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RESENHA DE MACHADO DE ASSIS EM PERSPECTIVA: FICÇÃO, HISTÓRIA E MANIFESTAÇÕES SOCIAIS, EDITADO POR JURACY ASSMANN SARAIVA E REGINA ZILBERMAN

REVIEW OF MACHADO DE ASSIS IN PERSPECTIVE: FICTION, HISTORY, AND SOCIAL MANIFESTATIONS, EDITED BY JURACY ASSMANN SARAIVA AND REGINA ZILBERMAN

SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina. (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos, 2019. 208 p.

Organizado por duas machadianas renomadas, Juracy Assmann Saraiva e Regina Zilberman, Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais "é resultado de investigações dos membros dos grupos de pesquisa 'Ficção de Machado de Assis: sistema poético e contexto'" (SARAIVA; ZILBERMAN, 2019______; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos, 2019. , p. 7). Como explicam as organizadoras na introdução, o livro "atende a um amplo escopo de leitores, que encontram em Machado de Assis motivação para aprofundar seu conhecimento sobre a literatura e sobre os imponderáveis da natureza humana" (SARAIVA; ZILBERMAN, 2019______; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos, 2019. , p. 12). Com esse fim, reúne-se uma dúzia de artigos de temas abrangentes de críticos já estabelecidos e emergentes. Apesar de seu enfoque, todo leitor crítico de Machado irá achar algo de grande valor nesse conjunto de ensaios.

No seu ensaio "O estranho narrador de Quincas Borba e o problema do realismo", Antônio Marcos Vieira Sanseverino problematiza a "instabilidade de posição do narrador". Por um lado, o narrador externo e heterodiegético tende a reforçar a "objetividade realista" oitocentista do cotidiano brasileiro, sob a ótica do período escravista (SANSEVERINO, 2019SANSEVERINO, Antônio Marcos Vieira. O estranho narrador de Quincas Borba e o problema do realismo. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019., p. 15). Por outro lado, ele "faz questão de interromper o fluxo narrativo para comentar, desqualificar [e] rebaixar" o protagonista Rubião (SANSEVERINO, 2019SANSEVERINO, Antônio Marcos Vieira. O estranho narrador de Quincas Borba e o problema do realismo. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019., p. 35). Através de uma análise nítida e meticulosa dos comentários sardônicos do narrador, Sanseverino (2019SANSEVERINO, Antônio Marcos Vieira. O estranho narrador de Quincas Borba e o problema do realismo. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019., p. 29; p. 36) demonstra que ele "é um cidadão culto, erudito, da elite letrada brasileira que olha para Rubião com desprezo", e por extensão para o leitor, "mostrando que ambos são incapazes de compreender os acontecimentos narrados".

Atílio Bergamini, em "Machado marmota: os primeiros anos do contista", oferece uma análise dos primeiros contos de Machado "como um todo". Ele focaliza em alguns topoi unificadores, como "a viagem, a negociação, a traição e o engano" nos seguintes contos: "Três tesouros perdidos", "O país das quimeras: conto fantástico", "Frei Simão", "Virginius: narrativa de um advogado", "O anjo das donzelas", "Casada e viúva", "Questão de vaidade" e "Confissões de uma viúva moça" (BERGAMINI, 2019BERGAMINI, Atílio. Machado marmota: os primeiros anos do contista. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019., p. 50). Segundo Bergamini (2019BERGAMINI, Atílio. Machado marmota: os primeiros anos do contista. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019., p. 53), ao longo dos anos, houve um deslocamento na perspectiva de Machado de um "encadeamento 'externo' de ações limitadas" a um "encadeamento 'interno', em que a consciência e personagens se torn[ou] o foco do interesse". Outrossim, "o objeto dos modos de ler se tornou o sujeito da análise, com vistas a uma crítica do sujeito dos modos de ler" (BERGAMINI, 2019BERGAMINI, Atílio. Machado marmota: os primeiros anos do contista. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019., p. 53). Desde o início é possível traçar esse percurso que iria caracterizar a ficção do período maduro do autor.

