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Prevalência de sintomas depressivos em idosas de um Centro de Referência de Atenção ao Idoso no município de Passo Fundo, Rio Grande do Sul

Resumo

Objetivo:

Analisar a prevalência de sintomas depressivos em idosas e fatores associados a essa patologia.

Método:

Estudo transversal aninhado ao estudo longitudinal do Centro de Referência e Atenção ao Idoso da Universidade de Passo Fundo, RS. Foram aplicados questionários padronizados e pré-codificados com informações sociodemográficas. O desfecho depressão foi aferido através da Escala de Depressão Geriátrica. Para o nível de atividade física foi utilizado o International Physical Activity Questionnaire e o estado nutricional foi avaliado através dos parâmetros do índice de massa corporal. Foi aplicado o Teste qui-quadrado ou o Teste exato de Fischer para verificar a associação entre o desfecho e a exposição.

Resultados:

Foram avaliadas 313 idosas, entre 60 e 89 anos de idade, a maioria (91,3%) pertencia às classes econômicas B e C. A depressão esteve presente em 22 (7,1%) idosas. Na análise bivariada, a depressão esteve associada às idosas de cor não branca (14,6%; p=0,039) e às classificadas como insuficientemente ativas (10,6%; p=0,033).

Conclusão:

Os resultados indicam a necessidade de incentivar idosos para que façam atividades físicas, no intuito de contribuir para a prevenção da depressão geriátrica.

Palavras-chave:
Envelhecimento; Saúde do Idoso; Depressão.

Abstract

Objective:

To analyze depressive symptoms and factors associated with this pathology among elderly women.

Method:

A cross-sectional study nested in the longitudinal study of the Care and Reference Center for the Elderly of the Universidade de Passo Fundo (Passo Fundo University) in Rio Grande do Sul, Brazil, was carried out. Standardized questionnaires, pre-coded with sociodemographic information, were applied. The Geriatric Depression Scale was used to assess the outcome of depression. The International Physical Activity Questionnaire was used to evaluate the level of physical activity and parameters of Body Mass Index were used to assess nutritional status. The chi-squared test or the Fisher exact Test were applied to verify the association between outcome and exposure.

Results:

313 elderly women were assessed. They were aged from 60 to 89 years, and most (284 - 91.3%) belonged to economic classes B and C. Depression was present in 22 (7.1%) of the elderly women. In bivariate analysis, depression was associated with non-white elderly women (14.6%; p=0.039) who were classified as insufficiently active (10.6%; p=0.033).

Conclusion:

The results indicate the need to encourage the elderly to perform physical activities to contribute to the prevention of geriatric depression.

Keywords:
Aging; Health of the Elderly; Depression.

INTRODUÇÃO

O envelhecimento é um processo fisiológico, gradual e irreversível, provocando a diminuição das capacidades funcionais nos indivíduos11. Organização Mundial de Saúde. Guia global cidade amiga do idoso. Genebra: OMS; 2008. com alterações psicológicas e motoras, além do aumento na prevalência de doenças22. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010: características da população e dos domicílios [Internet]. Rio de Janeiro: IBGE; 2011 [acesso em 04 jul. 2016]. Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/93/cd_2010_caracteristicas_populacao_domicilios.pdf

3. Maciel MG. Atividade física e funcionalidade do idoso. Motriz Rev Educ Fís. 2010;16(4):1024-32.
-44. Souza WC, Mascarenhas LPG, Grzelczak MT, Tajes Junior D, Brasilino FF, Lima VA. Exercício físico na promoção da saúde na terceira idade. Saúde Meio Ambiente. 2015;4(1):55-65.. Dentre as doenças, a depressão é destacada na população idosa e sua presença pode levar à incapacidade funcional55. Meurer ST, Borges LJ, Benedetti TRB, Mazo GZ. Associação entre sintomas depressivos, motivação e autoestima de idosos praticantes de exercícios físicos. Rev Bras Ciênc Esporte. 2012;34(3):683-95.. No Brasil, mais de 10% da população idosa apresenta quadros depressivos, sendo esse um dos maiores problemas de saúde pública do mundo66. Mazo GZ, Krug RR, Virtuoso JF, Streit IA, Benetti MZ. Autoestima e depressão em idosos praticantes de exercícios físicos. Kinesis. 2012;30(1):188-99.. Roncon et al.77. Roncon J, Lima S, Pereira MG. Qualidade de vida, morbilidade psicológica e stress familiar em idosos residentes na comunidade. Psicol Teor Pesqui. 2015;31(1):87-96., em um estudo recente, relatam que a depressão foi a patologia que mais afetava a qualidade de vida física e psicológica em idosos.

As mudanças psicológicas, sociais e biológicas, ao longo da vida, podem tornar o idoso vulnerável a desenvolver determinadas patologias. Existe, na literatura, uma relação direta entre as relações sociais, a qualidade de vida e a capacidade funcional e uma relação inversa desses fatores com a depressão88. Ramos GCF, Carneiro JA, Barbosa ATF, Mendonça JMG, Caldeira AP. Prevalência de sintomas depressivos e fatores associados em idosos no norte de Minas Gerais: um estudo de base populacional. J Bras Psiquiatr. 2015;64(2):122-31..

