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O associativismo civil e a emergência histórica do esporte moderno: um diálogo com Stefan Szymanski

Civil Associativism and the Historical Emergence of Modern Sport: A Dialogue with Stefan Szymanski

El asociativismo civil y el surgimiento histórico del deporte moderno: un diálogo con Stefan Szymanski

RESUMO

O objetivo deste ensaio é analisar o papel do associativismo civil enquanto uma variável estruturante para compreendermos o desenvolvimento do esporte moderno, principalmente a partir do diálogo com a teoria de Stefan Szymanski. O intuito é provocar um debate em torno das causalidades hegemonicamente utilizadas no campo da história do esporte, que buscam explicar a emergência histórica do fenômeno esportivo. Alguns exemplos do contexto brasileiro são mobilizados para evidenciar o papel do associativismo enquanto um elemento determinante neste processo. Concluímos que, apesar dos evidentes impactos dos produtos da modernidade no desenvolvimento histórico dos esportes, o associativismo civil pode se configurar como uma importante chave interpretativa para compreendermos como se deu o surgimento de diversas manifestações esportivas em todo o território nacional.

Palavras-chave
História do Esporte; associativismo civil; modernidade; clubes esportivos; cultura associativa

ABSTRACT

The objective of this essay is to analyze the role of associativism as a structuring variable for understanding the development of modern sport, mainly through a dialogue with Stefan Szymanski’s theory. The aim is to provoke a debate about the causalities hegemonically used in the field of sports history, which seek to explain the historical emergence of the sports phenomenon. Some examples from the Brazilian context are mobilized to highlight the role of associativism as a determining element in this process. We concludes that despite the evident impacts of the products of modernity on the historical development of sports, civil associations can be considered an important interpretive key for understanding how the emergence of various sports events throughout the national territory took place.

Keywords
Sport History; Associativism; Modernity; Sports Clubs; Associative Culture

RESUMEN

El objetivo de este ensayo es analizar el papel de las asociaciones civiles como variable estructurante para comprender el desarrollo del deporte moderno, principalmente a partir del diálogo con la teoría de Stefan Szymanski. El propósito es provocar un debate en torno a las causalidades utilizadas hegemónicamente en el campo de la historia del deporte, que buscan explicar el surgimiento histórico del fenómeno deportivo. Se movilizan algunos ejemplos del contexto brasileño para resaltar el papel del asociativismo como elemento determinante en este proceso. Concluimos que, a pesar de los evidentes impactos de los productos de la modernidad en el devenir histórico del deporte, las asociaciones civiles pueden configurarse como una importante clave interpretativa para comprender cómo se dio el surgimiento de diversos eventos deportivos a lo largo del territorio nacional.

Palabras Clave
Historia del Deporte; asociaciones civiles; modernidad; clubes deportivos; cultura asociativa

Introdução

O objetivo deste ensaio é analisar o papel do associativismo civil enquanto uma variável estruturante para compreendermos o desenvolvimento do esporte moderno, principalmente a partir do diálogo com a teoria de Stefan Szymanski (2008)SZYMANSKI, Stefan et al. A Theory of the Evolution of Modern Sport. Journal of Sport History, v. 35, n. 1, p. 1-32, 2008.. Com isso, buscaremos apresentar a concepção do autor, além de propor diálogos possíveis com o contexto brasileiro. O intuito é provocar um debate em torno das causalidades hegemonicamente utilizadas no campo da história do esporte, que buscam explicar a emergência histórica do fenômeno esportivo na modernidade. Em especial, a proposta é problematizar se os produtos da modernidade, como a urbanização, a industrialização e a comercialização das práticas esportivas, são suficientes para interpretar a complexa concatenação de fatores que levou à gênese do fenômeno esportivo em diferentes contextos no país. A partir daí, buscaremos apresentar uma nova perspectiva de análise pautada em um elemento pouco utilizado pela historiografia do esporte nacional: o associativismo.

A historiografia do esporte em âmbito internacional tem se dedicado, nas últimas décadas, à elaboração de teorias que fossem capazes de explicar como ocorreu o desenvolvimento do esporte na modernidade. A “virada cultural”, que ocorreu na historiografia nos anos de 1980 e 1990, contribuiu de forma significativa para o debate acerca das variáveis que possibilitaram com que o esporte se tornasse um dos principais fenômenos da cultura ocidental (BOOTH, 2011BOOTH, Douglas. História do Esporte: abordagens em mutação. Recorde: Revista de História do Esporte, v. 4, n. 1, p. 1-40, 2011.). Esta aproximação entre a história e a antropologia social ocasionou uma apropriação do conceito de cultura por parte dos historiadores, gerando uma mudança de paradigma na tradição historiográfica, que deslocou o centro das indagações para o sujeito, até então obsoleto perante as forças políticas e econômicas (CHALHOUB, 1990CHALHOUB, Sidney. Visões da liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na Corte. São Paulo: Cia. das Letras, 1990. p. 13-28.). A partir deste movimento, a história do esporte vem acompanhando as transformações epistemológicas mais amplas que ocorreram na perspectiva da história cultural e social, fato que refletiu, significativamente, nas concepções acerca de como se deu a emergência histórica do esporte na sociedade moderna. É nesse contexto que o “associativismo civil” surge enquanto um elemento fundamental para compreendermos esse processo, principalmente por se tratar de uma perspectiva que coloca os atores que estavam diretamente envolvidos com o desenvolvimento das práticas esportivas, no centro das investigações históricas.

Esperamos que este ensaio possa contribuir para ampliar o acúmulo acadêmico em torno deste tema, que gerou um debate bastante significativo em âmbito internacional, mas que ainda circula timidamente na historiografia do esporte no Brasil. Além disso, buscaremos provocar novos olhares sobre os fatores que podem ter contribuído para o desenvolvimento histórico do esporte no Brasil, principalmente por se tratar de um país que estabeleceu relações paradoxais e polissêmicas com a modernidade, em especial, por conta da sua desigualdade social e dimensões continentais. Levando em conta o contexto em que as primeiras manifestações esportivas começaram a se desenvolver em solo nacional, onde, em larga medida, o desenvolvimento dos elementos da modernidade estavam longe de se concretizar, até mesmo nas grandes cidades, a história do esporte brasileiro pode ser um exemplo privilegiado para compreendermos a importância do associativismo como um elemento fundamental para analisarmos a história do esporte em âmbito nacional.

