OBJETIVOS: identificar a percepção e os mecanismos de enfrentamento utilizados por pais frente à ambigüidade genital de seus filhos em suas diversas etapas evolutivas. MÉTODOS: estudo qualitativo, baseado nos relatos de 15 pais, todos de diferentes famílias, sobre seus anseios no desenvolvimento da criança. Realizado no ambulatório de patologias endócrino-genéticas do Hospital Geral César Cals, no Ceará, em 2004. RESULTADOS: as categorias que emergiram através do discurso dos sujeitos foram: o medo e a ansiedade, e os mecanismos de enfrentamento foram: a negação; a fuga; a regressão/projeção e a racionalização. Observou-se que as tensões e angústias no período neonatal são expressas através do medo da morte, da doença incurável e dos medicamentos. No período infantil, do procedimento cirúrgico (genitália ambígua) e da sexualidade (homossexualismo). Na projeção da fase puberal e adulta há o temor da marginalização, do preconceito, da homossexualidade e da infertilidade. As angústias relatadas foram de quem seria a culpa, a definição sexual (ambigüidade) e a necessidade do segredo. CONCLUSÕES: a genitália ambígua consiste em uma patologia de alta complexidade, que desestabiliza a harmonia psicológica familiar. Nas situações de ambigüidade genital, a detecção e desmistificação dos medos e anseios dos pais devem fazer parte do plano terapêutico.
Genitália; Hermafroditismo; Comportamento; Pais; Criança