Os sintomas depressivos envolvem aspectos de natureza biológica, psicológica e social e têm forte impacto funcional na vida de indivíduos de todas as idades. Na velhice, podem estar associados a diversas perdas, tais como: limitação do acesso àquelas atividades que promovem satisfação e bem-estar, além do aumento do risco para o aparecimento e o agravamento de doenças crônicas. O sedentarismo, a obesidade, assim como hábitos de vida prejudiciais à saúde, são fatores de risco para essa população99. Siqueira DGB, Souza RKT, Mesas AE, Santos HG, Bortoletto MSS. Diferenças entre sexos nos determinantes da obesidade abdominal em adultos de 40 anos ou mais: estudo de base populacional. Rev Nutr. 2015;28(5):485-96.,1010. Fauziana R, Jeyagurunathan A, Abdin E, Vaingankar J, Sagayadevan V, Shafie S, et al. Body mass index, waist-hip ratio and risk of chronic medical condition in the elderly population: results from the Well-being of the Singapore Elderly (WiSE) Study. BMC Geriatr. 2016;16:125..

Dentre os fatores associados à sintomatologia depressiva em idosos, destacam-se o sexo feminino77. Roncon J, Lima S, Pereira MG. Qualidade de vida, morbilidade psicológica e stress familiar em idosos residentes na comunidade. Psicol Teor Pesqui. 2015;31(1):87-96.,1111. Batistoni SST, Neri AL, Cupertino APFB. Medidas prospectivas de sintomas depressivos entre idosos residentes na comunidade. Rev Saúde Pública. 2010;44(6):1137-43.

12. Borges LJ, Benedetti TRB, Xavier AJ. Fatores associados aos sintomas depressivos em idosos: Estudo EpiFloripa. Rev Saúde Pública. 2013;47(4):701-10.

13. Frade J, Barbosa P, Cardoso S, Nunes C. Depression in the elderly: symptoms in institutionalised and non-institutionalised. Referência. 2015;4(4):41-9.

14. Lima MTR, Silva RS, Ramos LR. Fatores associados à sintomatologia depressiva numa coorte urbana de idosos. J Bras Psiquiatr. 2009;58(1):1-7.
-1515. Alvarenga MRM, Oliveira MAC, Faccenda O. Sintomas depressivos em idosos: análise dos itens da Escala de Depressão Geriátrica. Acta Paul Enferm. 2012;25(4):497-503., a idade avançada77. Roncon J, Lima S, Pereira MG. Qualidade de vida, morbilidade psicológica e stress familiar em idosos residentes na comunidade. Psicol Teor Pesqui. 2015;31(1):87-96.,1212. Borges LJ, Benedetti TRB, Xavier AJ. Fatores associados aos sintomas depressivos em idosos: Estudo EpiFloripa. Rev Saúde Pública. 2013;47(4):701-10.

13. Frade J, Barbosa P, Cardoso S, Nunes C. Depression in the elderly: symptoms in institutionalised and non-institutionalised. Referência. 2015;4(4):41-9.

14. Lima MTR, Silva RS, Ramos LR. Fatores associados à sintomatologia depressiva numa coorte urbana de idosos. J Bras Psiquiatr. 2009;58(1):1-7.
-1515. Alvarenga MRM, Oliveira MAC, Faccenda O. Sintomas depressivos em idosos: análise dos itens da Escala de Depressão Geriátrica. Acta Paul Enferm. 2012;25(4):497-503. e o viver sozinho77. Roncon J, Lima S, Pereira MG. Qualidade de vida, morbilidade psicológica e stress familiar em idosos residentes na comunidade. Psicol Teor Pesqui. 2015;31(1):87-96.,1313. Frade J, Barbosa P, Cardoso S, Nunes C. Depression in the elderly: symptoms in institutionalised and non-institutionalised. Referência. 2015;4(4):41-9.,1414. Lima MTR, Silva RS, Ramos LR. Fatores associados à sintomatologia depressiva numa coorte urbana de idosos. J Bras Psiquiatr. 2009;58(1):1-7.. Além das características sociodemográficas, outros fatores mostram-se associados a maior ocorrência de depressão, tais como: a utilização de medicamentos1414. Lima MTR, Silva RS, Ramos LR. Fatores associados à sintomatologia depressiva numa coorte urbana de idosos. J Bras Psiquiatr. 2009;58(1):1-7.,1515. Alvarenga MRM, Oliveira MAC, Faccenda O. Sintomas depressivos em idosos: análise dos itens da Escala de Depressão Geriátrica. Acta Paul Enferm. 2012;25(4):497-503., as comorbidades77. Roncon J, Lima S, Pereira MG. Qualidade de vida, morbilidade psicológica e stress familiar em idosos residentes na comunidade. Psicol Teor Pesqui. 2015;31(1):87-96.,1515. Alvarenga MRM, Oliveira MAC, Faccenda O. Sintomas depressivos em idosos: análise dos itens da Escala de Depressão Geriátrica. Acta Paul Enferm. 2012;25(4):497-503., a incapacidade funcional77. Roncon J, Lima S, Pereira MG. Qualidade de vida, morbilidade psicológica e stress familiar em idosos residentes na comunidade. Psicol Teor Pesqui. 2015;31(1):87-96., a percepção negativa de saúde1212. Borges LJ, Benedetti TRB, Xavier AJ. Fatores associados aos sintomas depressivos em idosos: Estudo EpiFloripa. Rev Saúde Pública. 2013;47(4):701-10. e a inatividade física1212. Borges LJ, Benedetti TRB, Xavier AJ. Fatores associados aos sintomas depressivos em idosos: Estudo EpiFloripa. Rev Saúde Pública. 2013;47(4):701-10.,1515. Alvarenga MRM, Oliveira MAC, Faccenda O. Sintomas depressivos em idosos: análise dos itens da Escala de Depressão Geriátrica. Acta Paul Enferm. 2012;25(4):497-503..