A teoria do associativismo

Algumas teorias concorrem no sentido de explicar como ocorreu o desenvolvimento dos esportes modernos. A obra de Allen Guttmann é uma das pioneiras no sentido de buscar uma explicação causal de como se deu o desenvolvimento do esporte na modernidade, principalmente a partir de sete fatores: o fato de ser secular; demonstrar igualdade de disputa; a ideia de especialização; um processo de racionalização, onde as regras eram vistas de forma pragmática; o quinto ponto é a burocratização, em larga medida todos os esportes modernos possuem associações estaduais, nacionais e internacionais; em sexto lugar o processo de quantificação, centrado na criação de estatísticas dos atletas; o último ponto defendido por Guttmann é a ênfase nos recordes (VAMPLEW, 2013aVAMPLEW, Wray. História do esporte no cenário internacional: visão geral. Tempo, Rio de Janeiro, v. 17, n. 34, 2013a.; BOOTH, 2011BOOTH, Douglas. História do Esporte: abordagens em mutação. Recorde: Revista de História do Esporte, v. 4, n. 1, p. 1-40, 2011.).

Dando sequência ao que foi postulado por Guttmann, vários historiadores se ocuparam de buscar os principais fatores que teriam sido responsáveis pelo desenvolvimento dos esportes modernos. Stefan Szymanski (2008)SZYMANSKI, Stefan et al. A Theory of the Evolution of Modern Sport. Journal of Sport History, v. 35, n. 1, p. 1-32, 2008., em seu texto intitulado “A Theory of the Evolution of Modern Sport”, elabora uma teoria onde o principal fator que determina a evolução dos esportes modernos é a nova forma de associativismo que emergiu na Inglaterra, no final do século XVIII. Dessa forma, a constituição da esfera pública burguesa, onde os indivíduos eram livres para discutir questões políticas e econômicas que estavam em pauta, formaram as bases para o desenvolvimento do que Habermas1 1 Szymanski apoia seu conceito de “esfera pública” nos estudos de Habermas. Para mais detalhes, ver Habermas (1989). chama de uma das fundações da estrutura social moderna. Por conseguinte, o associativismo pode ser definido de forma simples como “a tendência de indivíduos em criar redes sociais e organizações fora da família. Simplificando, é a tendência de humanos de formar clubes, e os motivos para os clubes são tão variados quanto a imaginação humana”2 2 Trad. livre do autor. “Associativity may loosely be defined as the tendency of individuals to create social networks and organizations outside of the family. At its simplest, it is the tendency of humans to form clubs, and the motives for forming clubs are as varied as the human imagination”. (SZYMANSKI, 2008 p. 2SZYMANSKI, Stefan et al. A Theory of the Evolution of Modern Sport. Journal of Sport History, v. 35, n. 1, p. 1-32, 2008.).

De acordo com Szymanski (2008)SZYMANSKI, Stefan et al. A Theory of the Evolution of Modern Sport. Journal of Sport History, v. 35, n. 1, p. 1-32, 2008., muitos esportes que hoje conhecemos como modernos surgiram a partir dessa forma de associativismo. Por conseguinte, o desenvolvimento dos esportes na Inglaterra, naquele período, foi paralelo ao surgimento dos cafés, da imprensa e das sociedades públicas, instituições que esboçaram o surgimento dessa nova esfera social. Segundo o autor, pouca atenção tem sido dada ao associativismo enquanto fator fundamental para compreendermos a história do esporte:

Talvez seja surpreendente que tenha sido dada relativamente pouca relevância aos conceitos de associativismo no desenvolvimento dos esportes modernos. Embora exista um acordo geral que o conceito de esporte moderno nasceu na Inglaterra em algum momento em torno do início da Revolução Industrial, os historiadores e os sociólogos estão mais preocupados com fatores como a industrialização, o processo civilizador, a comercialização e assim por diante. É verdade que alguns acadêmicos notaram o surgimento da cultura do clube, ao mesmo tempo em que muitos esportes modernos, mas essas observações quase não se elevam acima do nível da nota de rodapé. Raramente é observado que todos os esportes modernos são organizados em hierarquia, sistemas de clubes e federações, que não existiam antes do surgimento dos esportes modernos. De fato, embora seja plausível definir a modernidade no esporte como a adoção desta estrutura hierárquica construída em torno de clubes, geralmente não há historiografia dedicada a documentar o processo do qual essas organizações se originaram3 3 Trad. livre do autor. “It is perhaps surprising that relatively little attention has been paid to concepts of associativity in the development of modern sports. While there is general agreement that the concept of modern sport was born in England sometime around the start of the industrial revolution, historians and sociologists have been more concerned with factors such as industrialization, the civilizing process, commercialism and so on. It is true that some scholars have noted the emergence of club culture at the same time as many modern sports, but such observations scarcely rise above the level of the footnote. It is seldom remarked that all modern sports are organized in hierarchical systems of clubs and governing federations, which did not exist prior to emergence of modern sports. Indeed, while it would plausible to define modernity in sport as the adoption of this hierarchical structure built around clubs, there is no general history devoted to documenting the process by which these organisations first came into being.” (SZYMANSKI, 2008, p. 2SZYMANSKI, Stefan et al. A Theory of the Evolution of Modern Sport. Journal of Sport History, v. 35, n. 1, p. 1-32, 2008.).

A “teoria do associativismo” pode ser resumida em cinco pontos principais: o esporte moderno é reflexo das formas modernas de associativismo; a unidade essencial do esporte moderno é o clube, por ser o fator fundamental que o diferencia das formas de esporte pré-modernas; existiram duas formas de associativismo que se desenvolveram na Europa a partir do século XVIII, uma delas independente do Estado, que se configurou como o modelo anglo-saxão, e outra que se estabeleceu no restante da Europa, que se baseava na cooperação com o Estado, no intuito de fomentar a preparação militar dos cidadãos; o modelo anglo-saxão dependia de liberdades burguesas básicas, como a liberdade de discurso e de imprensa. Na Europa continental, para que as pessoas pudessem se organizar dentro de associações esportivas, era necessária a aprovação do Estado; por último, o autor aponta que o modelo anglo-saxão de associativismo se desenvolveu antes da Revolução Industrial. Dessa forma, a industrialização não pode ser tomada como ponto de partida para o debate acerca do desenvolvimento do esporte moderno, assim como é comum na historiografia do esporte (SZYMANSKI, 2008SZYMANSKI, Stefan et al. A Theory of the Evolution of Modern Sport. Journal of Sport History, v. 35, n. 1, p. 1-32, 2008.).

