Resumo
Provavelmente em meados do século XVI, um religioso europeu de nome Leonel de Sousa, em missão às partes mais a leste do mundo conhecido, registrou, em um manuscrito de dez fólios, a “Vertude da Erva Sancta que he o tabaco” (n.d.). Ali, anotou os mais destacados usos da planta americana, as doenças para as quais seria útil e as formas mais precisas de manusear o elemento e extrair dele seu potencial curativo. A erva a que se refere, o tabaco, não gozava do predicado de ‘santa’ inequivocamente, sobretudo entre outros homens de fé que, em escritos diversos, sublinharam os vícios despertados por seu consumo, o que torna a compilação merecedora de uma análise mais detida. É à transcrição integral deste manuscrito, acrescida de breves comentários e indicações, que este texto se dedica.
Palavras-chave
Tabaco; Plantas; Medicina; Saúde; Oriente
Abstract
Probably in the mid-16th century, a European religious named Leonel de Sousa, on a mission to the easternmost parts of the known world, recorded in a ten-folio manuscript, the “Vertude da Erva Sancta que he o tabaco” (n.d.). There, he has revealed the most prominent uses of these American plant, such as diseases for which it was useful and the most accurate ways to handle and extract the potential healing components of the natural element. The herb he referred to as ‘holy’, the tobacco, was not unequivocally seen as so, especially among other priests or religious men who in diverse writings, underlines the addiction that could be aroused by its consumption. This characteristic makes the compilation worthy of a more thorough analysis. It is to the full transcription of this manuscript, with brief comments and indications, that this text is dedicated.
Keywords
Tobacco; Plants; Medicine; Health; East
Todos os alimentos são geralmente difíceis de desgastar, mas Deus remediou isto com uma erva, cujo fumo muito ajuda a digestão e a outros males corporais e a purgar a fleuma do estômago. . . .
Eu teria dela precisão por causa da umidade e do meu catarro, mas eu me abstenho de querer quod mihi útil est sed quod multis ut save fiant
(Leite, 1956, pp. 156-169)1.
É esta uma das primeiras menções ao tabaco em língua portuguesa, presente em uma carta do conhecido Padre Manuel da Nóbrega dirigida a seu confrade Simão Rodrigues, que se encontrava em Lisboa, remetida de Porto Seguro aos seis dias do primeiro mês de 1550. Com um elogio às suas propriedades curativas e com uma ressalva moral, é a planta apresentada aos familiares e membros da Companhia de Jesus do outro lado do Atlântico. Muitos foram os que, depois dele, teceram recomendações, pautados, sobretudo, no que viam e ouviam dizer do emprego do tabaco pelos naturais da terra brasilis. Em seus depoimentos, a terapêutica (e a sociabilidade) relacionada ao consumo do tabaco – erva santa, erva de todos os males e erva da rainha mãe (Léry, 1972)2 ou, como referiram-se os viajantes europeus, petum pytyma, bettin, petigma petume, peti, pitim (Burton, 2001; Kell, 1966) (são muitas as variantes!) –, se era feita com ele mascado, aspirado como rapé, inalado em cachimbos ou cigarros, bebido ou aplicado sobre o corpo, pode ser cotejada como uma entre as diversas temáticas abordadas – os costumes dos indígenas, as benesses da terra, as formas de melhor se estabelecer no território, os sucessos ou as frustrações missionárias –, quer dizer, não é o tema exclusivo dessas cartas, crônicas ou tratados, embora seja uma referência constante. Na verdade, a própria temática da conservação ou do restabelecimento da saúde não se caracteriza, ao fim e ao cabo, como alvo primeiro dos supracitados letrados e homens pios.
Há, porém, uma série de documentos que se encaminham nesta direção, oriundos também das penas dos jesuítas e, entre eles, um que expõe, de forma bastante específica, os conhecimentos sobre as aplicações da erva santa para fins terapêuticos. Este é o documento que será aqui apresentado, transcrito e comentado, considerando-se que fora através de uma sistemática troca de informações – um dos pilares do carisma da Ordem, é verdade, como estratégia para garantir a coesão e a solidariedade de seus membros (Castelnau-L’Estoile, 2006) –, que esses missionários que rumaram a sul e a leste começaram a escrever e a fazer circular (Chambers & Gillespie, 2000, pp. 228-231) a descrição de plantas (Henriques, 1989; Ferrão, 1993) curativas indígenas e orientais (Russell-Wood, 1998, pp. 227-276), incluindo notas descritivas de como identificar, preparar e aplicar drogas nativas até então desconhecidas do europeu (Walker, 2013), como era, então, o tabaco (Febrer, 2001).
