Open-access Por que devemos nos preocupar com os bebês a termo internados em uma unidade de terapia intensiva neonatal

Por qué deberíamos preocuparnos por los bebés nacidos a término ingresados en una unidad de cuidados intensivos neonatal

RESUMO

O objetivo deste estudo foi analisar a razão pela qual devemos nos preocuparmos com os bebês a termo internados em uma unidade de terapia intensiva neonatal. Trata-se de estudo documental, descritivo e retrospectivo de 262 recém-nascidos (RNs) a termo. As variáveis utilizadas foram: características dos RN; diagnóstico principal, tempo de permanência e acompanhamento pela equipe multiprofissional; e encaminhamento pós-alta. Houve prevalência do sexo masculino (52%), de Apgar 9 no 5º minuto e da raça/cor branca do RN e da mãe (61,1% e 48,9%, respectivamente). O diagnóstico principal foi a disfunção respiratória (28,8%), e o tempo de permanência foi de oito dias. Houve diferença significativa entre os tempos de permanência (p=0,013), em que as doenças cardiorrespiratórias e outras doenças levaram a um menor tempo de internação em relação à má formação ou às doenças maternas. O serviço social foi o mais procurado para o acompanhamento (81,2%) e a fisioterapia, o menos buscado (18%). RNs com maior peso ficaram menos tempo internados, e os acompanhados por fisioterapia apresentaram tempo de permanência mais elevados (p<0,001). O principal desfecho foi a alta hospitalar (68,7%) e encaminhamentos para a Unidade Básica de Saúde (57%). Os achados deste estudo apontam a presença de bebês menos graves, baixo número de estudos específicos para a população a termo e outros diagnósticos que nos remetem a cuidados não intensivos.

Descritores: Nascimento a Termo; Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

RESUMEN

El objetivo de este estudio fue analizar el motivo de preocupación por los recién nacidos a término ingresados en una unidad de cuidados intensivos neonatal. Se trata de un estudio documental, descriptivo y retrospectivo, realizado con 262 recién nacidos (RN) a término. Las variables utilizadas fueron: características de los RN; diagnóstico principal, tiempo de estancia y seguimiento por el equipo multidisciplinar; y derivación posterior al alta. Hubo predominio del sexo masculino (52%), Apgar 9 al 5º minuto y raza/color blanca del RN y de la madre (61,1% y 48,9%, respectivamente). El principal diagnóstico fue disfunción respiratoria (28,8%), y la estancia hospitalaria fue de ocho días. Hubo una diferencia significativa entre el tiempo de estancia (p=0,013), en que las enfermedades cardiorrespiratorias y otras enfermedades resultaron en una menor estancia hospitalaria con relación a malformaciones o enfermedades maternas. El trabajo social fue el más buscado para el seguimiento (81,2%), y la fisioterapia, el menos buscado (18%). Los RN con mayor peso tuvieron una menor estancia hospitalaria, y aquellos que recibían seguimiento de fisioterapia tuvieron mayor tiempo de estancia (p<0,001). El principal desenlace fue el alta hospitalaria (68,7%) y las derivaciones a la Unidad Básica de Salud (57%). Los hallazgos de este estudio apuntan a la presencia de recién nacidos menos graves, un bajo número de estudios específicos para la población a término y otros diagnósticos que nos remiten a cuidados no intensivos.

Palabras clave: Nacimiento a Término; Unidades de Cuidado Intensivo Neonatal

ABSTRACT

This study aims to analyze why we should care about full-term newborns admitted to a neonatal intensive care unit. This is a documented, descriptive, and retrospective study of 262 full-term newborns. Variables used: newborns’ characteristics; main diagnosis, length of stay, follow-up by a multidisciplinary team; post-discharge referral. Most newborns were boys (52%), had a 5-minute Apgar score of nine, and most newborns and their mothers were white (61.1% and 48.9% respectively). Respiratory dysfunction was the main diagnosis (28.8%). Length of stay was eight days. There was a significant difference regarding length of stay (p=0.013), in which those with cardiorespiratory and other diseases stayed less time compared to those with malformation or maternal diseases. The social service was the most sought (81.2%) service, whereas physical therapy the least sought (18%). Newborns with higher weight were hospitalized for less time. Those that underwent physical therapy had longer stay (p<0.001). Main outcome was hospital discharge (68.7%) and referrals to the Basic Health Unit (57%). This study outcomes indicated newborns with less severe conditions, low number of specific studies for the full-term population, other diagnoses that refer to non-intensive care.