Na esteira das discussões sobre a teoria do associativismo, Malcolm MacLean (2013)MACLEAN, Malcolm. A Gap but Not an Absence: Clubs and Sports Historiography. The International Journal of the History of Sport, v. 30, n. 14, p. 1.687-1.698, 2013. corrobora a teoria de Szymanski no sentido de que o clube é de fato a unidade básica de desenvolvimento dos esportes modernos. O autor aponta que, além de compreendermos o papel do associativismo, precisamos entender os clubes como constituintes da sociedade civil, ou seja, a forma como ele se relaciona com as outras instituições é um fator fundamental para compreendermos a importância dos clubes para além do fenômeno esportivo.

A ausência do clube não é apenas uma lacuna intelectual, um buraco em nosso corpo de conhecimento: deixando de sublinhar a sua importância no nosso trabalho, estamos perdendo a oportunidade de afirmar a nossa importância como acadêmicos (...) portanto, para a importância da história do esporte como uma vertente da história social4 4 Trad. livre do autor. “The absence of the club is not just an intellectual gap, a hole in our body of knowledge: in failing to stress their importance in our work, we are missing an opportunity to assert our importance as scholars (...), therefore, to the importance of sports history as a strand of social history”. (MACLEAN, 2013, p. 1.693MACLEAN, Malcolm. A Gap but Not an Absence: Clubs and Sports Historiography. The International Journal of the History of Sport, v. 30, n. 14, p. 1.687-1.698, 2013.).

Apoiado no conceito de Edwards5 5 Para mais informações, ver Edwards (2009). , que define a sociedade civil em uma concepção tripartite de vida associativa, boa sociedade e esfera pública, MacLean (2013)MACLEAN, Malcolm. A Gap but Not an Absence: Clubs and Sports Historiography. The International Journal of the History of Sport, v. 30, n. 14, p. 1.687-1.698, 2013. defende que os clubes esportivos foram parte essencial desta, fazendo com que a história do esporte seja uma contribuição fundamental para compreendermos a história das sociedades. O autor apresenta uma série de estudos na Europa e nos Estados Unidos que exploram o papel dos clubes esportivos como espaços de desenvolvimento de vínculo social, como, por exemplo, no caso da Alemanha, onde os clubes esportivos tiveram um papel importante nas transformações políticas do Estado, principalmente na consolidação das instituições burguesas, no contexto em que o país foi transformado pelas guerras e pelo fascismo, e quando foi dividido na ideologia pós-guerra e reorganizado após o colapso do bloco soviético.

A teoria de Szymanski fomentou um debate importante na historiografia do esporte em âmbito internacional, sendo que vários historiadores se propuseram a criticar seu trabalho, seja complementando sua teoria ou apontando suas fragilidades.

Vamplew (2013b)VAMPLEW, Wray. Theories and Typologies: A Historical Exploration of the Sports Club in Britain. The International Journal of the History of Sport, v. 30, n. 14, p. 1.569-1.585, 2013b. argumenta que existem vários desacordos com relação ao principal fator que contribuiu para o desenvolvimento histórico dos clubes, porém, há um consenso de que ele é a unidade básica que proporcionou o desenvolvimento do fenômeno esportivo na modernidade. Nesse sentido, o autor se apoia no modelo de tipo-ideal6 6 Para mais informações sobre o conceito de tipo-ideal, ver Quintaneiro, Barbosa e Oliveira (2002). , para criar categorias no sentido de buscar uma generalização para compreender como ocorreu o desenvolvimento dos clubes na Inglaterra.

De acordo com o autor, a característica fundamental de um clube é seu caráter coletivo. A partir disso, ele busca estabelecer níveis de associativismo para compreender os motivos pelos quais os sujeitos se propuseram a se organizar nessas instituições. Vamplew elenca três níveis diferentes de associativismo para criar seu modelo de análise. Segundo o autor, os membros dos clubes esportivos podem se integrar em algum clube por várias motivações, como, por exemplo, criar capital social, desfrutar do convívio entre os participantes e a busca pelo voluntarismo, porém, todos compartilham da vontade de praticar esportes, portanto, isto define o primeiro nível de associativismo. A razão pela qual os membros se filiam a um clube, geralmente, é relacionada à prática esportiva, porém, os clubes esportivos são, em larga medida, relacionados a outras atividades coletivas. A partir daí, o autor elenca quatro subcategorias para explicar a tipologia do segundo nível de associativismo que são: os clubes baseados no local de trabalho, os clubes baseados em religiões, os clubes relacionados ao comércio de bebidas e, por último, os clubes com alguma base política, ou seja, todos são clubes esportivos, porém, existe alguma motivação externa à prática esportiva para que esses membros se filiem à instituição. O terceiro nível de associativismo pode ser entendido como um subsetor do anterior, que diz respeito aos clubes escolares, clubes universitários, clubes de veteranos, clube da vizinhança, dentre outros exemplos, como clubes de portadores de deficiência.

As tipologias propostas por Vamplew nos auxiliam principalmente a compreender que os clubes esportivos são parte integrante da sociedade civil e, como tal, não estão apartados da realidade social que os perpassa. Portanto, analisarmos o desenvolvimento do esporte através dos clubes nos leva a compreender a história das instituições que estão diretamente relacionadas com os clubes esportivos, como no caso do terceiro nível de associativismo, das escolas e das universidades em que esses clubes foram formados. Por conseguinte, a história do esporte também é a história da formação dos clubes esportivos, de sua materialidade, motivação e relação com outros fenômenos e instituições.

Uma das principais críticas7 7 Recentemente, um trabalho publicado por Huggins (2020) cria um contraponto à teoria de Szymanski, afirmando que mesmo antes do associativismo e do surgimento da esfera pública, as apostas foram a principal chave para o surgimento do que conhecemos hoje como esporte moderno. De acordo com o autor, esse desenvolvimento teria se dado entre 1660 e 1800. tecidas sobre a teoria do associativismo foi elaborada por Steven Riess (2008)RIESS, Steven. Associativity and the Evolution of Modern Sport. Journal of Sport History, v. 35, n. 1, p. 33-38, 2008.. De acordo com esse autor, todos os historiadores concordam que a unidade fundamental do esporte moderno é o clube e que eles se desenvolveram ao longo do século XVIII de forma autônoma na Inglaterra. Segundo o autor, a “teoria do associativismo” afirma que essa versão anglo-saxônica de associativismo ocasionou o surgimento dos esportes modernos, porém, ela oferece poucas evidências de como isto ocorreu.

