Resumos
Este estudo foi conduzido para avaliar as exigências de treonina digestível nas rações de leitoas no período de 30 60 kg, mantidas em ambiente termoneutro. Setenta leitoas, mestiças, com peso inicial de 30,0 ± 0,61 kg, foram distribuídas em delineamento experimental de blocos ao acaso, com cinco tratamentos (níveis de treonina digestível), sete repetições e dois animais por unidade experimental. Os tratamentos corresponderam aos níveis de 0,50; 0,53; 0,56; 0,60 e 0,63% de treonina digestível. Não houve efeito dos níveis de treonina digestível sobre o ganho de peso diário dos animais. A conversão alimentar melhorou, de forma quadrática, com os níveis de treonina digestível e o modelo Linear Response Plateau estimou em 0,52% o nível do aminoácido, a partir do qual a conversão não variou. O consumo de ração diário reduziu com o aumento linear da ingestão de treonina digestivel. A deposição de gordura reduziu de forma linear, enquanto a de proteína não variou com o aumento de treonina digestivel. Os pesos absoluto e relativo dos rins e o absoluto do intestino aumentaram de forma quadrática com os níveis de treonina digestível. No entanto, o peso relativo do intestino aumentou de forma linear. Concluiu-se que o nível calculado de 0,52% de treonina digestível, correspondente a um consumo diário de 9,18 g e a uma relação com a lisina digestível de 63%, proporcionou melhor conversão alimentar para leitoas mantidas em ambiente termoneutro dos 30 aos 60 kg.
desempenho; leitoas; relação treonina digestível; termoneutralidade
This study was carried out to evaluate the requirement of digestible threonine in diets of gilts from 30 to 60 kg, maintained thermoneutral environment. Seventy crossbreed gilts with an initial weight of de 30.0 ± 0.61 kg were used in a randomized blocks design, with five treatments (levels of digestible threonine), seven replicates and two animals per experimental unity. The treatments corresponded of the levels of 0.50; 0.53; 0.56; 0.60; and 0.63% of digestible threonine. No effect was observed of digestible threonine level on daily weight gain of animals. Feed:gain ratio improved in a quadratic way with the digestible threonine level, and the Linear Response Plateau model estimated in 0.52% the level of amino acid, from which the feed conversion did not change. Daily feed intake was reduced with the increase of digestible threonine intake. Fat deposition linearly reduced, while protein deposition did not change with the increase of digestible threonine. The absolute and relative weight of kidneys and the absolute of intestine increased in a quadratic way with the digestible threonine levels, However, the relative weight of intestine increased in a linear way. It was concluded that the calculated level of 0.52% of digestible threonine, corresponding to a daily intake of 9.18 g and a relation with the digestible lysine of 63% provided better feed:gain ratio for gilts maintained in a thermoneutral environment from 30 to 60 kg.
environmental temperature; digestible threonine; gilts; performance
MONOGÁSTRICOS
Exigências de treonina digestível para leitoas mantidas em ambiente termoneutro dos 30 aos 60 kg1 1 Parte da tese de Doutorado do primeiro autor.
Digestible threonine requirement for gilts maintained in thermoneutral environment from 30 to 60 kg
Edilson Paes SaraivaI; Rita Flávia Miranda de OliveiraII; Juarez Lopes DonzeleII; Aloízio Soares FerreiraII; Roberta Gomes Marçal Vieira VazI; Will Pereira de OliveiraIII
IPós-graduação do DZO/UFV, Viçosa - MG
IIDepartamento de Zootecnia, Universidade Federal de Viçosa - Viçosa - MG, CEP: 36571-000
IIIGraduação em Zootecnia do DZO/UFV. Bolsista CNPq
RESUMO
Este estudo foi conduzido para avaliar as exigências de treonina digestível nas rações de leitoas no período de 30 60 kg, mantidas em ambiente termoneutro. Setenta leitoas, mestiças, com peso inicial de 30,0 ± 0,61 kg, foram distribuídas em delineamento experimental de blocos ao acaso, com cinco tratamentos (níveis de treonina digestível), sete repetições e dois animais por unidade experimental. Os tratamentos corresponderam aos níveis de 0,50; 0,53; 0,56; 0,60 e 0,63% de treonina digestível. Não houve efeito dos níveis de treonina digestível sobre o ganho de peso diário dos animais. A conversão alimentar melhorou, de forma quadrática, com os níveis de treonina digestível e o modelo Linear Response Plateau estimou em 0,52% o nível do aminoácido, a partir do qual a conversão não variou. O consumo de ração diário reduziu com o aumento linear da ingestão de treonina digestivel. A deposição de gordura reduziu de forma linear, enquanto a de proteína não variou com o aumento de treonina digestivel. Os pesos absoluto e relativo dos rins e o absoluto do intestino aumentaram de forma quadrática com os níveis de treonina digestível. No entanto, o peso relativo do intestino aumentou de forma linear. Concluiu-se que o nível calculado de 0,52% de treonina digestível, correspondente a um consumo diário de 9,18 g e a uma relação com a lisina digestível de 63%, proporcionou melhor conversão alimentar para leitoas mantidas em ambiente termoneutro dos 30 aos 60 kg.
