EDITORIAL / EDITORIAL
Crescimento e desenvolvimento: a necessária integração
Growth and development: the need of integration
José Eulálio Cabral-Filho
Editor Associado. Instituto Materno Infantil de Pernambuco, IMIP. Rua dos Coelhos, 300. Recife, PE, Brasil. CEP: 50.070-550. eulalio@imip.org.br
A indissociabilidade entre os processos de crescimento e desenvolvimento, observada em qualquer sistema organizado, é fato amplamente reconhecido. Quando, entretanto, o sistema ultrapassa a complexidade do nível apenas biológico para o social nas suas implicações com a tecnologia a sua integração pode tornar-se difícil. Neste caso a intervenção da iniciativa humana em busca dos objetivos passa a ser fator preponderante naquela integração. Em outras palavras, a indissociabilidade deixa de ser automática. Assim, somente uma adequada participação do ser humano como um dos elementos integrantes do sistema - ao induzir seu funcionamento ideal - permitirá um desenvolvimento em harmonia com o crescimento. É nesta perspectiva que pretendemos focalizar a ainda curta história da Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil. Acreditamos firmemente que uma avaliação realizada neste momento poderá funcionar como uma espécie de monitoramento de nossa atividade editorial balizando o seu futuro. Há menos de um ano, em outro editorial, fazíamos um balanço geral do seu percurso no qual enfatizávamos que, para alcançar os objetivos haveria, ainda, um longo caminho a percorrer. Deste então, de fato, importantes metas foram alcançadas, dentre as quais podemos citar: o aumento do número de artigos por fascículo, a mudança de quadrimestralidade para trimestralidade, e a indexação em várias bases de dados internacionais, a mais recente das quais tendo sido a SciELO.
Manter a trimestralidade de um periódico científico em nosso país não é fácil, uma vez que a oferta de artigos de bom nível e o apoio financeiro dos órgãos de fomento são elementos difíceis de conseguir, especialmente no início de um empreendimento como este.
Ademais, atender às rigorosas exigências das grandes bases indexadoras é, como todos sabemos, impres-cindível, porque o seu suporte no reconhecimento do periódico representa condição sine qua non para a sobrevivência deste. Por isso mesmo também é uma tarefa nada fácil.
A conquista dos objetivos a que nos propusemos tem sido muito importante, razão pela qual nos sentimos obrigados não só a assegurar o status adquirido como a consolidá-lo e ultrapassá-lo.
Disso decorre a necessidade de envidarmos o maior dos esforços em vários outros objetivos, também imprescindíveis, a um jornal de boa qualidade. Consideramos fundamental, nesta perspectiva, a ampliação do espaço adquirido em termos de alcançar um cada vez mais alto nível científico, uma maior abrangência geográfica de colaboradores e articulistas quer nacionais quer internacionais, e um padrão editorial consentâneo com as rigorosas exigências do estilo científico. Evidentemente a indexação da Revista em outras bases bibliográficas, também respeitadas pela comunidade científica, é tarefa prioritária. Podemos afirmar que continuaremos buscando-os ativamente, como também pretendemos continuar realizando outras avaliações do nosso trabalho. Neste sentido podemos verificar que ao longo dos três anos da Revista ocorreu, não somente o incremento na freqüência de artigos por fascículo, anteriormente referido, como também uma diversificação temática dos seus conteúdos. Isto, aliás, era de esperar dado o escopo do periódico, o qual abrange múltiplos aspectos da saúde da mulher e da criança. Verificamos por outro lado que a tônica dos artigos se deu no tocante aos determinantes epidemiológicos, particularmente nas suas interfaces com a nutrição infantil e a saúde pública.
Embora este histórico evidencie, a nosso ver, um trajeto promissor e esperançoso ele é apenas a nossa visão, como integrantes da Revista. É apenas a confirmação de que ela cresceu. Indispensável porém é que se faça uma análise objetiva, a mais descomprometida possível com o nosso viés particular ou mesmo com as distorções que possamos estar cometendo. É claro que uma avaliação efetiva será sempre realizada pela contínua aplicação dos critérios de qualidade das bases bibliográficas nas quais estamos incluídos. Mas não podemos deixar de lado a ponderação daqueles que certamente nos têm seguido muito de perto e conosco têm colaborado: nosso corpo editorial, nossos articulistas e nossos leitores. Suas opiniões sobre a Revista no seu todo e sobre os artigos publicados em particular, suas críticas dos aspectos polêmicos ou de outra natureza serão sempre benvindas.
Para isto a nossa secção de Cartas está aberta e à disposição de todos. Acreditamos que esta participação complementará aquela visão mais lúcida sobre a Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, que desejamos ter.
Sim, qualquer processo de crescimento está associado ao desenvolvimento. Mas, em que grau esta associação está ocorrendo conosco? Esta é a pergunta. Como em qualquer ser vivo a curva de crescimento é sinuosa e tem suas velocidades distintas conforme as suas várias fases. O desenvolvimento poderia ser descrito como uma curva mesmo mais complexa. Em qual fase estamos? Esperamos que ainda distante da fase estacionária! Por isso a colaboração de todos é fundamental. Este é o nosso desejo!
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
24 Nov 2003 -
Data do Fascículo
Set 2003