Certamente o surgimento dos esportes está conectado aos clubes, que ajudou a facilitar seu crescimento de várias formas, mas também foi o produto de outras forças sociais, como a industrialização, urbanização e comercialização. Talvez seja mais seguro dizer que os clubes foram essenciais para facilitar o desenvolvimento do esporte moderno, mas não o criaram de forma independente8 8 Trad. livre do autor: “Certainly the rise of sport is connected to clubs, which helped facilitate its growth in many ways, but it was also the product of other social forces as well, such as industrialization, urbanization, and commercialization. Perhaps it would be safer to say that clubs were essential to facilitate the development of modern sport but did not independently create it”. (RIESS, 2008, p. 35RIESS, Steven. Associativity and the Evolution of Modern Sport. Journal of Sport History, v. 35, n. 1, p. 33-38, 2008.).

Na perspectiva de Riess, a teoria de Szymanski afirma que o desenvolvimento da comercialização e do profissionalismo são simplesmente questões internas, dessa forma, ignorando o papel dos empreendedores, da urbanização e da industrialização. O autor afirma que essas transformações levaram a inovações no transporte, fazendo com que os times fossem capazes de viajar de cidade a cidade e ter as notícias dos seus resultados divulgados rapidamente na imprensa diária. Dessa forma, “mais atenção precisa ser dada ao papel de outras forças sociais em detrimento do associativismo para colocar o esporte na estrada rumo à modernização”9 9 Trad. livre do autor: “More attention needs to be given to the role of social forces other than associativity to getting sport on the road to modernization”. (RIESS, 2008, p. 37RIESS, Steven. Associativity and the Evolution of Modern Sport. Journal of Sport History, v. 35, n. 1, p. 33-38, 2008.). O autor utiliza o exemplo norte-americano para dar centralidade à urbanização enquanto fator fundamental para o desenvolvimento dos esportes modernos.

As cidades eram os locais primários dos esportes organizados, onde estavam os jogadores, espectadores e clubes esportivos. O crescente interesse nos esportes tradicionais e novos foi fortemente apoiado pelo surgimento de uma ideologia esportiva que considerava os esportes uma força potencialmente positiva na melhoria da moral, da saúde e da aptidão da América urbana, incentivando o interesse da classe média em esportes lícitos10 10 Trad. livre do autor: “Cities were the primary sites of organized sports, and the location of players, spectators, and, sports clubs. The growing interest in traditional and new sports was heavily supported by the rise of a sports ideology that perceived sport as a potentially positive force in improving urban America’s morals, health, and fitness, encouraging middle-class interest in clean sports”. (RIESS, 2008, p. 37RIESS, Steven. Associativity and the Evolution of Modern Sport. Journal of Sport History, v. 35, n. 1, p. 33-38, 2008.).

Em resposta às críticas que foram feitas com relação à sua teoria, Szymanski (2008b)SZYMANSKI, Stefan. A Theory of the Evolution of Modern Sport: Responses to Comments. Journal of Sport History, v. 35, n. 1, p. 57-64, 2008b. afirma que existe uma falsa dicotomia nos apontamentos feitos pelo professor Riess, e que nunca foi sua intenção elaborar uma teoria “monocausal” sobre o surgimento dos esportes modernos. O autor corrobora os argumentos de Riess, de que vários grupos sociais em diferentes momentos utilizaram os clubes esportivos para forjar sua identidade; de que os frutos da Revolução Industrial proporcionaram as bases para uma maior participação nos esportes; de que a urbanização e o trabalho fabril mudaram a percepção dos trabalhadores com relação ao seu tempo, principalmente o tempo livre. O que Szymanski destaca é que é difícil sustentar uma posição de que há diferenças fundamentais entre os clubes do século XVIII e os do século XIX, sendo que a pedra fundamental de sua tese é a conexão entre os esportes modernos e as formas anglo-saxãs de associativismo. Se, por um lado, Riess (2008)RIESS, Steven. Associativity and the Evolution of Modern Sport. Journal of Sport History, v. 35, n. 1, p. 33-38, 2008. questiona a relação entre as liberdades individuais e a falta delas no processo de desenvolvimento dos clubes esportivos, por outro, Szymanski utiliza um exemplo da Union Vélocipédique de France, a primeira federação nacional de ciclismo, fundada em 1881 na França, que foi descrita oficialmente como: “Sociedade para promoção da proficiência em ciclismo aceita pelo Ministro da Guerra para preparação para o ciclismo militar”11 11 Trad. livre do autor: “Society for the promotion of cycling proficiency agreed by the Minister of War for the preparation of military cycling”. (SZYMANSKI, 2008b, p. 63SZYMANSKI, Stefan. A Theory of the Evolution of Modern Sport: Responses to Comments. Journal of Sport History, v. 35, n. 1, p. 57-64, 2008b.).

Os esportes modernos anglo-saxões se desenvolveram essencialmente como exercícios que o autor chama de “pointless”, ou seja, eles não tinham um propósito além da própria prática esportiva. Porém, nos outros países da Europa Continental, os exercícios eram “purposeful”, tinham um propósito para além da prática esportiva e eram vistos essencialmente como um meio para o treinamento militar (SZYMANSKI, 2008bSZYMANSKI, Stefan. A Theory of the Evolution of Modern Sport: Responses to Comments. Journal of Sport History, v. 35, n. 1, p. 57-64, 2008b.).

Por conseguinte, o núcleo da teoria do associativismo está diretamente relacionado com o surgimento da esfera pública no século XVIII, na Europa, onde os indivíduos tinham liberdade de associação, discurso e imprensa. Dessa forma, os clubes esportivos surgiram como um reflexo de uma reconfiguração social do espaço, que fez com que sujeitos transformassem o fenômeno esportivo através de um novo ethos, que se configurava na sociedade inglesa. Portanto, Szymanski afirma que as críticas de Riess mais complementam do que contrariam sua tese, visto que vários fatores contribuíram para o desenvolvimento dos esportes modernos.

Associativismo e esporte no Brasil

É importante ressaltar que o debate acerca da “teoria do associativismo”, enquanto uma possibilidade para compreendermos a emergência histórica do esporte moderno, não se trata de um movimento que busca substituir um axioma pelo outro. As variáveis hegemonicamente utilizadas para explicar a emergência histórica dos esportes modernos talvez não sejam, simplesmente, suficientes para esgotar as análises acerca da gênese do fenômeno esportivo no Brasil e em outros países que compõem a periferia do capitalismo. Isso porque as condições materiais que são produtos próprios da modernidade não se deram de forma homogênea ao redor do globo. Dessa forma, como poderíamos atribuir a essas variáveis o surgimento das primeiras manifestações esportivas no Brasil, onde os processos de industrialização, urbanização e comercialização das práticas esportivas ainda eram bastante incipientes?