Os inacianos passaram a replicar preparações conhecidas, a adaptar remédios às realidades locais e, sobretudo, a compor novas mezinhas em espaços privilegiados dos Colégios (Martín & Valverde, 1995), em um movimento que já não é mais lido como refratário à ciência (Fleck, 2015; Asuá, 2014; Del Valle, 2009; Di Liscia, 2002). E isso quase desde o momento em que se instalam nas regiões colonizadas ou ocupadas pelos lusos, já em meados do século XVI – além, por certo, dos locais que firmaram no Portugal peninsular (Dias, 2009). O estabelecimento das primeiras enfermarias e boticas jesuítas datam, na Ásia, para se ter uma ideia, de 1542 em Goa, Índia e Macau e de 1563, apenas um ano depois, na China (Saldanha, 1990, pp. 46-48; Amaro, 1992, pp. 7-11); no Brasil, a maior das colônias portuguesas, há notícias da fundação missionária e assistencial em 1554 para São Paulo e 1549 para Salvador, com início das atividades de atendimento aos corpos enfermos pouco tempo depois. E desde então, cada vez mais sistematicamente, reuniram, mesclaram, apropriaram-se, ressignificaram e difundiram informações sobre a flora autóctone e seus usos para curar corpos, mesmo sendo ‘médicos da alma’, a fim de cumprirem seus objetivos missionários e angariarem fundos nada desprezíveis para a Ordem (Walker, 2009).
CADERNOS OU COLEÇÕES DE RECEITAS DOS JESUÍTAS
É nesse contexto em que uma das ricas ‘coleções de receitas’ dos jesuítas, ou ‘cadernos de receitas’ (Gesteira et al., 2019), é organizada. Trata-se do “Breve compendio de varias receitas de medicina” (n.d.), uma miscelânea de notícias sobre as ervas do oriente (Zupanov, 2005; Harris, 1999, p. 214), as formas mais úteis de curar as doenças de lá e as receitas testadas por doutores e por padres radicados a leste, manuscrito de 155 fólios, salvaguardado pela Biblioteca Nacional da França (BNF) em volume, até onde sabemos, único. Seu texto mais antigo fala sobre as “Esperiencias das hervas orientaes que sua Mages[stade] mandou fazer ao vizorey Mathias de Albuquerque, anno de 1596”, mas, provavelmente, o organizador do tomo seria um religioso enviado a Macau apenas em 1656, o flamengo Francisco Rougemunt3 (Rodrigues, 1944, p. 163). Seu nome consta na primeira página da encadernação e, ao que tudo indica, ele teria tomado algumas notas para uso pessoal do levantamento remetido ao vice-rei antes de seu envio à Ásia; úteis, por certo, na missão que o aguardava.
O ‘livro’, no entanto, não é homogêneo, sendo composto por outros textos, além das citadas “Esperiencias das hervas...”: “Regimendo das virtudes da rais de madre de Deos de Malaca”; “Regimento para o que serven os pelourinhos, do P. Francisco Homem da Companhia de Jesu”; “Mezinhas tresladadas de hum livro de maõ do P. Luca Perez”; “Regmento da pedra do bezar, do mesmo Doutor Dimas”; “Receitas [que] dizem foraõ do Conde de Vidigeira” e outros. Por serem identificados com autorias diferentes e com grafias bastante díspares entre si – inclusive com notas em francês, latim e mandarim –, é corroborada a suposição de que o missionário flamengo ‘ajuntou’ notas produzidas por outras pessoas às suas. Com sinais claros de uso e manejo, o volume parece ter sido reorganizado em algum momento, já que a paginação do conjunto de textos aparece riscada e refeita.