Keywords: Full-Term Birth; Neonatal Intensive Care Unit

INTRODUÇÃO

O nascimento - transição da vida fetal para a vida extrauterina - é um processo marcante na vida da mulher e de todos aqueles que estão envolvidos nesse momento1. Entretanto, durante o nascimento podem acontecer intercorrências que levariam o recém-nascido (RN) a necessitar de cuidados na unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN). Os bebês internados na UTIN são caracterizados como bebês de risco, que possuem comorbidades especiais e que, desse modo, estão expostos a situações que demandam maior assistência2.

Os riscos de internação na UTIN são classificados em três categorias: habitual, intermediário e alto risco. É considerado um bebê de alto risco aquele exposto à presença de fatores como: prematuridade (nascimento abaixo de 37 semanas de idade gestacional - IG), baixo peso ao nascer (menor ou igual a 2.000 gramas), asfixia grave (Apgar menor que 7 no 5º minuto de vida), desnutrição grave, crescimento e/ou desenvolvimento inadequado intrauterino, doenças de transmissão vertical e triagem neonatal positiva3. Além dos fatores anteriormente citados, o Ministério da Saúde (MS) também considera de alto risco o bebê com baixo nível socioeconômico, história de morte de criança com menos de 5 anos na família, criança explicitamente indesejada, ou com mãe adolescente (idade menor que 20 anos) e com baixa instrução (menos de oito anos de estudo) (4.

Existe uma gama considerável de estudos e de índices de morbimortalidade neonatal dos bebês de risco, principalmente dos prematuros5. Acredita-se que isso aconteça porque cresce o número de bebês que nascem cada vez mais prematuros e, consequentemente, aumentam os riscos de déficits neuromotores, cognitivos, de linguagem, dentre outros, nesta população. Ao realizar uma busca no PubMed por trabalhos publicados nos últimos cinco anos utilizando as palavras “preterm newborns” (bebês nascidos prematuros) andneonatal intensive care unit”, encontram-se aproximadamente 3.823 estudos. Ao buscar “full-term newborns” (bebês nascidos a termo) andneonatal intensive care unit”, foram encontrados 246. Ou seja, há quase quatro vezes menos investigações voltadas para os bebês a termo na UTIN6, e não é porque eles são internados em menor número.

Cerca de 40% de todas as admissões em hospitais da Austrália são preenchidas por bebês a termo7. As principais causas estão ligadas a comorbidades respiratórias do RN e necessidade de observação após a ressuscitação neonatal, a iatrogenia, o parto cesáreo, uma alta incidência de indução do parto e doenças da mãe, como diabetes gestacional e hipertensão. No Brasil, também há um número elevado de bebês a termo que são internados na UTIN com peso adequado ao nascer e gravidez sem intercorrências, o que sugere que essas internações poderiam ser evitadas8.

Em um estudo prévio sobre o perfil de bebês internados na UTIN, encontrou-se um número expressivo de bebês a termo, o que surpreende, pois esperava-se encontrar um número maior de bebês prematuros. Assim, apareceram os seguintes problemas de estudo: (1) qual é a incidência de internação na UTIN de bebês a termo no hospital em que trabalhamos? (2) Quais as características desses RNs? (3) O que leva o neonato a termo a permanecer na UTIN? (4) Por que devemos nos preocupar com os bebês a termo na UTIN? (5) Quão de alto risco são os bebês internados nesta unidade? (6) E, quanto a fisioterapia é acionada durante a internação desse bebê a termo? Assim, este estudo teve como objetivo analisar a internação de bebês a termo em uma unidade de terapia intensiva neonatal. Entendemos que cada hospital tenha a sua história de internação de bebês a termo e que os nossos resultados podem não representar o da maioria de outros hospitais, mas o nosso intuito é chamar a atenção dos profissionais da saúde que fazem parte desse cenário e provocar a realização de novas pesquisas sobre essa população.