O esporte começou a se desenvolver no Brasil a partir da segunda metade do século XIX, onde foram criadas as primeiras competições e federações (GAMBETA, 2013GAMBETA, Wilson Roberto. A bola rolou: o velódromo paulista e os espetáculos de futebol (1895/1916). Tese (Doutorado em História Social) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.; DIAS, 2012DIAS, Cleber. História do esporte no sertão brasileiro: memória, poder e esquecimento. Materiales para la Historia del Deporte, v. X, p. 24-36, 2012.; MELO, 2000MELO, Victor Andrade. Cidadesportiva: primórdios do esporte no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2000.; PEREIRA, 1998PEREIRA, Leonardo Affonso de Miranda. Footballmania: uma história social do futebol no Rio de Janeiro (1902-1938). Tese (Doutorado em História) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1998.). Nesse mesmo período, existiam menos de dez fábricas no país, a maior parte delas situadas na região Nordeste. É somente com a virada do século que a planta industrial brasileira se desloca para a região Sul e Sudeste. Além disso, naquele contexto, cerca de 70% dos trabalhadores ativos, se dedicavam ao setor agrário, principalmente à cultura do café (FAUSTO, 2006FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2006.). Dessa forma, de 1889 a 1930, a agroexportação foi a principal atividade econômica do país, liderada pelo setor cafeeiro, que chegou a representar quase a totalidade das remessas voltadas ao exterior, durante o final da década de 1920 (VILLELA; SUZIGAN, 1975VILLELA, Annibal Villanova; SUZIGAN, Wilson. Política do governo e crescimento da economia brasileira, 1889-1945. Rio de Janeiro: Ipea; Inpes, 1975.). Nesse contexto de uma industrialização ainda muito incipiente, atrelada a uma concentração de grande parte da população em regiões rurais, atribuir a emergência histórica de diversas manifestações esportivas a esses fatores não nos parece razoável, mesmo que essas variáveis tenham impactado, de alguma forma, a consciência social em torno da ideia de modernidade e progresso.

No contexto nacional, tradicionalmente, somente as regiões Sul e Sudeste têm tido a maior parte da atenção dos historiadores do esporte (DIAS, 2012DIAS, Cleber. História do esporte no sertão brasileiro: memória, poder e esquecimento. Materiales para la Historia del Deporte, v. X, p. 24-36, 2012.). Todavia, algumas pesquisas realizadas no campo da historiografia do esporte brasileiro, na última década, têm buscado analisar historicamente a gênese do esporte em contextos rurais e periféricos, algo que nos trouxe elementos importantes para questionar a dicotomia centro-periferia, que é, em última instância, justificada pelos produtos da modernidade (DIAS, 2017DIAS, Cleber. Esportes nos confins da civilização: Mato Grosso, 1920-1930. Topoi (Rio J.), Rio de Janeiro, v. 18, p. 66-90, 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/topoi/a/XWJ6Q4MhhrqrjJvKmXqk3nr/?format=pdf⟨=pt. Acesso em: 12 fev. 2024.
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; AMARAL; DIAS, 2019AMARAL, Daniel Venâncio de Oliveira; DIAS, Cleber. Lazer e mercado do entretenimento em uma cidade rural de Minas Gerais. Locus: Revista de História, v. 25, n. 1, p. 62-85, 2019.; DIAS; SOUZA, 2020DIAS, Cleber; SOUZA, Eliza Salgado de. Ciclismo e comércio em Manaus, 1898-1907. Revista de História Regional, v. 25, n. 2, 2020.; NUNES, 2021NUNES, Fábio Santana. “A los toros!”: as touradas em Feira de Santana (1893-1905). Revista Caminhos da Historia, v. 26, n. 1, p. 54-79, 2021.).

Nessa perspectiva, o associativismo civil surge enquanto uma variável privilegiada para analisarmos a emergência histórica do esporte em contextos em que o desenvolvimento urbano, econômico e tecnológico ainda era bastante incipiente. Melo e Peres (2014)MELO, Victor Andrade de; PERES, Fabio de Faria. Associativismo e política no Rio de Janeiro do Segundo Império: o Clube Ginástico Português e o Congresso Ginástico Português. Topoi (Rio J.), Rio de Janeiro, v. 15, p. 242-265, 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/topoi/a/JKdtZNTRYprBB7bPTHjRLwQ/?format=pdf⟨=pt. Acesso em: 12 fev. 2024.
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fazem uma contribuição importante para pensarmos a relação entre a cultura associativa e o desenvolvimento das manifestações esportivas no Brasil. Ainda na época do Império, duas associações portuguesas foram criadas, tendo a ginástica como sua principal característica. A primeira delas, o Clube Ginástico Português, foi fundada em 1868, antes mesmo da criação da primeira sociedade de ginástica em Portugal, que se daria somente em 1875. Para além de sua importância no âmbito das práticas corporais, o associativismo cumpriu um papel fundamental para o engendramento de relações políticas e culturais que se desenvolveram em torno dessas agremiações. Assim como destaca Malcolm MacLean (2013)MACLEAN, Malcolm. A Gap but Not an Absence: Clubs and Sports Historiography. The International Journal of the History of Sport, v. 30, n. 14, p. 1.687-1.698, 2013., os clubes compõem parte fundamental da sociedade civil e carregam, para além de representações sobre a história dos esportes, relações importantes com as transformações na esfera pública. Nesse sentido, estudar a história do associativismo pode nos proporcionar chaves interpretativas privilegiadas para compreendermos aspectos mais amplos da história da sociedade.

A noção de que os elementos da modernidade podem não ser suficientes para explicar a emergência histórica do esporte no Brasil se torna ainda mais evidente se pensarmos em manifestações esportivas em que a esfera econômica ainda não estava diretamente relacionada com o seu desenvolvimento, como foi o caso da história do esporte universitário brasileiro. Nesse sentido, a trajetória do esporte no interior das instituições de ensino superior no país, ao longo das quatro primeiras décadas do século XX, pode nos dar algumas pistas sobre a importância do associativismo civil no desencadeamento de fatores que levaram ao surgimento de diversas manifestações esportivas:

O início da prática esportiva universitária no Brasil, ao longo de quase quatro décadas, ocorreu sem a intervenção direta do Estado, embora o poder público tenha oferecido apoio financeiro eventual para a realização de algumas competições esportivas entre estudantes. De modo geral, no entanto, o esporte universitário era arranjado por iniciativa e por meio da organização dos próprios estudantes. Por todo esse período, o associativismo estudantil esteve mesmo no centro da consolidação do esporte universitário no Brasil (PESSOA; DIAS, 2019, p. 10PESSOA, Vitor Lucas de Faria.; DIAS, Cleber. História do esporte universitário no Brasil (1933-1941). Movimento, v. 25, p. e25016, 2019.).