Palavras-chave: desempenho, leitoas, relação treonina digestível:lisina digestível, termoneutralidade
ABSTRACT
This study was carried out to evaluate the requirement of digestible threonine in diets of gilts from 30 to 60 kg, maintained thermoneutral environment. Seventy crossbreed gilts with an initial weight of de 30.0 ± 0.61 kg were used in a randomized blocks design, with five treatments (levels of digestible threonine), seven replicates and two animals per experimental unity. The treatments corresponded of the levels of 0.50; 0.53; 0.56; 0.60; and 0.63% of digestible threonine. No effect was observed of digestible threonine level on daily weight gain of animals. Feed:gain ratio improved in a quadratic way with the digestible threonine level, and the Linear Response Plateau model estimated in 0.52% the level of amino acid, from which the feed conversion did not change. Daily feed intake was reduced with the increase of digestible threonine intake. Fat deposition linearly reduced, while protein deposition did not change with the increase of digestible threonine. The absolute and relative weight of kidneys and the absolute of intestine increased in a quadratic way with the digestible threonine levels, However, the relative weight of intestine increased in a linear way. It was concluded that the calculated level of 0.52% of digestible threonine, corresponding to a daily intake of 9.18 g and a relation with the digestible lysine of 63% provided better feed:gain ratio for gilts maintained in a thermoneutral environment from 30 to 60 kg.
Key Words: environmental temperature, digestible threonine:digestible lysine ratio, gilts, performance
Introdução
Têm-se realizado inúmeros estudos no intuito de maximizar a eficiência de utilização dos alimentos e minimizar os custos de produção. Esses esforços dependem da disponibilidade de nutrientes dos alimentos e das exigências nutricionais dos suínos a serem estabelecidas nos diferentes estádios fisiológicos.
Segundo Fialho (1994), é importante fornecer as quantidades de proteína e aminoácidos de que os animais necessitam, considerando que níveis inadequados na ração, além de elevarem a produção de calor, influenciam as exigências de mantença dos animais, em razão de aumento na perda de nitrogênio na urina.
O aumento da disponibilidade dos aminoácidos industriais permite a redução nos teores de PB da ração, assegurando uma nutrição protéica mais ajustada à exigência do animal. A suplementação de aminoácidos às rações de suínos com menores níveis de proteína reduz o excesso de aminoácidos, sem prejuízo ao desempenho produtivo do animal. Estudos com suínos em fase de crescimento demonstraram que a redução da PB em até 4%, com suplementação adequada dos principais aminoácidos limitantes (lisina, metionina, treonina e triptofano), não prejudica o desempenho desses animais.
A treonina pode ser o segundo ou terceiro aminoácido limitante nas dietas de suínos. Segundo Fuller (1991), a treonina tem grande importância para mantença dos animais, o que pode ser justificado pelo fato de sua concentração atingir níveis altos na proteína endógena, em comparação a outros aminoácidos essenciais (Chung & Baker, 1992).
Entre os fatores que afetam as exigências nutricionais dos suínos, destacam-se: genética, sexo, níveis de energia e proteína da ração, bio-disponibilidade dos aminoácidos da dieta, freqüência de alimentação e método estatístico utilizado no cálculo das exigências (Baker, 1986). Temperatura, doenças e densidade de alojamento também podem modificar as exigências nutricionais desses animais. A variação de resultados dos experimentos para determinar as exigências de treonina pelos animais decorre de diferenças nas dietas experimentais, na idade dos animais, no nível de proteína das rações e nas condições ambientais (Defa et al., 1999).
Dessa forma, o conhecimento das exigências nutricionais dos suínos, considerando o ambiente e as fases de criação, tem sido uma das principais preocupações dos pesquisadores, principalmente em relação às exigências de proteína ou aminoácidos, que são os ingredientes mais caros da dieta total.
Conduziu-se este estudo para avaliar níveis de treonina digestível em rações para leitoas mantidas em ambiente termoneutro dos 30 aos 60 kg.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido em salas climatizadas no Setor de Suinocultura do Departamento de Zootecnia, do Centro de Ciências Agrárias, da Universidade Federal de Viçosa, em Viçosa, MG.