Em "Costura entre moda e literatura, em Dom Casmurro", Cátia Silene Kupssinskü analisa a moda como mais um sistema simbólico de significação no romance machadiano. A moda parisiense na burguesia carioca oitocentista representava a modernização e civilização presentes do Brasil. Dentro desse sistema, os comentários de Bento Santiago sobre a moda servem predominantemente para assinalar diferenças de classe social, sobretudo dos personagens de José Dias e Capitu. Assim, Machado "oferece ao leitor a oportunidade de preencher lacunas propostas pelo jogo literário, questão que se dá por meio da apreensão dos significados sociais inerentes à moda" (KUPSSINSKÜ, 2019KUPSSINSKÜ, Cátia Silene. Costura entre moda e literatura, em Dom Casmurro. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019., p. 69).

Em seu ensaio "A mulher negra e a mestiça em obras de Machado de Assis", Cláudia Santos Duarte e Marinês Andrea Kunz (2019DUARTE, Cláudia Santos; KUNZ, Marinês Andrea. A mulher negra e a mestiça em obras de Machado de Assis. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019., p. 75) analisam a presença de "mulheres negras escravizadas", e até certo ponto "as mulheres livres das camadas mais pobres" no romance Esaú e Jacó, no poema "Sabina", e nos contos "Mariana" e "O caso da vara". Segundo afirmam as autoras, Machado "[descreve] suas personagens com seus anseios, suas paixões, as violações, a objetificação, as condutas e a situação periférica que instauraram na mulher negra uma história de abusos, de superação e, principalmente, de resistência" (DUARTE; KUNZ, 2019DUARTE, Cláudia Santos; KUNZ, Marinês Andrea. A mulher negra e a mestiça em obras de Machado de Assis. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019., p. 80).

Pisando em território familiar, Débora Bender analisa as alusões a peças teatrais em "Cultura dramática em Dom Casmurro". Bender focaliza principalmente a intertextualidade entre Dom Casmurro e Fausto de Goethe e Otelo e Macbeth de Shakespeare, chamando o romance "um misto" dessas três peças, sobretudo na sua capacidade de "revelar e problematizar a essência humana" (BENDER, 2019BENDER, Débora. Cultura dramática em Dom Casmurro. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos, 2019., p. 93). No final das contas, a arte, para Machado, "tem a função de educar seus receptores e de denunciar mazelas sociais, daí ser um púlpito e uma tribuna" (BENDER, 2019BENDER, Débora. Cultura dramática em Dom Casmurro. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos, 2019., p. 93), o que sua inspiração em consagradas obras dramáticas providencia.

Em "'A causa secreta' sob a luz da semiótica: um estudo do limiar", Ernani Mügge analisa o conto desde um olhar narratológico, segundo conceitos semióticos de Dino del Pino. Mügge divide o conto em três segmentos. Segmento 1, o limiar de entrada, consiste nos primeiros dois parágrafos do conto, nos quais se apresentam os personagens com um tom inquietante. O Núcleo Diegético apresenta-se em analepse, narrando os eventos desde os primeiros encontros entre Garcia e Fortunato até o clímax e o começo do dénouement, isso é, o momento de abertura do conto. Segmento 2, o limiar de saída, é o desfecho propriamente dito - a doença e morte de Maria Luísa, o beijo de Garcia no seu cadáver e os soluços sadomasoquistas de Fortunato. Neste enquadramento, Mügge analisa os posicionamentos relacionais entre sujeito e objeto através de estímulos distais e proximais. Uma vez que o narrador se situa fora do espaço-tempo diegético, o leitor também usufrui de uma focalização externa ao texto e assim presencia o universo artístico machadiano.

Juracy Assmann Saraiva estuda a importância de espaços festivos em "Reflexão estética e manifestações populares em Memórias póstumas de Brás Cubas". Por um lado, os "leitores ilustrados", com um conhecimento dos textos consagrados do cânone, podiam apreciar a intertextualidade que Machado tentava criar através das alusões (SARAIVA, 2019SARAIVA, Juracy Assmann. Reflexão estética e manifestações populares em Memórias póstumas de Brás Cubas. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019., p. 111). Por outro lado, os leitores contemporâneos de Machado também reconheciam as múltiplas referências a "aspectos da sociedade carioca" daquela época como "ritos de integração no espaço familiar, festas cívicas e religiosas, normas de ordenamento social, superstições ou crendices, a medicina popular [e] formas de lazer" (SARAIVA, 2019SARAIVA, Juracy Assmann. Reflexão estética e manifestações populares em Memórias póstumas de Brás Cubas. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019., p. 128; p. 112). Ao decifrarem as referências implícitas e explícitas aos dois âmbitos - o erudito e o cotidiano - os leitores, como assinala Saraiva (2019SARAIVA, Juracy Assmann. Reflexão estética e manifestações populares em Memórias póstumas de Brás Cubas. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019., p. 127), conseguem "compreender não só a metabiografia do autor-defunto, mas também aquilatar posicionamentos do escritor diante do texto que produz".