O esporte universitário brasileiro é um exemplo privilegiado para compreendermos o papel do associativismo civil no desenvolvimento do fenômeno esportivo no país. Além disso, revela a importância de deslocarmos o centro da análise para os sujeitos que estruturaram as práticas culturais, em vez de privilegiar perspectivas macroeconômicas mais generalistas. Não podemos negar que a economia, a industrialização, a urbanização, o desenvolvimento dos transportes e das diferentes tecnologias impactaram a emergência histórica das práticas esportivas. Todavia, creditar somente aos produtos da modernidade a gênese dos esportes, em um país com dimensões continentais como o Brasil, é assumir uma perspectiva de que não poderia haver desenvolvimento esportivo se essas condições materiais, ou parte delas, não estivessem presentes, o que não é verdade.

Apesar das federações esportivas universitárias terem se consolidado no Brasil somente a partir da década de 1930, a gênese dessas instituições é resultado de movimentos associativos pregressos, iniciados pelos acadêmicos ao menos desde os primeiros anos do século XX. Ao analisar a emergência histórica do esporte universitário brasileiro, podemos perceber que o associativismo estudantil passou por um processo de burocratização, que foi fundamental para o surgimento da prática esportiva nessas escolas de ensino superior e, posteriormente, para a criação das federações estaduais nas universidades brasileiras:

O que observamos, ao longo destes trinta anos [1900-1930], foi o movimento que chamamos de “burocratização” e “institucionalização” destas associações estudantis. Dessa forma, o caráter associativo passou de níveis menos elaborados ou “informais”, para níveis mais elaborados e “formais”. Este processo de “formalização” foi fundamental para que o esporte acadêmico ganhasse espaço no cenário esportivo nacional, algo que possibilitou a criação de circuitos interestaduais de disputas acadêmicas (PESSOA, 2022, p. 169PESSOA, Vitor Lucas de Faria. A história do esporte no ensino superior brasileiro de 1905 a 1930. Tese (Doutorado em Estudos do Lazer) – Programa de Pós-Graduação em Estudos do Lazer, Faculdade de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2022.).

Os primeiros anos do esporte universitário no Brasil foram marcados por iniciativas informais, através de comissões estudantis que organizavam as partidas de futebol entre as escolas superiores do Rio de Janeiro. Essa configuração associativa se manteve até meados da década de 1910, sendo que a principal motivação para a realização desses certames era a participação em eventos beneficentes, em sua maioria, organizados pela elite do Rio de Janeiro. O esporte acadêmico, nessa ocasião, nem sempre ocupava a centralidade desses eventos, mas compunha parte importante dos relatos sobre essas festividades nas páginas dos jornais. É somente a partir de 1915, com o surgimento de uma associação estudantil que ficou conhecida como “Alliança Academica”, que ocorre um processo de formalização das disputas entre os estudantes, daí em diante, o esporte universitário passa a ter uma agenda própria. Essa associação criada pelos acadêmicos cariocas, mesmo tendo sido idealizada com o objetivo principal de representar politicamente os estudantes da capital do país, cumpriu um papel fundamental para o desenvolvimento do esporte universitário, o que nos revela, entre outras coisas, que a cultura associativa entre os acadêmicos brasileiros tem relações com movimentos que não necessariamente se originaram a partir da criação das associações e clubes esportivos (PESSOA, 2022PESSOA, Vitor Lucas de Faria. A história do esporte no ensino superior brasileiro de 1905 a 1930. Tese (Doutorado em Estudos do Lazer) – Programa de Pós-Graduação em Estudos do Lazer, Faculdade de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2022.).

Para além do exemplo do esporte universitário brasileiro, a análise histórica do fenômeno esportivo em regiões distantes dos principais centros econômicos do país, nos possibilita compreender como os movimentos associativos cumpriram um papel importante na emergência histórica das manifestações esportivas, como é o caso da trajetória do futebol em Goiás:

Em Goiás, referências aos acontecimentos esportivos do Rio de Janeiro ou de São Paulo foram raros e não parecem ter ocupado papel importante no imaginário esportivo da região no período de que trata este estudo [1907-1936]. Nessa época, o desenvolvimento do esporte em Goiás parece ter sido fundamentalmente protagonizado por agentes locais, que acomodaram, assimilaram e utilizaram ideias e concepções sobre a nova prática de maneira autônoma, em certo sentido peculiar, em ritmo particular e à luz de interesses que lhes eram próprios (DIAS, 2013, p. 61DIAS, Cleber. Primórdios do futebol em Goiás, 1907-1936. Revista de História Regional, v. 18, n. 1, 2013.).

O autor pode não ter utilizado o conceito de associativismo para descrever o desenvolvimento do esporte bretão em Goiás, todavia podemos perceber que o protagonismo de determinados “agentes locais” foi um fator mais importante do que o “ideal da modernidade”, diversas vezes defendido e propagado pelas elites do país, que tomam o Rio de Janeiro e São Paulo como expoentes desse processo. O que queremos defender aqui é a ideia de que eleger somente os produtos da modernidade enquanto variável determinante para esse processo pode ocultar singularidades que serão somente observáveis através de um olhar mais cuidadoso e pormenorizado, sobre os atores que desencadearam movimentos associativos em diferentes tempos e espaços no território brasileiro.

Da mesma forma como ocorreu com a história do futebol em Goiás, Mato Grosso experimentou, durante a mesma década, o surgimento de manifestações esportivas que foram desencadeadas por fatores que não estão, necessariamente, relacionados com as variáveis hegemonicamente utilizadas para explicar a história do esporte no território brasileiro. De acordo com Dias (2017, p. 68)DIAS, Cleber. Esportes nos confins da civilização: Mato Grosso, 1920-1930. Topoi (Rio J.), Rio de Janeiro, v. 18, p. 66-90, 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/topoi/a/XWJ6Q4MhhrqrjJvKmXqk3nr/?format=pdf⟨=pt. Acesso em: 12 fev. 2024.
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:

No Brasil, o florescimento de práticas esportivas ocorreu também em regiões pouco ou nada urbanizadas, às vezes bastante carentes de vestígios de processos modernizadores. Mesmo em algumas dessas situações, porém, os esportes foram regular e amplamente praticados, desde os meados da década de 1910, se não antes, servindo como veículos importantes para negociação de representações sociais e identidades regionais. Foi precisamente este o caso do Mato Grosso.