A manutenção da capacidade funcional dos idosos é um dos fatores que interferem na qualidade de vida dessa população. Neste contexto, a prática de atividades físicas deve ser incentivada para essa faixa etária, por ser um importante meio de se alcançar esse objetivo, além de trazer benefícios físicos e psicossociais, melhoram a resistência a doenças e ao estresse33. Maciel MG. Atividade física e funcionalidade do idoso. Motriz Rev Educ Fís. 2010;16(4):1024-32.,1616. Casagrande GHJ, Monique FS, Carpes PBM. Qualidade de vida e incidência de depressão em idosas que frequentam grupos de terceira idade Rev Bras Ciênc Envelhec Hum. 2013;10(1):52-65..

Os grupos de terceira idade, quando bem estruturados, são um exemplo de espaço para a convivência com pessoas da mesma faixa etária e para poderem desfrutar de atividades físicas e cognitivas1616. Casagrande GHJ, Monique FS, Carpes PBM. Qualidade de vida e incidência de depressão em idosas que frequentam grupos de terceira idade Rev Bras Ciênc Envelhec Hum. 2013;10(1):52-65.. Ferreira e Barham1717. Ferreira HG, Barham EJ. O Envolvimento de idosos em atividades prazerosas: revisão da literatura sobre instrumentos de aferição. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2011;14(3):579-90. ressaltam ainda que, quanto menos o indivíduo estiver envolvido em atividades prazerosas, maior a chance de experimentar o desânimo e este evoluir para a depressão.

A alta prevalência de sintomas depressivos e depressão subsindrômica em idosos reforça a importância da investigação científica, por estarem associados a outras doenças médicas e ao risco de evolução para a depressão maior1818. Barcelos-Ferreira R, Izbicki R, Steffens DC, Bottino CM. Depressive morbidity and gender in community-dwelling Brazilian elderly: systematic review and meta-analysis. Int Psychogeriatr. 2010;22(5):712-26.. Estudos regionais e de base populacional são necessários para que as variáveis identificadas possam ser abordadas de maneira mais efetiva e imediata pelos gestores de saúde, bem como por toda área de saúde que atende essa população. Diante do exposto, o objetivo do presente estudo foi analisar a prevalência de sintomas depressivos em idosas e fatores associados a essa patologia, em um Centro de Referência e Atenção ao Idoso do município de Passo Fundo, Rio Grande do Sul.

MÉTODO

Trata-se de um estudo transversal, com amostra de conveniência, aninhado ao estudo longitudinal do Centro de Referência e Atenção ao Idoso (Elo-Creati). O estudo foi realizado no Creati, que é vinculado à Universidade de Passo Fundo, RS. O Centro oferece oficinas de língua estrangeira, informática, origami, coral, memória e diversas modalidades de atividades físicas.

No município de Passo Fundo residem 21.245 idosos na zona urbana, sendo que 8.685 são homens e 12.560 são mulheres, de acordo com o Censo de 20101919. Prefeitura Municipal de Passo Fundo. Censo Demográfico 2010. Passo Fundo: PMPF [acesso em 11 out. 2016]. Disponível em: http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=431410&search=rio-grande-do-sul|passo-fundo
http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/per...
. No Creati, participam das atividades cerca de 600 idosos. Foram incluídas na pesquisa todas as mulheres com idade igual ou mais de 60 anos, matriculadas em uma ou mais oficinas, no período de agosto de 2014 a agosto de 2015 e que concordaram em participar do estudo. Optou-se estudar somente mulheres por serem maioria no Creati e com pelo menos 60 anos para ser caracterizada como idosa, pois nesse Centro, admitem-se pessoas a partir de 55 anos de idade.

Durante um ano, as coletas foram realizadas como estratégia de maior adesão à pesquisa. As idosas foram sensibilizadas sobre a importância do estudo por meio de palestras e cartazes no Centro, sendo abordadas antes e/ou após a realização das oficinas, para não alterar o fluxo de suas atividades no local.

Como característica de um delineamento transversal, os questionários foram aplicados apenas uma vez a cada participante, por dez acadêmicos e três professores da Universidade de Passo Fundo vinculados à pesquisa, distribuídos nos horários em que havia atividades no Centro. Todos os entrevistadores foram previamente treinados e receberam um manual com orientações gerais e sobre cada questão para auxiliar a coleta e a codificação das respostas. Além disso, sempre havia um professor como revisor acompanhando as coletas para eventuais dúvidas dos entrevistadores. Para as coletas, entrevistadores e entrevistados foram dispostos em várias salas de aula para criar um ambiente calmo e silencioso para as coletas, as quais duravam entre 20 e 30 minutos.