METODOLOGIA

Desenvolveu-se um estudo documental, descritivo e retrospectivo, com amostra não probabilística, de modo que participaram da pesquisa todos os bebês que satisfaziam os critérios de inclusão. Este estudo faz parte do projeto intitulado “Análise do perfil sociodemográfico do bebê de risco em um hospital público de Porto Alegre”, que realizou o cálculo do tamanho da amostra por meio do software WinPEPI versão 11.43. Para um nível de confiança de 95%, margem de erro de 5% e uma estimativa populacional de aproximadamente 600 bebês internados na UTIN, obteve-se um total mínimo de 242 prontuários de RNs a termo.

Entre os meses de janeiro de 2019 e maio de 2020, foram internados 479 bebês no Hospital Materno Infantil Presidente Vargas (HMIPV), em Porto Alegre (RS), hospital público referência no atendimento à gestação de alto risco. Neste período foram contabilizados 262 bebês a termo (54,6%) e 217 bebês prematuros (45,4%).

Foram incluídos no estudo todos os bebês nascidos com mais de 37 semanas gestacionais internados na UTIN no período estipulado. Foram excluídos da pesquisa bebês cujos prontuários: (1) não tinham registro da IG; ou (2) não foram localizados no Sistema de Informação Hospitalar (SIHO), que efetua a identificação do paciente e registra todas as informações do seu atendimento.

Primeiramente, foram selecionados os bebês que atendiam os critérios de inclusão. Visando responder ao objetivo deste estudo, buscou-se conhecer esse RN. Para isso, três blocos de variáveis foram organizados: (1) características: sexo, IG, peso do bebê, tipo de parto, raça/cor do bebê, Apgar no 1º e no 5º minuto, idade e raça/cor da mãe, número de consultas pré-natais; (2) o que leva à internação do neonato a termo na UTIN: diagnóstico principal, tempo de permanência na UTIN e acompanhamento pela equipe multiprofissional ao longo da internação, o que responde à questão do quanto a fisioterapia é acionada durante a internação do bebê a termo na UTIN; e (3) encaminhamentos pós-alta: principais desfechos resultantes da internação e principais tipos de encaminhamentos pós-alta hospitalar.

As informações foram analisadas após serem armazenadas em um banco de dados pela equipe de coletores (residentes fisioterapeutas). As análises foram realizadas no software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 21.0, utilizando estatística descritiva e inferencial. As variáveis quantitativas foram descritas por média e desvio-padrão ou mediana e amplitude interquartílica. As variáveis categóricas foram descritas por frequências absolutas e relativas. Para avaliar a associação entre as variáveis numéricas e o tempo de permanência na UTIN, utilizou-se o teste de correlação de Spearman.

Para calcular tal associação, os principais diagnósticos foram organizados em seis grupos: cardiorrespiratório, social, neurológico, doenças da mãe, má formação do bebê e outros. Para o grupo cardiorrespiratório, incluíram-se os diagnósticos de: aspiração de mecônio, cardiopatia, cianose, displasia broncopulmonar, taquipneia, tuberculose, broncopneumonia, sofrimento fetal agudo, hipertensão pulmonar persistente do recém-nascido, doença da membrana hialina e bradicardia. Para o grupo social: baixa social e exposição a substâncias psicoativas e químicas. No grupo neurológico: asfixia, convulsão, hidrocefalia, anencefalia, encefalocele, microcefalia, meningomielocele, tremores, investigação de fratura de crânio, ventriculomegalia, malformação cerebral, acrania e agenesia do corpo caloso. No grupo de doenças da mãe: exposição a herpes, sífilis, restrição de crescimento intrauterino, eclampsia, citomegalovírus congênita, oligodrâmnio, exposição ao vírus da imunodeficiência humana (HIV), isoimunização e placenta prévia. Para má formação: fístula, genitália ambígua, hiperplasia adrenal congênita, malformação, onfalite, hemangioma torácico, hemorragia gastrointestinal, hérnia diafragmática, lábio leporino, obstrução intestinal, onfalocele, osteogênese imperfeita, ureterocele, micrognatia e gastrosquise. Entre outros fatores, destacam-se: síndromes genéticas, baixo peso, hipoglicemia, hipotireoidismo, icterícia, sepse, tocotraumatismo, pequeno para idade gestacional, infecção urinária, anemia fetal e hipertermia.

