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Avaliação Desafiadora de Regurgitação Aórtica: Mais que Uma Válvula Quadricúspide

Palavras-chave:
Insuficiência da Valva Aórtica; Ecocardiografia Transesofagiana; Ecocardiografia Tridimensional; Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

Paciente do sexo feminino de 61 anos com doença pulmonar obstrutiva crônica, sem outras comorbidades, referenciada para avaliação da Cardiologia por dispneia de esforço em agravamento (classe III da New York Heart Association − NYHA) e dor torácica atípica. O exame físico revelou apenas um sopro diastólico no segundo espaço intercostal no rebordo esternal direito.

O ecocardiograma transtorácico mostrou insuficiência aórtica (Figura 1A), com câmaras cardíacas não dilatadas e função biventricular conservada. A janela acústica limitou a avaliação da gravidade da lesão valvular e sua valorização no contexto das queixas, embora o espectro em Doppler contínuo sugerisse regurgitação importante (Figura 1B). A avaliação era ainda dificultada por uma aceleração de fluxo sistólico na Câmara de Saída do Ventrículo Esquerdo (CSVE), sem gradiente significativo, de causa não esclarecida. A raiz aórtica tinha dimensões normais, mas não foi possível uma adequada caracterização morfológica e funcional da válvula.

Figura 1
Jato de regurgitação aórtica visualizado por Doppler colorido em ecocardiografia transtorácica (A) e respectivo espectro em Doppler contínuo (B); jato largo visualizado por ecocardiografia transesofágica, com vena contracta de 6 mm (C) com origem em defeito de coaptação central de válvula aórtica quadricúspide com orifício regurgitante de 0,35 cm2 em planimetria tridimensional (D); espessamento quase circunferencial na câmara de saída do ventrículo esquerdo prontamente identificado na imagem tridimensional em sístole (E), confirmando-se a presença de membrana subaórtica na avaliação dos planos ortogonais (F).

O Ecocardiograma Transesofágico (ETE) revelou válvula aórtica quadricúspide com defeito de coaptação central de 0,35 cm2 por planimetria tridimensional causando insuficiência aórtica grave (Figuras 1C e 1D). A avaliação tridimensional mostrou também um espessamento praticamente circunferencial na CSVE, correspondendo a uma membrana subaórtica não obstrutiva, condicionando a aceleração de fluxo observada (Figuras 1E e 1F).

A terapêutica médica foi otimizada, e a paciente foi orientada para cirurgia de substituição valvular.

Este caso destaca o papel incremental do ETE, complementado com imagem tridimensional, na avaliação exaustiva da doença valvular, determinante na correta atuação terapêutica. Esta associação entre quadricuspidia aórtica e membrana subaórtica é um achado raro, descrito em apenas um relato prévio na literatura.11 Zacharaki AA, Patrianakos AP, Parthenakis FI, Vardas PE. Quadricuspid aortic valve associated with non-obstructive sub-aortic membrane: a case report and review of the literature. Hellenic J Cardiol. 2009;50(6):544-7.

  • Fontes de financiamento
    O presente estudo não teve fontes de financiamento externas.
  • Vinculação acadêmica
    Não há vinculação deste estudo a programas de pós-graduação.

Reference

  • 1
    Zacharaki AA, Patrianakos AP, Parthenakis FI, Vardas PE. Quadricuspid aortic valve associated with non-obstructive sub-aortic membrane: a case report and review of the literature. Hellenic J Cardiol. 2009;50(6):544-7.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul 2018

Histórico

  • Recebido
    24 Out 2017
  • Revisado
    26 Fev 2018
  • Aceito
    26 Fev 2018
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