A maioria dos estudos sobre cochicho trata de sua produção e percepção, negligenciando seu papel de comunicação. Eu me concentrei neste aspecto, especialmente nos objetivos sociais e psicobiológicos. Combinei uma enquete geral sobre o uso de fala não articulada com experimentos sobre certas propriedades dos sinais. (1) A análise das respostas aos testes revelou que as opiniões sobre cochicho dependem do contexto social. No domínio privado, o cochicho tem um papel claramente positivo, mas em público ele fica mais problemático. Dois fatores causais foram identificados como relevantes: (a) uma função intra-grupal do cochicho que poderia induzir um efeito extra-grupal negativo nos outros ouvintes, e (b) um componente psicobiológico do cochicho que poderia afetar a vigilância auditiva dos ouvintes que não eram destinatários do sinal, mas que freqüentemente queriam entender a mensagem cochichada. (2) As análises dos dados experimentais confirmam a relevância desses fatores. Adicionalmente, elas mostram que a fala não articulada tem um alcance limitado e é facilmente mascarada pelo barulho ambiente. Tomados juntos, os resultados sugerem que o cochicho é melhor explicado como sendo um sinal de comunicação de proximidade adaptado para uso privativo entre parceiros.
comunicação verbal; cochicho; fala não articulada; sinal de grupo; vigilância
