Este estudo trata da investigação das práticas de conservação da agrodiversidade do cará (Dioscorea spp.) mantidas por comunidades produtoras no município de Caapiranga, Amazonas, usando ferramentas metodológicas da etnobotânica, em busca de associar o saber científico com o conhecimento perceptivo e cultural dos agricultores locais sobre a cultura do cará. Foi empregado o método das quatro-células, levantamento e coletas botânicas, aplicação de formulário, entrevistas, observação participativa com os agricultores sobre as peculiaridades de cada espécie e variedades locais. Os materiais coletados foram identificados por especialista do Herbário do Instituto Federal de Educação Ciência, e Tecnologia do Amazonas (EAFM) e do Instituto de Botânica-IBt, São Paulo e acondicionados no Herbário da Universidade Federal do Amazonas (HUAM), além de serem multiplicadas no campo de produção vegetal da UFAM, para posterior identificação das demais espécies e/ou variedades não identificadas. Dentre as 15 variedades locais pesquisadas, 10 pertencem à espécie D. trifida, uma à D. bulbifera. Quanto às quatro restantes, por não serem mais cultivadas nas roças, não foi possível sua identificação botânica. Verificou-se que os agricultores tradicionais pesquisados possuem grande conhecimento sobre as roças, bem como sobre as variedades locais cultivadas, e possuem formas de manejo e conservação que são fundamentais para a manutenção da agrodiversidade das suas roças. Os sistemas produtivos de Caapiranga constituem verdadeiras coleções de germoplasma de cará e representam a principal estratégia local de conservação in situ/on farm do recurso genético e, portanto, devem ser mantidos e incentivados.
etnovariedades; propagação; variabilidade