Na comparação de medianas, os testes de Mann-Whitney e Kruskal-Wallis em conjunto com Dunn foram aplicados. O nível de significância adotado foi de 5% (p<0,05).

RESULTADOS

Foram analisados 262 bebês a termo provenientes da UTIN. Na descrição das características dos bebês nascidos a termo que permaneceram na UTIN predominou o sexo masculino, com 52%; média e desvio-padrão (média±DP) da IG em semanas de 39,1±1,3; peso ao nascer de 3.191±539 em gramas; parto vaginal, com 55,3%; raça/cor do RN branca, com 61,1%; mediana (P25-P75) de Apgar no 5º minuto de 9 (8-9); média±DP da idade materna em anos de 30,1±12,8; raça/cor da mãe branca, com 48,9%; e mediana do número de consultas (P25-P75) de 7 (4-11).

A Tabela 1 mostra os motivos pelos quais os bebês a termo foram internados na UTIN, predominando a disfunção respiratória como principal diagnóstico, seguidos pela icterícia e exposição a substância psicoativa/exposição a substância química (ESP/ESQ) durante a gestação. Os seguintes diagnósticos não foram incluídos na tabela por terem sido encontrados em menor quantidade: baixo peso, convulsão e taquipneia (somando-se três bebês cada); aspiração de mecônio, exposição materna a herpes e sífilis (dois bebês cada); gemência, genitália ambígua, hiperplasia adrenal congênita, hipotireoidismo, onfalite, queda, tuberculose, tocotraumatismo, obstrução infantil, bradicardia, gastroquise, investigação de fratura de crânio e síndrome genética (um bebê cada). Normalmente, bebês de menor gravidade são internados em unidades intermediárias, mas todos esses se encontravam na UTIN.

Tabela 1
Diagnóstico principal, permanência dos bebês a termo e acompanhamento multiprofissional na unidade de terapia intensiva neonatal

A mediana do tempo de permanência dos RNs na UTIN foi de oito dias. A Figura 1 mostra o tempo de permanência conforme agrupamentos de diagnóstico principal. Houve diferença estatisticamente significativa entre os tempos de permanência para diferentes diagnósticos (p=0,013), sendo que os pacientes com doenças cardiorrespiratórias ou outras doenças apresentaram tempos significativamente menores do que aqueles com má formação ou que foram internados por problemas relacionados a doenças da mãe.

Figura 1
Tempo de permanência conforme agrupamentos de diagnóstico principal

A linha dentro da caixa representa a mediana, os limites inferior e superior da caixa representam os percentis 25 e 75, respectivamente. As barras de erro inferior e superior representam os valores mínimo e máximo esperados os círculos e asteriscos os valores extremos da amostra.


Chama a atenção o número de bebês de baixo nível socioeconômico, em que a família não consegue manter o bebê com saúde ou não tem condições de recebê-lo em casa após a alta9. Assim, o serviço social foi o núcleo mais utilizado (81,2%), enquanto a fisioterapia o menos (18%).

Houve associação estatisticamente significativa inversa, porém fraca (r=−0,136 e p=0,028), entre o peso ao nascer e o tempo de permanência hospitalar, sendo que bebês com maior peso ficaram menos tempo internados (Tabela 2).

Tabela 2
Associação entre tempo de permanência, peso, idade gestacional e Apgar

O tempo de permanência não se associou significativamente ao tipo de parto (p=0,454). Os bebês acompanhados por estimulação precoce e fisioterapia apresentaram tempo de permanência na UTIN significativamente mais elevados do que os demais acompanhamentos (p<0,001), conforme a Tabela 3. Não houve associação estatisticamente significativa entre a fisioterapia e os diagnósticos (p=0,788).