Quanto ao tamanho amostral, para um nível de confiança de 95%, poder estatístico de 80%, razão entre exposto: não exposto (1:1,5) e razão de prevalência de 2, seria necessária uma amostra de 307 idosas, similar ao número de idosas investigadas. Também foi calculado o poder estatístico para verificar as associações e todas as variáveis de exposição apresentaram poder estatístico superior a 90%.

O desfecho depressão foi aferido através da Escala de Depressão Geriátrica (EDG). O instrumento tem 15 questões com respostas objetivas a respeito de como a pessoa idosa tem se sentido durante a última semana. A EDG não é um substituto para uma entrevista diagnóstica realizada por profissionais da área de saúde mental. É uma ferramenta útil de avaliação rápida para facilitar a identificação da depressão em idosos. As perguntas não podem ser alteradas, deve-se perguntar exatamente o que consta no instrumento. As avaliações dos resultados foram feitas da seguinte maneira: pontuação entre 0 e 5 sem depressão, e 6 ou mais, com depressão 2020. Almeida OP, Almeida SA. Confiabilidade da versão brasileira da Escala de Depressão em Geriatria (GDS) versão reduzida. Arq Neuropsiquiatr. 1999;57(2B):421-6. .

As variáveis de exposição foram: idade, estado civil, cor da pele, classe econômica, índice de massa corporal (IMC) e nível de atividade física. A classe econômica foi identificada através do Critério de Classificação Econômica Brasil da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa do ano de 20132121. Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa. Critério de Classificação Econômica Brasil [Internet]. São Paulo: ABEP [acesso em 1 jan. 2014]. Disponível em: http://crq.abep.org/Login.aspx?ReturnUrl=%2f#
http://crq.abep.org/Login.aspx?ReturnUrl...
. O instrumento é composto por perguntas sobre posse e quantidade de alguns itens como, por exemplo, televisão em cores, rádio, banheiro, entre outros e a escolaridade do responsável pelo domicílio. Após o somatório, classifica-se, de acordo com os pontos de corte, em classe econômica A, B, C, D e E.

O IMC é calculado com base na divisão do peso corporal em quilogramas pela estatura em metro elevada ao quadrado (kg/m22. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010: características da população e dos domicílios [Internet]. Rio de Janeiro: IBGE; 2011 [acesso em 04 jul. 2016]. Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/93/cd_2010_caracteristicas_populacao_domicilios.pdf). Os pontos de corte adotados para avaliar o estado nutricional foram os propostos por Lipschitz2222. Lipschitz DA. Screening for nutritional status in the elderly. Prim Care. 1994;21(1):55-67.: baixo peso (<22 kg/m22. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010: características da população e dos domicílios [Internet]. Rio de Janeiro: IBGE; 2011 [acesso em 04 jul. 2016]. Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/93/cd_2010_caracteristicas_populacao_domicilios.pdf), eutrofia (22-27 kg/m22. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010: características da população e dos domicílios [Internet]. Rio de Janeiro: IBGE; 2011 [acesso em 04 jul. 2016]. Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/93/cd_2010_caracteristicas_populacao_domicilios.pdf) e sobrepeso (>27 kg/m22. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010: características da população e dos domicílios [Internet]. Rio de Janeiro: IBGE; 2011 [acesso em 04 jul. 2016]. Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/93/cd_2010_caracteristicas_populacao_domicilios.pdf). O valor do peso corporal foi obtido utilizando-se uma balança digital da marca Tanita®, tipo portátil. Para verificação da estatura utilizou-se um estatiômetro da marca Seca®, com escala de precisão de 0,1cm.

Para o nível de atividade física foi utilizado o International Physical Activity Questionnaire (IPAQ)2323. International Physical Activity Questionnaire. Guidelines for data processing and analysis of the International Physical Activity Questionnaire(IPAQ): short and long forms [Internet]. IPAQ Web site: IPAQ group; 2005 [acesso em 10 ago. 2016]. Disponível em: www.institutferran.org/.../scoring_short_ipaq_april04.pdf
www.institutferran.org/.../scoring_short...
, versão curta. Os níveis de atividade física foram calculados com base nos Guidelines for Data Processing and Analysis of the IPAQ, a partir das informações de dias de atividade física, utilizando o valor do equivalente metabólico (MET) correspondente para atividade, sendo 3,3 MET para caminhadas; 4,0 MET para atividade física moderada e 8,0 MET para atividade física intensa. Desta forma, os indivíduos foram classificados em insuficientemente ativo (aqueles que não fazem atividade física ou que não foram incluídos nas demais categorias), suficientemente ativo (aqueles que atingiram no mínimo 600 MET) e muito ativo (aqueles que atingiram no mínimo 1.500 MET).

Foi calculado o poder estatístico do banco de dados para verificar a associação entre o desfecho e a exposição, todas as variáveis de exposição apresentaram poder estatístico superior a 90%. Para as variáveis quantitativas foram calculadas as medidas de tendência central e dispersão e para as variáveis qualitativas foram apresentadas as frequências absolutas e relativas simples. Foi aplicado o Teste qui-quadrado ou o Teste exato de Fischer para verificar a associação entre o desfecho e a exposição.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Passo Fundo sob o parecer nº 741.214. Todas as participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

RESULTADOS

Foram investigadas 313 idosas entre 60 e 89 anos, com média de idade de 69,24 (+6,85) anos, sendo que 292 (93,3%) idosas tinham menos de 80 anos; 195 (62,3%) não tinham companheiro; 262 (84,5%) referiram ser de cor de pele branca e 284 (91,3%) idosas pertenciam às classes econômicas B e C (tabela 1).

