Este artigo discute a construção do domínio etnozoológico ''inseto'' pelos moradores do povoado de Tapera, localizado no município de São Gonçalo dos Campos, estado da Bahia. Os dados foram obtidos no período de março a maio de 2005 por meio de entrevistas semi-estruturadas realizadas com 23 homens e 8 mulheres, cujas idades variaram de 6 a 66 anos. Os entrevistados foram questionados sobre como percebiam e definiam os animais considerados ''insetos'', quais os tipos que conheciam e se usavam esses animais como fonte alimentar. A maioria das entrevistas foi registrada em micro-fitas; transcrições semi-literais estão no Laboratório de Etnobiologia da Universidade Estadual de Feira de Santana. Considerando o sistema de classificação etnozoológico dos moradores de Tapera, o termo ''inseto'' é uma categoria semântica ampla que reúne animais de diferentes grupos taxonômicas não sistematicamente relacionados. Aparentemente, esses animais são culturalmente percebidos e categorizados como ''insetos'' porque geralmente são tidos como nocivos, nojentos e transmissores de doenças. Os insetos verdadeiros podem ser excluídos da etnocategoria devido à percepção que as pessoas têm de que esses animais não causam danos ou são úteis. As percepções com relação a esses animais implicam comportamento e sentimentos ambíguos que variam de atitudes mais positivas (conservadora) a atitudes mais negativas (destrutiva).
etnoentomologia; percepção; conhecimento tradicional; insetos