Tabela 3
Tempo de permanência conforme tipo de acompanhamento por equipe multidisciplinar ao longo da internação

O principal desfecho resultante da internação foi a alta hospitalar, e o principal tipo de encaminhamento pós-alta hospitalar foi o não especializado para a Unidade Básica de Saúde (UBS) (Tabela 4).

Tabela 4
Desfechos e acompanhamentos pós-alta hospitalar

DISCUSSÃO

Este estudo investigou a razão pela qual devemos nos preocupar com os bebês a termo internados em uma UTIN, já que, apesar de grande parte dos estudos focarem nos prematuros, a incidência de internação de RNs a termo é, muitas vezes, maior. Os achados desta pesquisa podem contribuir para tomadas de decisões futuras em diversos campos, como o da gestão hospitalar.

A amostra revelou a prevalência do sexo masculino, justificada pela maior probabilidade desses bebês terem uma maturação mais lenta durante o crescimento fetal em comparação ao sexo feminino10. Referente à declaração de raça/cor do bebê e da mãe, predominou a branca, característica da população do estado do Rio Grande do Sul, por ser uma região do país com história de colonização europeia11. A nível nacional, São Paulo fica com 32% dos RNs internados de cor branca, Rio de Janeiro com 7,2%, Pernambuco com 2,7% e Bahia com 1,6%12), (13.

Os dados perinatais demonstraram que o parto vaginal foi o tipo predominante, embora a via cesariana tenha se mostrado bastante expressiva. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a cesariana seja praticada em apenas 15% dos nascimentos14. Assim, ações devem ser implementadas para estimular a prática mais frequente de partos espontâneo4. Chamou a atenção que a mediana de Apgar apresentou índices dentro da normalidade (7 a 10 pontos), o que aponta a presença de bebês menos graves, fora da categoria do alto risco, pois o índice de Apgar é um preditor do nível de assistência que será oferecido ao RN nos seus primeiros minutos de vida5.

A média de idade das mães foi de 26,4 (DP±7,1) anos. Esse dado corrobora a literatura, que indica que a maioria das mães de RNs prematuros ou a termo tem entre 20 e 35 anos5. Quanto ao pré-natal, que se configura como um importante componente da atenção à saúde das mulheres no período gravídico, os resultados apresentaram uma média de sete consultas, corroborando os achados de Santos et al. (15, que obtiveram resultados similares. É recomendado pelo MS e pelo Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN) a realização de, no mínimo, seis consultas de acompanhamento pré-natal, sendo preferencialmente uma no primeiro trimestre de gestação, duas no segundo e três no terceiro16), (17. Em consonância com o MS, neste estudo a maioria das puérperas iniciou o pré-natal no período adequado e realizou mais de sete consultas.

Quanto aos motivos pelos quais os bebês a termo foram internados, os achados deste estudo apontam que a disfunção respiratória é o mais prevalente, seguida por icterícia e internação por ESP/ESQ. A disfunção respiratória pode ser causada por diferentes patologias ou mesmo pela necessidade de adaptação rápida do RN ao ambiente extrauterino12.

Corroborando os achados supracitados, alguns estudos7), (18), (19 relatam que metade da população de bebês internados na UTIN é de bebês a termo que necessitam de cuidados de ventilação mecânica (VM), cuja internação se deve a motivos respiratórios, que, porém, não é a população escolhida para a pesquisa19. Chowdhury; Greenough19 procuraram em seu estudo protocolos de desmame e VM para RNs a termo, no entanto, reforçaram que a maioria dos relatos são direcionadas à população de prematuros.

Embora sejam RNs a termo, o baixo peso da amostra associou-se com maior tempo de internação, sendo o ganho de peso um pré-requisito para a alta20. Já Rohininath et al. (21, em um estudo sobre admissões de bebês pesando mais de 2.500g na UTIN, verificaram que a porcentagem de bebês a termo foi de 54% de todas as admissões na UTIN e, desses, 12,8% não exigiam cuidados de alto nível, sendo consideradas internações potencialmente evitáveis.