O MANUSCRITO SOBRE A ERVA SANTA
É nesta obra que encontramos um texto inteiramente voltado ao uso medicinal do tabaco, de maneira organizada e com pormenores, intitulado “Vertude da Erva Sancta que he o tabaco” (n.d.), assinado pelo padre Leonel de Sousa4. Embora o compêndio seja referido em alguns estudos sobre a presença lusa na Ásia, esse manuscrito relacionado à erva santa fora abordado, até onde pude constatar, apenas por Fernando Amaral Gomes, na década de 1960, em duas oportunidades: em forma de comunicação, no Congresso Internacional de História dos Descobrimentos (Gomes, 1961), e no livreto “O estudo da erva santa que é o tabaco: manuscrito ignorado do padre Leonel de Sousa” (Gomes, 1962), cujo único exemplar se encontra na biblioteca da Universidade de Utrecht, na Holanda. Pelo quase ineditismo do documento, vale apresentá-lo com algum vagar e indicar, ainda que de maneira inicial, as potencialidades que sua análise guarda e que tem guiado a investigação em curso sobre a medicina praticada pelos inacianos em suas boticas no aquém e no além-mar.
É verdade que a santa erva não se enquadraria no grupo de plantas ‘do oriente’, posto que, como os muitos relatos anteriores e coetâneos já indicados asseveravam, sua origem é americana5, mas sua presença no volume não causa espanto por três razões principais: em primeiro lugar, pela sublinhada comunicação constante e circulação de informações, de conhecimento – e de produtos – entre os inacianos; depois, pela vulgarização do comércio do tabaco àquela altura; e, por fim, pelas muitas aplicações que a planta teria em benefício da saúde. E quais seriam eles?
O padre Leonel de Sousa, de quem pouco sabemos, inicia as anotações que se dividem em dez fólios com uma observação geral:
Tem a erva santa a virtude de aquentar, revolver e confortar[,] une e solta as feridas frescas e em breve tempo as cura. Como dizem[,] pô-la primeira intenção alimpar as chagas corruptas abrandando-as e reduzindo-as à perfeita saúde como adiante se verá.
(Vertude da Erva Sancta que he o tabaco, n.d., p. 160).
De partida, temos uma amostra do vocabulário associado à planta em sua versão medicinal e que será reiterado pelo missionário, que, ao que tudo indica, era jesuíta: curativa, confortativa; uma erva que resolve, une, solta, limpa, aquenta ou, em suma, ‘grande remédio’. Esses predicados repetir-se-ão nas dezenove preparações para males específicos que compõem o manuscrito: para dores de cabeça, para o mal da tinha – “uma espécie de lepra que dá na cabeça e faz cair o cabelo” (Silva, 1813, p. 776) –, para matar piolhos, para o sono (e a falta dele), para corrimentos, para os males do peito, para dores do estômago, para fleumas do estômago, para opilações – “obstruções nos canais ou dutos do corpo” (Silva, 1813, p. 376) –, para cólica e mordexim – “uma doença ordinária dos índios. . . . propriamente indigestão e falta de cozimento” (Bluteau, 1712-1728, p. 577) –, para lombrigas, para fazer desapegar as sanguessugas, para dores nas juntas, para apostemas (um tumor ou abcesso) e leicenços (‘grosso modo’, os furúnculos), para dor de dentes, para impigens (doença de pele comum e contagiosa), para venenos e feridas – com diferentes aplicações em feridas frescas e chagas velhas, sempre, segundo ele, bem sucedidas – e para boubas. Além das receitas para essa quase vintena de doenças, Sousa discrimina as regras gerais para a feitura de seis preparos com o tabaco, a saber: lambedor santo, óleo santo, um outro óleo, unguento santo, lambedor da erva seca e, por fim, o óleo da erva seca.
Ao olhar essas receitas em conjunto, para além de obter uma espécie de listagem de doenças para as quais o emprego do tabaco seria virtuoso, depreendem-se algumas questões: de que maneira a erva deveria ser ministrada? Como ingrediente simples ou como parte de um composto? Ele substituía algum fármaco já conhecido, com mais virtude, em algum achaque? Como extrair dele a plenitude de benefícios? Como identificar se ele seria, de fato, eficaz para um determinado mal?
PREPAROS E VIRTUDES
Em relação às formas de preparar a erva dita santa, para aplicação, parece ter sido o formato de sumo o mais recorrente, com quinze ocorrências, seguido de nove indicações para uso como óleo, oito para administração de suas folhas (inteiras ou quentes) ou por meio de unguentos, cinco para uso como lambedores, três ocorrências de seu uso da erva pisada, em rescaldo ou como vomitório e apenas duas menções como pó. Aqui, é importante sublinhar que o religioso não recomenda o uso do pó para inalação como rapé, forma usual entre os indígenas do Brasil, e que rendeu algumas críticas e interditos ao consumo de tabaco, mesmo que para fins medicinais, por missionários como o referido Manuel da Nóbrega: nas duas ocorrências da erva em pó, para lombrigas e para fazer desprender as sanguessugas, ela deveria ser ou ingerida, como no primeiro caso, ou, como no segundo, assoprada com um canudo sobre as partes. Vale dizer que, nessa quantificação, considerou-se a possibilidade de haver mais de uma forma de aplicação do tabaco para o mesmo achaque: no caso das feridas frescas, por exemplo, tanto o sumo quanto a folha pisada seriam proveitosos.