Foram utilizadas 70 leitoas mestiças (Landrace x Large White), com peso inicial de 30,0 ± 0,61 kg, distribuídas em delineamento experimental de blocos ao acaso, com cinco tratamentos, sete repetições e dois animais por unidade experimental, mantidos em ambiente termoneutro. Na formação dos blocos, considerou-se o peso inicial dos animais.
Os tratamentos corresponderam aos seguintes níveis de treonina digestível na ração: 0,50; 0,53; 0,56; 0,60 e 0,63%.
Os animais, em grupo de dois, foram alojados em gaiolas metálicas suspensas (1,65 m x 1,10 m), com piso ripado, providas de comedouro semi-automático e bebedouro tipo chupeta. Essas gaiolas foram mantidas em sala de alvenaria com janelas de vidro do tipo basculante, cobertura de telha de barro e forro de madeira e controle de temperatura e umidade relativa.
A temperatura e a umidade relativa internas da sala foram monitoradas três vezes ao dia (8, 13 e 17 h), durante o período experimental. Os equipamentos de medição ambiental (termômetros de máxima e mínima, de bulbo seco e bulbo úmido e de globo negro) foram mantidos em uma gaiola vazia, no centro da sala, à meia altura do corpo dos animais. Os valores obtidos de temperatura e umidade foram, posteriormente, convertidos no índice de temperatura de globo e umidade (ITGU), segundo Buffington et al. (1981), caracterizando o ambiente térmico em que os animais foram mantidos.
As rações experimentais (Tabela 1), à base de milho, farelo de soja, amido e ácido glutâmico, foram formuladas para serem isoenergéticas e isolisínicas e suplementadas com minerais, vitaminas e aminoácidos, de acordo com as recomendações contidas em Rostagno et al. (2000), com exceção da treonina. Os diferentes níveis de treonina digestível nas rações foram obtidos a partir da inclusão de L-treonina em substituição ao ácido glutâmico.
Durante o período experimental, os animais receberam ração e água à vontade.
No final do período experimental (36 ± 2,7 dias), os animais foram submetidos a jejum alimentar de 24 horas, abatendo-se um animal de cada unidade experimental com o peso mais próximo de 30 kg. Retiraram-se o fígado, os rins e o intestino para pesagem.
As carcaças inteiras (incluindo cabeça e pés), evisceradas e sem sangue foram pesadas e cortadas longitudinalmente. A metade direita de cada carcaça foi triturada em "cutter" comercial de 30 HP e 1.775 rpm, durante 15 minutos. Após homogeneização do material triturado, foram retiradas amostras, que foram congeladas para determinação da deposição de proteína e gordura, conforme metodologia descrita por Donzele et al. (1992).
Para determinação da composição inicial e das deposições de proteína e gordura na carcaça, foi utilizada a técnica do abate comparativo. Para isso, um grupo adicional de cinco leitoas com peso médio de 30 kg foi abatido no início do experimento. Adotaram-se os mesmos procedimentos de abate dos animais utilizados ao final do experimento.
No preparo das amostras, em razão do alto teor de água e gordura do material, procedeu-se à pré-secagem em estufa, com ventilação forçada por 72 horas a ± 60ºC, e ao pré-desengorduramento a quente, em aparelho extrator do tipo "Soxhlet" durante quatro horas. A seguir, estas amostras foram moídas e acondicionadas, para posteriores análises laboratoriais. Para correção dos valores das análises subseqüentes, foram consideradas a água e a gordura retiradas durante o preparo das amostras.
As análises de PB e EE dos ingredientes das rações e das carcaças foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Viçosa (UFV), conforme técnicas descritas em Silva (1990).
As análises estatísticas das variáveis avaliadas (desempenho, pesos de órgãos e deposição na carcaça) foram realizadas por meio do programa computacional Sistemas de Análises Estatísticas e Genéticas (SAEG, 1997).
A estimativa da exigência de treonina digestível foi determinada com base nos resultados de desempenho e carcaça, utilizando-se os modelos linear, quadrático e, ou, descontínuo "Linear Response Plateau" (LRP), descritos por Braga (1983), conforme melhor ajuste obtido de cada variável.
Resultados e Discussão
Durante o período experimental, a temperatura interna da sala foi mantida em 23,5 ± 0,5 ºC e a umidade relativa em 77,1 ± 6,6% e o índice de temperatura de globo e umidade (ITGU) foi calculado em 72,4 ± 0,8.