Porém, ao associar o tempo de permanência dos bebês a termo às causas de internação, as respiratórias e outros diagnósticos são os que levam a um menor tempo de internação; já as doenças maternas e a má formação levam a um maior tempo de internação. A má formação requer procedimentos cirúrgicos de correção, demandando mais tempo. Isso nos faz questionar se RNs com problemas respiratórios são bebês que necessitam de UTIN, UTI intermediária ou semi-intensiva, indo ao encontro de Alkiaat et al. (7, que fazem o mesmo questionamento.

Outros diagnósticos que remetem a cuidados não intensivos seriam: icterícia neonatal, ESP/ESQ, baixa social e hipoglicemia, que tiveram grande prevalência na nossa amostra, mas que poderiam ser assistidos em unidades intermediárias. Não se pode afirmar que esses RNs sejam de alto risco ou de risco intermediários, mas que necessitam de menos tecnologias e mais avaliações/observações do seu desenvolvimento a longo prazo. Essa unidade intermediária poderia gerar menos custo ao hospital7.

Por exemplo, bebês com diagnóstico de internação por ESP/ESQ ou que apresentem baixa social, isto é, que não vão embora com a mãe biológica, ratificam o grau de vulnerabilidade da população atendida, o que explica o porquê de o serviço social ser o que mais realizou acompanhamentos junto ao binômio mãe-bebê. Isso pode estar relacionado com a acolhida social e o rastreamento de demandas emergentes com todas as puérperas que têm bebês internados na UTIN, não havendo necessidade de prescrição médica para a atuação dessa equipe. Além disso, o serviço social é responsável pela avaliação das realidades sociais apresentadas pelas famílias e/ou rede de apoio, como estabelece o Estatuto da Criança e Adolescente no art. 1222.

O estudo trouxe um dado alarmante: apenas 7% dos RNs a termo da UTIN foram assistidos pela equipe de fisioterapia, revelando a necessidade de uma triagem de todas as especialidades a fim de garantir um fluxo de assistência adequada a esses neonatos. Esse dado, entretanto, pode ser uma característica específica do hospital onde foi realizada a pesquisa. A inserção do fisioterapeuta na UTIN brasileira está embasada na legislação vigente23 e um estudo mais detalhado deve ser realizado para verificar porque este profissional é pouco solicitado. Visto isto, verificou-se que os bebês que ficam internados por mais tempo são os que mais necessitam de fisioterapia. Como neste hospital a fisioterapia depende de prescrição médica e o tempo de permanência é curto, muito provavelmente isso influencia na pouca demanda por esse núcleo profissional.

Predominaram os encaminhamentos pós-alta para a UBS. Nessa modalidade de cuidado, torna-se importantíssima a presença do tripé equipe-família-comunidade em prol de um seguimento que envolva ações de prevenção, cura, reabilitação e promoção da saúde da criança na Atenção Primária à Saúde24.

Os encaminhamentos para serviços especializados foram poucos e para especialidades distintas. Para os bebês que receberam atendimento na UTIN, sugere-se um serviço de follow-up de caráter multiprofissional, excelente ferramenta no acompanhamento e na avaliação do desenvolvimento dos RNs. O programa é um seguimento longitudinal sistematizado que deve ser formado por equipes multidisciplinares responsáveis por acompanhar o bebê de risco, auxiliando na identificação e prevenção de doenças4. Muitos desses follow-up se direcionam apenas para bebês prematuros.

Portanto, vamos na mesma direção de Alkiaat et al. (7, que encontraram que 90% dos bebês internados na UTIN não necessitavam de tratamento intensivo. Eles sugerem que possíveis modificações nos protocolos e cuidados na internação podem resultar em uma diminuição nas taxas de admissão dos RNs a termo nas UTIN, como também na organização de um local semi-intensivo para que o bebê fique internado com sua mãe, diminuindo os gastos com um tratamento intensivo e fortalecendo o vínculo mãe-bebê. A internação do RN a termo na UTIN causa surpresa para toda a família, que não está preparada para isso. Porém, como relatam Rohininath et al. (21, a internação de bebês a termo pode ser evitada, principalmente em casos de doenças secundárias relacionadas às doenças maternas e a razões sociais.