Kenneth David Jackson (2019JACKSON, Kenneth David. A miscelânea machadiana: os estranhos objetos e as criaturas das fábulas morais. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019., p. 131), em "A miscelânea machadiana: os estranhos objetos e as criaturas das fábulas morais", analisa como Machado segue e desenvolve a tradição de fabulista ao personificar uma porção de "objetos esdrúxulos". Machado apresenta esses "agentes independentes e inusitados" como sinédoques ou metonímias, convertendo-os em fetiches que "afastam os tabus ao dizer de outra maneira o que não pode ser dito [e que] servem de referência irônica e satírica à melancólica humanidade" (JACKSON, 2019JACKSON, Kenneth David. A miscelânea machadiana: os estranhos objetos e as criaturas das fábulas morais. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019., p. 133). Os leitores que desenredam a "retórica de dissimulação e de substituição" conseguirão "perceb[er] e particip[ar] da estratégia sutil do jogo, armado por um autor que fala por inferências, subentendidos e alusões, inventando novos contextos para fábulas sobre o comportamento e a sabedoria humanos" (JACKSON, 2019JACKSON, Kenneth David. A miscelânea machadiana: os estranhos objetos e as criaturas das fábulas morais. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019., p. 140).

Marcelo Diego começa seu artigo, "A obra de arte total de Machado de Assis", delineando as influências principais no desenvolvimento do romance brasileiro: o romance europeu setecentista, o romance-folhetim, as narrativas de viagem, os tratados naturais e a ópera. Diego (2019DIEGO, Marcelo. A obra de arte total de Machado de Assis. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019., p. 148) alega que a ópera europeia "teve um impacto maior sobre a literatura brasileira do que sobre a ópera brasileira". Ele observa que "espacialmente, a cultura da ópera e a cultura do romance floresceram em um mesmo ambiente, junto a um mesmo público" (DIEGO, 2019DIEGO, Marcelo. A obra de arte total de Machado de Assis. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019., p. 149). O compositor alemão Richard Wagner desenvolveu seu conceito de ópera total que possibilitava a imersão total do espectador em todas as formas de arte (literatura, teatro, música, artes visuais). Do mesmo modo, Machado procurava uma totalidade mergulhadora no romance. Se Wagner "buscava o sentido de totalidade ao aproximar ao máximo o espectador da ação de suas óperas, Machado buscava esse mesmo sentido ao afastar o leitor da ação dos seus romances, chamando atenção para a natureza ficcional deles" (DIEGO, 2019DIEGO, Marcelo. A obra de arte total de Machado de Assis. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019., p. 149).

Em "'Capítulo dos chapéus': uma epopeia invertida", Paul Dixon analisa várias alusões a poemas épicos em alguns dos mais célebres textos machadianos. Depois de apresentar exemplos do tropo machadiano (Quincas Borba e a Odisseia; Dom Casmurro e Os Lusíadas), Dixon faz uma leitura comparada - mas, como o título indica, invertida - entre A Ilíada, o épico clássico de Homero, e o conto "Capítulo dos chapéus". Ao trocar papéis e características dos personagens (Mariana por Aquiles e Conrado por Agamenão), Dixon oferece uma interpretação do "desfecho um pouco indefinido" que também é uma reviravolta. Em vez de ver Mariana como "uma pessoa débil, sem estômago para escaramuças na guerra dos sexos, [ela] é uma pessoa com uma consciência mais aguda das posições autênticas de uma pessoa justa e livre (DIXON, 2019DIXON, Paul. 'Capítulo dos chapéus': uma epopeia invertida. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019., p. 159).

