EDITORIAL
COLUNA COLUMNA
A possibilidade e a capacidade de responder a essas questões podem ser definidas como o testemunho da prática clínica e configuram como uma marca de qualidade de assistência à saúde.
A elaboração e a utilização das Diretrizes Clínicas podem ser interpretadas como uma forma de cercear ou limitar a prática, quando, na verdade, trata-se de escrever e tornar explícito o testemunho de nossas ações em Saúde no Brasil, fornecendo claramente a força das evidências científicas que sustenta cada uma dessas ações.
Testemunhar através de Diretrizes Clínicas baseadas em evidência é recomendar estimando o nível de incerteza envolvido na tomada de decisão.
As recomendações em Ortopedia, sobretudo em coluna, também podem e devem seguir essa visão: as Diretrizes Clínicas baseadas em evidência estabelecem padrões com opções de conduta centradas no paciente, que nada mais é do que a testemunha: 1. O que fazemos: ações relevantes e indispensáveis em diagnóstico, prevenção, terapêutica e prognóstico que vêm sendo tomadas nas diversas situações clínicas que enfrentamos na prática; 2. Para quem fazemos: para os pacientes-alvo do benefício, atendendo às suas expectativas e individualidade, sem esquecer as minorias; 3. Como fazemos: o detalhamento de como as ações são desenvolvidas, estabelecendo o link claro com a evidência disponível e apropriada para cada ação; 4. Por que fazemos: quais os benefícios e riscos envolvidos nas atitudes médicas que as justifiquem.
Por meio das Diretrizes Clínicas podemos confrontar nossa prática com as recomendações, o que permite não só nos educarmos e atualizarmos, mas também refletirmos sobre a principal questão: qual o nível de incerteza que estou assumindo frente ao meu paciente com minha prática atual?
As Sociedades de Especialidades Médicas, incluindo a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), têm assumido o papel de testemunhar. Sabemos das dificuldades em se lidar com a obtenção e a crítica da evidência. Sabemos das pressões de interesses descentrados dos pacientes. Sabemos das dificuldades do Sistema de Saúde Nacional relacionadas à estrutura, pluralidade e inequidade. Mas também sabemos do esforço e determinação de muitos para, por meio das Diretrizes, estabelecerem uma linguagem reflexiva, ética, baseada em evidência, flexível e que atenda às necessidades fundamentais e expectativas dos pacientes.
Wanderley Marques Bernardo
Coordenador do Núcleo SaBEReS
(Saúde Baseada em Evidência e Revisão Sistemática)
Universidade de São Paulo - USP, São Paulo (SP), Brasil
Por que diretrizes clínicas baseadas em evidência?
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
26 Maio 2010 -
Data do Fascículo
Mar 2010