Então por que devemos nos preocupar com os bebês a termo na UTIN? Baseados na literatura, pensamos em cinco respostas plausíveis a esta pergunta. (1) Porque é grande o número de bebês a termo internados na UTIN que poderiam ser direcionados a uma unidade intermediária, por exemplo aqueles com disfunção ventilatória sem uso de VM, com icterícia, expostos à substância psicoativa/química, internados por baixa social, com hipoglicemia, entre outros. (2) Mostrar para os gestores o que pode ser modificado, ou seja, quais os diagnósticos de internação que podem recolocar o bebê em cuidado semi-intensivo, como já sugerimos no item anterior. (3) Bebês não elegíveis para permanência na UTIN podem custar menos aos cofres públicos/privados, além de evitar que eles sejam retirados do lado da família. (4) Nos casos de bebês com baixa social, realizar projetos de acolhimentos dentro do hospital para o seu provável lar após a alta (família biológica, lar adotivo ou abrigos). (5) Aumentar o número de investigações relacionados aos bebês a termo, visto que ainda são poucas quando comparadas às relacionadas a população prematura, havendo quatro vezes mais pesquisas com a última.

Este estudo trouxe grandes questionamentos para futuras pesquisas, mas algumas limitações devem ser consideradas. A dificuldade de obter informações nos prontuários analisados, que não continham dados relevantes sobre as características sociodemográficas, sociais, maternas (principalmente as gestacionais, como internação prévia, principais complicações e infecções, que poderiam justificar os diagnósticos de internação dos bebês) e paternas. Além disso, materiais de anos anteriores não puderam ser analisados devido à recente informatização do sistema e à falta de pessoas específicas para a atualização dos cadastros a fim de facilitar o mapeamento mais fidedigno. Os dados aqui coletados são referentes ao HMIPV, tendo uma limitação de validade externa, mas representando uma importante contribuição para a melhora de serviços semelhantes.

CONCLUSÃO

Os achados deste estudo propõem investigar mais a população de bebês a termo internados na UTIN. Os resultados indicam que eles precisam menos dessa unidade do que realmente acontece. As características que mais chamaram a atenção é que a amostra apresenta um bom Apgar no 5º minuto, o que prediz um nível inicial menor de assistência. As mães estão conseguindo realizar os pré-natais conforme recomenda o MS. Também se observou uma população vulnerável, sendo o serviço social o núcleo que mais os acompanha. A disfunção ventilatória foi o diagnóstico mais encontrado no bebê a termo e o tempo de permanência na UTIN foi curto. Sugere-se adotar uma melhor avaliação para vários diagnósticos principais, que poderiam levar à internação em uma UTI intermediária, por exemplo, para casos de icterícia e baixa social. O fisioterapeuta é o profissional menos chamado para acompanhar os RNs a termo na UTIN e, em contrapartida, é o que permanece por mais tempo com aqueles RNs que ficam por um período mais longo. O encaminhamento para serviço não especializado, especificamente a UBS, foi a mais significativa. Novas pesquisas com essa população são necessárias, considerando essas internações potencialmente evitáveis e buscando enxergar essa internação sob um novo prisma, priorizando o convívio maior do bebê com sua família em cuidados semi-intensivos.

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  • 1
    Estudo realizado no Hospital Materno Infantil Presidente Vargas (HMIPV).
  • 2
    Fonte de financiamento: nada a declarar
  • 4
    Aprovado pelo Comitê de Ética: Protocolo nº 3.984.410 (CAAE 29836920.1.0000.5329).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    29 Ago 2022
  • Data do Fascículo
    Apr-Jun 2022

Histórico

  • Recebido
    19 Nov 2021
  • Aceito
    07 Abr 2022
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