Além disso, segundo o autor, um dos principais fatores que contribuíram para o desenvolvimento esportivo em Mato Grosso foi a intensificação do associativismo civil, através da fundação de clubes e associações esportivas: “a maioria das modalidades era promovida por associações civis, cujas atividades principais radicavam-se acima de tudo no futebol. Com o tempo, porém, tais interesses expandiram-se para outros esportes, favorecendo uma diversificação de modalidades” (DIAS, 2017, p. 73DIAS, Cleber. Esportes nos confins da civilização: Mato Grosso, 1920-1930. Topoi (Rio J.), Rio de Janeiro, v. 18, p. 66-90, 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/topoi/a/XWJ6Q4MhhrqrjJvKmXqk3nr/?format=pdf⟨=pt. Acesso em: 12 fev. 2024.
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). Outro ponto importante na história do esporte em Mato Grosso foi que o associativismo em torno da prática esportiva também foi protagonizado pela participação feminina. Em 1927, a Sra. Deolinda Barata, que era esposa de um comerciante envolvido com o Corumbaense Futebol Clube, fundou um clube esportivo em Corumbá, que promovia encontros de diversas modalidades, como partidas de tênis, basquete, tênis de mesa e vôlei (DIAS, 2017DIAS, Cleber. Esportes nos confins da civilização: Mato Grosso, 1920-1930. Topoi (Rio J.), Rio de Janeiro, v. 18, p. 66-90, 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/topoi/a/XWJ6Q4MhhrqrjJvKmXqk3nr/?format=pdf⟨=pt. Acesso em: 12 fev. 2024.
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).

Com o intuito de problematizar a narrativa histórica de que as práticas culturais “modernas” difundidas nas grandes metrópoles são simplesmente reproduzidas em cidades interioranas, Amaral e Couto (2019)AMARAL, Daniel Venâncio de Oliveira; COUTO, Euclides Freitas. O futebol no Oeste de Minas: os encontros intermunicipais e os sentidos das práticas esportivas em Oliveira (1916-1925). Revista Maracanan, Rio de Janeiro, n. 21, p. 105-124, jul. 2019. apontam que no Oeste de Minas Gerais, na cidade de Oliveira, que na década de 1920 contava com menos de 12.000 moradores, o desenvolvimento histórico do esporte também experimentou contornos próprios, distantes daqueles que foram esboçados pelos grandes centros urbanos. Além disso, o primeiro time de futebol da cidade, fundado em 1916, foi idealizado por integrantes da elite local, através de um movimento associativo. Assim como os exemplos mobilizados anteriormente, a história do esporte em diversas cidades dos interiores do Brasil pode nos ajudar a compreender melhor outros fatores ainda pouco explorados pela historiografia especializada, que contribuirão para elucidar as singularidades que estão diretamente relacionadas com a história do fenômeno esportivo brasileiro.

A partir dessa perspectiva, ao incluirmos o associativismo civil no nosso “escopo de análise” sobre o desenvolvimento do esporte no país, nos aproximamos de uma perspectiva mais cultural da historiografia, que pretende se debruçar sobre a história de sujeitos comuns e suas relações com a sociedade. Nesse sentido, eleger os atores que estiveram diretamente relacionados às práticas esportivas, como os principais protagonistas da história do esporte brasileiro, é um elemento que pode nos proporcionar um novo olhar a respeito de parte do nosso patrimônio cultural. Ao analisar essa relação, Pessoa (2022, p. 170)PESSOA, Vitor Lucas de Faria. A história do esporte no ensino superior brasileiro de 1905 a 1930. Tese (Doutorado em Estudos do Lazer) – Programa de Pós-Graduação em Estudos do Lazer, Faculdade de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2022. aponta que:

Em primeiro lugar, existe um elemento essencial, que independe da ação das instituições, que é a “cultura associativa”. Neste sentido, a ocorrência histórica de práticas esportivas, ou a falta delas, poderia ser explicada, em certa medida, por uma espécie de “capital associativo”. Provavelmente, a presença deste aspecto pode ter determinado o desenvolvimento de diversas práticas culturais no país. Isto explicaria, o motivo da emergência histórica do esporte em lugares onde os produtos da modernidade como a urbanização, a industrialização, as tecnologias e o desenvolvimento econômico ainda não estavam totalmente presentes.

Este “capital associativo”, entendido enquanto uma categoria de análise, pode ser uma ferramenta que auxilie os pesquisadores do campo da história do esporte e das práticas corporais a eleger variáveis que seriam dificilmente observáveis a partir de perspectivas macroeconômicas. Além disso, precisamos compreender que essa cultura associativa não se inicia com a criação dos clubes esportivos, ela carrega elementos culturais que se constituem nas transformações próprias de cada tempo e espaço, em diversas formas de organização social. Todavia, não estamos afirmando que os aspectos mais gerais da sociedade no âmbito econômico, político e cultural não influenciaram a atuação desses sujeitos e as estruturas às quais eles estavam submetidos12 12 Levando em conta os conceitos de psicogênese e sociogênese propostos por Elias (1994). . Nesse sentido, não foi nosso objetivo defender uma perspectiva teórica “monocausal” acerca da emergência histórica do fenômeno esportivo no Brasil. Assim como afirmou Szymanski (2008b)SZYMANSKI, Stefan. A Theory of the Evolution of Modern Sport: Responses to Comments. Journal of Sport History, v. 35, n. 1, p. 57-64, 2008b., todos os produtos da modernidade, como a urbanização, a industrialização, a comercialização e o avanço tecnológico, contribuíram para que o esporte se desenvolvesse em diferentes tempos e espaços ao redor do globo. O ponto principal que gostaríamos de destacar é a ideia de que utilizar os argumentos da “modernidade” sem levar em conta os aspectos subjetivos da experiência humana pode ser um elemento empobrecedor das análises acerca da história e da memória das manifestações esportivas no nosso país.