A erva santa, que, segundo ele, deveria ser sempre ‘colhida no mês de maio’, vem para substituir o solimão, uma composição, de acordo com o dicionarista e também jesuíta Raphael Bluteau, de “azougue, sal amoníaco ou salitre e vitríolo sublimados. . . . mortalmente venenosa”, se ingerida em excesso, “mas que se toma pela boca com muita segurança e suavidade” (Bluteau, 1712-1728, p. 707), se bem preparada, na função de contraveneno. Ela aparecerá, ainda, como medicamento singular em doze das dezenove receitas; nas fórmulas gerais, com exceção do unguento santo (que seria fabricado com alguma cera, cuja especificação não é fornecida pelo padre), todas levam um ingrediente ‘comestível’. No grupo geral de menções ao longo do manuscrito, há leite (citado uma vez), vinagre (5), mel (3), vinho (1), óleos de coco e de gergelim (duas vezes cada), uma proeminência da mistura com açúcar comum ou clarificado (citado sete vezes, com as duas versões aninhadas juntas no gráfico) e certa variedade de outras plantas ou ervas. Nesse grupo, incluem-se malva, com duas menções, acelga, alface, almeirão, chicória, dormideira e erva moura, com uma alusão cada. Assim como o tabaco, essas plantas seriam de fácil acesso não só entre os asiáticos, mas também nos quintais, hortas e boticas dos Colégios ‘dos quatro cantos do mundo’.
De posse desses complementos fitoterápicos e da santa erva, proceder-se-ia ao uso do medicamento, em linhas gerais, por oito vias diferentes: esfregando o preparo; untando ou fomentando a parte enferma, através de um pano morno ou de um pano quente; soprando sobre a chaga; ou, com maior frequência, aplicando-o diretamente sobre o mal; ou, ainda, ingerindo-o. Mas tudo isso só seria possível – ou melhor, só faria com que o enfermo recobrasse a saúde – se a doença e sua manifestação no corpo fossem corretamente identificadas, por isso, um outro aspecto digno de nota está na descrição da malignidade a partir de sua ‘qualificação’. O religioso, como outros de sua Ordem que obrariam como enfermeiros ou boticários (Leite, 1952), parece ser versado nos pressupostos da teoria humoral6, o grande viés de entendimento das causas das enfermidades daquele tempo – e sendo praticamente uníssona entre os lusos, ao menos até meados do século XVIII (Dias, 2010) –, o que o fez julgar como importante delimitar, tanto quanto possível, a proveniência da doença por essas balizas: fria, quente, fleumática; oriunda de viscosidade ou de ventosidade.
Ao observarmos mais de perto uma dessas receitas, é possível melhor visualizar as estratégias utilizadas pelo padre para preparar, ele mesmo, alguma mezinha ou, como é possível supor, instruir seus possíveis leitores sobre o método correto de manejo do santo ingrediente. Nas indicações de atalhamento dos ‘males do peito’, por exemplo, identificamos com facilidade alguns aspectos da exposição: suas considerações sobre as causas da doença (no caso, a frialdade, ou os humores frios); a forma correta de ministrar o remédio (pela boca); de que maneira o tabaco entraria na receita (sumo ou lambedor santo); algum ingrediente complementar ao preparo (aqui, o açúcar); a virtude do remédio para a dita doença (abrandar a tosse e purgar o catarro); para quem a fórmula seria destinada (nesse caso, para qualquer idade); e, por fim, algumas advertências sobre a quantidade (não passar de três onças de sumo e não usar de forma contínua, para que a natureza do corpo não se habituasse aos efeitos do medicamento).
