ad libitum.
No final do experimento (38 dias de idade), as aves e as sobras de ração de cada boxe foram pesadas, para avaliação do consumo de ração, do ganho de peso e da conversão alimentar. No mesmo dia, duas aves, com peso médio das aves de cada boxe, foram abatidas para determinação do rendimento de carcaça e do peso absoluto dos cortes nobres (peito, filé de peito e perna). O rendimento de carcaça foi obtido de carcaças evisceradas, sem cabeça, pescoço e pés.
A umidade relativa do ar média observada durante o período (do 24o ao 38o dia) do experimento foi de 72±5,8%; o ITGU, de 69±2; e a temperatura, de 20,7°C, sendo as médias das mínimas de 15,5°C e das máximas, de 26°C.
No terceiro experimento (44 a 56 dias de idade), utilizaram-se 480 frangos de corte, machos, com 44 dias de idade e peso médio de 2661 gramas.
As aves nesta fase receberam duas rações: uma na fase inicial (1 a 24 dias de idade) e outra na fase de crescimento (24 a 44 dias dias de idade). Ambas as rações eram à base de milho e de farelo de soja, formuladas para atender às exigências nutricionais das aves em proteína, energia, cálcio e fósforo, segundo Rostagno et al. (2000).
O delineamento experimental foi semelhante ao dos experimentos anteriores (1 a 21) e (24 a 38 dias de idade), contudo, nesta fase, foram utilizadas 16 aves por boxe. A dieta basal (Tabela 3) deficiente em arginina, com relação arginina:lisina de 102%, foi suplementada com L-arginina (99%), em substituição ao ácido glutâmico, para se obterem perfis de 107, 112, 117 e 122%, correspondentes a níveis de arginina digestível nas dietas de 0,960; 1,007; 1,054; 1,101; e 1,148% e níveis de arginina total de 1,026; 1,077; 1,128; 1,179; e 1,230%.
A dieta basal (17,85% de proteína bruta e 3.200 kcal de energia metabolizável) foi formulada de acordo com as recomendações de Rostagno et al. (2000), exceto para o perfil de aminoácidos, que foi o mesmo adotado na fase de 24 a 38 dias. O nível de lisina digestível em todas as dietas experimental foi de 0,941%, considerado padrão (100%). Todas as dietas para os diferentes tratamentos eram isonitrogênicas e isoprotéicas. O equilíbrio eletrolítico foi de 170 mEq/kg de dieta. Nesta fase, foram utilizadas as mesmas metodologias e características de avaliação adotadas no período de 24 a 38 dias de idade.
A umidade relativa do ar média observada no terceiro experimento foi de 70±5%; o ITGU, de 67±2; a temperatura, de 18,7°, sendo as médias das mínimas de 13°C e das máximas, de 24,5°C.
Na Tabela 4, encontra-se o resumo dos níveis calculados de proteína bruta, lisina digestível e de arginina digestível utilizados nos três ensaios.
Os resultados das características estudadas foram submetidos às análises de variância e de regressão (modelos linear, quadrático e descontínuo), para determinação das exigências.
Os modelos foram escolhidos com base na significância dos coeficientes de regressão, utilizando-se o teste F, a 5% de probabilidade. O coeficiente de determinação foi calculado dividindo a Soma de Quadrado da regressão pela Soma de Quadrado do tratamento. Para realizar as análises estatísticas, empregou-se o programa estatístico SAS (1996).
Resultados e Discussão
Os valores médios de consumo de ração, de ganho de peso, de conversão alimentar e do coeficiente de variação (CV) para a fase de 1 a 20 dias de idade, de acordo com os níveis de arginina na ração e a relação arginina:lisina digestível, são apresentados na Tabela 5.
Não houve efeito sobre o consumo de ração, todavia, o ganho de peso e a conversão alimentar apresentaram resposta quadrática significativa.
A Figura 1 ilustra os valores de exigências encontrados pelos modelos quadrático e descontínuo para o ganho de peso. Com modelo quadrático, observou-se exigência de 1,27% de arginina digestível e com o modelo descontínuo, de 1,22%.
A Figura 2 ilustra os valores de exigências obtidos pelos modelos quadrático e descontínuo para conversão alimentar. Pelo modelo quadrático, observou-se exigência de 1,28% de arginina digestível e com o modelo descontínuo, de 1,23%. Deve-se ressaltar que o valor de exigência de arginina total registrado pelo modelo descontínuo foi de 1,31 e 1,32%, respectivamente, para ganho de peso e conversão alimentar.
Observa-se que os valores de exigência de arginina digestível para ganho de peso (1,22%) e conversão alimentar (1,23%), pelo modelo descontínuo, foram ligeiramente semelhantes, correspondendo a uma relação arginina:lisina digestível de 105% idêntica à recomendada (105%) por Baker & Han (1994) e Rostagno et al. (2000).
Labadan et al. (2001), em experimentos com frangos de corte (machos Ross x fêmeas Avian), encontraram exigências de arginina total para as duas primeiras semanas de vida de 1,24 e 1,28%, respectivamente, para ganho de peso e conversão alimentar, valores inferiores aos de arginina total (1,31%), obtidos neste experimento, para ganho de peso e conversão alimentar (1,32%), adotando o mesmo modelo.