Em "'A Sereníssima República' - ética e política na última década da monarquia brasileira", Regina Zilberman (2019ZILBERMAN, Regina. 'A Sereníssima República' - ética e política na última década da monarquia brasileira. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019., p. 164) alega que na década de 1880 foi através do conto que Machado divulgava "suas preocupações estéticas e políticas". O conto, segundo uma nota do autor, aborda o tema de "nossas alternativas eleitorais [...] através da forma alegórica" (ZILBERMAN, 2019ZILBERMAN, Regina. 'A Sereníssima República' - ética e política na última década da monarquia brasileira. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019., p. 164). Zilberman (2019ZILBERMAN, Regina. 'A Sereníssima República' - ética e política na última década da monarquia brasileira. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019., p. 164) explica que Machado se referia à Lei Saraiva que "instituiu a eleição direta para todos os cargos do império e o uso do título de eleitor, documento que habilitava à participação no pleito". Para poder votar, ela explica, "cada cidadão deveria ser alfabetizado e comprovar" que possuía certo valor de renda líquida, "o que restringiu drasticamente o número de eleitores no país" (ZILBERMAN, 2019ZILBERMAN, Regina. 'A Sereníssima República' - ética e política na última década da monarquia brasileira. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019., p. 164-165). Se há uma moral na alegoria sobre a república das aranhas, segundo Zilberman (2019ZILBERMAN, Regina. 'A Sereníssima República' - ética e política na última década da monarquia brasileira. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019., p. 175), "não se trata de escolher entre monarquia e república, voto direto ou sorteio, mas de honestidade eleitoral, ausente nos pleitos". Para Machado, "não era a forma de governo que fazia a diferença, e sim a ação das pessoas que almejavam o poder e utilizavam os mecanismos legais disponíveis para obtê-lo" (ZILBERMAN, 2019ZILBERMAN, Regina. 'A Sereníssima República' - ética e política na última década da monarquia brasileira. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019., p. 175).

Em "Também se goza por influxo dos lábios que narram: Dom Casmurro e o ensino de Literatura", Tatiane Kaspari apresenta um roteiro de leitura do romance machadiano baseado nas teorias de recepção (Jauss e Iser) e performance (Zumthor). A abordagem pedagógica, alicerçando-se nos princípios de roteiros de leitura estabelecidos por Juracy Saraiva Assmann, apresenta três etapas metodológicas: "preparação para a recepção do texto; leitura compreensiva e interpretativa; transferência e aplicação de leitura" (KASPARI, 2019KASPARI, Tatiane. Também se goza por influxo dos lábios que narram: Dom Casmurro e o ensino de Literatura. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019., p. 183). O roteiro de leitura é dividido em nove módulos com exercícios de pré-leitura, leitura e pós-leitura, acompanhados por "comentários ao professor". Kaspari fornece uma análise cuidadosa do texto que será de utilidade para leitores experientes e iniciantes de igual forma.

Referências

  • BENDER, Débora. Cultura dramática em Dom Casmurro. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos, 2019.
  • BERGAMINI, Atílio. Machado marmota: os primeiros anos do contista. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019.
  • DIEGO, Marcelo. A obra de arte total de Machado de Assis. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019.
  • DIXON, Paul. 'Capítulo dos chapéus': uma epopeia invertida. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019.
  • DUARTE, Cláudia Santos; KUNZ, Marinês Andrea. A mulher negra e a mestiça em obras de Machado de Assis. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019.
  • JACKSON, Kenneth David. A miscelânea machadiana: os estranhos objetos e as criaturas das fábulas morais. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019.
  • KASPARI, Tatiane. Também se goza por influxo dos lábios que narram: Dom Casmurro e o ensino de Literatura. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019.
  • KUPSSINSKÜ, Cátia Silene. Costura entre moda e literatura, em Dom Casmurro. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019.
  • SANSEVERINO, Antônio Marcos Vieira. O estranho narrador de Quincas Borba e o problema do realismo. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019.
  • SARAIVA, Juracy Assmann. Reflexão estética e manifestações populares em Memórias póstumas de Brás Cubas. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019.
  • ______; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos, 2019.
  • ZILBERMAN, Regina. 'A Sereníssima República' - ética e política na última década da monarquia brasileira. In: SARAIVA, Juracy Assmann; ZILBERMAN, Regina (Orgs). Machado de Assis em perspectiva: ficção, história e manifestações sociais. São Leopoldo: Oikos , 2019.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Nov 2019
  • Data do Fascículo
    Dez 2019

Histórico

  • Recebido
    05 Nov 2019
  • Aceito
    07 Nov 2019
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