Não houve efeito (P>0,10) dos níveis de treonina da ração sobre o ganho de peso diário (GPD) dos animais. Ausência de variação no ganho de peso de leitoas em fase inicial de crescimento sob termoneutralidade, em razão do aumento do nível de treonina na ração, foi observada por Ettle et al. (2004) (Tabela 2).
Diversos autores (Rosell & Zimmerman, 1985; Lewis & Peo Jr., 1986; Borg et al., 1987; Gatel & Fekete, 1989; Saldana et al., 1994; De Lange et al., 2001; Rodrigues et al., 2001a,b), observaram, no entanto, variação significativa do ganho de peso de suínos, em fase de crescimento, sob termoneutralidade, em razão do aumento do nível de treonina na ração.
A inconsistência de resultados entre os estudos está relacionada, entre outros fatores, à variação nos níveis de proteína, lisina e treonina utilizados nas rações experimentais.
O consumo de ração diário (CRD) reduziu (P<0,02) com o nível de treonina da ração segundo a equação: = 2154,25 - 765,736X (r2 = 0,97). Com base neste resultado, infere-se que o consumo de treonina acima do necessário para maximizar o ganho de peso teve efeito negativo sobre o consumo de ração. Esta proposição está coerente com o relato de Henry & Sève (1998) de que os suínos são sensíveis ao desequilíbrio dos aminoácidos treonina, triptofano e metionina na ração, reduzindo o consumo voluntário. Esta observação, embora similar àquela verificada por Rosell & Zimmerman (1985), com leitões dos 5 aos 15 kg, e por Rodrigues et al. (2001b), com leitoas dos 30 aos 60 kg, difere dos resultados obtidos por De Lange et al. (2001) e Ettle et al. (2004), que não verificaram alteração no consumo dos suínos em crescimento, em condições de termoneutralidade, com o aumento do nível de treonina da ração.
A discrepância nos resultados quanto à influência do nível de treonina da dieta sobre o consumo de ração em suínos pode, em parte, ser explicada pela diferença no nível desse aminoácido utilizado nas rações experimentais, nos diversos trabalhos.
Apesar de o CRD ter-se reduzido com o aumento nos níveis de treonina digestível da ração, o consumo de treonina diário aumentou de forma linear (P<0,01) com a equação: = 2,45963 + 12,8307X (r2 = 0,98). Este resultado está relacionado ao aumento gradativo dos níveis de treonina utilizados nas rações experimentais.
A conversão alimentar (CA) melhorou (P<0,08) de forma quadrática, em razão dos níveis de treonina das rações. No entanto, o modelo "Linear Response Plateau" (LRP) foi o que melhor se ajustou aos dados, estimando-se em 0,52% o nível a partir do qual a CA permaneceu em um platô (Figura 1). Este resultado ficou abaixo do valor de 0,55% recomendado por Rostagno et al. (2000), para suínos em fase de crescimento (30 a 60 kg).
A exigência de treonina determinada pela CA, neste estudo, está relacionada ao efeito dos níveis de treonina sobre o CRD, que foi reduzido, sem prejudicar o GPD.
Os resultados de CA obtidos neste estudo corroboram aqueles verificados por Schutte et al. (1990), Rodrigues et al. (2001a,b) e Ettle et al. (2004), que também observaram efeito positivo dos níveis de treonina sobre a CA de suínos em fase de crescimento, embora ocorressem diferenças entre os valores de treonina nos quais foram obtidos os melhores resultados de CA. Assim, o nível de treonina digestível estimado em 0,52% foi similar àquele de 0,51% determinado por Pozza et al. (2000), em leitoas de 15 a 30 kg. Entretanto, ficou abaixo daquele de 0,62% calculado a partir dos dados obtidos por Rodrigues et al. (2001) e de 0,57% encontrado por Schutte et al. (1990), em leitoas de 30 a 60 kg e de 20 a 40 kg, respectivamente.
No nível em que se observou a melhor resposta de CA, a relação calculada da treonina digestível:lisina digestível correspondeu a 63%, ficando abaixo daquela de 68% proposta por Rostagno et al. (2000). No entanto, as relações encontradas por Schutte et al. (1990) e Rodrigues et al. (2001b) foram de 60 e 75%, respectivamente. Possíveis fatores como a genética dos animais, o ambiente e a composição das rações experimentais podem justificar essa variação. Somados a esses fatores, o peso corporal e o status sanitário dos animais podem ter influenciado os resultados, considerando-se que a treonina tem participação significativa na exigência de mantença (Chung & Baker, 1992) e como constituinte das imunoglobulinas (FEDNA, 2004).