Aqui, além dos aspectos anteriormente avaliados, salta aos olhos a necessidade de observar sua preocupação em destacar o destinatário do remédio – o que se repete em diversos outros, indicados ‘para homens’, ‘para homens e mulheres’, ‘tanto para grandes quanto para pequenos’ – e o constante cuidado para não tomar esse ou aquele composto em excesso, tanto pelo malefício imediato que poderia causar, como pela ineficácia do uso contínuo ou mesmo por suscitar um tipo de vício. Essas advertências, ao mesmo tempo em que especificavam a quem a receita deveria ser ministrada, evitariam que as fórmulas fossem utilizadas em casos impróprios e descredibilizassem o autor.
EXPERIMENTAR E DISSEMINAR O CONHECIMENTO
Nesse mesmo sentido, outro recurso de que se vale o padre Leonel de Sousa – como era, aliás, próprio de seu tempo – é a experimentação como mecanismo de validação do conhecimento. Nas receitas, ele afirma ter testado, provado, utilizado ou aplicado ele mesmo os preparos e sua eficácia, ou, na outra via, quando não teria submetido o método à prova, registrava a informação junto ao passo a passo. É o que faz no caso das dores de dente, a título de ilustração, em que ele anota que “será bom a raiz da dita [erva]”, mas afirma que sabe dessa forma de utilização “porque me disseram, mas ainda não experimentei” (Vertude da Erva Sancta que he o tabaco, n.d., p. 170).
O missionário estava convencido de que a lista de doenças e preparos para emendá-las ainda tinha muito a crescer. Já ao final da última receita, a de boubas, ele registra uma advertência, em que se lê o seguinte:
Outras muitas virtudes tem a erva que até agora não andam em uso e por isso não as ponho aqui, mas o tempo as irá descobrindo para que todos nós aproveitemos delas, o certo é que a erva é proveitosa particularmente aos pobres pela qual razão lhe dei bem o nome que por excelente lhe puseram que é erva santa
(Vertude da Erva Sancta que he o tabaco, n.d., p. 87).
Essa expectativa, e mesmo a longa exaltação que faz sobre o uso do tabaco, pode ser explicada, ao menos em parte, pelo maravilhamento do padre Leonel e seus coetâneos nos primeiros contatos com a erva, tomada, então, como quase que milagreira. E mesmo que com o passar do tempo o consumo de tabaco tenha se afastado significativamente do campo dos benefícios médicos para florescer no comércio ultramarino7 e que juízos moralizantes sobre os efeitos da planta, sob alguns formatos, tenham se cristalizado, veremos ainda suas aplicações, de forma bem menos sistematizada e não como tópico de um texto inteiro, é verdade, em outras das ‘coleções de receitas’, também manuscritas, rapidamente mencionadas anteriormente8.
Ao desenvolverem, disseminarem e, por certo, apropriarem-se de informações sobre um mundo natural que passou a ser experimentado após os movimentos expansionistas lusos, sobretudo nos usos médico-farmacêuticos que dele poderiam ser extraídos, os jesuítas firmaram-se como produtores de ciência, em moldes definidos, e não a ela refratários, como por muito tempo se afirmou. Recolheram, sistematizaram e espalharam, pela observação e pelo contato mais ou menos violento com o nativo, sementes, frutas, folhas e raízes que sanavam os males dos homens da terra e do mar, funções, muitas vezes, até então estranhas àqueles produtos. A exploração das virtudes curativas do tabaco a partir de um manuscrito muito pouco conhecido, transcrito e apresentado integralmente ao leitor, a seguir, pode ser tomada como um exemplo interessante para entender os mecanismos possíveis à época para o movimento (>Russell-Wood, 1998) e para a realização de trocas de conhecimento, de produtos, de pessoas; da relação entre as esferas morais e científicas; da ponte possível entre a feitura de um saber temporal, mas sempre cercado de certa inspiração espiritual; da ressignificação de elementos para fins específicos. Trata-se de uma planta que nasce na América e é aproveitada alhures, minuciosamente escrutinada por um religioso, em prol do erário régio, da Companhia e da saúde. É um entre os muitos produtos que transitaram lá e cá, talvez nem todos ‘santos’, mas que deram novos contornos aos cuidados com o corpo no ‘novo’ e nos ‘velhos’ mundos.