Tabela 1
Descrição das características demográficas e socioeconômicas de idosas do Centro de Referência e Atenção ao Idoso. Passo Fundo, RS, 2015.

Quanto ao estado nutricional, foi identificado que 46 (15,8%) idosas estavam com baixo peso e 92 (31,5%) estavam com excesso de peso. Os níveis de atividade física suficientemente ativo e muito ativo foram encontrados em 181 (57,9%) das idosas, grande parte devido às oficinas oferecidas no Centro. A depressão esteve presente em 22 (7,1%) idosas (tabela 2).

Tabela 2
Descrição do estado nutricional, nível de atividade física e depressão em idosas do Centro de Referência e Atenção ao Idoso. Passo Fundo, RS, 2015.

Na análise bivariada, a maior prevalência de depressão esteve associada às idosas de cor não branca (14,6%; p=0,039), sendo classificadas como insuficientemente ativa (10,6%; p=0,033) (tabela 3).

Tabela 3
Descrição da associação entre depressão e características demográficas, socioeconômicas, estado nutricional e nível de atividade física de idosas do Centro de Referência e Atenção ao Idoso. Passo Fundo, RS, 2015.

DISCUSSÃO

No presente estudo, ao caracterizar os dados socioeconômicos e demográficos da amostra, foi possível evidenciar a maioria formada por idosas jovens. Em estudos dirigidos para essa faixa populacional, são frequentes amostras formadas apenas por mulheres ou, quando as amostras são mistas, é comum que o número de mulheres seja superior ao número de homens44. Souza WC, Mascarenhas LPG, Grzelczak MT, Tajes Junior D, Brasilino FF, Lima VA. Exercício físico na promoção da saúde na terceira idade. Saúde Meio Ambiente. 2015;4(1):55-65.,77. Roncon J, Lima S, Pereira MG. Qualidade de vida, morbilidade psicológica e stress familiar em idosos residentes na comunidade. Psicol Teor Pesqui. 2015;31(1):87-96.,1111. Batistoni SST, Neri AL, Cupertino APFB. Medidas prospectivas de sintomas depressivos entre idosos residentes na comunidade. Rev Saúde Pública. 2010;44(6):1137-43.,1313. Frade J, Barbosa P, Cardoso S, Nunes C. Depression in the elderly: symptoms in institutionalised and non-institutionalised. Referência. 2015;4(4):41-9.. Esses achados reforçam o fato de que as mulheres vivem, em média, mais que os homens e que um maior número de mulheres frequentam programas específicos para o público idoso22. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010: características da população e dos domicílios [Internet]. Rio de Janeiro: IBGE; 2011 [acesso em 04 jul. 2016]. Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/93/cd_2010_caracteristicas_populacao_domicilios.pdf,1111. Batistoni SST, Neri AL, Cupertino APFB. Medidas prospectivas de sintomas depressivos entre idosos residentes na comunidade. Rev Saúde Pública. 2010;44(6):1137-43.

12. Borges LJ, Benedetti TRB, Xavier AJ. Fatores associados aos sintomas depressivos em idosos: Estudo EpiFloripa. Rev Saúde Pública. 2013;47(4):701-10.

13. Frade J, Barbosa P, Cardoso S, Nunes C. Depression in the elderly: symptoms in institutionalised and non-institutionalised. Referência. 2015;4(4):41-9.

14. Lima MTR, Silva RS, Ramos LR. Fatores associados à sintomatologia depressiva numa coorte urbana de idosos. J Bras Psiquiatr. 2009;58(1):1-7.
-1515. Alvarenga MRM, Oliveira MAC, Faccenda O. Sintomas depressivos em idosos: análise dos itens da Escala de Depressão Geriátrica. Acta Paul Enferm. 2012;25(4):497-503.,2424. Aguiar AMAD, Marques APDO, Silva ECD, Costa TRD, Ramos RDSPD, Leal MCC. Prevalência e determinantes de sintomatologia depressiva em idosos assistidos em serviço ambulatorial. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2014;17(4):853-66..

Quanto ao estado civil, a maioria da amostra estudada (62,3%) não possuía companheiro, ou seja, era solteira, divorciada ou viúva. Estudos referem que a população idosa vive sem companheiro2525. Silva SPZ, Marin MJS, Rodrigues MR. Condições de vida e de saúde de idosos acima de 80 anos. Rev Gaúcha Enferm. 2015;36(3):42-8. e, no Paraná2626. Oliveira MF, Bezerra VP, Silva AO, Alves MSCF, Moreira MASP, Caldas CP. Sintomatologia de depressão autorreferida por idosos que vivem em comunidade. Ciênc Saúde Coletiva. 2012;17(8):2191-8., verificou-se que aproximadamente 34% dos entrevistados eram viúvos. Na faixa etária de 80 anos de idade ou mais, esse número sobe para 63%, aproximadamente77. Roncon J, Lima S, Pereira MG. Qualidade de vida, morbilidade psicológica e stress familiar em idosos residentes na comunidade. Psicol Teor Pesqui. 2015;31(1):87-96.,1313. Frade J, Barbosa P, Cardoso S, Nunes C. Depression in the elderly: symptoms in institutionalised and non-institutionalised. Referência. 2015;4(4):41-9.,2727. Pilger C, Menon MH, Mathias TAF. Características sociodemográ?cas e de saúde de idosos: contribuições para os serviços de saúde. Rev Latinoam Enferm. 2011;19(5):1230-8.. Verifica-se que a mulher, em comparação ao homem ao enfrentar a viuvez, é menos propensa a buscar uma nova união2626. Oliveira MF, Bezerra VP, Silva AO, Alves MSCF, Moreira MASP, Caldas CP. Sintomatologia de depressão autorreferida por idosos que vivem em comunidade. Ciênc Saúde Coletiva. 2012;17(8):2191-8..