Considerações finais

Por fim, precisamos nos lembrar de que o próprio conceito de “modernidade” está em disputa13 13 Para mais detalhes, ver Dias (2009). e precisa ser problematizado pelos pesquisadores que se propõem a debater a história do esporte em território nacional. Assim como nos lembra Bruno Latour (1994, p. 15)LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos. São Paulo: 34, 1994., “a modernidade possui tantos sentidos quantos forem os pensadores”. O que podemos chamar de “argumento da modernidade”, ao longo dos últimos anos, tem se tornado um lugar-comum em grande parte das publicações que buscam explicar os fatores que influenciaram o desenvolvimento histórico de diversas modalidades esportivas no Brasil. O que gostaríamos de provocar com este ensaio é a ideia de que a modernidade é um fenômeno demasiadamente complexo para ser utilizado como uma “chave mestra” para explicar todo o desenvolvimento histórico do fenômeno esportivo em âmbito nacional. Assim como discutimos anteriormente, o esporte se fez presente em diversos espaços onde o desenvolvimento urbano e industrial ainda não havia se consolidado. Novamente, não defendemos a tese de que os fenômenos desencadeados pela modernidade não influenciaram, sobremaneira, o desenvolvimento dos esportes no Brasil, mas para compreender melhor esse processo, precisamos alargar o nosso escopo de análise, elegendo novas possibilidades interpretativas, e isso só é possível se estivermos dispostos a abandonar alguns cânones, que podem servir como “uma luva” para preencher lacunas encontradas nos documentos históricos. Precisamos analisar as fontes e nos perguntar qual foi o papel daqueles homens e mulheres que estiveram diretamente relacionados com o desenvolvimento das práticas esportivas.

Para concluir, esperamos que este ensaio possa contribuir para provocar novos olhares acerca dos estudos históricos sobre o esporte no Brasil. Além de servir como uma oportunidade para problematizar o “associativismo” enquanto uma categoria de análise fundamental para compreendermos o desenvolvimento histórico do fenômeno esportivo na modernidade, tema que já foi amplamente discutido na literatura anglo-saxã, porém que ainda circula timidamente nas publicações brasileiras. Não foi o nosso objetivo esgotar os debates possíveis acerca do associativismo e a história do esporte no país, este texto é um convite para que mais pesquisadores se proponham a olhar para esse fenômeno enquanto uma possibilidade de análise, que pode revelar nuances que ainda não foram debatidas sobre a história do esporte em âmbito nacional.

Agradecimento

Este trabalho contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) ao projeto n. APQ-01222-22 — “A História do Esporte no Ensino Superior Brasileiro de 1905 a 1930” — Bolsa de Doutorado.

  • 1
    Szymanski apoia seu conceito de “esfera pública” nos estudos de Habermas. Para mais detalhes, ver Habermas (1989)HABERMAS, Jurgen. The Structural Transformation of the Public Sphere. Cambridge: Polity Press, 1989..
  • 2
    Trad. livre do autor. “Associativity may loosely be defined as the tendency of individuals to create social networks and organizations outside of the family. At its simplest, it is the tendency of humans to form clubs, and the motives for forming clubs are as varied as the human imagination”.
  • 3
    Trad. livre do autor. “It is perhaps surprising that relatively little attention has been paid to concepts of associativity in the development of modern sports. While there is general agreement that the concept of modern sport was born in England sometime around the start of the industrial revolution, historians and sociologists have been more concerned with factors such as industrialization, the civilizing process, commercialism and so on. It is true that some scholars have noted the emergence of club culture at the same time as many modern sports, but such observations scarcely rise above the level of the footnote. It is seldom remarked that all modern sports are organized in hierarchical systems of clubs and governing federations, which did not exist prior to emergence of modern sports. Indeed, while it would plausible to define modernity in sport as the adoption of this hierarchical structure built around clubs, there is no general history devoted to documenting the process by which these organisations first came into being.”
  • 4
    Trad. livre do autor. “The absence of the club is not just an intellectual gap, a hole in our body of knowledge: in failing to stress their importance in our work, we are missing an opportunity to assert our importance as scholars (...), therefore, to the importance of sports history as a strand of social history”.
  • 5
    Para mais informações, ver Edwards (2009)EDWARDS, Michael. Civil Society. Cambridge: Polity Press, 2009..
  • 6
    Para mais informações sobre o conceito de tipo-ideal, ver Quintaneiro, Barbosa e Oliveira (2002)QUINTANEIRO, Tânia; BARBOSA, Maria Ligia de Oliveira; OLIVEIRA, Márcia Gardênia de. Um toque de clássicos – Marx, Durkheim e Weber. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2002..
  • 7
    Recentemente, um trabalho publicado por Huggins (2020)HUGGINS, Mike. Associativity, Gambling, and the Rise of Protomodern British Sport, 1660–1800. Journal of Sport History, v. 47, n. 1, p. 1-17, 2020. cria um contraponto à teoria de Szymanski, afirmando que mesmo antes do associativismo e do surgimento da esfera pública, as apostas foram a principal chave para o surgimento do que conhecemos hoje como esporte moderno. De acordo com o autor, esse desenvolvimento teria se dado entre 1660 e 1800.
  • 8
    Trad. livre do autor: “Certainly the rise of sport is connected to clubs, which helped facilitate its growth in many ways, but it was also the product of other social forces as well, such as industrialization, urbanization, and commercialization. Perhaps it would be safer to say that clubs were essential to facilitate the development of modern sport but did not independently create it”.
  • 9
    Trad. livre do autor: “More attention needs to be given to the role of social forces other than associativity to getting sport on the road to modernization”.
  • 10
    Trad. livre do autor: “Cities were the primary sites of organized sports, and the location of players, spectators, and, sports clubs. The growing interest in traditional and new sports was heavily supported by the rise of a sports ideology that perceived sport as a potentially positive force in improving urban America’s morals, health, and fitness, encouraging middle-class interest in clean sports”.
  • 11
    Trad. livre do autor: “Society for the promotion of cycling proficiency agreed by the Minister of War for the preparation of military cycling”.
  • 12
    Levando em conta os conceitos de psicogênese e sociogênese propostos por Elias (1994)ELIAS, Norbert. O processo civilizador. V. 1: uma história dos costumes. Rio de Janeiro: J. Zahar, 1994..
  • 13
    Para mais detalhes, ver Dias (2009)DIAS, Cleber Augusto Gonçalves. Teorias do lazer e modernidade: problemas e definições. LICERE: Revista do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, v. 12, n. 3, 2009..

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Editores responsáveis: Paulo Fontes e Luiza Larangeira

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Maio 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    14 Nov 2022
  • Aceito
    22 Jul 2023
  • Corrigido
    20 Maio 2024
Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro Largo de São Francisco de Paula, n. 1., CEP 20051-070, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21) 2252-8033 R.202, Fax: (55 21) 2221-0341 R.202 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
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