As florestas ombrófilas montanas de Pernambuco são pouco estudadas quanto a fisionomia, florística, estrutura e semelhanças com as florestas de terras baixas. Visando este entendimento, foi realizada a caracterização fisionômica-estrutural do maior remanescente (São Vicente Férrer, 600 ha) dessa floresta no Estado e sua comparação com outras florestas ombrófilas nordestinas de terras baixas e montanas. A área estudada localiza-se na encosta oriental do planalto da Borborema (07º38' S e 35º30' W), em altitudes entre 600 e 640 m, e tem precipitação média anual de 1.103 mm. Foram alocadas 50 parcelas de 10×20 m e incluídos os indivíduos com DAP > 5 cm. Os 1.521 indivíduos amostrados pertenceram a 58 famílias, 96 gêneros e 152 espécies. Cerca de 50% deles tiveram altura entre 6,1 e 12,0 m e diâmetro entre 5 e 10 cm, sendo representados, predominantemente, por Clusiaceae, Quiinaceae, Myrtaceae e Sapindaceae. As famílias de maior valor de importância (Myrtaceae, Clusiaceae, Moraceae, Mimosaceae, Caesalpiniaceae, Vochysiaceae, Myristicaceae, Elaeocarpaceae, Lecythidaceae e Anacardiaceae) foram dominantes em diferentes classes de altura, tiveram número de espécies variado (1 a 10) e, geralmente, as maiores densidades. A floresta estudada foi melhor relacionada em composição de espécies e famílias com as florestas de terras baixas, embora tenha se destacado pela elevada riqueza de taxa, maior altura e principalmente pela abundância de famílias e espécies pouco comuns às florestas ombrófilas de terras baixas de Pernambuco.
Floresta Atlântica; nordeste; estratificação