Em relação à condição financeira do grupo estudado, o fato de a maioria das idosas pertencer às classes econômicas B e C é característico do Brasil, porque a situação financeira no país muda com a aposentadoria, ocorrendo um declínio social e de moradia, diminuindo o papel produtivo, o que pode ocasionar diminuição de status22. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010: características da população e dos domicílios [Internet]. Rio de Janeiro: IBGE; 2011 [acesso em 04 jul. 2016]. Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/93/cd_2010_caracteristicas_populacao_domicilios.pdf,1212. Borges LJ, Benedetti TRB, Xavier AJ. Fatores associados aos sintomas depressivos em idosos: Estudo EpiFloripa. Rev Saúde Pública. 2013;47(4):701-10.,2424. Aguiar AMAD, Marques APDO, Silva ECD, Costa TRD, Ramos RDSPD, Leal MCC. Prevalência e determinantes de sintomatologia depressiva em idosos assistidos em serviço ambulatorial. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2014;17(4):853-66.,2828. Suassuna PD, Veras RP, Lourenço RA, Caldas CP. Fatores associados a sintomas depressivos em idosos atendidos em ambulatório público de Geriatria. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2012;15(4):643-50..

Com relação à prevalência de depressão nesse grupo de idosas, apenas 22(7,1%) apresentaram depressão, menos da metade da prevalência encontrada nos trabalhos de Oliveira et al.2626. Oliveira MF, Bezerra VP, Silva AO, Alves MSCF, Moreira MASP, Caldas CP. Sintomatologia de depressão autorreferida por idosos que vivem em comunidade. Ciênc Saúde Coletiva. 2012;17(8):2191-8. (24,2%) e Borges et al.1212. Borges LJ, Benedetti TRB, Xavier AJ. Fatores associados aos sintomas depressivos em idosos: Estudo EpiFloripa. Rev Saúde Pública. 2013;47(4):701-10. (17,4%), e ambos realizados com idosos residentes em seu ambiente familiar. Outro estudo realizado em Passo Fundo, RS, por Borges e Dalmolin2929. Borges DT, Dalmolin BM. Depressão em idosos de uma comunidade assistida pela Estratégia de Saúde da Família em Passo Fundo, RS. Rev Bras Med Fam Comunidade. 2012;7(23):75-82., avaliando 151 idosos assistidos pela Estratégia de Saúde da Família, utilizando o mesmo instrumento de coleta, EDG, verificou que 18,0% apresentaram depressão leve e 3,3% depressão severa, resultados superiores aos encontrados neste estudo. Casagrande et al.1616. Casagrande GHJ, Monique FS, Carpes PBM. Qualidade de vida e incidência de depressão em idosas que frequentam grupos de terceira idade Rev Bras Ciênc Envelhec Hum. 2013;10(1):52-65., avaliando um grupo de idosos, apontaram que apenas 12,0% dos entrevistados apresentaram sintomas de depressão. Esse resultado se assemelha ao encontrado nesta pesquisa, o que sugere uma reduzida prevalência de depressão em idosos pertencentes a grupos específicos, provavelmente, por serem mais ativos socialmente, culturalmente e fisicamente44. Souza WC, Mascarenhas LPG, Grzelczak MT, Tajes Junior D, Brasilino FF, Lima VA. Exercício físico na promoção da saúde na terceira idade. Saúde Meio Ambiente. 2015;4(1):55-65.

5. Meurer ST, Borges LJ, Benedetti TRB, Mazo GZ. Associação entre sintomas depressivos, motivação e autoestima de idosos praticantes de exercícios físicos. Rev Bras Ciênc Esporte. 2012;34(3):683-95.
-66. Mazo GZ, Krug RR, Virtuoso JF, Streit IA, Benetti MZ. Autoestima e depressão em idosos praticantes de exercícios físicos. Kinesis. 2012;30(1):188-99.,1212. Borges LJ, Benedetti TRB, Xavier AJ. Fatores associados aos sintomas depressivos em idosos: Estudo EpiFloripa. Rev Saúde Pública. 2013;47(4):701-10.. Além disso, atividades de educação em saúde realizadas em grupos são recursos que permitem a aproximação entre os profissionais e os receptores do cuidado, além de contribuírem para o oferecimento de informações com pessoas que estão passando pela mesma experiência, tendo um espaço para expressar seus sentimentos, dúvidas, ansiedades e obter respostas aos questionamentos11. Organização Mundial de Saúde. Guia global cidade amiga do idoso. Genebra: OMS; 2008..