UMA PALAVRA SOBRE A TRANSCRIÇÃO
Como supraindicado, este texto busca apresentar, integralmente, a transcrição e a edição da “Vertude da Erva Sancta que he o tabaco” (n.d.), do padre Leonel de Sousa. Para tanto, além do manuscrito salvaguardado pela BNF, tomado como base para este trabalho, as duas edições localizadas da obra, empreendidas por Gomes (1961, 1962) em um curto espaço de tempo – mas que, ainda assim, diferem entre si –, foram consultadas e as divergências mais significativas entre as opções que apresento (ou mesmo as diferenças entre as duas transcrições conhecidas) são referendadas em notas. Vale dizer que os dois empreendimentos de Gomes (1961, 1962) não dão pistas sobre a trajetória do padre Leonel de Sousa ou apresentam comentários acerca das palavras incógnitas ou, para ele, irreconhecíveis ou ilegíveis do texto.
Optei, pois, por modernizar a grafia das palavras, de modo a facilitar o contato com o documento pelo leitor contemporâneo, bem como incluí, quando necessário, sinais de pontuação que tornam o texto mais próximo da leitura corrente. As indicações das inclusões de sinais gráficos constam entre colchetes [ ]. No entanto, ao contrário do empreendido por Gomes (1961, 1962), mantive o que seriam as linhas do texto como no manuscrito original, de modo que o leitor consiga visualizar a quantidade de linhas e a disposição do texto no livreto. Complementarmente, indico também em notas de rodapé, ao longo do texto, o significado de algumas palavras que potencialmente são desconhecidas do leitor não especializado ou que caíram em desuso e não são facilmente encontradas em dicionários contemporâneos.
Por fim, é importante destacar que a paginação indicada na transcrição segue a numeração atribuída pelo autor, e difere ao longo do manuscrito. Naquele que seria o fólio 1 da “Vertude da Erva Sancta que he o tabaco” (n.d.), há duas marcações no canto superior direito da página: o número 159, que aparece sobrerriscado, e, ao seu lado, à esquerda, o número 80. O autor do texto ora mantém a paginação que se inicia com o número 159, ora faz correções a ela; essa variação foi indicada ao longo do documento (Figura 1).
AGRADECIMENTOS
Este artigo é fruto das pesquisas desenvolvidas pela autora em estágio de pós-doutoramento realizado junto ao Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (PPGHCS/FIOCRUZ), financiado por essa instituição, e sob supervisão da Profa. Dra. Lorelai Brilhante Kury. Faz parte, ainda, das reflexões empreendidas pelo grupo de pesquisa “Escritos sobre os novos mundos” (processo FAPESP 13/14786-6), do qual é membro.
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1
Esta antiga expressão latina é original do evangelho (1 Cor. 10:25) e apareceu, pela primeira vez, ligada ao tabaco nos escritos do padre Manuel da Nóbrega (Nóbrega, 1988, p. 112). Foi traduzida por Caldeira (2008, p. 9) como: “Não o que é útil para mim mas para o maior número, a fim de que sejam salvos.”
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2
Como homenagem à Rainha Catarina de Médici (Léry, 1972).
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3
Para mais informações sobre François (ou Francisco) de Rougemont, sobretudo relacionadas a outras produções bibliográficas, ver Golvers (1999).
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4
Consoante à pesquisa de Fernando do Amaral Gomes, não foram encontradas quaisquer referências a ele nas principais crônicas de ordens religiosas – dominicanos, jesuítas e franciscanos (Quétif & Echard, 1719; Leite, 2004). No entanto, é possível supor, a partir da presença do texto em uma compilação do jesuíta François/Francisco Rougemont, que Leonel de Souza obrasse nessa Ordem.
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5
Há mais de sessenta espécies da planta Nicotiana: algumas poucas parecem ser nativas da Austrália e a esmagadora maioria é associada ao continente americano.
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6
Em linhas bastante gerais, a teoria humoral, também referida como hipocrático-galênica, pressupunha ser o corpo uma espécie de microcosmo, em que as qualidades dos quatro elementos constituintes da natureza poderiam ser encontrados. A saúde seria alcançada ou mantida quando essas partes constituintes, os humores, encontravam-se em equilíbrio; a doença, por sua vez, poderia ser explicada pela sua falta, excesso ou corrupção. Sangue, fleuma, cólera e melancolia são os quatro humores primários, ao passo que seco/úmido, frio/quente, delgado/grosso e doce/amargo configuram-se como suas qualidades, aos pares.
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7
Um balanço historiográfico sobre o papel do tabaco na economia colonial pode ser consultado em Acioli (2005).