Quanto às características de carcaça dos animais, observou-se efeito (P<0,01) do nível de treonina da ração sobre a deposição de gordura (DG), que reduziu de forma linear segundo a equação: = 303,333 - 207,02X (r2 = 0,89).
Verificou-se que o maior valor de DG (204 g/dia) ocorreu no tratamento com o maior CRD, em razão do excesso de energia, que foi depositado como gordura.
Redução da DG na carcaça de suínos, em razão do nível de treonina da ração, também foi observada por Taylor et al. (1982) e Adeola (1995).
Não se observou efeito (P>0,10) dos níveis de treonina da ração sobre a deposição de proteína (DP) na carcaça dos animais. Resultados similares foram obtidos por Rodrigues et al. (2001a) e Ettle et al. (2004), quando avaliaram níveis crescentes de treonina em rações de suínos de 6 a 15 kg e de 35 a 65 kg, respectivamente. Esses resultados corroboram o relato de Ettle et al. (2004) de que a influência do suplemento de treonina nas características de carcaça é menor que no desempenho. Entretanto, diferem daquele obtido por Adeola (1995) e Rodrigues et al. (2001b), que verificaram aumento nas DP, em razão de níveis crescentes de treonina nas rações de leitões de 10 a 20 kg e de leitoas de 30 a 60 kg, respectivamente.
As variações observadas entre os resultados podem estar relacionadas a diferenças na composição das rações experimentais, uma vez que, de acordo com Beech et al. (1991), o ganho de peso dos animais pode variar mesmo com similar nível de treonina digestível entre as rações.
Os níveis de treonina digestível da ração não influenciaram (P>0,10) os pesos absoluto e relativo do fígado, embora tenha ocorrido aumento linear no consumo de treonina diário (Tabela 3). Este resultado difere dos obtidos por Chen et al. (1998), Hannas et al. (2000) e Le Bellego & Noblet (2002), que observaram efeito do aumento dos níveis de proteína bruta e, ou, aminoácidos sobre os órgãos de suínos em fase inicial de crescimento. Entretanto, constatou-se que os pesos absoluto e relativo dos rins variaram de forma quadrática (P<0,01), tendo aumentado até o nível de treonina digestível estimado de 0,58%, segundo as equações: = -1069,37 + 4485,09X - 3884,97X2 (r2 = 0,97) e = -2,9045 + 11,7507X - 10,1479X2 (r2 = 0,94), respectivamente. Com base nos dados de órgãos, infere-se que o fato de o peso de fígado não ter sido influenciado e o dos rins ter variado com os níveis de treonina da ração indica que os rins provavelmente estão mais envolvidos com o metabolismo desse aminoácido.
O peso absoluto de intestino variou de forma quadrática (P<0,09) com os níveis de treonina digestível da ração, aumentando até o nível estimado de 0,540%, conforme a equação: = 5885,57 - 17324,6X + 16025X2 (r2 = 0,57), enquanto o peso relativo aumentou de forma linear (P<0,02) com os níveis de treonina digestível da ração, segundo a equação: = 1,4842 + 2,17794X (r2 = 0,74). Estes resultados podem estar relacionados à constituição aminoacídica das proteínas de origem endógena, uma vez que a concentração de treonina nessas proteínas é relativamente mais elevada se comparada à de outros aminoácidos essenciais, fazendo parte das secreções gastrintestinais, ainda que esse aminoácido represente uma fonte preferencial de nitrogênio endógeno para os microrganismos que normalmente habitam esse ambiente (Lien et al., 1997).
Resultados similares da influência dos níveis de aminoácidos e, ou, proteína da ração sobre o peso do trato gastrintestinal foram constatados por Le Bellego & Noblet (2002), em suínos na fase inicial de crescimento, sendo indicativo de que o rendimento de carcaça pode ser influenciado pelos níveis de treonina da ração, uma vez que este aminoácido influencia a massa visceral dos órgãos e, conseqüentemente, a proporção entre o peso da carcaça e o peso corporal (Le Bellego & Noblet, 2002).
Conclusões
O nível calculado de 0,52% de treonina digestível na ração, correspondente a um consumo diário calculado de 9,18 g e a uma relação de 63% com a lisina digestível, proporcionou melhor conversão alimentar de leitoas mantidas em ambiente termoneutro dos 30 aos 60 kg.
Literatura Citada
Recebido: 25/1/2006
Aprovado: 30/5/2007
Projeto apoiado pela Ajinomoto.
Correspondências devem ser enviadas para: edpsaraiva@mailcity.com
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
30 Nov 2007 -
Data do Fascículo
Dez 2007
Histórico
-
Aceito
30 Maio 2007 -
Recebido
25 Jan 2006