Neste contexto, prevalência elevada foi verificada por Suassuna et al.2828. Suassuna PD, Veras RP, Lourenço RA, Caldas CP. Fatores associados a sintomas depressivos em idosos atendidos em ambulatório público de Geriatria. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2012;15(4):643-50. em idosos de um ambulatório geriátrico, onde 53,0% da população estudada apresentaram sintomas depressivos, apresentando um maior comprometimento de saúde quando comparados com idosos da comunidade.

Estudos nacionais relacionados à prevalência de depressão em idosos costumam identificar divergências quando analisados com estudos internacionais. A esse fato, pode-se atribuir as diferentes metodologias de aferição nos estudos, além das possíveis diferenças sociodemográficas observadas em cada país99. Siqueira DGB, Souza RKT, Mesas AE, Santos HG, Bortoletto MSS. Diferenças entre sexos nos determinantes da obesidade abdominal em adultos de 40 anos ou mais: estudo de base populacional. Rev Nutr. 2015;28(5):485-96.,1313. Frade J, Barbosa P, Cardoso S, Nunes C. Depression in the elderly: symptoms in institutionalised and non-institutionalised. Referência. 2015;4(4):41-9.,1919. Prefeitura Municipal de Passo Fundo. Censo Demográfico 2010. Passo Fundo: PMPF [acesso em 11 out. 2016]. Disponível em: http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=431410&search=rio-grande-do-sul|passo-fundo
http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/per...
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A depressão em idosas é um problema de âmbito mundial e evidencia a necessidade de estudos que identifiquem os fatores associados a esse problema de saúde pública. Saliente-se ainda, que estudos transversais com associações devem ser avaliados com cautela pela grande variabilidade de critérios metodológico utilizados55. Meurer ST, Borges LJ, Benedetti TRB, Mazo GZ. Associação entre sintomas depressivos, motivação e autoestima de idosos praticantes de exercícios físicos. Rev Bras Ciênc Esporte. 2012;34(3):683-95.,88. Ramos GCF, Carneiro JA, Barbosa ATF, Mendonça JMG, Caldeira AP. Prevalência de sintomas depressivos e fatores associados em idosos no norte de Minas Gerais: um estudo de base populacional. J Bras Psiquiatr. 2015;64(2):122-31.,1212. Borges LJ, Benedetti TRB, Xavier AJ. Fatores associados aos sintomas depressivos em idosos: Estudo EpiFloripa. Rev Saúde Pública. 2013;47(4):701-10.

13. Frade J, Barbosa P, Cardoso S, Nunes C. Depression in the elderly: symptoms in institutionalised and non-institutionalised. Referência. 2015;4(4):41-9.
-1414. Lima MTR, Silva RS, Ramos LR. Fatores associados à sintomatologia depressiva numa coorte urbana de idosos. J Bras Psiquiatr. 2009;58(1):1-7.,2424. Aguiar AMAD, Marques APDO, Silva ECD, Costa TRD, Ramos RDSPD, Leal MCC. Prevalência e determinantes de sintomatologia depressiva em idosos assistidos em serviço ambulatorial. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2014;17(4):853-66.,3030. Hoffmann EJ, Ribeiro F, Farnese JM, Lima EWB. Sintomas depressivos e fatores associados entre idosos residentes em uma comunidade no norte de Minas Gerais, Brasil. J Bras Psiquiatr. 2010;59(3):190-7..

Quanto ao estado nutricional do grupo estudado, os resultados mostraram que 92 (31,5%) das idosas estavam com excesso de peso. Duarte e Rego3131. Duarte MB, Rego MAV. Comorbidade entre depressão e doenças clínicas em um ambulatório de geriatria. Cad Saúde Pública. 2007;23(3):691-700. avaliaram 1.120 idosos, sendo que 19,0% apresentaram baixo peso, mais da metade (54,0%) foi classificada como eutrofia3131. Duarte MB, Rego MAV. Comorbidade entre depressão e doenças clínicas em um ambulatório de geriatria. Cad Saúde Pública. 2007;23(3):691-700.. Magro et al.3232. Magro M, Rodrigues MGG, Hack J, Dal Santos M, Chiconatto P, Melhem ARF, et al. Estado nutricional de idosas e variáveis associadas com o recebimento de benefício social. Rev Ciênc Saúde. 2013;6(2):110-7. encontraram 50,0% das idosas com excesso de peso. Andrade et al.3333. Andrade FB, Caldas Júnior AF, Kitoko PM, Batista JEM, Andrade TB. Prevalence of overweight and obesity in elderly people from Vitória-ES, Brazil. Ciênc Saúde Coletiva. 2012;17(3):749-56. verificaram a prevalência de excesso de peso e obesidade alta, sendo 41,8% e 23,4%, respectivamente. Os resultados do presente estudo mostraram que a maioria das idosas pesquisadas (n=181; 57,9%) faziam atividades físicas, sejam elas consideradas como muito ativas ou suficientemente ativas, o que pode ter colaborado com a baixa frequência relativa de excesso de peso comparado aos outros estudos33. Maciel MG. Atividade física e funcionalidade do idoso. Motriz Rev Educ Fís. 2010;16(4):1024-32.

4. Souza WC, Mascarenhas LPG, Grzelczak MT, Tajes Junior D, Brasilino FF, Lima VA. Exercício físico na promoção da saúde na terceira idade. Saúde Meio Ambiente. 2015;4(1):55-65.
-55. Meurer ST, Borges LJ, Benedetti TRB, Mazo GZ. Associação entre sintomas depressivos, motivação e autoestima de idosos praticantes de exercícios físicos. Rev Bras Ciênc Esporte. 2012;34(3):683-95..