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8
Apenas para indicá-las, destaco que, já no Setecentos, mais precisamente em 1720, o padre Afonso da Costa, missionário da Companhia em Goa, remete-se, em um trabalho que lhe ocupou por mais de três décadas, a “Árvore da Vida dilatada em vistosos e salutiferos ramos ornados de muitas aprasiveis, e saudiveis folhas, em que se deixa ver muitos e singulares remedios assim simplices, como compostos, que a Arte, e experiencia, a industria, e a curiosidade descubrio, para curar com facilidade quasi todas as doenças, e queixas, a que o corpo esta sogieto, principalmente em terras desitiduas de Medicos e Boticos. Copiados de diversos Authores assim impressos, como manuscriptos, de varias noticias e experiencias vistas e aprovadas... Offerecida pelo Padre Affonso da Costa da Companha de Jesus da Provincia de Goa” (Costa, 1720). Em 1766, já após a expulsão dos inacianos dos domínios lusos, encontramos na “Colleção de varias receitas e segredos particulares das principais boticas da nossa Companhia de Portugal, da Índia de Macao e do Brazil compostas e experimentadas pelos melhores médicos e boticários mais célebres que tem havido nestas partes” (1766), compilação anônima valorosa para compreender a disseminação do conhecimento médico no mundo colonial português, o emprego da erva santa no ‘emplastro magistral’, elaborado na Botica do Colégio de Macau (com a referência a ‘nicociana’) e no ‘emplastro de tabaco’, do Irmão André da Costa, da Botica do Colégio da Bahia (como tabaco), pelas virtudes curadoras de chagas, e como ‘sal de tabaco’ na mais famosa receita do mesmo Colégio, a ‘Triaga Brasílica’, entre mais de trezentas preparações médicas detalhadas. A “Colleção de varias receitas e segredos particulares das principais boticas da nossa Companhia de Portugal, da Índia de Macao e do Brazil compostas e experimentadas pelos melhores médicos e boticários mais célebres que tem havido nestas partes” (1766) foi recentemente editada por Viotti e França (2019).
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9
Humor pode ser compreendido como líquido que gira e circula nos vasos do corpo humano e nos das plantas para a vegetação de todos os corpos (Silva, 1813); medicamente falando, pelos humores, não se entende só os quatro humores do corpo, como é o sangue, a fleuma, a cólera e a melancolia, mas todas as mais umidades, como é o leite, o esperma e, ainda, os humores excrementícios, como a saliva, as lágrimas e o soro do sangue (Bluteau, 1712-1728).
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10
Há, entre as linhas 5 e 6, uma anotação ilegível, como se se tratasse de uma nota, indicada com o número 1. Essa menção não aparece em nenhuma das duas edições consultadas de Gomes (1961, 1962).
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11
Bostela significa pústula ou ferida (Silva, 1813).
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12
Em Gomes (1962, p. 11), consta ‘asseguro’.
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13
Há uma anotação – com transcrição literal, “scabiejin – star movbus est in capile pueri sus obnoxi” – que não é indicada em nenhuma das obras de Gomes (1961, 1962).
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14
Tinha corresponde a escábia; sarna chata; espécie de lepra na cabeça (Bluteau, 1712-1728); lepra que faz cair cabelo (Silva, 1813).
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15
Apoplexia significa ataque do cérebro que priva da sensibilidade e movimento, com ronquido e dificuldade de respirar (Silva, 1813); mal que, como raio, fere e derruba subitamente (Bluteau, 1712-1728).
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16
No manuscrito, há a inscrição em latim “tempore – [ilegível]”, não mencionada nas duas edições consultadas.
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17
Em Gomes (1962, p. 12), está como “no rescaldo e molhando”.
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18
Em Gomes (1961, 1962), a passagem é inclusa na sequência da receita, inserindo um ponto final.
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19
Em Gomes (1961, p. 219; 1962, p. 12), se escreve muita.
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20
Onça é a duodécima parte de uma libra romana (Bluteau, 1712-1728); medida de líquidos de boticário (Silva, 1813).
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21
Fleuma significa humor úmido e frio que se acha no corpo humano; flegma; pituita (Silva, 1813).
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22
Lambedor é uma composição farmacêutica, de consistência mediana entre o xarope e os eletuários moles, assim chamado porque o enfermo não o bebe propriamente, mas o deixa deslizar aos poucos pela garganta, de certo modo lambendo-o (Bluteau, 1712-1728).
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23
Em Gomes (1962, p. 12), a palavra aparece equivocadamente como “muita”.
