Resumo
Fundamento
A fibrilação atrial (FA) é a arritmia cardíaca mais prevalente e sua apresentação difere de acordo com a idade e o sexo. Estudos recentes revelaram diferenças na FA entre vários grupos demográficos, incluindo a população latino-americana.
Objetivos
Melhor compreender as possíveis disparidades na prevalência da FA e nas estratégias de tratamento na população brasileira por meio de dados de um registro prospectivo multicêntrico de grande escala.
Métodos
O registro de FA da Rede D’Or é um estudo observacional prospectivo multicêntrico que incluiu pacientes com idade ≥ 18 anos com FA atendidos no pronto-socorro de 32 hospitais terciários no Brasil. Os pacientes foram caracterizados de acordo com o sexo e outras características basais e classificados de acordo com o uso prévio de anticoagulantes. Foi analisada a falta de uso de anticoagulantes em pacientes com indicações prévias. A significância estatística foi estabelecida em 5%.
Resultados
Os dados do estudo foram provenientes de um total de 1.955 pacientes inscritos. O sexo masculino foi mais prevalente e os homens eram mais jovens que as mulheres. Devido ao aumento da prevalência de episódios anteriores de FA e a um escore CHA2DS2-VASc mais elevado, mais mulheres tiveram indicação de terapia anticoagulante; no entanto, uma proporção significativa não estava recebendo esse tratamento. Dos 29 óbitos intra-hospitalares, 15 pacientes tinham indicação prévia para anticoagulação, mas apenas 3 estavam em uso de anticoagulantes.
Conclusão
O presente estudo revelou diferenças relacionadas ao sexo na população brasileira de pacientes com FA que são consistentes com tendências em países de alta renda. A promoção de uma melhor implementação de terapias anticoagulantes e antitrombóticas para reduzir o risco de óbito e eventos tromboembólicos entre mulheres com FA no Brasil é crucial.
Fibrilação Atrial; Anticoagulantes; Tromboembolia