Chamruspollert et al. (2001) registraram exigência de arginina total de 1,26%, para ganho de peso, e de 1,27%, para conversão alimentar, utilizando pintos de corte Ross de 1 a 21 dias de idade, sob temperatura controlada de 25°C. Porém, a 35°C, os valores de exigência foram de 1,15% para ganho de peso e 1,13% para conversão alimentar. Os valores encontrados a 25°C foram mais próximos aos de arginina total estimados neste experimento, empregando o mesmo modelo estatístico. Ressalta-se que a temperatura média neste experimento foi de 23°C, em ambiente não-controlado.
As médias de ganho de peso, do consumo de ração e de conversão alimentar, para a fase de 24 a 38 dias de idade, são apresentadas na Tabela 6 e as médias de rendimento de carcaça, de peso absoluto do peito, de peso absoluto do filé e de peso absoluto da perna (coxa e sobrecoxa), na Tabela 7.
Não se observou efeito do nível de arginina sobre qualquer característica avaliada, sugerindo que o nível de 1,083% de arginina digestível (1,155% de arginina total), correspondente à relação arginina:lisina digestível de 102%, pode ser suficiente para maximizar o desempenho e a produção de cortes nobres de machos alimentados com dietas contendo 19,9% de proteína bruta. O desempenho zootécnico com o menor nível de arginina digestível (1,083%) apresentou o pior resultado de conversão alimentar, e de pesos absolutos do filé e da perna.
Os resultados de desempenho verificados durante esse período estão de acordo com Costa et al. (2001), que não observaram efeito para as características de desempenho em frangos de corte machos (Ross), na fase de 22 a 42 dias de idade, utilizando relação de arginina:lisina variando de 95 a 132,5% e níveis de lisina digestível de 1,05%.
A relação arginina:lisina digestível (102%) obtida neste experimento diverge da recomendada por Mack et al. (1999) e Rosatgno et al. (2000), de 112 e 108%, respectivamente. Rostagno et al. (2000) sugerem 1,23% de arginina total para dietas com 3.150 kcal/kg de energia metabolizável e 1,17% de lisina total.
A dieta com o menor nível de arginina digestível (1,083%) apresentou concentração de arginina total calculada de 1,16%, nível superior ao de arginina total (1,10%) recomendado pelo NRC (1994), para a fase de 3 a 6 semanas de idade, em dietas com 3.200 kcal/kg de energia metabolizável e 1,00% de lisina total.
Labadan et al. (2001), trabalhando com frangos de corte, encontraram exigência de arginina total para a fase de 3 a 6 semanas de idade, pelo modelo descontínuo, de 0,92% para ganho de peso, 0,97% para produção de peito e 0,95% para conversão alimentar, portanto, inferior ao menor nível de arginina total utilizado neste experimento.
As características de desempenho e peso absoluto dos cortes não diferiram significativamente com a adição crescente de arginina, comprovando que os menores níveis de arginina nesta fase estavam dentro das exigências, o que impossibilitou o cálculo do valor de exigência com base em modelos de regressão.
As médias de ganho de peso, de consumo de ração e de conversão alimentar, para a fase de 44 a 56 dias de idade, são apresentadas na Tabela 8, enquanto as médias de rendimento de carcaça, de peso absoluto do peito, de peso absoluto do filé e de peso absoluto da perna se encontram na Tabela 9.
Não se observou efeito do nível de arginina sobre qualquer característica avaliada, sugerindo que o nível de 0,960% de arginina digestível (1,026% de arginina total), correspondente à relação arginina:lisina digestível de 102%, pode ser suficiente para maximizar o desempenho e a produção de cortes nobres. A dieta com o maior nível de arginina digestível apresentou o pior resultado para ganho de peso e conversão alimentar, provavelmente em razão do elevado nível de arginina tenha, visto que o excesso de aminoácido proporciona maior gasto de energia para sua biotransformação e eliminação.
A relação arginina:lisina digestível de 102% registrada contraria a de 109% sugerida por Rostagno et al. (2000).
A dieta com menor nível de arginina digestível apresentou 1,026% de arginina total, valor superior ao recomendado pelo NRC (1994), de 1,00%, para dieta com 3.200 kcal/kg de energia metabolizável e nível de lisina total de 0,85%.
A ausência de efeitos nas características de desempenho, nas fases de 24 a 38 e 44 a 56 dias de idade, talvez tenha sido resultado do aumento no consumo de ração, uma vez que os experimentos foram conduzidos sob baixas temperaturas. De acordo com o Manual da Avian Farm (1998), o consumo de ração para frangos machos na fase de 24 a 38 dias de idade é de 2,099 kg, portanto, inferior ao consumo de ração médio de 2,260 kg observado neste experimento. Em dias frios, o consumo de ração aumenta, ocasionando maior consumo de arginina (em gramas), o que pode resultar em níveis de exigência (% da dieta) inferiores.
Conclusões
Nas condições do presente experimento, as exigências de arginina digestível nos períodos de 1 a 20, 24 a 38 e 44 a 56 dias foram de 1,22 (1,31% Arg. total), 1,083 (1,155% Arg. total) e 0,960% (1,026% Arg. total), respectivamente, o que corresponde a uma relação arginina:lisina digestível de 105, 102 e 102%.
Literatura Citada
AVIAN FARMS. Broiler manual. In: http://www.avianfarms.com. Avian Farms International, Inc., 1998, 34p.
Recebido em: 19/02/03
Aceito em: 04/02/04
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
22 Ago 2005 -
Data do Fascículo
Dez 2004
Histórico
-
Aceito
04 Fev 2004 -
Recebido
19 Fev 2003