No entanto, quando a análise bivariada foi realizada, os dados mostraram que a depressão esteve associada às idosas classificada como insuficientemente ativa (p=0,033). Isso reforça que a inatividade física pode contribuir com o aumento dos níveis de depressão em indivíduos idosos. A relação entre exercício físico, saúde, qualidade de vida e envelhecimento vem sendo cada vez mais discutida e analisada cientificamente por profissionais de diferentes áreas33. Maciel MG. Atividade física e funcionalidade do idoso. Motriz Rev Educ Fís. 2010;16(4):1024-32.

4. Souza WC, Mascarenhas LPG, Grzelczak MT, Tajes Junior D, Brasilino FF, Lima VA. Exercício físico na promoção da saúde na terceira idade. Saúde Meio Ambiente. 2015;4(1):55-65.

5. Meurer ST, Borges LJ, Benedetti TRB, Mazo GZ. Associação entre sintomas depressivos, motivação e autoestima de idosos praticantes de exercícios físicos. Rev Bras Ciênc Esporte. 2012;34(3):683-95.
-66. Mazo GZ, Krug RR, Virtuoso JF, Streit IA, Benetti MZ. Autoestima e depressão em idosos praticantes de exercícios físicos. Kinesis. 2012;30(1):188-99.,2424. Aguiar AMAD, Marques APDO, Silva ECD, Costa TRD, Ramos RDSPD, Leal MCC. Prevalência e determinantes de sintomatologia depressiva em idosos assistidos em serviço ambulatorial. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2014;17(4):853-66.,2828. Suassuna PD, Veras RP, Lourenço RA, Caldas CP. Fatores associados a sintomas depressivos em idosos atendidos em ambulatório público de Geriatria. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2012;15(4):643-50..

Dados da Vigitel3434. Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Agência Nacional de Saúde Suplementar. Vigitel Brasil 2008: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde; 2009. mostram que 51,7% das mulheres com mais de 65 anos de idade não praticam atividades físicas. Silva et al.3535. Da Silva MF, Goulart NBA, Lanferdini FJ, Marcon M, Dias CP. Relação entre os níveis de atividade física e qualidade de vida de idosos sedentários e fisicamente ativos. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2012;15(4):634-42. ao compararem atividade física e qualidade de vida de idosos sedentários e ativos relatam que idosos praticantes de exercícios físicos possuem melhor qualidade de vida. Ferreira et al.3636. Ferreira L, Roncada C, Tiggemann CL, Dias CP. Avaliação dos níveis de depressão em idosos praticantes de diferentes exercícios físicos. Conscientiae Saúde. 2014;13(3):405-10. ressaltam que a prática de exercício físico regular colabora para prevenção da depressão.

A manutenção da capacidade funcional dos idosos contribui para uma melhor qualidade de vida dessa população. A prática de atividades físicas na terceira idade é um meio de alcançar esse objetivo, proporcionando uma melhora psicossocial33. Maciel MG. Atividade física e funcionalidade do idoso. Motriz Rev Educ Fís. 2010;16(4):1024-32., diminuir ocorrência de sintomas depressivos, elevar a autoestima e motivação55. Meurer ST, Borges LJ, Benedetti TRB, Mazo GZ. Associação entre sintomas depressivos, motivação e autoestima de idosos praticantes de exercícios físicos. Rev Bras Ciênc Esporte. 2012;34(3):683-95., além de reduzir os efeitos do envelhecimento e prevenir doenças coronarianas e degenerativas44. Souza WC, Mascarenhas LPG, Grzelczak MT, Tajes Junior D, Brasilino FF, Lima VA. Exercício físico na promoção da saúde na terceira idade. Saúde Meio Ambiente. 2015;4(1):55-65..

Portanto, conhecer as características dessa amostra de idosas ativas e as associações com a depressão pode alertar e agregar conhecimentos para possibilitar melhor aprofundamento acerca dessa temática, já que é uma parcela diferenciada da população envelhecida, que vive de forma ativa, diferente de cenários de idosos institucionalizados ou restritos ao lar. Uma limitação do estudo pode ser referida por tratar-se de um estudo transversal onde existe a possibilidade de viés de memória, uma vez que, as variáveis investigadas ocorreram no passado.

CONCLUSÃO

Os resultados evidenciam uma pequena prevalência de depressão na amostra investigada, sendo maior entre as idosas com menor nível de atividade física e de cor não branca. Esses achados sugerem que é relevante o fato de as idosas serem ativas, neste caso, fazerem parte de um Centro de Referência e Atenção ao Idoso.

Considerado ainda que, no Brasil, as condições de assistências à saúde, previdenciárias e sociais são precárias, a maioria dessas responsabilidades são transferidas para o próprio idoso, provocando sentimentos de medo e preocupação. Neste sentido, cada vez mais se verifica a importância do planejamento, por parte dos profissionais da saúde e dos programas com ações direcionadas a essa população que estará em crescimento considerável nos próximos anos.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Nov-Dec 2016

Histórico

  • Recebido
    26 Fev 2016
  • Revisado
    14 Set 2016
  • Aceito
    31 Out 2016
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