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24
Vomitório significa medicamento que tomado pela boca obriga o estômago a expelir os maus humores que tem (Bluteau, 1712-1728).
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25
Em Gomes (1962, p. 13; 1961, p. 219), a palavra aparece escrita erroneamente como “muita”.
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26
Em Gomes (1962, p. 13; 1961, p. 219), se escreve erroneamente “muita”.
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27
Canada significa medida de líquidos; contém quatro quartilhos, a duodécima parte de um almude (Silva, 1813).
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28
A paginação do manuscrito é 100, mas, em Gomes (1962, 1961), a paginação é 83v.
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29
Mordexim é uma doença ordinária entre os índios que enfraquece o estômago e causa contínuos suores, indigestão e falta de cozimento (Bluteau, 1712-1728); cólera-morbo (Silva, 1813).
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30
Em Gomes (1961, p. 220), está como “fermentação”.
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31
Em Gomes (1961, p. 220; 1962, p. 13), não há indicação da rasura.
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32
Em Gomes (1961, p. 220; 1962, p. 13), grafa-se erroneamente “inferno”.
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33
Em Gomes (1961, p. 220; 1962, p. 14), aqui se inicia a página F84v.
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34
Frase situada na linha 1 e entre as linhas 1 e 2 da receita.
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35
Leicenço significa tumor com inflamação nas partes carnosas; furúnculo (Bluteau, 1712-1728).
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36
Em Gomes (1961, p. 220; 1962, p. 15), está escrito “revolve”.
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37
Prancheta é um tipo de massa de fios chata, usada para curar feridas (Silva, 1813).
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38
Em Gomes (1961, p. 221; 1962, p. 15), consta “esteia”.
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39
Reuma é um fluxo ou corrimento de humor crasso ou indigesto (Silva, 1813).
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40
A observação aparece entre as linhas três e quatro da receita. Em Gomes (1961, p. 221; 1962, p. 15), a frase fica apresentada da seguinte maneira: “lavará três o quatro vezes deixando estar na boca por alghu espaço de cada vez que se tomar”.
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41
Em Gomes (1961, p. 222; 1962, p. 16), se escreve “o parros”.
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42
Solimão é uma composição de azougue, sal amoníaco, ou salitre e vitríolo sublimados e reduzidos a uma massa mortalmente venenosa; veneno. Prepara-se, porém, o solimão de um modo que se toma pela boca com muita segurança e suavidade (Bluteau, 1712-1728). Em Gomes (1961, p. 222; 1962, p. 16), se escreve “o limão”.
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43
Em Gomes (1961, p. 222; 1962, p. 16), se escreve como “encontrar”.
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44
Iagra é o açúcar de palmeiras; jagra (Bluteau, 1712-1728).
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45
O trecho é incluído em Gomes (1961, 1962) como exe a cura suins. Exa, do latim exire (sair, derivar), e, acreditamos, soins, em tradução livre do francês, cuidar. As três palavras – exa cura soins – estão grifadas no manuscrito.
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46
Entre as linhas 5 e 6 da ‘advertência’ da receita. A frase não foi incluída em Gomes (1961, p. 223; 1962, p. 17).
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47
Linha abaixo da receita. A frase não foi incluída em Gomes (1961, p. 223; 1962, p. 17).
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48
Em Gomes (1961, p. 223; 1962, p. 17), se escreve “diz”.
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49
Gral (de pedra) é um instrumento como vaso fundo de mármore ou marfim no qual se pisam ou trituram medicamentos (Silva, 1813); almofariz (Bluteau, 1712-1728).
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50
Em Gomes (1961, p. 223; 1962, p. 18), se escreve “e as primeira”.
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51
Esta anotação aparece ao lado esquerdo da receita, referindo que um outro preparo poderia ser encontrado sob o registro do padre Inácio da Costa. Em Machado (1759, p. 303), ver breve menção a este religioso.
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52
Em referência à expressão latina ‘louvado seja Deus’ e ao final do texto.
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53
Há, após a assinatura, um breve parágrafo quase no rodapé do fólio, pouco legível e em latim, com indicações, ao que pudemos inferir, sobre as virtudes do emprego do óleo de gergelim e do óleo de rosas, indicados nas páginas 175 e 176 (em que constam as receitas de lambedor santo e óleo santo). Não há menção a este pequeno adendo em Gomes (1961, 1962).
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